Análise: Lunar Remastered Collection é o retorno de dois RPGs clássicos da era do PlayStation original
Anos após os relançamentos de Grandia, a GungHo retorna ao catálogo de clássicos da GameArts com Lunar Remastered Collection. O pacote inclui edições remasterizadas de Lunar: Silver Star Story Complete e do segundo título, Lunar: Eternal Blue Complete.Retornando ao passadoOriginalmente lançados para Sega CD, Silver Star Story e Eternal Blue são os dois jogos principais da saga Lunar, embora haja também outros títulos. Ambos foram posteriormente refeitos para Sega Saturn e PlayStation com vários ajustes focados em expandir a narrativa e atualizar os aspectos gráficos, sonoros e de gameplay. São essas versões que foram utilizadas para a coletânea.Considerando esse histórico, seria interessante se as coletâneas incluíssem também as edições originais dos jogos para quem quer mergulhar a fundo no seu passado. Porém, a escolha de focar apenas na Complete é compreensível, afinal o grande charme da série está nos personagens, o que é ampliado na revisão de roteiro dessa versão. Mesmo assim, a coletânea poderia pelo menos ter uma galeria com ilustrações promocionais dessas várias versões, as cutscenes e as músicas para apreciação dos jogadores.Entre as novidades gráficas, temos agora imagens 16:9 e efeitos gráficos opcionais que borram as bordas superior e inferior da tela. Caso o jogador prefira, basta desligá-los no menu a qualquer momento, mas tanto a opção ativada quanto a desligada conseguem ser bonitas. Para o modo clássico, há filtros de CRT para emular como o jogo fica em uma TV de tubo e as três opções são satisfatórias.Também é possível voltar totalmente para os gráficos antigos, mantendo assim o aspecto original, porém no PC isso significa retornar ao launcher para selecionar o modo clássico. É lá também que conseguimos mudar a língua, com opções de inglês, francês, alemão, japonês, chinês e coreano. Os saves de quaisquer versões são compatíveis com as outras, deixando o processo de alternar entre elas bem eficiente.As edições remasterizadas das cutscenes animadas, que são usadas em momentos-chave de apresentação de personagens e eventos, contam com filtros para deixá-las mais limpas e nítidas, embora mantenham sua proporção. Na maioria dos casos, o efeito é bem satisfatório, mas há algumas exceções, como uma cena do início de Eternal Blue em que os rostos dos personagens Hiro e Ruby ficam com artefatos de borrão enquanto estão no fundo.Além do visual, a coletânea conta com outras atualizações, que incluem uma redublagem em inglês de boa qualidade, a possibilidade de jogar com áudio em inglês ou japonês, legendas e skip para as cenas de vídeo. Há ainda um modo turbo para acelerar os combates e duas alterações no primeiro jogo envolvendo o gerenciamento de itens e o sistema de batalhas automáticas.A ideia é que agora temos um inventário mais simples de gerenciar, com os itens sendo globais em vez de especificamente alocados para cada personagem. Caso o jogador prefira a experiência mais próxima do original, é possível voltar para o formato clássico no menu.Já em relação às batalhas, foi adicionado um sistema que permite limitar as ações tomadas automaticamente pelos personagens, o que é um pouco redundante quando já temos o sistema de Tactics, em que definimos antecipadamente um grupo de ações para os personagens tomarem durante a batalha. Curiosamente, Eternal Blue não teve essa atualização do seu modo automático, só sendo possível alterar o Tactics.Um mundo de atmosfera mágicaLunar Silver Star Story conta a história de Alex, um jovem rapaz que sonha em um dia ter uma aventura e ser tão forte quanto o grande Dragonmaster Dyne. Criado em um pequeno vilarejo junto com a garota Luna, ele acaba encontrando o lendário dragão branco em uma caverna nas proximidades.Após concluir um desafio para o dragão, ele parte em uma jornada junto com Luna e seu melhor amigo Ramus para seguir os passos de Dyne e se tornar um Dragonmaster. Ao longo da trama, algumas reviravoltas acontecem e logo o rapaz se vê tendo uma motivação ainda maior para sua jornada.Enquanto isso, Lunar Eternal Blue conta a história de Hiro, um rapaz aventureiro que costuma explorar ruínas junto com sua parceira Ruby. Um dia, após a visita de um cavaleiro de Althena à casa de seu avô, o rapaz vai até uma grande torre e acaba conhecendo uma bela garota de cabelos azuis chamada Lucia.Por algum motivo, ela está sendo acusada de ser “Destroyer”, um indivíduo dedicado a destruir o mundo, por Althena e seus representantes, incluindo o cavaleiro Leo. Porém, seu único objetivo é eliminar a ameaça de Zophar, e ela está determinada a fazer isso a qualquer custo. Conforme ela interage com Hiro e outros humanos, porém, Lucia acaba aprendendo mais sobre a humanidade e suas belas emoções.Embora a trama de ambos os jogos seja clichê, há um grande charme nesse mundo de fantasia e nos personagens. É especialmente notável o esforço de mostrar os personagens como figuras vivas que frequentemente reagem até mesmo aos diálogos mais inócuos dos NPCs. Os pequenos detalhes e

Retornando ao passado
Originalmente lançados para Sega CD, Silver Star Story e Eternal Blue são os dois jogos principais da saga Lunar, embora haja também outros títulos. Ambos foram posteriormente refeitos para Sega Saturn e PlayStation com vários ajustes focados em expandir a narrativa e atualizar os aspectos gráficos, sonoros e de gameplay. São essas versões que foram utilizadas para a coletânea.
Considerando esse histórico, seria interessante se as coletâneas incluíssem também as edições originais dos jogos para quem quer mergulhar a fundo no seu passado. Porém, a escolha de focar apenas na Complete é compreensível, afinal o grande charme da série está nos personagens, o que é ampliado na revisão de roteiro dessa versão. Mesmo assim, a coletânea poderia pelo menos ter uma galeria com ilustrações promocionais dessas várias versões, as cutscenes e as músicas para apreciação dos jogadores.
Entre as novidades gráficas, temos agora imagens 16:9 e efeitos gráficos opcionais que borram as bordas superior e inferior da tela. Caso o jogador prefira, basta desligá-los no menu a qualquer momento, mas tanto a opção ativada quanto a desligada conseguem ser bonitas. Para o modo clássico, há filtros de CRT para emular como o jogo fica em uma TV de tubo e as três opções são satisfatórias.
Também é possível voltar totalmente para os gráficos antigos, mantendo assim o aspecto original, porém no PC isso significa retornar ao launcher para selecionar o modo clássico. É lá também que conseguimos mudar a língua, com opções de inglês, francês, alemão, japonês, chinês e coreano. Os saves de quaisquer versões são compatíveis com as outras, deixando o processo de alternar entre elas bem eficiente.
As edições remasterizadas das cutscenes animadas, que são usadas em momentos-chave de apresentação de personagens e eventos, contam com filtros para deixá-las mais limpas e nítidas, embora mantenham sua proporção. Na maioria dos casos, o efeito é bem satisfatório, mas há algumas exceções, como uma cena do início de Eternal Blue em que os rostos dos personagens Hiro e Ruby ficam com artefatos de borrão enquanto estão no fundo.
Além do visual, a coletânea conta com outras atualizações, que incluem uma redublagem em inglês de boa qualidade, a possibilidade de jogar com áudio em inglês ou japonês, legendas e skip para as cenas de vídeo. Há ainda um modo turbo para acelerar os combates e duas alterações no primeiro jogo envolvendo o gerenciamento de itens e o sistema de batalhas automáticas.
A ideia é que agora temos um inventário mais simples de gerenciar, com os itens sendo globais em vez de especificamente alocados para cada personagem. Caso o jogador prefira a experiência mais próxima do original, é possível voltar para o formato clássico no menu.
Já em relação às batalhas, foi adicionado um sistema que permite limitar as ações tomadas automaticamente pelos personagens, o que é um pouco redundante quando já temos o sistema de Tactics, em que definimos antecipadamente um grupo de ações para os personagens tomarem durante a batalha. Curiosamente, Eternal Blue não teve essa atualização do seu modo automático, só sendo possível alterar o Tactics.
Um mundo de atmosfera mágica
Lunar Silver Star Story conta a história de Alex, um jovem rapaz que sonha em um dia ter uma aventura e ser tão forte quanto o grande Dragonmaster Dyne. Criado em um pequeno vilarejo junto com a garota Luna, ele acaba encontrando o lendário dragão branco em uma caverna nas proximidades.
Após concluir um desafio para o dragão, ele parte em uma jornada junto com Luna e seu melhor amigo Ramus para seguir os passos de Dyne e se tornar um Dragonmaster. Ao longo da trama, algumas reviravoltas acontecem e logo o rapaz se vê tendo uma motivação ainda maior para sua jornada.
Enquanto isso, Lunar Eternal Blue conta a história de Hiro, um rapaz aventureiro que costuma explorar ruínas junto com sua parceira Ruby. Um dia, após a visita de um cavaleiro de Althena à casa de seu avô, o rapaz vai até uma grande torre e acaba conhecendo uma bela garota de cabelos azuis chamada Lucia.
Por algum motivo, ela está sendo acusada de ser “Destroyer”, um indivíduo dedicado a destruir o mundo, por Althena e seus representantes, incluindo o cavaleiro Leo. Porém, seu único objetivo é eliminar a ameaça de Zophar, e ela está determinada a fazer isso a qualquer custo. Conforme ela interage com Hiro e outros humanos, porém, Lucia acaba aprendendo mais sobre a humanidade e suas belas emoções.
Embora a trama de ambos os jogos seja clichê, há um grande charme nesse mundo de fantasia e nos personagens. É especialmente notável o esforço de mostrar os personagens como figuras vivas que frequentemente reagem até mesmo aos diálogos mais inócuos dos NPCs. Os pequenos detalhes empilham para criar um forte senso de presença e carisma.
Junta-se a isso um belo trabalho no aspecto visual e de animação cujos designs originais foram produzidos por Toshiyuki Kubooka, que, nessa época, já havia trabalhado nos animes Gunbuster e Fushigi no Umi no Nadia da Gainax, entre vários outros. Além disso, há a trilha sonora de Noriyuki Iwadare, cujo trabalho pode ser conferido também em alguns jogos de Ace Attorney, Growlanser, Grandia, entre outros. Em Lunar, suas músicas ajudam a refletir o charme da aventura, com foco especial em expressar as emoções dos eventos.
Combate posicional em turnos
Lunar é uma série de RPGs baseados em turnos em que selecionamos as ações de todos os aliados primeiro e só depois são executadas suas ações. Além de selecionar os golpes utilizados por cada personagem, o jogador deve ter em mente o posicionamento de aliados e inimigos.
A área de alcance dos personagens é limitada e isso deve ser levado em consideração para a escolha de ações. Por exemplo, se o ataque do jogador não alcançar o inimigo, pode ser melhor se defender para fazer com que ele gaste seu turno à toa. Caso contrário, é o jogador que só se movimentará pelo terreno e ficará aberto para tomar dano.
Graças a isso, entram variáveis como a velocidade de cada unidade, sua capacidade de movimentar e o fato de que os golpes causam uma espécie de empurrão, afastando inimigos e aliados de suas posições de origem. Saber avaliar todos esses fatores pode fazer a diferença entre uma batalha proveitosa e a ruína do jogador.
Um detalhe interessante é que é possível saber o padrão de ataque dos inimigos pelas suas animações. Por exemplo, um chefe pode estar saltitando para indicar que seu próximo ataque será o salto que atinge vários inimigos agrupados em uma área. Para evitá-lo, é interessante espalhar seus personagens usando a movimentação associada à defesa.
Em ambos os jogos, também há sistemas de automatização do combate em que é possível pré-programar como os personagens irão agir para poder agilizar os turnos. Junto com o novo modo turbo, que permite acelerar as animações de batalha, a possibilidade de deixar os personagens agirem por conta própria se o jogador preferir ajuda bastante a tornar o processo mais ágil.
Porém, vale destacar que, por alguma razão, os dois jogos invertem os símbolos e posições de escolhas manuais e automatizadas de ação no menu. Enquanto no primeiro jogo o símbolo de uma mão com luva significa “escolha manual”, no segundo é usado para “escolha automática”. Com isso, a falta de padronização pode se tornar uma dificuldade inicial sem necessidade.
Fora das batalhas, temos que explorar dungeons variadas dentro das quais é possível visualizar os inimigos como símbolos que aparecem pelos mapas e se movimentam em direção ao jogador caso eles estejam próximos. Em Silver Star Story, basta derrotá-los uma vez para fazer com que eles não retornem até o jogador sair da dungeon, enquanto Eternal Blue pode ter respawns mesmo dentro da mesma área.
Um detalhe que chama a atenção é como Silver Star Story se esforça para colocar desafios peculiares em algumas dungeons. Temos dungeons voltadas a exigir que o jogador não use itens ou explore sem armas, por exemplo. Também temos situações como um boss que não pode ser alcançado por terra, impedindo golpes normais com armas de curto alcance. Cabe ao jogador aprender a lidar com essas limitações.
Um histórico de piadas
Um ponto potencialmente polêmico da remasterização é que, em inglês, o texto mantém as escolhas de localização da Working Designs. A tradução é, em geral, bem fluida e bem pensada, fazendo apenas algumas extrapolações que podem ser consideradas excessivas. Porém, há um esforço constante em aumentar o tom de piada das interações, especialmente nos NPCs para, do ponto de vista do tradutor, evitar diálogos insossos.
Esse esforço envolve não apenas deixar o texto mais engraçado, mas, no processo, há excessos que podem extrapolar o texto a ponto de contradizer a caracterização de alguns personagens. Com o foco estrito em deixar o jogador entretido com todas as interações, há até referências diretas a elementos da cultura pop, como James Bond, que não se encaixam no mundo de fantasia de Lunar.
Além disso, as tramas incluem piadas de cunho preconceituoso, incluindo, por exemplo, situações de machismo e gordofobia. Por fim, ainda é interessante notar que a edição remasterizada introduz um novo erro de tradução nas lojas de Silver Star Story: enquanto o Complete original dizia “Can’t equip this!” (“não dá para equipar isso!” em português), a nova versão chama os itens de “Unsellable”, ou seja, trocando o sentido real de equipar para vender. Curiosamente, as traduções inéditas para francês e alemão estão corretas.Para os fãs de RPGs japoneses
Lunar Remastered Collection traz de volta uma duologia que ainda continua charmosa e uma boa pedida para fãs do gênero. Porém, a sensação que fica é que, enquanto remaster, o produto final é básico demais e poderia ter ido além para se justificar. Mesmo assim, é ótimo tê-los de volta e fãs do gênero vão se divertir em conhecê-los ou revisitá-los.
Prós
- Ambientação charmosa com personagens carismáticos;
- O sistema de combate com elementos posicionais e pistas das ações dos inimigos é bem peculiar e divertido de explorar;
- Algumas dungeons e chefes de Silver Star Story são especialmente interessantes em colocar certas limitações para o jogador;
- Embora simples, as adições da versão remasterizada são bem-vindas;
- A compatibilidade de saves entre as versões remasterizada/clássica e as múltiplas línguas faz com que alternar entre elas seja confortável, apesar da dependência do launcher.
Contras
- Ausência de uma galeria no menu inicial para revisitar ilustrações, música e vídeos dos jogos;
- Além de não corrigir erros de caracterização e piadas inadequadas à ambientação, a nova versão introduz um erro de tradução na loja em inglês;
- Ao não mexer com a padronização dos jogos, o menu de combate de ambos toma decisões opostas de design, fazendo a transição entre os jogos desnecessariamente confusa.
Lunar Remastered Collection — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Alessandra Ribeiro
Análise produzida com cópia digital cedida pela GungHo