Cidade que fica no meio do oceano é uma das mais densamente povoadas do mundo. Veja como é
No meio do Oceano Índico, cercada por águas cristalinas e recifes de coral, existe uma cidade que desafia a lógica… Esse Cidade que fica no meio do oceano é uma das mais densamente povoadas do mundo. Veja como é foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.


No meio do Oceano Índico, cercada por águas cristalinas e recifes de coral, existe uma cidade que desafia a lógica da geografia. Malé, a capital das Maldivas, ocupa uma ilha tão pequena que é possível atravessá-la a pé em menos de 30 minutos. Mas não se engane pelo tamanho: esse pedaço de terra de apenas 5,8 quilômetros quadrados abriga cerca de 100 mil pessoas, tornando-a uma das áreas urbanas mais densamente povoadas do planeta.
Para entender como isso é possível, é preciso mergulhar em uma realidade única, onde a escassez de espaço e a ameaça constante do oceano moldam cada aspecto da vida.
Uma Ilha que Virou Metrópole
As Maldivas são um arquipélago composto por 1.192 ilhas, mas apenas 200 são habitadas. Malé, localizada no atol de Kaafu, é o coração político, econômico e cultural do país. Originalmente, a cidade era uma vila de pescadores, mas seu crescimento acelerou nas últimas décadas devido à migração interna. Com a elevação do nível do mar ameaçando ilhas menores, muitos maldívios se mudaram para a capital em busca de segurança e oportunidades. Hoje, a densidade populacional ultrapassa 43 mil habitantes por quilômetro quadrado – número superior ao de cidades como Mumbai ou Manila.

A densidade populacional de Malé ultrapassa 43 mil habitantes por quilômetro quadrado
Para acomodar tanta gente em um espaço limitado, a verticalização foi a única saída. Prédios de até dez andares se aglomeram em ruas estreitas, e até os telhados são aproveitados para instalar antenas, tanques de água e pequenos jardins. Não há terrenos vazios: cada centímetro é ocupado por residências, lojas, escolas ou mesquitas. O trânsito caótico de motos e carros compactos completa o cenário de uma metrópole que parece ter sido espremida no oceano.
Engenharia Contra a Natureza
Viver em uma ilha plana e baixa – a altitude média de Malé é de 1,5 metro – exige soluções criativas. A primeira delas foi a construção de aterros. Desde os anos 1990, a cidade expandiu suas fronteiras dragando areia do fundo do mar e depositando-a nas bordas da ilha. Esses projetos aumentaram a área original em 40%, mas ainda assim o espaço segue insuficiente.
A resposta mais audaciosa veio em 1997, quando o governo iniciou a construção de Hulhumalé, uma ilha artificial a 8 quilômetros de Malé. Criada para aliviar a superlotação, a nova ilha já abriga mais de 50 mil pessoas e tem planos de chegar a 240 mil habitantes até 2023. Com ruas planejadas, prédios modernos e até áreas verdes, Hulhumalé é um experimento urbano que tenta equilibrar sustentabilidade e crescimento.
Outro desafio é a infraestrutura. Não há rios ou lagos em Malé, então toda a água potável vem de usinas de dessalinização. O lixo é compactado e enviado para Thilafushi, uma ilha vizinha conhecida como “a lixeira das Maldivas”. Já a energia elétrica depende quase inteiramente de geradores a diesel, um sistema caro e poluente que o governo tenta substituir por painéis solares flutuantes.

A altitude média de Malé é de apenas 1,5 metro
Ameaças Sob as Ondas
As Maldivas são o país mais plano do mundo, e isso as coloca na linha de frente das mudanças climáticas. Se o nível do mar subir 50 centímetros até 2100 – uma projeção conservadora –, 77% do território nacional ficará submerso. Em Malé, os moradores já convivem com inundações frequentes durante as marés altas. Para se proteger, a cidade construiu um quebra-mar de 3 metros de altura ao redor de toda a ilha, financiado pelo Japão após o tsunami de 2004, que destruiu parte da capital.
Mas a engenharia sozinha não resolve tudo. A erosão costeira, a salinização dos aquíferos e a degradação dos corais – que funcionam como barreiras naturais contra ondas – são problemas diários. Em 2020, o governo anunciou planos para construir uma “cidade flutuante” nos arredores de Malé, com casas, hotéis e escolas sobre plataformas modulares. O projeto, inspirado em iniciativas similares na Holanda, promete ser à prova de elevação do mar, mas ainda está em fase inicial.
Cultura em Meio ao Caos
Apesar dos desafios, Malé mantém uma identidade cultural vibrante. A maioria da população é muçulmana, e a vida gira em torno das cinco orações diárias. A Mesquita Hukuru Miskiy, construída em 1656 com blocos de coral esculpidos, é um dos edifícios mais antigos e impressionantes. Já a Mesquita Islâmica Grande, inaugurada em 1984, comporta 5 mil fiéis e tem um minarete dourado que brilha sob o sol tropical.
As ruas centrais são um labirinto de lojas que vendem peixes secos, tecidos coloridos e artesanato em madeira. À noite, os habitantes se reúnem na Praça da República para comer hedhikaa (lanches tradicionais, como bolinhos de peixe) e conversar sob a brisa do mar. Um detalhe curioso: por falta de espaço, muitos prédios são pintados em cores vivas – rosa, azul-turquesa, verde-limão –, uma tradição que ajuda a diferenciar as construções em meio à densidade urbana.
Turismo: O Paradoxo Maldiviano
Enquanto Malé luta contra a superpopulação, o resto do país é sinônimo de luxo e isolamento. As Maldivas recebem mais de 1,5 milhão de turistas por ano, atraídos por resorts privados em ilhas exclusivas, bangalôs sobre palafitas e praias de areia branca. A ironia é que a maioria dos visitantes nem pisa na capital: o aeroporto internacional fica em Hulhulé, outra ilha próxima, de onde partem hidroaviões direto para os complexos turísticos.
Esse contraste revela uma economia dividida. O turismo responde por 28% do PIB das Maldivas, mas apenas uma fração desse dinheiro chega a Malé, onde a maioria trabalha no setor público ou no comércio local. Enquanto os resorts investem em sustentabilidade – usando energia solar e sistemas de reciclagem –, a capital ainda depende de práticas poluentes, como queimar lixo a céu aberto.
O Futuro Sob Pressão
Malé é um exemplo extremo de como a humanidade se adapta a ambientes hostis. Seus moradores vivem uma rotina de compromissos entre o progresso e a sobrevivência. Escolas funcionam em turnos triplicados para acomodar alunos, hospitais atendem pacientes em corredores lotados, e famílias inteiras dividem apartamentos minúsculos.
Agora, a cidade enfrenta uma nova encruzilhada: como continuar crescendo sem colapsar ou sucumbir ao mar? Projetos como Hulhumalé e a cidade flutuante sugerem que a resposta está na inovação, mas o tempo é curto. Enquanto isso, Malé segue sua vida frenética, uma prova de resiliência no meio do oceano – onde cada dia é uma vitória contra a geografia.
Esse Cidade que fica no meio do oceano é uma das mais densamente povoadas do mundo. Veja como é foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.