Os cursos mais recomendados por Bill Gates para estudar em 2025, segundo especialista em educação

Em 2017, Bill Gates, cofundador da Microsoft, fez uma previsão que continua ecoando no mundo da educação e tecnologia. Em entrevista à revista MIC, ele destacou três áreas que moldariam o futuro: energias limpias, biociências e inteligência artificial. Quase uma década depois, essas áreas não apenas se mantêm relevantes, mas se tornaram pilares para enfrentar desafios globais, como a crise climática e a desigualdade social.

Um especialista em educação, Rafael Alberto Méndez, decano da Escola de Engenharia, Ciência e Tecnologia da Universidade de Rosário, na Colômbia, explica por que essas carreiras são essenciais e como as universidades estão se preparando para formar os profissionais do amanhã.

Energias Limpias: O Combate à Crise Climática

Bill Gates sempre defendeu que a transição para fontes renováveis é urgente. Ele acredita que a energia limpa pode reduzir emissões de carbono, criar empregos e democratizar o acesso a recursos em regiões carentes. Rafael Méndez reforça essa visão: “A Colômbia tem sol, vento, água e talento jovem. Mas precisamos de políticas públicas claras e investimento em infraestrutura para potencializar isso”.

O país, conhecido por sua biodiversidade, tem condições naturais privilegiadas para explorar energia solar, eólica e hidrelétrica. Universidades já estão criando cursos focados em tecnologias renováveis, como gestão de redes inteligentes e armazenamento de energia. Além disso, parcerias com empresas estão impulsionando projetos inovadores, como usinas solares em zonas rurais e sistemas de microgeração em comunidades isoladas.

Biociências: Saúde e Qualidade de Vida

As biociências são outro campo destacado por Gates. Para ele, avanços nessa área podem melhorar a saúde global, especialmente em regiões com acesso limitado a serviços médicos. Méndez concorda: “Na Colômbia, enfrentamos desafios como a atenção à saúde em territórios remotos. As biociências permitem desenvolver vacinas, tratamentos personalizados e até alimentos mais nutritivos”.

Universidades estão investindo em laboratórios de genômica, bioinformática e biotecnologia agrícola. Um exemplo são os estudos com plantas nativas para criar medicamentos ou soluções sustentáveis para a agricultura. Além disso, a pandemia acelerou a demanda por profissionais capazes de trabalhar com diagnóstico molecular e epidemiologia digital, áreas que combinam biociências com tecnologia.

Inteligência Artificial: Transformando Todos os Setores

A inteligência artificial (IA) é, talvez, a área mais disruptiva das três. Gates prevê que ela revolucionará desde a medicina até a educação. Méndez destaca: “A IA não é só sobre robôs. Ela está no agronegócio, prevendo safras; na saúde, diagnosticando doenças; e na educação, personalizando o aprendizado”.

Startups e grandes empresas já usam algoritmos para otimizar logística, reduzir desperdícios e até combater desmatamento na Amazônia. As universidades respondem a essa demanda com cursos em ciência de dados, machine learning e automação industrial. “Precisamos de profissionais que saibam desenvolver algoritmos éticos e inclusivos”, afirma Méndez.

Como as Universidades Estão Se Adaptando

Para formar a próxima geração de especialistas, instituições de ensino estão remodelando seus currículos. Programas interdisciplinares, que misturam engenharia com biologia ou ciências ambientais com computação, estão surgindo. “Não basta ter conhecimento técnico. Os alunos precisam aprender a resolver problemas reais, trabalhar em equipe e entender o impacto social de seu trabalho”, explica o decano.

Projetos práticos, como hackathons para criar soluções sustentáveis ou parcerias com comunidades para implementar tecnologias verdes, são comuns. Além disso, “semilleros de investigación” (grupos de pesquisa júnior) incentivam estudantes a explorar temas como energia solar para escolas rurais ou aplicativos de IA para monitorar espécies ameaçadas.

Desafios Além das Salas de Aula

Apesar do otimismo, Méndez alerta: o sucesso depende de fatores externos à educação. “Políticas públicas estáveis, investimento em infraestrutura e colaboração entre setores público e privado são essenciais”. Em muitos países, a falta de linhas de transmissão para energias renováveis em algumas regiões limita o potencial eólico e solar.

Outro ponto crítico é a inclusão. “Precisamos garantir que jovens de todas as regiões, especialmente zonas rurais e periferias, tenham acesso a essas carreiras”, diz ele. Bolsas de estudo, programas de mentoria e capacitação técnica são algumas das estratégias adotadas para democratizar o acesso.

O Que Esperar para 2025?

As previsões de Bill Gates continuam servindo como um guia para educadores e governos. Em um mundo que enfrenta pandemias, mudanças climáticas e revoluções tecnológicas, profissionais das três áreas terão papel central na construção de soluções. E, como ressalta Méndez, países latinos têm a chance de liderar parte dessa transformação — desde que invistam não apenas em tecnologia, mas nas pessoas que vão usá-la para mudar o mundo.

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