A tal vibração atmosférica induzida foi realmente a causa do apagão na Europa?
Uma situação incomum marcou o início da semana em três países da Europa: Portugal, Espanha e parte da França viveram um raro apagão internacional e ficaram sem energia na manhã de segunda-feira (28). O blackout causou uma série de problemas em aeroportos, meios de transporte terrestres como metrô e trens pararam, assim como semáforos ficaram no escuro e causaram enormes engarrafamentos, hospitais tiveram que cancelar cirurgias e não parou por aí. Vídeo falso mostra Elon Musk dando dicas sobre apagão cibernético Apagão faz aeroportos atuarem “à moda antiga” pelo mundo; veja relatos Contudo, a causa exata dos problemas na rede elétrica ainda não está clara. Em um primeiro momento, o ministro Adjunto e da Coesão Territorial de Portugal, Manuel Castro Almeida, comentou à imprensa que a situação “era compatível com ciberataque”, sem confirmar a suspeita. Depois, uma nota atribuída à Redes Energéticas Nacionais (REN), fornecedora de energia elétrica de Portugal, dizia que o ocorrido se deu em razão de um raro fenômeno atmosférico local chamado "vibração atmosférica induzida". Termo que não foi incluso nas notas oficiais seguintes. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- As declarações atribuídas à REN vieram de agências de notícias e reportagens em todo o mundo publicadas ainda na segunda-feira (28) afirmavam que a falha foi causada por um "fenômeno atmosférico raro". No entanto, na terça-feira (29), a empresa teria refutado essas alegações na mídia portuguesa, alegando que a declaração foi falsamente atribuída à REN por terceiros. A primeira nota atribuída a REN A nota, publicada por veículos de todo o mundo, dizia que "devido às variações extremas de temperatura no interior da Espanha, ocorreram oscilações anômalas nas linhas de altíssima tensão (de 400 kV), um fenômeno conhecido como 'vibração atmosférica induzida'". Ainda segundo o comunicado, "as oscilações causaram falhas de sincronização entre os sistemas elétricos, levando a perturbações sucessivas em toda a rede europeia", encerrava. É comum que grandes variações de temperatura e clima causem riscos elevados a redes elétricas, embora seja raro que os problemas se manifestem na escala em que ocorreram no início da semana. Contudo, no momento em que ocorreu, na Espanha, o clima era bom. Comunicados oficiais Em uma série de longos comunicados em seu site oficial, a REN prontamente confirmou “um corte maciço do abastecimento elétrico em toda a Península Ibérica, que também afetou parte do território francês” por volta das 11h 33min locais (07h33 no horário de Brasília). Horas depois, comentou sobre a causa do apagão sem citar razões específicas, apenas "oscilação de tensões". “O apagão que hoje assolou todo o território de Portugal continental decorre de uma significativa oscilação de tensões na rede espanhola num momento em que Portugal se encontrava a importar energia da Espanha. Com esta oscilação, os sistemas de controle e proteção das centrais portuguesas, e de acordo com o esperado numa situação com esta configuração, desligaram, dando origem ao apagão”, explica o comunicado da REN. “Perante esta situação, Portugal recorreu num primeiro momento à sua capacidade de arranque em black start (colocação em funcionamento de centrais de forma autónoma a partir de ausência total de energia) na central a gás da Tapada do Outeiro, o que permitiu repôr de forma muito cuidadosa a energia em áreas do Grande Porto. Espera-se, com a Central de Castelo de Bode e já com o apoio de alguma ligação com a Espanha, restabelecer o fornecimento em zonas mais a sul do País a médio prazo”, concluiu. No final da terça-feira (29), após os esforços concluídos, a REN usou o termo “origens externas” para se referir à causa do problema. Contudo, segue investigando as causas do apagão. “Perante o evento absolutamente excecional, com origem externa, que se verificou ontem às 11h33, e que levou ao blackout de Espanha e Portugal, a REN, um pouco antes das 23h30 do mesmo dia já tinha reposto o funcionamento de todas as subestações da Rede Nacional de Transporte. A REN, em estreita colaboração com operadores de rede nacionais e internacionais, conseguiu assim repor a RNT antes do fim do dia de ontem, estando a rede perfeitamente estabilizada”, concluiu. A Red Eléctrica de España (REE), a rede elétrica espanhola, disse em nota que Espanha e Portugal foram atingidos pelo chamado “el zero” – o zero. Ou seja, um desligamento total. Sem evidências de ataque hacker A causa exata dos apagões ainda não foi revelada, tampouco excluída a possibilidade de um ataque cibernético. Não há, contudo, evidências que sugiram que este seja o caso, disse Teresa Ribera, vice-presidente sênior da Comissão Europeia, à Rádio 5 da Espanha. “Não estamos descartando nada de momento, mas não há provas de qualquer tipo de problema de cibersegurança”, disse Ribera, que é também responsável pe

Uma situação incomum marcou o início da semana em três países da Europa: Portugal, Espanha e parte da França viveram um raro apagão internacional e ficaram sem energia na manhã de segunda-feira (28). O blackout causou uma série de problemas em aeroportos, meios de transporte terrestres como metrô e trens pararam, assim como semáforos ficaram no escuro e causaram enormes engarrafamentos, hospitais tiveram que cancelar cirurgias e não parou por aí.
- Vídeo falso mostra Elon Musk dando dicas sobre apagão cibernético
- Apagão faz aeroportos atuarem “à moda antiga” pelo mundo; veja relatos
Contudo, a causa exata dos problemas na rede elétrica ainda não está clara. Em um primeiro momento, o ministro Adjunto e da Coesão Territorial de Portugal, Manuel Castro Almeida, comentou à imprensa que a situação “era compatível com ciberataque”, sem confirmar a suspeita.
Depois, uma nota atribuída à Redes Energéticas Nacionais (REN), fornecedora de energia elétrica de Portugal, dizia que o ocorrido se deu em razão de um raro fenômeno atmosférico local chamado "vibração atmosférica induzida". Termo que não foi incluso nas notas oficiais seguintes.
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As declarações atribuídas à REN vieram de agências de notícias e reportagens em todo o mundo publicadas ainda na segunda-feira (28) afirmavam que a falha foi causada por um "fenômeno atmosférico raro". No entanto, na terça-feira (29), a empresa teria refutado essas alegações na mídia portuguesa, alegando que a declaração foi falsamente atribuída à REN por terceiros.
A primeira nota atribuída a REN
A nota, publicada por veículos de todo o mundo, dizia que "devido às variações extremas de temperatura no interior da Espanha, ocorreram oscilações anômalas nas linhas de altíssima tensão (de 400 kV), um fenômeno conhecido como 'vibração atmosférica induzida'".
Ainda segundo o comunicado, "as oscilações causaram falhas de sincronização entre os sistemas elétricos, levando a perturbações sucessivas em toda a rede europeia", encerrava.
É comum que grandes variações de temperatura e clima causem riscos elevados a redes elétricas, embora seja raro que os problemas se manifestem na escala em que ocorreram no início da semana. Contudo, no momento em que ocorreu, na Espanha, o clima era bom.
Comunicados oficiais
Em uma série de longos comunicados em seu site oficial, a REN prontamente confirmou “um corte maciço do abastecimento elétrico em toda a Península Ibérica, que também afetou parte do território francês” por volta das 11h 33min locais (07h33 no horário de Brasília). Horas depois, comentou sobre a causa do apagão sem citar razões específicas, apenas "oscilação de tensões".
“O apagão que hoje assolou todo o território de Portugal continental decorre de uma significativa oscilação de tensões na rede espanhola num momento em que Portugal se encontrava a importar energia da Espanha. Com esta oscilação, os sistemas de controle e proteção das centrais portuguesas, e de acordo com o esperado numa situação com esta configuração, desligaram, dando origem ao apagão”, explica o comunicado da REN.
“Perante esta situação, Portugal recorreu num primeiro momento à sua capacidade de arranque em black start (colocação em funcionamento de centrais de forma autónoma a partir de ausência total de energia) na central a gás da Tapada do Outeiro, o que permitiu repôr de forma muito cuidadosa a energia em áreas do Grande Porto. Espera-se, com a Central de Castelo de Bode e já com o apoio de alguma ligação com a Espanha, restabelecer o fornecimento em zonas mais a sul do País a médio prazo”, concluiu.
No final da terça-feira (29), após os esforços concluídos, a REN usou o termo “origens externas” para se referir à causa do problema. Contudo, segue investigando as causas do apagão.
“Perante o evento absolutamente excecional, com origem externa, que se verificou ontem às 11h33, e que levou ao blackout de Espanha e Portugal, a REN, um pouco antes das 23h30 do mesmo dia já tinha reposto o funcionamento de todas as subestações da Rede Nacional de Transporte. A REN, em estreita colaboração com operadores de rede nacionais e internacionais, conseguiu assim repor a RNT antes do fim do dia de ontem, estando a rede perfeitamente estabilizada”, concluiu.
A Red Eléctrica de España (REE), a rede elétrica espanhola, disse em nota que Espanha e Portugal foram atingidos pelo chamado “el zero” – o zero. Ou seja, um desligamento total.
Sem evidências de ataque hacker
A causa exata dos apagões ainda não foi revelada, tampouco excluída a possibilidade de um ataque cibernético. Não há, contudo, evidências que sugiram que este seja o caso, disse Teresa Ribera, vice-presidente sênior da Comissão Europeia, à Rádio 5 da Espanha.
“Não estamos descartando nada de momento, mas não há provas de qualquer tipo de problema de cibersegurança”, disse Ribera, que é também responsável pela pasta de Transição Limpa, Justa e Competitiva (para uma economia europeia de baixo carbono).
Na terça-feira (29), a energia elétrica ainda estava retornando lentamente a grande parte da Península Ibérica. Portugal e Espanha já tinham eletricidade, e as autoridades ainda estão trabalhando para descobrir a verdadeira causa do incidente e impedir que isso se repita.
Operadora de rede espanhola Red Electrica também descartou um ataque cibernético como causa, mas o Tribunal Superior da Espanha decidiu que abriria uma investigação para determinar a causa (incluindo a possibilidade de ciberataque e também ato de terrorismo).
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, disse na terça-feira (29) que, mesmo que a Red Electrica tenha de fato descartado um ataque cibernético aos seus sistemas, isso não significa que um ataque cibernético não poderia ter acontecido sem deixar rastros digitais.
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