The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered – Review
Apesar de quase sempre a discussão ser negativa em torno de jogos remasters ou remakes, é preciso também perceber seus diversos pontos positivos. Já tivemos vários exemplos que vão pender para os dois lados dessa balança e, acredito eu, jamais teremos um consenso quanto a isso. Mesmo assim eles existem e talvez seja mais …
Apesar de quase sempre a discussão ser negativa em torno de jogos remasters ou remakes, é preciso também perceber seus diversos pontos positivos. Já tivemos vários exemplos que vão pender para os dois lados dessa balança e, acredito eu, jamais teremos um consenso quanto a isso. Mesmo assim eles existem e talvez seja mais fácil apreciar os que trazem uma renovação para um jogo de grande impacto e apenas deixar de lado aqueles que não te apetece por algum motivo.
The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered é um bom exemplo de remaster que faz o necessário para trazer de volta um jogo de enormes proporções de sua época para os dias atuais. Com grande foco na renovação visual e melhoria de jogabilidade, o título retrabalhado pela Virtuos emplaca uma rejuvenescida necessária para atrair não só um novo público, mas também entregar a versão definitiva para todos os fãs de 20 anos atrás.
Sendo uma das grandes franquias de RPG da história, The Elder Scrolls definiu a tradicional fórmula Bethesda para seus jogos de RPG e fez isso com sucesso, inclusive levando a mesma estrutura para outras franquias, como Fallout e até Starfield. Ainda que Morrowind tenha grandes méritos por expandir bastante depois de Daggerfall, Oblivion talvez seja o que mais popularizou a franquia pelo impacto com lançamento em diversas plataformas e para várias audiências. A partir daí, Skyrim foi resultado de uma franquia já extremamente famosa e estabelecida, com um público engajado e que espera desesperadamente cada novo lançamento ou versão atualizada. Sim, estou de olho em você The Elder Scroll VI!
Oblivion foca na região de Cyrodiil, a parte central de Tamriel e da capital do império das raças humanas. Com uma trama para assassinar o imperador e deixar o trono vazio, já que o mesmo não tinha herdeiros, seu personagem se encontra no meio de uma fuga para tentar proteger o monarca de tal perigo. Após todos os eventos iniciais, a responsabilidade da preservação do império e a sobrevivência de Cyrodiil fica incumbida do jogador em uma jornada única, repleta de perigos e com muita, mas muita possibilidades de exploração.
A fórmula Bethesda é algo única e estranha pra mim. Enquanto permite uma variedade imensa em jogabilidade e criação de mundos, deixa muito a desejar em questões de narrativa. Além disso, é um sistema exagerado de coisas, itens e mais, que apesar de servir para dar credibilidade ao mundo, entope o jogo de coisa inútil e que a maioria dos jogadores vão ignorar na maior parte do tempo. Mesmo assim, a junção de tantos ativos, sejam bons ou ruins, criam experiências únicas e que mantém jogadores interessados neste universo por horas e horas graças ao sistema de exploração e combate, sendo quase um prelúdio do que hoje é comum em jogos sandbox.
O trabalho da Virtuos aqui foi muito em atualizar o jogo para os dias atuais, principalmente em visual, interface e controles, mas mantendo muito da estrutura clássica do jogo em praticamente qualquer outro aspecto. Mudar o jogo para Unreal Engine e explorar a capacidade visual aprimorada com certeza é o maior acerto do remaster, ainda que isso também tenha trazido problemas comuns na engine. Definir como um remaster aqui e não um remake é o ideal, já que até problemas, bugs, padrões obsoletos e mais foram mantidos, sem muita mudança ou reinvenção de aspectos importantes e que mudam o jogo, como aconteceu em Dead Space Remake e Demon’s Souls Remake.
O importante não é como definir o trabalho no relançamento de Oblivion, mas sim o que o jogo traz para uma nova era de jogos e outra geração de jogadores. Veteranos vão achar a melhor versão possível do jogo e isso sequer é questionável. Entretanto, já para os novos jogadores que nunca aproveitaram algo assim, será a melhor opção? O certo é dizer sim para introduzir o universo e aproveitar hoje um capítulo importante da história de The Elder Scrolls, mas que não faz muito mais além disso e sequer traz algo de novo para mover o jogo a frente de seu tempo, indo para um lado de oportunidade desperdiçada. Inclusive, isso mostra problemas que existiam já em Skyrim com todas suas mudanças, sendo que nem todas foram positivas.
Particularmente tenho muito problemas com as histórias principais dos jogos da Bethesda e acredito que as linhas secundárias sempre são mais interessantes e que movem mais o jogador do que a premissa original. Dito isso, e acredito que muitos jogadores concordam, histórias das irmandades e guildas, que são opcionais, duram mais e são melhor desenvolvidas do que qualquer outra coisa nos jogos do estúdio. Essa parte da estrutura de jogo, problemas com inventários e até mesmo alguns outros defeitos técnicos e que não foram alterados mesmo com outra engine, como as irritantes telas de carregamento hoje em dia, são o que minam parte da experiência atual de um Oblivion. Acredito até mesmo que um – outro – remaster de Skyrim visando novos consoles teria os mesmos problemas e quase nada de evolução.
O remaster faz muito pouco, ou quase nada, para aprimorar isso. Até faz sentido, já que não é o interesse em mudar a estrutura base do jogo, mas sim atualizar algo de duas décadas atrás. Ainda assim pode ser visto como uma oportunidade desperdiçada de aprimorar boa parte de um conteúdo que nunca evoluiu, mesmo numa sequência de sucesso. Apesar de melhorias em dublagens e boas animações, com exceção da nova animação de corrida que é horrorosa, o jogo tem um sentimento de ser algo aprimorado do que era tradicional, mas não de ser uma grande atualização que traz boa parte do jogo aos dias atuais em novas técnicas, design e tecnologia.
Em contrapartida, reviver um mundo de forma mais viva, dinâmica e visualmente atualizado é uma excelente experiência. Sair a esmo explorando cavernas, masmorras, interagindo com personagens e ouvindo rumores de histórias que viram missões sempre vai ser da parte mais interessante dos jogos TES. O sentimento de evoluir e progredir como quiser quanto ao seu personagem, ter liberdade para qualquer caminho, ter várias opções de caminhos e que todos vão render alguma jornada é o ápice do que um TES entrega e Oblivion faz isso muito bem, antes e agora novamente. Ainda é um excelente jogo e RPG nesses termos, mesmo que falhe em outros aspectos tão importantes quanto.
Como a grande repaginada é visual e nisso já ficou claro que é um grande ponto positivo, o mesmo não pode ser dito da performance. Com 2 modos de jogo nos consoles principais e mesmo não exigindo um PC de última geração, o trabalho para uma execução excelente ficou bastante longe de acontecer. Impossível falar ainda os motivos, mas tanto nos modos de 30 ou 60 fps o jogo sofre com engasgos constantes e oscilações na taxa de quadro notáveis. Jogadores de PC e a própria Digital Foundry já deixaram claro os vários problemas que encontraram do tipo. Ainda vemos outros problemas além disso, como popups de objetos e texturas, falhas na iluminação e outros.
O mais intrigante disso é que esses e outros problemas são vistos nas partes externas do mapa e em áreas maiores, como a capital. Entrar em cavernas e masmorras, ou mesmo ambientes menores como casas e palácios, apresenta uma entrega visual e técnica praticamente perfeita, sem a maioria dos problemas citados. Isso ser um problema já conhecido da Unreal Engine não é novidade, mas como um TES depende muito de mapeamento de itens, histórico de onde cada um é armazenado e mais também pode ser algo que agrava a situação.
No fim, The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered cumpre seu objetivo ainda que não seja de forma perfeita ou com alguns tropeços notáveis, mas que entrega o máximo de conteúdo possível de forma atualizada, até mesmo com as expansões de antes. Traz um jogo importante para a atualidade de forma que todos possam aproveitar da melhor maneira possível quando comparado a outras opções possíveis. Além disso, reacende o interesse da comunidade para um próximo capítulo de forma que não seria possível caso mais um anúncio para Skyrim fosse feito e que facilmente seria tratado como piada. Por último, serve como ponto inicial para vários novos jogadores que possam dar seu primeiro passo e ir atrás de mais sobre TES de uma forma mais interessante do que antes.
The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered está disponível para PS5, Xbox Series e PC. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Bethesda Softworks.