Monster Energy Supercross 25 – The Official Video Game – Review



Esta definitivamente não é a primeira vez que falamos de Monster Energy Supercross aqui, e nossas análises das edições 4, 5 e 6 da série (em um antigo estilo de versões numeradas por versão, não pelo ano de lançamento) eram bastante alinhadas em alguns aspectos sobre a manutenção e preservação das suas principais características edição após edição.

Deste modo, seria de se esperar algo parecido para sua mais recente iteração, agora sim intitulada seguindo os parâmetros de jogos esportivos anuais: Monster Energy Supercross 25 – The Official Video Game. Seria, não fosse o fato de que há uma grande reviravolta na franquia, pela primeira vez atualizada para a Unreal Engine 5, o que faz deste jogo a maior renovação desde a primeira versão.

Também não é segredo que os mais desavisados podem compreender a publicidade explícita no título como um sinal de jogo licenciado para valorização máxima do patrocinador e não exatamente do maior evento mundial do esporte, algo que os fãs mais fervorosos tanto da versão real quanto dos games já compreende com mais tranquilidade, sobretudo pela presença imponente da Milestone à frente do desenvolvimento.

Conhecida pelo alto nível de exigência e pelo sistema punitivo mesmo nas dificuldades mais amenas, Monster Energy Supercross tem o desafio, em 2025, de se manter no topo do sub-gênero de corridas sobre duas rodas em terrenos de terra batida, obstáculos impiedosos e muita lama, e a boa notícia logo de largada é que tudo o que a fez célebre dentre seus adeptos está praticamente intocado.

Monster Energy Supercross 25 – The Official Video Game mantém um sistema de jogabilidade bastante intenso baseado em uma física agressiva e pouco conivente com o descuido e a displicência. Mais do que altas velocidades ou manobras arrojadas, o primeiro e maior desafio de todas as corridas está em se manter sobre a motocicleta, de preferência dentro do percurso.

O equilíbrio é a parte mais complicada, tanto pela quantidade incessante de saltos e dispositivos na pista para nos manter sem as duas rodas no chão (o que significa uma busca eterna pela entrada perfeita para pousos aceitáveis), quanto na tomada de curvas em traçados praticamente sem grandes pontos de respiro, sendo que uma destas coisas influencia diretamente na outra.

Seu maior diferencial em relação a outros jogos de corrida é também a sua maior desvantagem quando tenta furar a própria bolha, já que o fato de simplesmente não oferecer nenhuma tranquilidade ao jogador pode tornar o jogo rigoroso demais pela diversão que oferece. Qualquer curva, por mais leve que seja, é trabalhosa de se fazer sem derrapar, e trabalhar bem na maioria do tempo não é prazeroso o bastante pelo esforço empreendido.

Tal como na versão de carne-osso-e-motor do esporte, os traçados montados em grandes arenas são tortuosos e pensados para exigir o máximo dos pilotos na mistura entre habilidades e arrojo. Rampas e outros pontos de manobras aéreas podem parecer aleatórios, mas são pensados exatamente para testar ambos os aspectos. Não é à toa, por exemplo, que alguns dos mais confortáveis saltos desembocam nas piores curvas em grampo.

Portanto, conhecer o circuito não é só melhor para uma bela tomada de tempo, mas sobretudo para a sobrevivência, já que entrar errado significa quase sempre enfiar a cara no muro, ou coisa pior. Considerando que em níveis mais altos de desafio no single player ou que partidas on-line são povoadas pelos mais experientes dentre os jogadores, é fácil compreender que todo erro significa jogar fora as chances de sucesso.

Não é vergonha nenhuma, portanto, novatos e esquecidos usarem boa parte das suas horas iniciais com o jogo treinando e aprendendo todos os comandos básicos, incluindo o equilíbrio vertical na moto, algo feito desta vez em um modo à parte da campanha. Faz muita diferença, por exemplo, entrar em um trecho com ondulações do tipo costelas (ou no original, whoops) com o peso levemente jogado para trás para se ganhar velocidade ao invés de parecer um adolescente andando de bicicleta em uma rua esburacada.

A transição para o movo motor, porém, não veio sem custos, e o comportamento da física nem sempre responde bem como se espera do tom realista aqui empregado. A percepção do conjunto entre motocicleta e piloto ainda é rígida demais, e ambos parecem em muitos casos um bloco sólido em resposta ao contato com o chão, desmanchando somente nas animações dos acidentes.

Não é raro ainda o feedback estranho de algumas entradas em curvas acentuadas, principalmente nos níveis de perícia mais elevados que prometem uma física mais sofisticada. É compreensível que no nível rookie as coisas pareçam menos maleáveis para manter uma certa margem de erro para jogadores menos calejados, mas é no mais alto grau que as coisas parecem mais irregulares.

Estes pequenos engasgos podem irritar sobretudo em corridas mais apertadas onde um mínimo detalhe pode resolver para um lado ou para o outro, mas felizmente eles são raros e tendem a uma resolução com uma simples atualização de rotina. Na maioria do tempo, as complicações são, por mais irritantes que possam ser ao punir o menor dos deslizes, culpa do jogador.

Aliás, tanto as competições on-line quanto o multiplayer local com tela dividida, são ótimas formas de prolongar a vida útil do jogo pelo nível alto de competitividade proposto por ele, mesmo não sendo o jogo mais indicado para aquelas tardes preguiçosas de domingo com convidados exatamente por exigir perícia do jogador e tender a colocar um precipício enorme entre quem já o domina e quem ainda está tentando pegar o jeito.

Já a campanha do jogo, modo que parecia ter estacionado no tempo sem tantas opções e possibilidades nas edições anteriores, ganhou alguns contornos mais sofisticados, a começar pelo modelo de comunicação seja com as redes sociais, com reações e benefícios de fidelização de fãs de acordo com os resultados, seja na troca direta com concorrentes, que podem elogiar ou provocar, nos dando a opção de sermos gentis ou nem tanto com cada um deles; e com a equipe, que pode nos ajudar a desbloquear melhorias resultantes de um bom relacionamento.

Pelo lado mais prático da coisa, há ações de desenvolvimento da moto em si que demandam uma quantidade de tempo in-game (como um final de semana de evento), que está longe das mecânicas mais complexas de jogos como o da F1, por exemplo, mas ao menos dá a chance de irmos melhorando o equipamento conforme o desafio cresce.

Há ainda os chamados climaxes, que são corridas onde a pressão de um adversário é maior e mais destacada do que de costume, e o resultado é importante para novos contratos e outras consequências de carreira. Esses momentos normalmente são o elemento final de cada ato (ou Act, no original), que funciona como uma divisão em capítulos desta trajetória do piloto até o estrelato.

Todas estas inclusões e adaptações da campanha estão longe da originalidade, já que são quase um padrão para o gênero de corrida, então não chegam a gerar uma grande revolução na forma de gerenciar uma carreira. São importantes, funcionam, trazem mais variedade à experiência do que só ir pra próxima corrida, mas no final das contas, são protocolares e se tornam, no longo prazo, só mais uma tarefa antes do que importa de verdade.

A melhor dessas inclusões é a que permite o diálogo com outros concorrentes porque o jogo traz uma boa variedade de diálogos, principalmente os mais provocativos. Alguém pode, por exemplo, pedir desculpas por um acidente, outros podem dizer que você mandou bem demais, e as respostas variam entre a cortesia e o deboche. Aliás, há troféus específicos para as relações ótimas e para as péssimas que valem a pena sermos tanto o amigão de um quanto o maior idiota com outro.

Os demais modos de jogo, porém, não ganham tanto destaque assim e são muito mais recortes de tudo o que a campanha provê do que algo realmente significativo por si. São corridas amistosas ou mini campeonatos, tomadas de tempo e eventos especiais que permitem, sozinho ou em companhia, escolher cenários e pilotos para aquela disputa mais pontual, mas nada disso agrega na qualidade de vida do jogo tanto quanto o multiplayer on-line ou a campanha solo.

Ainda assim, nada é desperdiçado e cada ação no jogo é bonificado com um ganho de experiência, algo que pode resultar em recompensas que ajudam a customizar o equipamento original, como peças novas para as nossas motos com estatísticas melhores do que as originais. Nada mal para quem só estiver jogando aleatoriamente nos modos livres.

Estes, para quem joga sozinho, servem portanto para experimentar uma pista em particular e fazer alguma graça sem comprometer a campanha, porque em termos de desafio, não tem outro jeito de se levar a sério que não contra outras pessoas ao redor do mundo. Correr contra a máquina em modos extras é um tanto quanto enfadonho porque a IA do jogo continua tenebrosa, com os demais corredores ignorando a sua presença.

Já os visuais de Monster Energy Supercross 25 parecem ser ao mesmo tempo o aspecto que mais se beneficiou com esta repaginação da franquia, com uma bela melhoria na textura das pistas e na geração de partículas e efeitos de clima; e o que mais escancarou suas limitações. Efeitos de iluminação e reflexo, transição do dia para a noite e outros aspectos são mais presentes, e não raro, geram ótimas paisagens a serem admiradas enquanto nos esborrachamos no chão.

Os pilotos, no entanto, continuam medonhos, e felizmente não os vemos por muito tempo a não ser para customização, que se vale muito mais da criação de capacetes e uniformes do que da aparência do avatar em si. Isso significa que, por sorte, como a cara dos personagens não é algo que faça qualquer diferença pro jogo, mesmo com a presença de várias personalidades em suas versões devidamente digitalizadas, nada disso é tão relevante assim.

Entretanto, a pouca maleabilidade destes sujeitos também se traduz em uma identidade quase nula durante as corridas, com pilotos que se comportam quase como robôs autônomos. Não fosse o movimento de retirar vez ou outra uma película do visor, o jogo se manteria com a aparência de um brinquedo pouco articulado comprado em qualquer supermercado de bairro, com animações simplórias e fluidez fraquíssima para um esporte tão performático.

Para os engenheiros e estilistas de plantão, esta versão mantém o editor de pistas e de equipamentos tanto para criação interna quanto para o compartilhamento com a comunidade. Se elaborar estampas em capacetes e macacões segue sendo um passatempo divertido, construir traçados é trabalhoso, tem poucas opções realmente interessantes e é necessário muito empenho para se fazer algo que valha a pena ser experimentado depois. Em outras palavras, um recurso melhor na teoria que na prática.

Como um todo, depois de passar 2024 em branco, pausa necessária para esta reformulação, é fácil dizer que, sem se expor demais, Monster Energy Supercross 25 – The Official Video Game não traz o salto geracional esperado, mas também não deve em nada aos seus antecessores, mantendo um sistema que exige dedicação no controle com dois direcionais (um para a pilotagem e outro para o equilíbrio) e garantindo alguma satisfação por uma simples curva bem feita.

É verdade que ainda tem alguns ajustes finos a serem feitos para o motor ronronar mais suave, principalmente na física complicada da coisa toda, mas por outro lado há uma evolução em construção nos visuais e nos modos principais de jogo que vão manter a satisfação de seu nicho a contento e, ao mesmo tempo, continuar sendo bastante arisco para novatos curiosos.

Monster Energy Supercross 25 – The Official Video Game está disponível para PlayStation 5, Xbox Series X|S e PC. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Milestone.