Análise: Shadow of the Orient dá um passo maior que a perna e tropeça ao chegar nos consoles

Lançado para dispositivos mobiles no ano passado, Shadow of the Orient tem uma proposta simples e direta ao ponto com uma mistura de plataforma e ação. Agora o título chega aos consoles e PC tentando emplacar sua fórmula.Saída precipitada das sombrasO herói oriental que controlamos tem uma missão simples: derrotar o Lorde das Trevas e, no caminho cheio de obstáculos e inimigos, resgatar crianças indefesas que foram capturadas. O protagonista usa a força de seus punhos, mas também pode contar com itens encontrados em baús, como facas, espadas, machados e até bolas de fogo. Ele une esse poderio bélico com sua capacidade de escalar paredes e dar saltos duplos.Como nem tudo são flores, temos alguns problemas de movimentação, que deixam a ação um pouco mais truncada. A principal questão que encontrei foram os hitboxes do personagem, que são imprecisos e isso causa uma confusão enorme ao calcular cada pulo, pois, quando aterrissamos, levamos dano de um obstáculo ou projétil que parecia não estar tão próximo assim.O oposto também procede, principalmente quando estamos usando apenas socos. O cálculo da distância segura varia um pouco, então foi frequente nossos golpes não atingirem um inimigo próximo, mesmo parado, ou ficar perto demais a ponto de levar dano enquanto batia. Esse problema se intensifica com ameaças voadoras, como águias, morcegos e dragões. Se não temos nada para abatê-los à distância, a certeza de tomar um prejuízo ao derrubá-los é inevitável.Outra questão incômoda é quando o salto duplo falha. Em alguns momentos, esse recurso falha ao esbarrar em algo que dê dano ou que pode ser agarrado pela mecânica de escalar paredes, mesmo que seja um pedaço do teto que não leve a lugar nenhum. A mecânica já apresenta leves momentos de imprecisão, com pulos simples que podem acabar passando um pouco do ponto, então tomar algum dano besta por passar do ponto e acertar uma armadilha é algo corriqueiro.Esses defeitos, por mais que até sejam passíveis de correção, acabam minando toda a diversão e desafios que Shadow of the Orient poderiam oferecer, pois o level design mostra que há uma série de coisas a serem descobertas. Cada fase possui uma quantidade de baús para serem encontrados, e eles só podem ser abertos com as chaves das respectivas cores. Logo, há uma série de áreas secretas para serem descobertas, escondidas em cantos e paredes.O mesmo vale para as crianças. Só é possível resgatá-las após acionar uma alavanca, que nem sempre está próxima de onde elas estão aprisionadas. Essa busca pelos dispositivos escondidos também traz ótimas recompensas, com trechos que trazem perigos na mesma proporção de cristais, mas todas essas questões com a jogabilidade nos fazem pensar duas vezes se queremos nos frustrar logo de cara ou fechar a aventura e depois nos preocupar com os colecionáveis.Para quem curtiu o ritmo de ação, e conseguiu se adequar aos controles erráticos, há também o Speedrun. Nele, temos que percorrer um local novo, destruindo lanternas suspensas e, como o nome sugere, terminar o percurso no menor tempo possível. É uma ideia bacana para aumentar a longevidade do jogo, mas pode ficar ainda melhor depois que a mecânica for corrigida.Vai gastar para quê?Para tornar nossa vida mais fácil, contamos com uma lojinha, na qual podemos comprar alguns itens e habilidades novas, além das armas que já encontramos pelo caminho, para que elas já comecem no nosso inventário logo de cara. Essa é mais uma ideia ótima na teoria, mas mal implementada na prática.Temos quatro tipos de unidades monetárias para juntar: moedas douradas, cristais azuis, cristais verdes e cristais roxos. Todos eles são encontrados ao abrir baús, quebrar vasos, destruir inimigos ou pelo caminho mesmo. O problema é que tudo na loja é muito caro, ao ponto de só ser possível comprar algo realmente útil, como as armas mais fortes, ao estarmos prestes a finalizar o jogo. Graças aos problemas que listei nos parágrafos anteriores, Shadow of the Orient não é exatamente o título mais amistoso para ficar fazendo farm de cristais antes de prosseguir. Existem também algumas questões estéticas. Por mais que o visual estilo pixel art até tenha seu charme, quem optar por jogar em português verá uma série de erros. A fonte escolhida não contém letras acentuadas, logo todas elas aparecem esquisitas no meio das palavras. Há também as quebras estranhas de palavras e sinais gráficos, como interrogações, que aparecem na posição errada.Por fim, o registro de baús abertos também apresenta erros na hora da contagem. Essa informação especificamente não é atualizada corretamente ao abrirmos um deles, diferentemente das crianças encontradas, que são prontamente sinalizadas no topo da tela. Isso cria uma certa confusão para quem não sabe quão perto está do 100%.Na penumbraShadow of the Orient não é nada que já não tenhamos visto, e a sua ideia principal até que é boa, mas a conversão para consoles acaba tropeçando em alguns pontos importantes que acabam desanimando os jogad

Abr 25, 2025 - 20:57
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Análise: Shadow of the Orient dá um passo maior que a perna e tropeça ao chegar nos consoles
Lançado para dispositivos mobiles no ano passado, Shadow of the Orient tem uma proposta simples e direta ao ponto com uma mistura de plataforma e ação. Agora o título chega aos consoles e PC tentando emplacar sua fórmula.

Saída precipitada das sombras

O herói oriental que controlamos tem uma missão simples: derrotar o Lorde das Trevas e, no caminho cheio de obstáculos e inimigos, resgatar crianças indefesas que foram capturadas. O protagonista usa a força de seus punhos, mas também pode contar com itens encontrados em baús, como facas, espadas, machados e até bolas de fogo. Ele une esse poderio bélico com sua capacidade de escalar paredes e dar saltos duplos.

Como nem tudo são flores, temos alguns problemas de movimentação, que deixam a ação um pouco mais truncada. A principal questão que encontrei foram os hitboxes do personagem, que são imprecisos e isso causa uma confusão enorme ao calcular cada pulo, pois, quando aterrissamos, levamos dano de um obstáculo ou projétil que parecia não estar tão próximo assim.

O oposto também procede, principalmente quando estamos usando apenas socos. O cálculo da distância segura varia um pouco, então foi frequente nossos golpes não atingirem um inimigo próximo, mesmo parado, ou ficar perto demais a ponto de levar dano enquanto batia. Esse problema se intensifica com ameaças voadoras, como águias, morcegos e dragões. Se não temos nada para abatê-los à distância, a certeza de tomar um prejuízo ao derrubá-los é inevitável.

Outra questão incômoda é quando o salto duplo falha. Em alguns momentos, esse recurso falha ao esbarrar em algo que dê dano ou que pode ser agarrado pela mecânica de escalar paredes, mesmo que seja um pedaço do teto que não leve a lugar nenhum. A mecânica já apresenta leves momentos de imprecisão, com pulos simples que podem acabar passando um pouco do ponto, então tomar algum dano besta por passar do ponto e acertar uma armadilha é algo corriqueiro.

Esses defeitos, por mais que até sejam passíveis de correção, acabam minando toda a diversão e desafios que Shadow of the Orient poderiam oferecer, pois o level design mostra que há uma série de coisas a serem descobertas. Cada fase possui uma quantidade de baús para serem encontrados, e eles só podem ser abertos com as chaves das respectivas cores. Logo, há uma série de áreas secretas para serem descobertas, escondidas em cantos e paredes.

O mesmo vale para as crianças. Só é possível resgatá-las após acionar uma alavanca, que nem sempre está próxima de onde elas estão aprisionadas. Essa busca pelos dispositivos escondidos também traz ótimas recompensas, com trechos que trazem perigos na mesma proporção de cristais, mas todas essas questões com a jogabilidade nos fazem pensar duas vezes se queremos nos frustrar logo de cara ou fechar a aventura e depois nos preocupar com os colecionáveis.


Para quem curtiu o ritmo de ação, e conseguiu se adequar aos controles erráticos, há também o Speedrun. Nele, temos que percorrer um local novo, destruindo lanternas suspensas e, como o nome sugere, terminar o percurso no menor tempo possível. É uma ideia bacana para aumentar a longevidade do jogo, mas pode ficar ainda melhor depois que a mecânica for corrigida.

Vai gastar para quê?

Para tornar nossa vida mais fácil, contamos com uma lojinha, na qual podemos comprar alguns itens e habilidades novas, além das armas que já encontramos pelo caminho, para que elas já comecem no nosso inventário logo de cara. Essa é mais uma ideia ótima na teoria, mas mal implementada na prática.

Temos quatro tipos de unidades monetárias para juntar: moedas douradas, cristais azuis, cristais verdes e cristais roxos. Todos eles são encontrados ao abrir baús, quebrar vasos, destruir inimigos ou pelo caminho mesmo. 

O problema é que tudo na loja é muito caro, ao ponto de só ser possível comprar algo realmente útil, como as armas mais fortes, ao estarmos prestes a finalizar o jogo. Graças aos problemas que listei nos parágrafos anteriores, Shadow of the Orient não é exatamente o título mais amistoso para ficar fazendo farm de cristais antes de prosseguir. 

Existem também algumas questões estéticas. Por mais que o visual estilo pixel art até tenha seu charme, quem optar por jogar em português verá uma série de erros. A fonte escolhida não contém letras acentuadas, logo todas elas aparecem esquisitas no meio das palavras. Há também as quebras estranhas de palavras e sinais gráficos, como interrogações, que aparecem na posição errada.

Por fim, o registro de baús abertos também apresenta erros na hora da contagem. Essa informação especificamente não é atualizada corretamente ao abrirmos um deles, diferentemente das crianças encontradas, que são prontamente sinalizadas no topo da tela. Isso cria uma certa confusão para quem não sabe quão perto está do 100%.

Na penumbra

Shadow of the Orient não é nada que já não tenhamos visto, e a sua ideia principal até que é boa, mas a conversão para consoles acaba tropeçando em alguns pontos importantes que acabam desanimando os jogadores que gostam de aventuras deste tipo. Junte isso aos problemas visuais na HUD e temos um prospecto do que poderia ser uma ótima aventura, mas que carece de correções urgentes.

Prós

  • Visual em pixel art traz uma ambientação bacana;
  • Diversas áreas secretas para explorar;
  • Modo Speedrun adiciona novos desafios em vez de replicar a aventura principal.

Contras

  • Hitboxes do personagem e dos inimigos é bastante impreciso;
  • Derrotar inimigos voadores se torna uma missão ingrata;
  • Dificuldades em ajustar os saltos à física do jogo, além de alguns erros na hora de usar o pulo duplo;
  • Diversas quebras de texto oriundos da fonte que não contém letras acentuadas;
  • A loja simplesmente não é funcional.
Shadow of the Orient — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 5.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Beatriz Castro
Análise feita com cópia digital cedida pela Dolores Entertainment
Shadow of the Orient 5.0 PS5 Shadow of the Orient is nothing we haven't seen before, and its main idea is actually good, but the conversion to consoles ends up stumbling on some important points that end up discouraging players who enjoy adventures of this type. Add this to the visual issues in the HUD and we have a prospect of what could be a great adventure, but one that urgently needs fixing.