Recurso do iOS está por trás de gafe envolvendo grupo secreto do governo dos EUA no Signal
Há algumas semanas, o Conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump, Mike Waltz, incluiu por engano Jeffrey Goldberg…


Há algumas semanas, o Conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump, Mike Waltz, incluiu por engano Jeffrey Goldberg (editor-chefe do jornal The Atlantic) em um grupo do app Signal para discutir os planos de ataques dos Estados Unidos no Iêmen — episódio que causou um crise interna de proporções consideráveis no governo estadunidense.
Segundo o The Guardian, Trump chegou a pensar em demitir Waltz pelo erro — e também pelo fato do seu aliado ter o contato de alguém de um jornal que ele despreza abertamente salvo em seu telefone —, mas uma investigação interna do Escritório de Tecnologia da Informação da Casa Branca descobriu que toda essa confusão começou… vejam só, por causa de uma função de salvar contatos do iOS (ou seja, do iPhone)!
Há meses, ainda na época da campanha presidencial, Goldberg enviou um email para a equipe de campanha de Trump sobre uma reportagem que criticava o então candidato. Ele, então, recrutou a ajuda de Waltz, e o porta-voz de Trump, Brian Hughes, copiou e colou o conteúdo do email (incluindo o bloco de assinatura com o número de Goldberg), enviando-o ao atual conselheiro logo em seguida.
Apesar de Waltz não ter de fato ligado ou entrado em contato com Goldberg, seu número acabou sendo salvo automaticamente no cartão de contato de Hughes, graças às sugestões de contato do iPhone — função do iOS que salva números previamente desconhecidos em contatos já existentes, com base na detecção do sistema de que eles podem estar relacionados.
Quando Waltz tentou utilizar o contato de Hughes para adicioná-lo ao bate-papo do Signal sobre os ataques no Iêmen, acabou adicionando o número de Goldberg no grupo até então secreto, chamado “pequeno grupo Houthi PC”. Nele, diversas autoridades do alto escalão dos EUA discutiam planos de ataques contra os Houthis.
Após o “mal-entendido”, Waltz afirmou à imprensa que nunca se encontrou ou se comunicou com Goldberg, e sugeriu que o número do jornalista havia sido “sugado” para o seu telefone, provavelmente ainda sem entender como o recurso do iOS funcionava.
A Casa Branca não comentou o assunto, e a investigação não procurou mais afundo sobre o relacionamento entre Waltz e Goldberg, caso tenha existido algum. Ao The Guardian, Goldberg disse que não comentará o caso, embora tenha dito que o conhece já falou com ele.
Ao finalmente entender o que havia ocasionado o erro, Trump decidiu por manter Waltz em sua equipe por ser uma pessoa familiarizada com os assuntos de governo e chegou a defendê-lo publicamente nas últimas semanas — além de deixar a Casa Branca acompanhado do conselheiro, demonstrando seu apoio.
O Signal, que antes não era uma plataforma de comunicação classificada pelo governo, teve seu uso autorizado pela Casa Branca — decisão justificada pelo fato de não haver plataformas alternativas para enviar mensagens de texto em tempo real entre diferentes agências. A Casa Branca solicitou que seus funcionários utilizassem o Signal assim como fizeram na transição, em vez de mensagens de texto regulares.