Tratadores desvendam mistério de macaca que ficou grávida sozinha na gaiola

Em 2021, o zoológico Kujukushima Zoo & Botanical Garden, em Nagasaki, no Japão, viveu um episódio intrigante. Momo, uma gibão-de-mãos-brancas de 12 anos, surpreendeu os tratadores ao aparecer grávida. O fato gerou espanto porque, segundo os registros do local, ela nunca havia dividido seu recinto com um macho da espécie. A notícia da gestação foi inicialmente tratada como um “milagre” pelos cuidadores, já que os gibões são primatas ameaçados de extinção e sua reprodução em cativeiro costuma ser cuidadosamente planejada.

Momo vivia sozinha em seu espaço, e os funcionários não imaginavam como a fecundação havia ocorrido. A confusão aumentou quando o filhote nasceu saudável, e a mãe se mostrou extremamente protetora, impedindo a aproximação dos tratadores para coletar amostras de DNA. Nas redes sociais, o zoológico brincou com a curiosidade do público: “Todo mundo quer saber quem é o pai, mas ainda não descobrimos. Só sabemos que o bebê é macho!”.

A gravidez de Momo foi inicialmente um mistério (Zoológico e Jardim Botânico Kujukushima).

O mistério durou dois anos. Jun Yamano, superintendente do zoológico, explicou que a demora ocorreu porque a equipe precisou esperar o momento certo para realizar os testes genéticos. A proteção intensa de Momo sobre o filhote dificultou o acesso aos profissionais. Finalmente, em 2023, uma análise de DNA revelou a identidade do pai: Itoh, um gibão macho que vivia em um recinto separado.

Mas como os dois animais conseguiram cruzar se estavam em ambientes isolados? A resposta veio de uma investigação minuciosa. Os tratadores descobriram que Momo e Itoh compartilhavam uma área de exibição ao público, usada em turnos por ambos. Ao examinar o local, encontraram um pequeno buraco de 9 milímetros de diâmetro em uma divisória de madeira que separava os espaços. A hipótese é que o acasalamento ocorreu quando Itoh estava na área de exibição e Momo, do outro lado da parede, aproveitou a brecha para se aproximar.

Apesar de não haver imagens do momento, a explicação mais plausível é que o contato físico foi possível graças à abertura. Normalmente, os gibões são apresentados um ao outro de forma gradual e supervisionada para garantir a compatibilidade do casal. No caso de Momo e Itoh, a natureza encontrou um caminho inusitado.

Especialistas em animais japoneses quebravam a cabeça para entender a concepção (Zoológico e Jardim Botânico Kujukushima).

O zoológico corrigiu o problema vedando o buraco e anunciou que, agora, a família será reunida no mesmo recinto. Itoh será transferido para o espaço de Momo e do filhote, permitindo que os três convivam diretamente. A história chamou atenção não só pelo mistério, mas também por mostrar como animais em cativeiro podem surpreender até os especialistas.

Os gibões-de-mãos-brancas, nativos do Sudeste Asiático, são conhecidos por sua agilidade e vocalizações marcantes. A espécie está ameaçada principalmente pela perda de habitat e caça ilegal. A reprodução em zoológicos é parte importante dos esforços de conservação, mas cada caso exige monitoramento rigoroso. O incidente com Momo revelou que até os menores detalhes na estrutura dos recintos podem ter consequências imprevistas.

Para os visitantes do Kujukushima Zoo, a história acrescentou um toque de curiosidade à experiência. Quem observa os gibões agora pode imaginar o pequeno buraco que, por um tempo, foi o elo entre dois primatas determinados a seguir seus instintos.

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