Lobo-terrível de volta à vida: Empresa “ressuscita” da extinção animal de 10 mil anos atrás

Você já ouviu falar dos lobos gigantes que acompanhavam a família Stark em Game of Thrones? Esses animais, conhecidos como lobos-terríveis (ou dire wolves), não são apenas criaturas de fantasia. Eles existiram de verdade, há milhares de anos, e agora uma empresa de biotecnologia afirma tê-los trazido de volta à vida — 10 milênios após sua extinção. Mas será que a ciência conseguiu reescrever a história?

A Colossal Biosciences, empresa conhecida por projetos ambiciosos de “desextinção”, anunciou no dia 7 de abril um feito surpreendente: o nascimento de três filhotes de lobo-terrível, batizados como Romulus, Remus e Khaleesi. Segundo a empresa, os animais foram criados a partir de edições genéticas baseadas no genoma completo da espécie extinta, reconstruído meticulosamente usando DNA extraído de fósseis com idades entre 11.500 e 72.000 anos. Essas sequências genéticas foram transferidas para embriões de cães, que serviram como mães de aluguel para os filhotes.

Os lobos-terríveis habitaram as Américas por aproximadamente 115 mil anos, até desaparecerem há cerca de 10 mil anos. A causa exata de sua extinção ainda é debatida, mas cientistas apontam a redução das presas — como cavalos e bisões — como um fator crucial. Agora, a Colossal Biosciences alega ter dado o primeiro passo para reverter esse destino. Romulus e Remus, os dois primeiros filhotes, nasceram em 1º de outubro de 2024, enquanto Khaleesi veio ao mundo em 30 de janeiro de 2025.

SOUND ON. You’re hearing the first howl of a dire wolf in over 10,000 years. Meet Romulus and Remus—the world’s first de-extinct animals, born on October 1, 2024.

The dire wolf has been extinct for over 10,000 years. These two wolves were brought back from extinction using… pic.twitter.com/wY4rdOVFRH

— Colossal Biosciences® (@colossal) April 7, 2025

A técnica utilizada envolveu a comparação do genoma do lobo-terrível com o de espécies caninas modernas, como o lobo-cinzento. Para preencher lacunas no DNA antigo, os pesquisadores usaram sequências genéticas do lobo-cinzento como “modelo”. O resultado, segundo a empresa, são animais que compartilham 99,5% de seu DNA com os lobos-terríveis originais. Ben Lamm, cofundador da Colossal, classificou o feito como um “marco histórico para a ciência e a conservação”.

Mas nem todos estão convencidos. Críticos argumentam que os filhotes não são réplicas exatas da espécie extinta. O New Scientist destacou que, embora a semelhança genética seja alta, o genoma do lobo-cinzento usado como base tem 2,4 bilhões de pares de bases — o que deixa espaço para diferenças significativas. Além disso, definir o que é uma “espécie” gera controvérsia entre os cientistas. Beth Shapiro, geneticista da Colossal, defendeu o projeto explicando que a classificação de espécies varia conforme o critério adotado: “Se eles se parecem com o animal original, então são o animal”, afirmou, referindo-se ao conceito morfológico, que prioriza características físicas.

Os lobos são considerados lobos-cinzentos geneticamente modificados (Colossal Biosciences).

Outro ponto polêmico é a decisão de não permitir que os lobos-terríveis recriados se reproduzam. Shapiro esclareceu que, por enquanto, a prioridade é estudar o desenvolvimento dos animais e avaliar seu comportamento. A empresa também não revelou planos de soltá-los na natureza, o que levanta questões sobre o impacto ecológico de reintroduzir uma espécie que deixou de existir há tanto tempo.

Enquanto isso, fãs de Game of Thrones e entusiastas de ciência acompanham cada atualização. Os nomes dos filhotes — uma homenagem aos irmãos fundadores de Roma e à personagem Khaleesi, da série — mostram como a cultura pop influencia até mesmo a nomenclatura científica. Resta saber se esses lobos modernos conseguirão sobreviver em um mundo radicalmente diferente daquele que seus ancestrais habitaram. E, principalmente, se a linha entre ficção e realidade continuará tão tênue quanto nas telas.

Esse Lobo-terrível de volta à vida: Empresa “ressuscita” da extinção animal de 10 mil anos atrás foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.