Mandragora: Whispers of the Witch Tree – Review

Quando vi Mandragora: Whispers of the Witch Tree pela primeira vez, o que me encantou logo de cara foi a sua arte. Desde o início aquilo me chamou a atenção, mais do que o próprio gameplay. A verdade é que eu nem me toquei que era um jogo do gênero soulslike, pois a única coisa …

Mai 5, 2025 - 06:12
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Mandragora: Whispers of the Witch Tree – Review

Quando vi Mandragora: Whispers of the Witch Tree pela primeira vez, o que me encantou logo de cara foi a sua arte. Desde o início aquilo me chamou a atenção, mais do que o próprio gameplay. A verdade é que eu nem me toquei que era um jogo do gênero soulslike, pois a única coisa que se passava na minha cabeça era: eu preciso analisar esta obra.

O título foi lançado em 17 de abril e sim, eu sei que a análise está saindo um pouco tarde, mas a verdade é que eu até prefiro assim, pois além de algumas atualizações terem saído nesse meio tempo, eu consegui aproveitar cada minuto e explorar pedacinho por pedacinho desse lugar chamado Farlduum.

Eu não sou o cara mais apaixonado pelo soulslike. A verdade é que eu tenho pavor desse gênero pela dificuldade extrema, fator que me frustra muito. Porém, a experiência com Mandragora: Whispers of the Witch Tree foi diferente e incrivelmente viciante, e no review abaixo você saberá o porquê.

Mandragora: Whispers of the Witch Tree
A arte do jogo consegue surpreender até mesmo nas cenas. Fonte: PS5 Create

Mandragora: Whispers of the Witch Tree narra a história de um Inquisidor que acredita cegamente no Clérigo Rei. Durante a tortura de uma bruxa no castelo, ele a mata e acaba recebendo uma missão importante como “compensação” ao Clérigo pelo ocorrido: caçar outras bruxas e trazê-las viva para o castelo. A tarefa parece simples, mas a verdade é que existem muitas camadas por baixo dessa ordem.

Ao contrário de outros jogos do gênero que experimentei, em Mandragora você sai com um objetivo claro do que deve ser feito, com ponto de partida e de chegada. Outros jogos soulslike não são assim, tais como Bloodborne, por exemplo. Enquanto em Whisper of the Witch Tree eu sei exatamente o que devo fazer, no clássico de 2015 eu não fazia ideia do que estava fazendo ou qual era o objetivo. Pode parecer besteira, mas isso faz total diferença, pois a história é algo que me prende muito em um jogo.

E por falar em história, me sinto na obrigação de exaltar a narrativa incrível que Mandragora traz. Todos os personagens são incrivelmente carismáticos, até mesmo os vilões. Além disso, os diálogos são 100% dublados (em inglês), e isso dá vida a Farlduum.

Algo que me atraiu bastante aqui também é que, mesmo sendo um soulslike, Mandragora: Whispers of the Witch Tree é muito flexível. Você não precisa estar num altar de bruxa para distribuir suas habilidades, por exemplo. Além disso, também é possível teleportar para onde quiser de qualquer lugar do mapa. Para quem não é muito fã do gênero, esses detalhes fazem toda a diferença, pois torna a aventura um pouco menos frustrante com as mortes e muito mais flexível.

Mas não pense que esses facilitadores deixaram o jogo fácil. Longe disso. Ele continua desafiador e você perderá as contas de quantas vezes deitou para um inimigo comum do mapa. Aliás, esse também é um dos pontos mais legais aqui. Na sua primeira tentativa em um determinado lugar, poderá passar sem problemas, porém, o padrão dos ataques dos inimigos muda, podendo derrubá-lo facilmente. E o que não falta aqui são oponentes.

Para tentar reaproveitar os inimigos de alguma forma, o estúdio criou diferentes versões para cada pedaço do mapa. Existem criaturas do mesmo tipo espalhadas pelo reino, mas de diferentes elementos. Não é a coisa mais original do mundo, mas ao menos muda o padrão de ataque e dá ao jogador a sensação de algo novo por causa disso.

O jogo é um RPG de ação soulslike no estilo metroidvania. O que isso significa? Que você tem à disposição um mundo não linear interconectado, e muito provavelmente vai se assustar quando abrir o mapa e ver inúmeros corredores ligados e perceber o quanto já avançou.

A jogabilidade de Mandragora: Whispers of the Witch Tree é muito divertida e fluída. Você tem à disposição seis classes distintas, sendo quatro delas de ataques mágicos e as outras duas focadas em ataques físicos. Mas não pense que será necessário ficar preso à classe escolhida no início. É possível atribuir seus pontos de habilidades em outros elementos, permitindo assim que o personagem utilize até duas classes de uma vez.

Talvez eu considere a limitação de slots um ponto negativo para o jogo. São tantas habilidades e classes, que o atalho é pequeno demais para isso. São apenas seis espaços dedicados e dezenas de poderes distintos, coisa que traz um desbalanceamento. Porém, pensando pelo outro lado, isso pode ser visto como um incentivador do fator replay, afinal, será possível jogar tudo novamente utilizando outros recursos, trazendo uma experiência totalmente nova ao jogador.

E por falar em recursos, é importante destacar aqui que Mandragora possui muitos deles. São cerca de 337 equipamentos e diversos outros itens consumíveis que te ajudam a sobreviver por mais tempo. Além disso, existem diferentes mercadores na árvore da bruxa (acampamento do viajante) que te ajudarão a criar itens ainda mais poderosos, que vão de armas até encantamentos para aprimorar seus itens.

O jogo é repleto de diagramas para criar mais e mais itens. Coletá-los ajuda a aumentar a reputação com os mercadores amigos, e devo dizer que sair em busca deles é super viciante. Toda vez que eu via um ponto colorido no mapa ficava feliz, pois sabia que teria um equipamento novo em breve. Claro que, como todo e bom RPG, nem sempre será possível coletá-los de primeira, tendo em vista que é necessário adquirir determinadas habilidades antes, sendo que algumas delas ficam disponíveis apenas perto do fim do jogo.

Mandragora: Whispers of the Witch Tree
Não importa quantos itens você carregue, o peso do personagem conta apenas para o que ele está usando, não o inventário todo. Fonte: PS5 Create

Se você gosta de explorar, vai adorar passar muito tempo resolvendo as missões secundárias do jogo, que podem ser ativadas ao coletar um item ou conversando com NPCs. Não existem marcadores para quando uma missão está disponível, então é necessário explorar cada canto do mapa. Isso pode ser um pouco estranho para aqueles que acostumaram com jogos que te dão a faca e o queijo na mão, especialmente os da franquia Assassin’s Creed, mas a graça é justamente se perder e se divertir.

Completar o mapa, inclusive, não é algo difícil de se fazer. Se você pretende explorar tudo, é só ficar atento a pequenos pontos pretos incompletos que saberá exatamente aonde ir. O jogo oferece um sistema de marcação, mas para mim, honestamente, não funcionou. Eu tenho um problema em lidar com muitas informações na tela ao mesmo tempo, e quando vejo diversos “adesivos” ali, começo a ficar confuso. Claro que o recurso pode ser muito útil para jogadores com mais concentração do que eu.

As missões secundárias não agregam muita coisa na história principal, porém, você consegue ter uma noção do sofrimento das pessoas que estão vivendo neste lugar com todos esses portais abertos e cheios de monstros. Além, é claro, de ter acesso a – algumas – recompensas que valem a pena.

Mandragora: Whispers of the Witch Tree
Completar as missões dadas pelos mercadores do acampamento faz com que você tenha novos recursos nas lojas e receba itens poderosos. Fonte: PS5 Create

Mandragora: Whispers of the Witch Tree é um jogo indie, mas foi tão bem trabalhado que fiquei muito impressionado. Ele foi totalmente aprimorado para o PlayStation 5 Pro e só tenho elogios. O desempenho do jogo não falhou comigo em nenhum momento e os gráficos são estonteantes. Passar por um espelho quebrado e ver o reflexo fragmentado, bem como andar sob a água e apreciar o personagem sendo refletido sob a luz da lua, é de cair o queixo.

O level design de todos os ambientes parece ter saído de uma obra de arte. Tudo muito bem desenhado, detalhes que marcam e que fazem você reparar em cada folha que cai da árvore e passa voando pela tela. As áreas subterrâneas também não deixam a desejar, trazendo todo o terror e desespero que uma masmorra deve passar.

Juntamente com os belos gráficos, eles conseguiram trazer uma trilha sonora envolvente para todos os momentos. Existem lugares em que além da trilha de fundo, você ouvirá uma cantoria, dando ainda mais emoção àquele momento. O personagem, por exemplo, quando cai de uma altura muito grande, pode reclamar e até mesmo xingar. O mesmo acontece quando algum tesouro é coletado. Esses pequenos detalhes mostram que não basta ser apenas um jogo com belos gráficos, é necessário se atentar a tudo.

Eu experienciei alguns pequenos bugs, mas nada que comprometesse a minha experiência. Porém, algo muito bizarro aconteceu e permanece até hoje: uma das magias do meu personagem permanece ativa em uma determinada dungeon e não some de jeito nenhum. Não sei se há como arrumar isso ou se terei que começar um jogo novo, mas não interferiu em nada na minha aventura, então eu só ignorei.

Mandragora: Whispers of the Witch Tree é um jogo completo: excelentes gráficos, trilha sonora, jogabilidade fácil e fluída e – nunca achei que fosse dizer isso de um jogo soulslike – divertido.

Embora ele traga a dificuldade de um título no gênero, consegue ser muito flexível para os jogadores. No início pode irritar um pouco devido ao excesso de peso frequente e da falta de habilidades para exploração, mas uma vez que estiver com seu arsenal completo, sentirá como se nada pudesse te derrubar. Mas derrubam.

Foram cerca de 30 horas para zerar o jogo, levando em consideração todas as minhas mortes, tempo que gastei fazendo missões secundárias, aprimorando itens e tudo que eu tinha direito. Não cheguei aos 100% do jogo, e acredito que para isso eu levaria mais umas 10 horas para fechar tudo.

Com direito a localização em PT-BR, Mandragora: Whispers of the Witch Tree é, sem sombra de dúvidas, um jogo obrigatório na sua coleção. Com um fator replay enorme e muita diversão, você com certeza vai gastar muito tempo no reino de Farlduum.



Mandragora: Whispers of the Witch Tree está disponível para PS5, Xbox Series e PC. Esta análise é da versão PS5 Pro e foi realizada com um código fornecido pela Knights Peak.