O ChatGPT pode substituir terapia? O impacto dos chatbots de IA sobre a saúde mental
O desenvolvimento e a aplicação de ferramentas de inteligência artificial (IA) em todas as áreas profissionais não é uma moda passageira. Com a popularização dos assistentes interativos em linguagem natural (chatbots) como ChatGPT, Claude ou Gemini, tem se tornado comum seu uso para cuidados com a saúde mental. As soluções de terapia via chat têm criado interesse tanto em desenvolvedores quanto em potenciais pacientes. Porém, de maneira similar à tendência de elaborar dietas com chatbots sem o acompanhamento de um nutricionista, ainda é uma novidade que inspira certos cuidados. Ajuda ou atrapalha com dificuldades de interação? Há algumas vantagens fáceis de pensar quando se fala no uso de um chatbot para fins terapêuticos. São algumas delas: Porém, estudos recentes conduzidos pela OpenAI (empresa responsável pelo ChatGPT) e pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) indicam que usar intensamente chatbots para desabafos e conversas existenciais pode estar relacionado à redução de interações sociais e ao aumento na sensação de solidão. Esses resultados estão relacionados à criação de uma dependência emocional ao chatbot e ao seu uso excessivo, que são mais comuns em pessoas em isolamento social ou sofrimento emocional. Nesse sentido, a capacidade de usar corretamente e com moderação um chatbot … The post O ChatGPT pode substituir terapia? O impacto dos chatbots de IA sobre a saúde mental first appeared on Tableless.

O desenvolvimento e a aplicação de ferramentas de inteligência artificial (IA) em todas as áreas profissionais não é uma moda passageira. Com a popularização dos assistentes interativos em linguagem natural (chatbots) como ChatGPT, Claude ou Gemini, tem se tornado comum seu uso para cuidados com a saúde mental.
As soluções de terapia via chat têm criado interesse tanto em desenvolvedores quanto em potenciais pacientes. Porém, de maneira similar à tendência de elaborar dietas com chatbots sem o acompanhamento de um nutricionista, ainda é uma novidade que inspira certos cuidados.
Ajuda ou atrapalha com dificuldades de interação?
Há algumas vantagens fáceis de pensar quando se fala no uso de um chatbot para fins terapêuticos.
São algumas delas:
- pronto acesso,
- custo reduzido
- possibilidade de interagir com um “analista” sem julgamentos e que adequa facilmente sua comunicação ao interlocutor.
Porém, estudos recentes conduzidos pela OpenAI (empresa responsável pelo ChatGPT) e pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) indicam que usar intensamente chatbots para desabafos e conversas existenciais pode estar relacionado à redução de interações sociais e ao aumento na sensação de solidão.
Esses resultados estão relacionados à criação de uma dependência emocional ao chatbot e ao seu uso excessivo, que são mais comuns em pessoas em isolamento social ou sofrimento emocional. Nesse sentido, a capacidade de usar corretamente e com moderação um chatbot determinaria em boa medida se ele ajudaria ou atrapalharia a interagir e analisar problemas emocionais.
Além disso, apesar do possível uso nocivo, já há evidências de que os desabafos com IA podem ajudar pessoas com ansiedade e depressão leves – o que é melhor do que não falar nada sobre problemas emocionais.
Ferramentas em construção
A capacidade dos modelos de IA generativa em aprender padrões e adequarem-se a eles aponta para uma rica personalização de serviços variados – entre eles, a terapia.
Entretanto, esse ainda é um caminho em construção. Um diálogo com chatbot pode trazer conhecimentos e percepções novas, mas ainda não equivale à atividade de um terapeuta humano. As IAs são muito adaptáveis e usam terminologia técnica de maneira convincente e habilidosa, mas não tem a mesma profundidade na investigação dos problemas de um paciente.
Também têm a memória limitada, restrições para assuntos sensíveis e podem apresentar alucinações e vieses em suas interações, o que pode ser ruim para o interlocutor. Por fim, são incapazes de construir um autêntico vínculo terapêutico, tipicamente humano e importante para o processo de análise e cura.
Em verdade, é preciso entender que chatbots de uso geral, como o ChatGPT, não são projetados com preocupações e conhecimentos clínicos, embora possam acessá-los. Por mais que agentes de IA possam ser projetados com a finalidade de agir como terapeuta, eles também tendem a ser incapazes de identificar se o problema deve ser encaminhado a um especialista humano.
Por todos esses motivos, o uso de chatbots para cuidados de saúde mental é especialmente inadequado para grupos vulneráveis ou menores de idade sem orientação.
Preocupações com a privacidade
Para além da qualificação funcional dos chatbots, eles inspiram cautela também no trato de informações. Por um lado, é simples e recomendável contratar uma VPN para PC a fim de manter todas as comunicações com a IA criptografadas e seguras, evitando vazamentos de dados.
Por outro lado, os cuidados de cibersegurança não esgotam inteiramente o problema da privacidade com IA. Informar dados sensíveis e pessoais a um sistema de IA não é recomendável, pois ele é um modelo privado que processa dados de maneiras que os consumidores não entendem plenamente nem controlam.
Em se tratando de questões pessoais e de saúde mental, essa incerteza torna-se ainda mais temerária. No Brasil, dados clínicos são protegidos pela Lei Geral de Proteção de Dados, regras do Conselho Federal de Medicina e normas de sigilo profissional. A menos que o chatbot seja designado especificamente para uso médico, certamente não respeitará essas importantes salvaguardas ao paciente.
Conclusão
Os chatbots podem oferecer alívio pontual e insights rápidos, mas não substituem a relação humana, a ética e o rigor técnico da psicoterapia. Devem ter uso moderado, com atenção a vieses, dependência e privacidade. Para questões emocionais complexas ou grupos de pessoas vulneráveis, o acompanhamento de um profissional de saúde mental continua indispensável.
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