Golpistas usam IA, fingem síndrome de Down e lucram com fraudes nas redes
Investigação mostra como vídeos manipulados ganham visibilidade ao explorar hashtags legítimas e distorcer narrativas de superação Golpistas usam IA, fingem síndrome de Down e lucram com fraudes nas redes


Farsantes estão usando inteligência artificial para se passar por pessoas com síndrome de Down nas redes sociais. Dessa forma, eles conseguem público, engajamento e dinheiro, tirando inclusive espaço de quem realmente trabalha para defender e dar apoio a esta causa.
Mais de 30 contas falsas foram descobertas em um levantamento feito pelo canal de TV americano CBS News. Segundo a emissora, os farsantes usam deepfakes ou ferramentas para trocar rostos e publicam seus vídeos no Instagram, no YouTube e no TikTok.
O objetivo dos golpistas é dinheiro. Uma das contas descobertas pela reportagem criou uma campanha para supostamente arrecadar fundos para a Sociedade Nacional de Síndrome de Down (NDSS, na sigla em inglês). Os vídeos mostravam imagens distorcidas e desfocadas, indicando o uso de IA.
Procurada pelo canal, a entidade disse não conhecer aquela pessoa, nem ter pedido ajuda para levantar dinheiro. A página, que contava com mais de 100 mil seguidores, foi derrubada.
Nas publicações dos impostores, há mensagens positivas, dancinhas e agradecimentos pelo apoio. Em alguns casos, eles rebatem críticas inventadas como forma de gerar mais apelo. Em outros, promovem sites com conteúdo adulto.
Além de se aproveitar da condição, os farsantes pegam carona em tags como #DownSyndrome e #DownSyndromeAwareness para conseguir engajamento. Essas tags são bastante usadas pela comunidade, como forma de compartilhar histórias e experiências.
Nova forma de discriminação
Pessoas com síndrome de Down ouvidas pela CBS News consideram que a atitude dos golpistas é uma nova forma de discriminação, baseada em se apropriar, exagerar e monetizar histórias.
“Eu trabalhei muito para defender [a causa] e compartilhar minha jornada. Nunca imaginei que tentariam tirar isso de mim”, diz Alex Bolden, que trabalha na NDSS e tem 24 mil seguidores no Instagram.
Kandi Pickard, presidente da entidade, afirma que os golpistas estão explorando uma comunidade que ainda luta para ser ouvida. “As contas fakes são erradas de várias formas, mas a principal é que indivíduos com síndrome de Down devem ser os únicos falando sobre suas experiências”, declara Pickard.
Meta, TikTok e YouTube derrubam perfis falsos
A CBS News entrou em contato com Meta, TikTok e YouTube. As plataformas removeram as páginas indicadas pela emissora, por violarem suas políticas.
“Nossos Padrões da Comunidade se aplicam a todo o conteúdo postado em nossas plataformas, independentemente de ser gerado por IA, e tomamos medidas contra qualquer conteúdo que viole essas políticas”, disse um porta-voz da Meta à CBS News.
Mesmo assim, a reportagem indica que outras contas já surgiram. Os golpistas não precisam de muito tempo para gerar conteúdo: eles roubam ou falsificam vídeos rapidamente, para encher feeds, enganar pessoas e conseguir dinheiro.
Com informações da CBS News
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