Degelo revela enorme cadeia de montanhas escondida sob o gelo da Antártida por milhões de anos

Uma cadeia de montanhas colossal permanece escondida sob o gelo da Antártida Oriental, desafiando as leis da erosão e intrigando cientistas desde sua descoberta pelos soviéticos na década de 1950. Novas pesquisas revelam detalhes surpreendentes sobre essa paisagem subglacial que desafia explicações convencionais. As Montanhas Subglaciais Gamburtsev encontram-se a até 3,1 quilômetros abaixo da superfície […]

Mai 13, 2025 - 19:02
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Degelo revela enorme cadeia de montanhas escondida sob o gelo da Antártida por milhões de anos

Uma cadeia de montanhas colossal permanece escondida sob o gelo da Antártida Oriental, desafiando as leis da erosão e intrigando cientistas desde sua descoberta pelos soviéticos na década de 1950. Novas pesquisas revelam detalhes surpreendentes sobre essa paisagem subglacial que desafia explicações convencionais.

As Montanhas Subglaciais Gamburtsev encontram-se a até 3,1 quilômetros abaixo da superfície da maior camada de gelo do planeta. Esta impressionante formação geológica, com aproximadamente 1.200 quilômetros de extensão, apresenta picos que atingem 3.400 metros de altura, rivalizando com grandes montanhas expostas na superfície terrestre.

O que desconcerta os pesquisadores é a surpreendente preservação desta cadeia montanhosa. Após milhões de anos sob pressão e sujeita a processos erosivos, seria esperado encontrar uma formação mais suave e desgastada, não os picos e vales bem definidos que os instrumentos de detecção revelam.

Para desvendar este enigma, geólogos da Universidade da Tasmânia e da Universidade Macquarie adotaram métodos indiretos de investigação. Impossibilitados de perfurar milhares de metros de gelo para coletar amostras diretamente, recorreram à análise de cristais de zircão encontrados em depósitos de arenito localizados a centenas de quilômetros de distância.

Estes sedimentos, carregados por antigos rios provenientes das montanhas há mais de 250 milhões de anos, contêm zircão com propriedades únicas. Como estes cristais incorporam urânio que se transforma em chumbo a uma taxa conhecida, funcionam como “relógios geológicos”, permitindo aos cientistas reconstruir eventos que ocorreram há centenas de milhões de anos.

A análise revelou que as Montanhas Gamburtsev formaram-se aproximadamente há 500 milhões de anos, durante a criação do supercontinente Gondwana, quando placas tectônicas colidiram, elevando e dobrando suas bordas.

O estudo, publicado na revista Earth and Planetary Science Letters, revela que após a formação inicial, estas montanhas seguiram um caminho evolutivo incomum. À medida que cresciam, a crosta terrestre tornava-se mais espessa e quente, gerando instabilidade no sistema.

Eventualmente, as estruturas começaram a ceder sob seu próprio peso. Nas profundezas, rochas aquecidas amoleceram e fluíram lateralmente, num processo chamado espalhamento gravitacional. Este movimento fez com que partes da cadeia montanhosa afundassem e colapsassem.

Apesar deste colapso parcial, uma enorme raiz de crosta espessa permaneceu ancorada profundamente na Terra, estendendo-se até o manto inferior, garantindo a preservação da estrutura principal.