Chrome, Manifesto v3 e o fim da linha para a extensão uBlock Origin
O Google começou a desativar extensões do Chrome que dependem do Manifesto v2, especificação usada pelos desenvolvedores para acessar recursos do navegador web e obter permissões. Uma das afetadas é a popular uBlock Origin. Diante desse cenário, o que fazer?

O Google começou a desativar extensões do Chrome que dependem do Manifesto v2, especificação usada pelos desenvolvedores para acessar recursos do navegador web e obter permissões. Uma das afetadas é a popular uBlock Origin (uBO), que serve para bloquear anúncios, rastreadores e todo tipo de conteúdo indesejado.
O Manifesto v3, apesar das suas vantagens, descarta recursos de que a uBO depende para funcionar direito. O Google já avisou que todas as instalações do Chrome estarão livres do Manifesto v2 até junho de 2025.
Diante desse cenário, o que fazer?
Os desenvolvedores da uBO criaram uma versão alternativa, mais simples e compatível com o Manifesto v3, a uBO Lite (Chrome, Edge). Em comparação à tradicional, perde-se com a troca muitos recursos de personalização, incluindo o suporte a listas de bloqueio personalizadas — só é possível usar as pré-definidas pela extensão.
Navegadores que dependem do Chromium, a base de código aberto do Chrome, estenderão o suporte ao Manifesto v2 até onde der.
Brave, em junho de 2024:
Pelo tempo que pudermos (e assumindo a cooperação dos desenvolvedores de extensões), o Brave continuará a suportar algumas extensões MV2 relevantes para a privacidade — especificamente AdGuard, NoScript, uBlock Origin e uMatrix.
Vivaldi, também em junho de 2024:
Manteremos o Manifesto v2 enquanto estiver disponível no Chromium. Esperamos abandonar o suporte em junho de 2025, mas poderemos mantê-lo por mais tempo ou sermos forçados a abandoná-lo mais cedo, dependendo da natureza exata das alterações no código.
Microsoft (Edge), em dezembro de 2024:
A equipe do Microsoft Edge decidirá, de forma independente, o cronograma de migração do MV3 para os complementos do Microsoft Edge e compartilhará uma atualização aqui. Continuamos analisando as preocupações levantadas pelos desenvolvedores de extensões e exploramos o caminho ideal para o ecossistema de complementos do Microsoft Edge.
O cronograma, na mesma página, ainda não foi definido.
No final de fevereiro, a versão de testes mais “crua” do Edge (“Canary”) não estava aceitando extensões baseadas no Manifesto v2, como a uBO. Aparentemente, é uma herança do código do Chromium que (ainda) pode, e provavelmente será, removida até esse código chegar ao canal estável do Edge.
O único navegador que manterá o suporte ao Manifesto v2 é o Firefox, e não por acaso — é dos pouquíssimos não baseados no Chromium. Atualização de 25 de fevereiro:
Enquanto alguns navegadores eliminam o Manifesto v2, o Firefox o mantém ao lado do Manifesto v3. Mais ferramentas para desenvolvedores significa mais escolha e inovação para os usuários.
O Safari, da Apple, é um caso à parte: ele continuará dando suporte ao Manifesto v2, mas faz muito tempo não é compatível com a API webRequest.BlockingResponse, o principal recurso permitido pelo Manifesto v2 usado por extensões como a uBO.
A situação do Safari me leva a pensar que o Manifesto v3 talvez não seja o fim do mundo. Mesmo com limitações similares, o Safari tem um rol de boas extensões para bloquear rastreadores e anúncios invasivos: 1Blocker, Wipr 2 (a que estou usando), AdGuard. É bem verdade que nenhuma é tão poderosa quanto a uBlock Origin, mas são boas o bastante — e, em alguns casos, como o do 1Blocker, até personalizáveis.