Espantalhos realmente funcionam?
Sim. Mas não é fácil montar e manter espantalhos eficazes: os pássaros não se deixam enganar facilmente.

Sim, mas só se estiver bem posicionado e realmente se parecer com um ser humano. E os pássaros não são bobos: com o tempo, se acostumam e percebem que aquela “pessoa” no meio da plantação não se mexe e não representa perigo para eles.
Algumas espécies, como corvos e pardais, são mais hábeis em reconhecer padrões. Se o espantalho continua com a mesma aparência, no mesmo lugar, todos os dias, eles perceberão o engodo mais rápido. Por isso, um homem de palha serve mais como um complemento do que uma solução.
Para que um espantalho seja eficaz, ele precisa ser trocado de lugar regularmente e mudar de aparência de vez em quando. Braços móveis, roupas que balançam com o vento e outras traquitanas aleatórias ajudam na ilusão. CDs velhos para refletir a luz e sinos que tilintam ao vento também afastam os pássaros.
Hoje, até um drone serve de espantalho. A pequena aeronave pode ser equipada com alto-falantes que emitem sons de predadores como aves de rapina, muito úteis para afastar os pássaros. Novos estudos testaram feixes de laser fazendo movimentos inesperados, e tiveram sucesso em repelir os pássaros.
Sensores de movimento também podem ativar mecanismos como jatos de água ou flashes de luz que espantam possíveis pragas. O problema dessas soluções tecnológicas é que elas ainda são muito caras para pequenos produtores, que praticam agricultura familiar.
Além dos espantalhos, os agricultores podem usar redes de proteção, como as de pomares e estufas, para impedir que os pássaros cheguem até a plantação. Manter um predador natural por perto, como falcões selvagens treinados para afastar outras aves menores, também é uma boa estratégia.
Alguns agricultores plantam outras coisas em volta da lavoura principal, para afastar as aves da cultura mais valiosa no centro. Esse método, conhecido como “cultivo isca”, pode ser muito mais eficaz que um simples espantalho.
Fonte: Airton Rodrigues Pinto Junior, engenheiro agrônomo, professor titular do Curso de Agronomia da PUC-PR.