Capcom Fighting Collection 2 – Review
É inegável que a Capcom tem feito o possível para permitir que seus jogos clássicos sejam aproveitados em plataformas atuais. Já tivemos inúmeras coletâneas e Capcom Fighting Collection 2 é mais uma delas, mas que se destaca por um principal motivo chamado Capcom vs SNK 2. Um dos crossovers mais impactantes do início dos anos …
É inegável que a Capcom tem feito o possível para permitir que seus jogos clássicos sejam aproveitados em plataformas atuais. Já tivemos inúmeras coletâneas e Capcom Fighting Collection 2 é mais uma delas, mas que se destaca por um principal motivo chamado Capcom vs SNK 2.
Um dos crossovers mais impactantes do início dos anos 2000, Capcom vs SNK 2 parecia estar preso ao passado (ou ao menos na edição de PS2 que o PS3 recebeu digitalmente). Mas graças à parceria que a Capcom está tendo com a SNK recentemente (personagens DLC tanto em Street Fighter 6 quanto em Fatal Fury: City of the Wolves, além do relançamento de SNK vs Capcom: SVC Chaos), o adorado crossover pode respirar novamente.
O problema, como veremos a seguir, não é Capcom vs SNK 2, mas sim os outros jogos.
Capcom vs. SNK: Millennium Fight 2000 Pro
Nada mais justo que começar falando de um dos títulos mais importantes nesta coletânea. Capcom vs. SNK: Millennium Fight 2000 Pro não foi o primeiro projeto crossover das duas (esse título fica para SNK vs. Capcom: Card Fighters Clash), mas é o primeiro dos mais importantes. É o projeto desenvolvido pela Capcom e lançado originalmente como Capcom vs. SNK: Millennium Fight 2000. A versão “Pro” é como se fosse uma Champion Edition: basicamente o mesmo jogo, mas com revisões e a adição de Dan e Joe como jogáveis.
A mecânica de luta segue um formato tradicional (1×1), mas com um outro personagem da sua equipe assumindo a batalha caso tenha sido derrotado em um round.
Capcom vs. SNK é muito mais conhecido pela sua sequência. O motivo disso é que o original é limitado em muitos aspectos, como personagens e mecânicas. Primeiramente, temos o sistema de “ratio”. Teoricamente, é algo interessante, pois apresenta um balanceamento em jogos de luta de forma diferente. Seu espaço de escolha de lutadores é de 4 “unidades”. Por exemplo, se você escolher um Akuma ou Sagat, já gastará 3 unidades, sobrando apenas 1 para um personagem mais “fraco” como um Dan ou Joe. Isso significa que podem acontecer lutas de até 2 personagens contra outros 4 por causa desse sistema. Mas é possível ignorar isso tudo e jogar com um clássico 2×2, sem problemas.
Além disso, o sistema de “groove” só possui duas opções: Capcom (baseado na série Street Fighter Alpha) e SNK (KOF 94-98). Ou seja, ao escolher um desses sistemas, o seu personagem possui uma barra e mecânicas baseadas nos jogos citados. A sequência, Capcom vs SNK 2, possui seis sistemas para se ter uma ideia da evolução nesse aspecto.
De qualquer forma, a presença de Capcom vs. SNK: Millennium Fight 2000 Pro na coletânea é extremamente válida por questões históricas – é como termos X-Men vs Street Fighter na de Marvel vs Capcom.
Capcom vs. SNK 2: Mark of the Millennium 2001
É simplesmente o jogo que fará muitos comprarem a coletânea. Capcom vs SNK 2 é um crossover bastante completo, oferecendo seis “groove” (barras e mecânicas) e um total de 48 personagens. Até hoje é um título adorado.
É claro, é notável que alguns personagens tiveram um carinho melhor que outros na época (Sakura e Morrigan com os mesmos sprites que já vimos desde a concepção delas, por exemplo, assim como vários outros vindos de Alpha 3), mas o que importava era ter um número alto de lutadores. A trilha sonora também não desaponta.
Nas configurações do jogo é possível alternar entre EO e a padrão, sugerindo que temos as duas versões disponíveis. Mas para os mais hardcores que não aprovam a versão EO recomendo que espere uma análise mais profunda disso.
Power Stone
Um dos jogos que o Dreamcast recebeu em seu lançamento foi o primeiro Power Stone. Tive o console justamente quando chegou ao mercado brasileiro lá em 1999, mas como o dinheiro gasto nele e num Sonic Adventure já tinha sido muito além do que eu (minha mãe na verdade) podia, só cheguei a conferir os jogos da época pegando em locadoras. E um deles foi Power Stone.
Power Stone é um jogo simples, mas que funciona de forma mais divertida no multiplayer. Pense como um Smash Bros. em 3D mas com barra de vida, ao invés da famosa %. Há itens para serem usados pelos lutadores, você pode andar e pular livremente pelo cenário e o objetivo é – além de bater nos outros – ficar vivo.
Outro ponto de Power Stone são as joias que dão nome ao jogo. Ao coletar três delas em combate, você destrava um poder de seu personagem temporariamente para auxiliá-lo no duelo.
O modo Arcade de Power Stone coloca você em batalhas 1×1 até um chefe final que se transforma em monstro. É um jogo simples e direto que, novamente, funciona melhor no multiplayer.
Power Stone 2
Power Stone 2 evolui o original em determinados aspectos. Primeiramente, os cenários possuem muito mais armadilhas.
O modo Arcade de Power Stone 2 também é diferente: quatro personagens batalhando entre si. Além disso, há alguns chefes pelo caminho que apresentam algumas mecânicas interessantes para serem derrotados, desde pontos fracos até “mobs” (inimigos mais fracos que aparecem durante a luta).
No fim, Power Stone 2 é um jogo bacana, mas – de novo – tem mais graça jogando com amigos.
Plasma Sword: Nightmare of Bilstein
Provavelmente o título mais obscuro da coletânea. Lançado para Arcades em 1998 e mais tarde no Dreamcast, Plasma Sword: Nightmare of Bilstein é uma sequência de Star Gladiator. Acredito que o jeito mais fácil de introduzir o título é apontando que Hayato, um dos personagens de Marvel vs Capcom 2, é o protagonista desta série.
Plasma Sword é um jogo simples e interessante, mecanicamente falando. Trata-se de um game de luta 3D com dois botões de ataque para a arma que o personagem carrega, um botão de chute e um de desvio, que serve para andar para “dentro” do cenário, já que é 3D.
Ainda sobre as mecânicas, não temos “ring outs” (comum em jogos do gênero) e o sistema de golpes especiais lembra outros títulos como Street Fighter (inclusive a barra de especiais com os ‘Supers’ – Plasma Strikes). Há mecânicas também de contra-ataques (Plasma Reflect e Plasma Revenge), assim como um movimento chamado de Plasma Field. Neste último, o campo de batalha é reduzido a uma arena com paredes invisíveis, forçando o oponente a receber a sua pressão.
Serei honesto: Plasma Sword: Nightmare of Bilstein não é um jogo ruim, mas é visível porque “morreu”. As mecânicas de jogo, em sua maioria, não trazem novidades ao gênero. Mas o principal motivo é que em 1998 (e principalmente 1999-2000, quando o jogo chegou ao Dreamcast) já tínhamos SoulCalibur, um título que revolucionou os jogos de luta 3D com gráficos espetaculares (na época) para o console da SEGA. E Plasma Sword, apesar das mecânicas de golpes especiais e barras, lembra o jogo da Namco (ainda não era Bandai Namco na época!) por conta dos botões. E os gráficos de Plasma Sword não chegam aos pés de SoulCalibur, infelizmente.
Mas, como sempre digo, é uma adição importante para a coletânea, pois é justamente um pedaço da história da Capcom – e dos games. Só ficou faltando Star Gladiator, mesmo.
Capcom Fighting Evolution
De longe, o pior jogo da coletânea. Capcom Fighting Evolution foi lançado numa época em que parecia que os jogos de luta tinham morrido (2004). E a sua qualidade duvidosa era praticamente o prego no caixão.
Capcom Fighting Evolution basicamente pega personagens de vários jogos da empresa e insere quase que em um “ctrl+c e v”. Além disso, cada lutador tem uma barra de Super e outras mecânicas baseadas no seu jogo de origem, o que vira uma salada completa. O elenco também não agrada, tendo várias ausências notáveis.
Como reforço ao longo desta análise, vale pela lição de história, mas é um capítulo que a Capcom provavelmente não tem interesse em relembrar em detalhes.
Street Fighter Alpha 3 UPPER
Street Fighter Alpha 3 UPPER é basicamente uma versão aprimorada de Street Fighter Alpha 3. O jogo quando chegou aos Arcades trazia os personagens que eram – até então – exclusivos de console, como Guile e Fei Long.
A presença deste jogo na coletânea chega a ser um pouco estranha, afinal SF Alpha 3 já esteve em outras passadas. Porém, como dito, é uma versão aprimorada e algo que vale destacar é que rodava na placa NAOMI da SEGA – a mesma do Dreamcast. E como podemos ver, todos os outros jogos desta coletânea, com exceção de Capcom Fighting Evolution, são justamente de Dreamcast e/ou NAOMI.
No fim, é um jogo que dá valor à coletânea, mesmo que pareça figurinha repetida.
Project Justice
Por fim, Project Justice. Apesar do nome em inglês não destacar, é basicamente um “Rival Schools 2“. O gameplay é em 3D, mas muitos movimentos remetem aos jogos de luta tradicionais em 2D.
Project Justice é um jogo de luta em equipe, mas com três personagens. Isso permite que outro ataque Team-Up seja usado em uma luta, mas também adiciona um novo tipo de ataque, o Party-Up, iniciado ao pressionar quaisquer três botões de ataque. O Party-Up é um ataque de três pessoas que varia de acordo com a escola do personagem que inicia o ataque.
Project Justice conta até mesmo com um modo história com diálogos e escolhas de personagens a serem usados no combate, além de diferentes rotas dependendo das ações tomadas.
Capcom Fighting Collection 2
Apenas gostaria de concluir que, como podemos ver, o fator histórico da coletânea é inegável, mas que determinados jogos, principalmente Capcom Fighting Evolution, são descartáveis – mesmo na época em que foram lançados. Dito isso, Capcom vs SNK 2 brilha na coletânea e vale o investimento para quem esperava pelo título – ainda mais com um netcode via rollback (todos os jogos possuem a funcionalidade online).
Como sempre, há muitas opções nos jogos, como um Treinamento, um Versus que facilita as lutas locais e diversas opções como dificuldade e poder habilitar os personagens secretos sem esforço.
Capcom Fighting Collection 2 está disponível para PS4, Xbox One, Switch e PC. Esta análise é da versão PS4 e foi realizada com um código fornecido pela Capcom.
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