Por que Steve Jobs disse que ser demitido da Apple foi a melhor coisa que poderia ter acontecido em sua vida?

Em 2005, diante de milhares de formandos da Universidade de Stanford, Steve Jobs compartilhou uma história surpreendente: o dia em que foi demitido da Apple, empresa que ele mesmo havia ajudado a criar. O relato, emocionante e cheio de ensinamentos, revelou como um momento de fracasso se transformou no início de uma revolução tecnológica.

Um Golpe Inesperado

No auge dos 30 anos, em 1985, Jobs enfrentou um dos momentos mais difíceis de sua vida. Após uma série de divergências com a diretoria, ele foi afastado da Apple, companhia que fundou na garagem dos pais uma década antes. Em seu discurso em Stanford, ele descreveu a sensação de ter o chão sumir sob os pés. “Perdi minha identidade”, admitiu. Durante meses, Jobs não soube qual rumo tomar. Apesar da dor, ele manteve viva a paixão por inovação — uma chama que, mais tarde, reacenderia seu caminho.

Liberdade para Recomeçar

Longe da Apple, Jobs percebeu que o fracasso trouxe uma vantagem inesperada: a chance de começar do zero. Sem o peso das responsabilidades anteriores, ele recuperou a curiosidade de um iniciante. Foi nesse período que fundou duas empresas: a NeXT, focada em computadores avançados para educação e negócios, e a Pixar, um estúdio de animação que parecia distante de tudo o que ele já havia feito.

A Pixar, inicialmente uma divisão de computação gráfica da Lucasfilm, tornou-se seu maior projeto paralelo. Sob a liderança de Jobs, o estúdio lançou “Toy Story” em 1995, o primeiro longa-metragem totalmente feito por computador. O filme não só arrecadou mais de 360 milhões de dólares mundialmente como redefiniu o cinema de animação. Enquanto isso, a NeXT desenvolvia sistemas operacionais que, anos depois, se tornariam peças-chave para o futuro da Apple.

O Retorno Triunfal

Seu retorno à organização foi fundamental para o sucesso do desenvolvimento de novos produtos.

Em 1997, a Apple, então em crise financeira, comprou a NeXT. O acordo não só trouxe Jobs de volta à empresa como colocou em suas mãos a missão de salvá-la da falência. Sua primeira ação foi simplificar a linha de produtos, priorizando a inovação e o design. O resultado foi o iMac, um computador colorido e compacto que revitalizou a marca.

Mas o grande salto veio nos anos seguintes. Jobs liderou o desenvolvimento do iPod (2001), dispositivo que transformou a forma como consumimos música, e do iPhone (2007), um smartphone que uniu internet, telefone e tocador de músicas em um único aparelho. Em 2010, o iPad consolidou a Apple como líder em dispositivos portáteis. Curiosamente, muitas das tecnologias por trás dessas inovações foram herdadas dos projetos da NeXT.

As inovações foram uma parte crucial de sua segunda gestão.

Do Fracasso ao Legado

O que parecia o fim da carreira de Jobs se revelou uma reinvenção. Ao ser demitido, ele ganhou a liberdade para explorar novas áreas — como a animação digital — e aprimorar habilidades que, mais tarde, aplicaria na Apple. Em suas palavras: “Ser demitido da Apple foi o melhor que poderia ter acontecido comigo”.

A trajetória pós-1985 mostra que os momentos de crise podem abrir portas invisíveis. A fusão entre a visão de Jobs e as tecnologias da NeXT permitiu que a Apple criasse sistemas operacionais modernos, como o macOS e o iOS, bases de seus produtos mais famosos. Sem o período longe da empresa, talvez o mundo nunca tivesse conhecido o iPhone, o iPad ou mesmo filmes como “Toy Story”.

A história de Steve Jobs ensina que reviravoltas, mesmo as mais dolorosas, podem ser sementes de transformação. Sua capacidade de enxergar oportunidades no caos não só redefine sua carreira como alterou para sempre o rumo da tecnologia e do entretenimento global.

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