Linus Torvalds xinga componente malfeito no Linux: “essa coisa deve morrer”
Linus Torvalds reclamou de componente de teste no release candidate do Linux 6.15 que gera "arquivos de merd*" e deixa diretórios poluídos. Linus Torvalds xinga componente malfeito no Linux: “essa coisa deve morrer”


Linus Torvalds carrega a fama de “pai do Linux”, mas também é conhecido por seu temperamento explosivo. Uma dessas “explosões” aconteceu recentemente. Torvalds não ficou nada contente com um mecanismo de nome “hdrtest” que aparece em uma versão release candidate (de pré-lançamento) do Linux 6.15.
Em uma mensagem na lista de discussão do kernel, Torvalds reclama da “porcaria nojenta do hdrtest”, que estaria deixando a compilação mais lenta e gerando arquivos aleatórios em diretórios do projeto. Na sequência, ele dispara:
Por que diabos esse teste está sendo feito como parte regular da compilação?
E, droga, não adicionamos arquivos de merd* aleatórios para dependências que tornam a árvore de origem detestável.
(…) Essa coisa precisa morrer.
Se você quiser fazer esse negócio de hdrtest, faça como parte de suas próprias verificações. Não faça todo mundo ver essa coisa nojenta e ter essas merd*s em suas árvores.
Vou apenas desabilitá-lo marcando-o como QUEBRADO, por enquanto. Vocês podem decidir o que querem fazer, mas não, forçar os outros a verem essas coisas não é a solução.
Linus Torvalds
Por que Linus Torvalds ficou tão irado?
Para começar, o tópico em questão trata do desenvolvimento de um driver para GPUs Intel Xe que será incorporado ao kernel Linux 6.15. Vale lembrar que, atualmente, estamos no Linux 6.14.
Os responsáveis por esse componente adicionaram a ele um código de teste chamado “hdrtest” que, na visão de Torvalds, mais atrapalha do que ajuda.
Isso porque o hdrtest exige que o componente seja compilado no modo “allmodconfig”, que torna o procedimento mais lento por exigir que todos os módulos envolvidos sejam habilitados. Em situações normais, somente módulos específicos são compilados, conforme a necessidade, o que dá mais agilidade aos trabalhos.
Além disso, Torvalds reclama que o hdrtest gera arquivos aleatórios em diretórios do driver que, presumivelmente, não deveriam conter esses dados ou, pelo menos, não deveriam armazená-los de modo permanente.
Torvalds enfatiza ainda que outros desenvolvedores já haviam reclamado desse comportamento e que, com base nisso, o componente não deveria ter chegado até ele “dessa forma quebrada”.
Se a reação de Linus Torvalds foi exagerada ou não, o fato é que a sua queixa é compreensível. Ele é o principal mantenedor do kernel e, nessa posição, precisa tomar decisões técnicas a todo momento relacionadas ao projeto. Se algo atrapalha essa dinâmica, ele costumeiramente aponta o problema sem medir as suas palavras.
Outro exemplo recente dessa postura vem da bronca que Torvalds deu em um desenvolvedor que se queixava da resistência do uso da linguagem Rust por um dos mantenedores do kernel. “Que tal você aceitar o fato de que o problema é você?”, declarou Torvalds na época.
Em tempo, o hdrtest não se refere à tecnologia HDR (High Dynamic Range), apesar de esse mecanismo de teste envolver um driver gráfico. Na verdade, o hdrtest faz verificação de integridade de arquivos de cabeçalho de DRM. Cabeçalho em inglês é “header”, palavra que, aqui, é abreviada para “hdr” (daí o nome “hdrtest”).
Para completar, o DRM em questão não é uma referência a direitos autorais (Digital Rights Management), mas uma sigla para “Direct Rendering Manager” (“Gerenciador de Renderização Direta”, em tradução livre).
Tudo muito confuso, não? Até eu fiquei com vontade de xingar agora.
Com informações de Phoronix
Linus Torvalds xinga componente malfeito no Linux: “essa coisa deve morrer”