Peixes selvagens podem diferenciar humanos quando se vestem de forma diferente
Peixes selvagens, segundo pesquisa, conseguem diferenciar humanos contanto que estejam usando roupas diferentes, conhecimento que pode mudar nossa percepção e relação com as criaturas aquáticas. Duas espécies de brema do mar foram estudadas, em mar aberto, no Mar Mediterrâneo. Peixes escolhem o dia em que vão nascer; entenda como é possível Conheça o peixe com pernas de caranguejo e "asas" de passarinho A pesquisa foi liderada por Maëlan Tomasek, do Instituto Max Planck de Comportamento Animal, na Alemanha. Segundo o cientista, os peixes usam mecanismos biológicos simples, presentes em seu dia a dia, e os adaptam para o reconhecimento de humanos. A diferenciação entre pessoas é uma capacidade melhor conhecida em animais domésticos, mas, nos selvagens, é majoritariamente desconhecida. Peixes selvagens e o reconhecimento de humanos Em animais domésticos, ou que vivem próximos de humanos, cientistas acreditam que o comportamento de diferenciar humanos pode estar ligado à identificação de qual pessoa compartilha mais recursos ou oferece uma ameaça. Nos animais selvagens, o mecanismo é mais misterioso. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Os cientistas fizeram experimentos usando roupas diferentes e, então, roupas iguais para verificar a capacidade dos peixes reconhecê-los (Imagem: Tomasek, Soller, Jordan/Biology Letters) A equipe alemã, então, passou 12 dias com as espécies de brema goraz-preto (Spondyliosoma cantharus) e dourada-selada (Oblada melanura) para fazer observações. Em mar aberto, no Mar Mediterrâneo, os cientistas ofereceram comida aos peixes e recompensaram os que os seguiram após se afastarem do cardume. Primeiro, uma pesquisadora fez o experimento sozinha, e então outro cientista a acompanhou com roupas idênticas, e, em outras partes do experimento, com roupas ou equipamentos diferentes. Em ambas as partes, os humanos nadaram para direções diferentes antes de voltar ao ponto inicial e repetir o processo. Os dois pesquisadores carregavam comida, mas os peixes só eram recompensados se seguissem a treinadora original. Foram feitos 30 testes para cada roupa, com filmagens feitas para contar a quantidade de peixes que seguiam os nadadores. Quando roupas diferentes eram vestidas, os animais seguiam a treinadora mais vezes do que seguiam o outro nadador, com a preferência se acentuando à medida que a pesquisa continuava. A espécie de peixe dourada-selada foi uma das estudadas na investigação sobre o reconhecimento humano por peixes selvagens (Imagem: Diego Delso/CC-BY-S A-4.0) Alguns peixes individuais ficaram ainda melhores em identificar a treinadora, sugerindo que eles estavam aprendendo a quem seguir. Quando ambos os nadadores usaram a mesma roupa, esse aprendizado não foi visto nos gorazes-pretos, mas as douradas-seladas seguiram o treinador com mais frequência, apenas na parte do meio do treinamento, no entanto. Em outras palavras, quando as mesmas roupas eram usadas, os peixes não mostraram habilidade de diferenciar os humanos. Como os animais não tiveram contato prévio com humanos, é provável que estivessem usando capacidades já existentes — baseadas em dicas visuais — para diferenciar os nadadores, mecanismos simples como reconhecimento de padrões ou de cores. Tomasek acredita que o estudo pode ajudar os humanos a reconsiderar a maneira como tratam os peixes, incluindo nossa atitude de matá-los e comê-los. Segundo ele, é bastante humano não se importar com os animais, mas, sabendo que eles se importam conosco, talvez seja hora de passarmos a nos importar com eles também. Leia também: 7 curiosidades sobre peixe 'diabo negro' visto à luz do dia pela 1ª vez Nova espécie de peixe batizada em homenagem à Princesa Mononoke Peixes sabem contar em grupo, e isso ajuda muito na sua sobrevivência VÍDEO: Salmão geneticamente modificado Leia a matéria no Canaltech.

Peixes selvagens, segundo pesquisa, conseguem diferenciar humanos contanto que estejam usando roupas diferentes, conhecimento que pode mudar nossa percepção e relação com as criaturas aquáticas. Duas espécies de brema do mar foram estudadas, em mar aberto, no Mar Mediterrâneo.
- Peixes escolhem o dia em que vão nascer; entenda como é possível
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A pesquisa foi liderada por Maëlan Tomasek, do Instituto Max Planck de Comportamento Animal, na Alemanha. Segundo o cientista, os peixes usam mecanismos biológicos simples, presentes em seu dia a dia, e os adaptam para o reconhecimento de humanos. A diferenciação entre pessoas é uma capacidade melhor conhecida em animais domésticos, mas, nos selvagens, é majoritariamente desconhecida.
Peixes selvagens e o reconhecimento de humanos
Em animais domésticos, ou que vivem próximos de humanos, cientistas acreditam que o comportamento de diferenciar humanos pode estar ligado à identificação de qual pessoa compartilha mais recursos ou oferece uma ameaça. Nos animais selvagens, o mecanismo é mais misterioso.
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A equipe alemã, então, passou 12 dias com as espécies de brema goraz-preto (Spondyliosoma cantharus) e dourada-selada (Oblada melanura) para fazer observações. Em mar aberto, no Mar Mediterrâneo, os cientistas ofereceram comida aos peixes e recompensaram os que os seguiram após se afastarem do cardume.
Primeiro, uma pesquisadora fez o experimento sozinha, e então outro cientista a acompanhou com roupas idênticas, e, em outras partes do experimento, com roupas ou equipamentos diferentes.
Em ambas as partes, os humanos nadaram para direções diferentes antes de voltar ao ponto inicial e repetir o processo. Os dois pesquisadores carregavam comida, mas os peixes só eram recompensados se seguissem a treinadora original.
Foram feitos 30 testes para cada roupa, com filmagens feitas para contar a quantidade de peixes que seguiam os nadadores. Quando roupas diferentes eram vestidas, os animais seguiam a treinadora mais vezes do que seguiam o outro nadador, com a preferência se acentuando à medida que a pesquisa continuava.
Alguns peixes individuais ficaram ainda melhores em identificar a treinadora, sugerindo que eles estavam aprendendo a quem seguir. Quando ambos os nadadores usaram a mesma roupa, esse aprendizado não foi visto nos gorazes-pretos, mas as douradas-seladas seguiram o treinador com mais frequência, apenas na parte do meio do treinamento, no entanto.
Em outras palavras, quando as mesmas roupas eram usadas, os peixes não mostraram habilidade de diferenciar os humanos. Como os animais não tiveram contato prévio com humanos, é provável que estivessem usando capacidades já existentes — baseadas em dicas visuais — para diferenciar os nadadores, mecanismos simples como reconhecimento de padrões ou de cores.
Tomasek acredita que o estudo pode ajudar os humanos a reconsiderar a maneira como tratam os peixes, incluindo nossa atitude de matá-los e comê-los. Segundo ele, é bastante humano não se importar com os animais, mas, sabendo que eles se importam conosco, talvez seja hora de passarmos a nos importar com eles também.
Leia também:
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- Peixes sabem contar em grupo, e isso ajuda muito na sua sobrevivência
VÍDEO: Salmão geneticamente modificado
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