A história sinistra por trás do filme com 100% de aprovação que matou seu diretor, sua esposa e o ator principal

Em 1979, o cineasta soviético Andrei Tarkovsky lançou Stalker, uma obra que hoje ostenta raros 100% de aprovação no Rotten Tomatoes e é considerada um marco do cinema mundial. Mas, por trás da genialidade reconhecida por críticos e espectadores, esconde-se uma história tão intrigante quanto perturbadora: a produção do filme pode ter custado a vida de três pessoas envolvidas em sua criação.

Tarkovsky, diretor de filmes como Solaris e Andrei Rublev, já era aclamado por sua abordagem filosófica e visual hipnótico. Em Stalker, ele mergulhou em um universo pós-apocalíptico, onde um guia (chamado de stalker) conduz dois homens por uma área proibida, conhecida como “A Zona”. Nesse local abandonado, há um quarto que supostamente realiza os desejos mais profundos de quem o adentra. A narrativa, adaptada do livro Piquenique na Estrada, dos irmãos Strugatsky, mistura suspense, metafísica e uma atmosfera opressiva que cativa até os dias atuais.

Para retratar a paisagem desolada da trama, Tarkovsky escolheu uma região industrial próxima ao rio Jägala, na Estônia. O local, porém, escondia um perigo invisível. Nas décadas de 1970 e 1980, uma usina química operava rio acima, despejando resíduos tóxicos nas águas. Durante as filmagens, a equipe notou fenômenos estranhos, como neve caindo no verão e uma espuma branca flutuando no rio — detalhes que, embora tenham sido incorporados ao filme, eram, na realidade, sinais de contaminação.

Vladimir Sharun, técnico de som do longa, relatou anos depois que o ambiente era tóxico. Ele contou que membros da equipe, especialmente mulheres, desenvolveram reações alérgicas graves no rosto durante as gravações. Mas as consequências mais trágicas apareceriam anos depois. Tarkovsky morreu em 1986, aos 54 anos, vítima de câncer no pulmão. Sua esposa, Larissa Tarkovskaya, e o ator Anatoly Solonitsyn, que interpretou “O Escritor” no filme, também faleceram pela mesma doença. Sharun acredita que as mortes estão ligadas à exposição a substâncias perigosas durante as filmagens.

Apesar da teoria do técnico, nunca houve confirmação oficial de que o local foi a causa dos óbitos. Especialistas ressaltam que fatores como o tabagismo (comum na época) ou predisposições genéticas também podem explicar os casos. Mesmo assim, o mistério permanece, alimentando debates sobre os riscos que artistas enfrentam em busca de sua visão.

Independente da polêmica, Stalker consolidou-se como uma das obras mais influentes do século XX. Críticos destacam sua fotografia melancólica, diálogos profundos e a capacidade de provocar reflexões existenciais. Um usuário do Rotten Tomatoes descreveu o filme como “uma paisagem cinematográfica metafísica, capaz de envolver o espectador em uma busca incansável por significado”. Outro definiu a abertura como “um dos momentos mais visionários da história do cinema”.

Atualmente, o longa está disponível para aluguel em plataformas como Apple TV+ e Amazon Prime Video, permitindo que novas gerações explorem sua riqueza visual e narrativa. Se a lenda sobre sua “maldição” é real ou não, Stalker continua a fascinar — não apenas como uma obra-prima, mas como um enigma que desafia tanto a razão quanto a imaginação.

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