Análise: The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered é uma verdadeira aula de remasterização

Lançado de surpresa no último dia 21 de abril, The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered arrebatou os fãs de RPG com uma nova versão de um dos jogos mais amados da Bethesda. Antecessor de Skyrim, Oblivion é cultuado por ter mecânicas aprofundadas, lore interessante e sistemas que seriam a base do futuro da franquia.Desenvolvido pela Virtuous, o remaster, com cara de remake, tenta encontrar equilíbrio entre mudanças visuais e melhorias de qualidade de vida, porém sem perder a experiência clássica que os fãs amam. Acredito que o saldo final é extremamente positivo.Feche as mandíbulas de OblivionComo jogador originalmente de Skyrim, fiquei entusiasmado quando conheci a campanha do Oblivion original há algum tempo, mesmo sem nunca tê-lo jogado em sua completude; para mim ficou evidente que tinha características ali que pareciam ter sido reduzidas em Skyrim.Agora no remaster ficam ainda mais claras essas diferenças basilares, e a campanha principal é uma delas. Diferente da história do escolhido Dragonborn, em Oblivion você é um prisioneiro comum jogado, inicialmente, ao acaso para lidar com tramas políticas, sucessões de imperadores e cultos antigos.Ao testemunhar a morte do imperador Uriel Septim VII, o jogador deve procurar por seu sucessor enquanto lida com uma invasão demoníaca proveniente da abertura de diversos portais pela região para Oblivion, um mundo infernal reinado por uma entidade daédrica A partir deste ponto, o mundo gigante da região de Cyrodiil se abre e o jogador é alvejado com localidades, personalidades, quests e facções que povoam esse universo tão rico de The Elder Scrolls. Fiquei muito feliz de ver que a equipe da Virtuous quase não tocou na trama dessa história tão intrigante.Renovando um clássicoEm uma entrevista antiga, o CEO da Virtuous falou sobre como o estúdio aborda remasterizações a partir de três pilares: manter o que funciona, melhorar o que precisa ser melhorado e adicionar o que precisa ser adicionado. É possível ver claramente esse sistema sendo aplicado em Oblivion.É inegável que o jogo sofreu com o passar do tempo. Além dos gráficos, diversos sistemas e mecânicas são tão enfadonhos que dificultam o acesso de jogadores mais modernos. Sabendo disso, os desenvolvedores fizeram um ótimo trabalho de mapear onde deveriam interferir.Para exemplificar, o gráfico é logo de cara o que salta aos olhos. Agora com a Unreal Engine 5, Cyrodiil nunca foi tão bonita, uma parte mais superficial das mudanças, mas que ainda assim é muito bem-vinda. Sobre as melhorias podemos destacar o combate, que agora ganhou novas animações, sons e sistemas de impacto, deixando a parte mais engessada do game original mais interessante.Sobre as adições podemos falar sobre a possibilidade de o personagem correr, algo que era inexistente no jogo original. Também tivemos a adição de novas falas para personagens, rostos com modelos completamente refeitos, tecnologias de sincronia labial e até um novo sistema de leveling, que se assemelha mais ao de Skyrim.São tantas mudanças em níveis substanciais que fizeram até alguns analistas pensarem se o jogo não poderia ser taxado como um remake, tendo em vista que o remake de Demon’s Souls não teve mudança mecânica nenhuma, apenas gráfica. A Virtuous conseguiu um grande feito em manter a experiência de 2006, com aspectos que lembram um jogo de 2025.Novas soluções, novos problemasTendo a perspectiva dessas mudanças, a forma como se joga Oblivion ainda se mantém como no original, entretanto, as melhorias reforçam a falta de sistemas básicos que não foram implantados no jogo. Não consigo deixar de lado o sentimento de que o jogo poderia ter um sistema de combate ainda mais modificado.Senti falta da possibilidade de usar uma arma em cada mão, ou até mesmo uma build de mago que não necessitasse de ter algo na mão para lançar magias. O combate montado em cavalo, mesmo que duro como o de Skyrim, também faria bastante diferença aqui.Para além disso, como praxe na UE5, o desempenho é preocupante, tanto nos PCs quanto nos consoles. A versão que joguei, de PS5, contou com crashes, bugs novos que não existiam na versão original, além de queda constante de FPS no mundo aberto. Algo que até então para mim era difícil de perceber no console, mas ficou bem nítido nesse título.Cyrodiil ainda é a mesmaNada mais gostoso do que perceber que se passaram 30 horas de jogo e você mal saiu da segunda missão principal. Um clássico sentimento que The Elder Scrolls sabe muito bem fazer. E não se engane, não é pela campanha ser tediosa, muito pelo contrário. São tantos locais para explorar e histórias para conhecer que fica difícil fazer tudo ao mesmo tempo.Com as melhorias do remaster, explorar e lutar é ainda mais cativante; andar a cavalo ao entardecer é uma visão tão linda que por um segundo você esquece os horrores dos portais e da matança desenfreada. Com o novo sistema de leveling, focar em uma build específica é mais prazeroso do que nunca, sem ter que se matar para upar certas skills.Claro

Mai 7, 2025 - 20:41
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Análise: The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered é uma verdadeira aula de remasterização


Lançado de surpresa no último dia 21 de abril, The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered arrebatou os fãs de RPG com uma nova versão de um dos jogos mais amados da Bethesda. Antecessor de Skyrim, Oblivion é cultuado por ter mecânicas aprofundadas, lore interessante e sistemas que seriam a base do futuro da franquia.

Desenvolvido pela Virtuous, o remaster, com cara de remake, tenta encontrar equilíbrio entre mudanças visuais e melhorias de qualidade de vida, porém sem perder a experiência clássica que os fãs amam. Acredito que o saldo final é extremamente positivo.

Feche as mandíbulas de Oblivion



Como jogador originalmente de Skyrim, fiquei entusiasmado quando conheci a campanha do Oblivion original há algum tempo, mesmo sem nunca tê-lo jogado em sua completude; para mim ficou evidente que tinha características ali que pareciam ter sido reduzidas em Skyrim.

Agora no remaster ficam ainda mais claras essas diferenças basilares, e a campanha principal é uma delas. Diferente da história do escolhido Dragonborn, em Oblivion você é um prisioneiro comum jogado, inicialmente, ao acaso para lidar com tramas políticas, sucessões de imperadores e cultos antigos.




Ao testemunhar a morte do imperador Uriel Septim VII, o jogador deve procurar por seu sucessor enquanto lida com uma invasão demoníaca proveniente da abertura de diversos portais pela região para Oblivion, um mundo infernal reinado por uma entidade daédrica 

A partir deste ponto, o mundo gigante da região de Cyrodiil se abre e o jogador é alvejado com localidades, personalidades, quests e facções que povoam esse universo tão rico de The Elder Scrolls. Fiquei muito feliz de ver que a equipe da Virtuous quase não tocou na trama dessa história tão intrigante.

Renovando um clássico



Em uma entrevista antiga, o CEO da Virtuous falou sobre como o estúdio aborda remasterizações a partir de três pilares: manter o que funciona, melhorar o que precisa ser melhorado e adicionar o que precisa ser adicionado. É possível ver claramente esse sistema sendo aplicado em Oblivion.

É inegável que o jogo sofreu com o passar do tempo. Além dos gráficos, diversos sistemas e mecânicas são tão enfadonhos que dificultam o acesso de jogadores mais modernos. Sabendo disso, os desenvolvedores fizeram um ótimo trabalho de mapear onde deveriam interferir.

Para exemplificar, o gráfico é logo de cara o que salta aos olhos. Agora com a Unreal Engine 5, Cyrodiil nunca foi tão bonita, uma parte mais superficial das mudanças, mas que ainda assim é muito bem-vinda. Sobre as melhorias podemos destacar o combate, que agora ganhou novas animações, sons e sistemas de impacto, deixando a parte mais engessada do game original mais interessante.




Sobre as adições podemos falar sobre a possibilidade de o personagem correr, algo que era inexistente no jogo original. Também tivemos a adição de novas falas para personagens, rostos com modelos completamente refeitos, tecnologias de sincronia labial e até um novo sistema de leveling, que se assemelha mais ao de Skyrim.

São tantas mudanças em níveis substanciais que fizeram até alguns analistas pensarem se o jogo não poderia ser taxado como um remake, tendo em vista que o remake de Demon’s Souls não teve mudança mecânica nenhuma, apenas gráfica. A Virtuous conseguiu um grande feito em manter a experiência de 2006, com aspectos que lembram um jogo de 2025.

Novas soluções, novos problemas



Tendo a perspectiva dessas mudanças, a forma como se joga Oblivion ainda se mantém como no original, entretanto, as melhorias reforçam a falta de sistemas básicos que não foram implantados no jogo. Não consigo deixar de lado o sentimento de que o jogo poderia ter um sistema de combate ainda mais modificado.

Senti falta da possibilidade de usar uma arma em cada mão, ou até mesmo uma build de mago que não necessitasse de ter algo na mão para lançar magias. O combate montado em cavalo, mesmo que duro como o de Skyrim, também faria bastante diferença aqui.

Para além disso, como praxe na UE5, o desempenho é preocupante, tanto nos PCs quanto nos consoles. A versão que joguei, de PS5, contou com crashes, bugs novos que não existiam na versão original, além de queda constante de FPS no mundo aberto. Algo que até então para mim era difícil de perceber no console, mas ficou bem nítido nesse título.

Cyrodiil ainda é a mesma



Nada mais gostoso do que perceber que se passaram 30 horas de jogo e você mal saiu da segunda missão principal. Um clássico sentimento que The Elder Scrolls sabe muito bem fazer. E não se engane, não é pela campanha ser tediosa, muito pelo contrário. São tantos locais para explorar e histórias para conhecer que fica difícil fazer tudo ao mesmo tempo.

Com as melhorias do remaster, explorar e lutar é ainda mais cativante; andar a cavalo ao entardecer é uma visão tão linda que por um segundo você esquece os horrores dos portais e da matança desenfreada. Com o novo sistema de leveling, focar em uma build específica é mais prazeroso do que nunca, sem ter que se matar para upar certas skills.




Claro, o tempo não foi muito gentil com o layout de várias dungeons do jogo, que hoje caem no genérico e repetitivo, mas os visuais compensam a experiência que hoje se mantém muito mais próxima do que se espera de um RPG em 2025.

Entretanto, algo que destaca Oblivion entre seus pares é como o mundo reage ao seu personagem e como as quests do jogo, ainda hoje, se mantêm tão interessantes. Seja nas sequências de assassinato da Dark Brotherhood, nas batalhas sangrentas da Arena ou na ajuda de um cidadão paranoico que acha que uma grande conspiração atenta contra sua vida, cada pedacinho de Cyrodiil vibra histórias interessantes e locais cativantes para conhecer.

Claro, além de tudo isso, o remaster conseguiu manter o tom galhofa de diversos momentos do jogo. A clássica câmera colada no rosto aqui ganha novas nuances com o sistema de luz e sombra da Unreal. Diversos glitches e bugs amigáveis se mantêm, deixando claro que esse é o mesmo jogo de 2006, agora em nova e melhorada roupagem.

Ainda um RPG de altíssimo calibre


The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered é a melhor versão de um dos maiores clássicos do gênero. Mesmo com algumas partes datadas no remaster, é um RPG de altíssimo calibre e uma verdadeira aula de como remasterizar um grande jogo. Mantendo a receita essencial do projeto, mas adicionando “sabor” e “crocância” em segmentos estratégicos.

Curiosamente, o projeto eleva a barra para a Bethesda com um dos melhores visuais que algum de seus jogos já teve, além de enfatizar como as mecânicas de RPG mais complexas são o caminho a seguir, e não seguir a rota de deixar tudo mais simples e fácil.

Prós

  • Visuais lindos com a Unreal Engine 5 que rende uma das versões mais bonitas de Tamriel e da região de Cyrodiil;
  • Melhoria em sistemas de combate com novas animações e sons;
  • Sistema de leveling reformulado com novas formas de upar skills;
  • A adição da corrida pelo personagem permite uma exploração ainda mais livre do mundo aberto;
  • Novas vozes, tecnologia de sincronia labial e modelos faciais torna a interação com personagens mais imersiva do que nunca.

Contras

  • A performance deixa a desejar até nos consoles, sofrendo com quedas de FPS e crashes;
  • A falta de algumas melhorias como combate de duas mãos e em cima do cavalo parecem oportunidades perdidas;
  • O layout de diversas dungeons ainda sofrem com o tempo, sendo simples ou genéricas demais.
The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered – PS5/PC/XSX – Nota 9.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bethesda
The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered 9.0 PS5 The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered is the best version of one of the greatest classics in the genre. Even with some dated elements in the remaster, it remains a top-tier RPG and a true masterclass in how to properly remaster a great game. It preserves the core essence of the original while adding extra “flavor” and “crunch” in key areas.