Consultora de Assassin’s Creed Shadows relata os ataques que sofreu

Assassin's Creed Shadows foi sem dúvidas um jogo que gerou muitas polêmicas, com a Ubisoft sendo criticada por incoerências históricas no jogo. Apesar disso, a empresa trabalhou de perto com Sachi Schmidt-Hori, uma professora de história e cultura japonesa.Tendo participado do desenvolvimento desde 2022, após o jogo ser revelado ao público, a historiadora acabou recebendo muitas mensagens de ódio. Comentando sobre o assunto, ela afirma que, mesmo sendo asiática, foi atacada principalmente por homens asiáticos do Ocidente.De acordo com ela, muitos asiáticos a acusaram de ser uma "vendida", dizendo que estava ajudando a perpetuar a ideia de "apagar a existência de homens asiáticos". Isso foi algo exclusivo de asiáticos no Ocidente, já que os moradores do Japão não teriam reagido de forma negativa.Havia várias facções entre as pessoas que estavam reclamando do jogo, cada uma com diferentes motivações ou razões para estar chateada com a empresa, ou com o jogo, ou comigo. O que foi interessante. Um dos principais grupos que ficaram chateados foram os jogadores homens que moravam no Ocidente, de ascendência asiática. Havia muitas, muitas comunidades no Reddit – não apenas de jogadores, mas também comunidades de homens asiáticos – bravos comigo porque, aos olhos delas, eu era como uma vendida. O que é uma reação muito diferente da das pessoas que moram no Japão – elas não tiveram esse tipo de reação.Mas para os homens asiáticos que moram no Ocidente, este jogo se encaixava perfeitamente em suas narrativas – incluindo a de que as mulheres asiáticas no mundo ocidental são cúmplices em apagar a existência de homens asiáticos.Embora afirme entender o ponto de vista dessas pessoas, para a professora outro grupo se aproveitou das reaçoes para propagar sua ideia "anti-woke". Schmidt-Hori afirma que não importa o quanto tentasse usar fatos contra essas pessoas, elas sempre "usavam algo diferente para reclamar do jogo".É uma ideologia supremacista branca, nacionalista, disfarçada de simpatia. Supremacistas brancos tendem a usar asiáticos ou asiático-americanos como ferramenta para oprimir negros e latinos. É muito, muito típico. E é lamentável que alguns asiático-americanos também se tornem simpáticos à supremacia branca [por meio disso].A Professora também criticou a postura da Ubisoft quanto ao assunto. Ao invés de ajudá-la com as ameaças de morte que estava sofrendo, a empresa apenas disse a ela para ignorar e abandonar as redes sociais.Quando esse caos começou, naturalmente entrei em contato com eles [Ubisoft] pensando que poderiam fazer alguma coisa — não sei o quê. Mas tudo o que fizeram foi me dizer para ignorar e sugerir que eu removesse meus perfis nas redes sociais. Isso me deixou muito, muito chateada.Eles nunca me prepararam ou me avisaram com antecedência. Fui completamente pega de surpresa, e eles sabiam que meu perfil estava exposto. Eu tinha feito entrevistas em vídeo para serem divulgadas online e, claro, concordei em fazê-las. Mas sim, acho que eles poderiam facilmente ter imaginado que eu me tornaria um alvo.

Mai 3, 2025 - 23:51
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Consultora de Assassin’s Creed Shadows relata os ataques que sofreu

Assassin's Creed Shadows foi sem dúvidas um jogo que gerou muitas polêmicas, com a Ubisoft sendo criticada por incoerências históricas no jogo. Apesar disso, a empresa trabalhou de perto com Sachi Schmidt-Hori, uma professora de história e cultura japonesa.

Tendo participado do desenvolvimento desde 2022, após o jogo ser revelado ao público, a historiadora acabou recebendo muitas mensagens de ódio. Comentando sobre o assunto, ela afirma que, mesmo sendo asiática, foi atacada principalmente por homens asiáticos do Ocidente.

De acordo com ela, muitos asiáticos a acusaram de ser uma "vendida", dizendo que estava ajudando a perpetuar a ideia de "apagar a existência de homens asiáticos". Isso foi algo exclusivo de asiáticos no Ocidente, já que os moradores do Japão não teriam reagido de forma negativa.

Havia várias facções entre as pessoas que estavam reclamando do jogo, cada uma com diferentes motivações ou razões para estar chateada com a empresa, ou com o jogo, ou comigo. O que foi interessante. Um dos principais grupos que ficaram chateados foram os jogadores homens que moravam no Ocidente, de ascendência asiática. Havia muitas, muitas comunidades no Reddit – não apenas de jogadores, mas também comunidades de homens asiáticos – bravos comigo porque, aos olhos delas, eu era como uma vendida. O que é uma reação muito diferente da das pessoas que moram no Japão – elas não tiveram esse tipo de reação.

Mas para os homens asiáticos que moram no Ocidente, este jogo se encaixava perfeitamente em suas narrativas – incluindo a de que as mulheres asiáticas no mundo ocidental são cúmplices em apagar a existência de homens asiáticos.

Embora afirme entender o ponto de vista dessas pessoas, para a professora outro grupo se aproveitou das reaçoes para propagar sua ideia "anti-woke". Schmidt-Hori afirma que não importa o quanto tentasse usar fatos contra essas pessoas, elas sempre "usavam algo diferente para reclamar do jogo".

É uma ideologia supremacista branca, nacionalista, disfarçada de simpatia. Supremacistas brancos tendem a usar asiáticos ou asiático-americanos como ferramenta para oprimir negros e latinos. É muito, muito típico. E é lamentável que alguns asiático-americanos também se tornem simpáticos à supremacia branca [por meio disso].

A Professora também criticou a postura da Ubisoft quanto ao assunto. Ao invés de ajudá-la com as ameaças de morte que estava sofrendo, a empresa apenas disse a ela para ignorar e abandonar as redes sociais.

Quando esse caos começou, naturalmente entrei em contato com eles [Ubisoft] pensando que poderiam fazer alguma coisa — não sei o quê. Mas tudo o que fizeram foi me dizer para ignorar e sugerir que eu removesse meus perfis nas redes sociais. Isso me deixou muito, muito chateada.

Eles nunca me prepararam ou me avisaram com antecedência. Fui completamente pega de surpresa, e eles sabiam que meu perfil estava exposto. Eu tinha feito entrevistas em vídeo para serem divulgadas online e, claro, concordei em fazê-las. Mas sim, acho que eles poderiam facilmente ter imaginado que eu me tornaria um alvo.