Cientistas identificam primeira baleia-franca-austral intersexo, com genes XXY

Uma pesquisadora da Universidade de St. Mary descobriu, em amostras de pele coletadas em 1989, com arpões, uma baleia-franca-austral diferente de todas as outras: ela é a primeira da espécie a ostentar genes XXY. A característica, tecnicamente chamada aneuploidia do cromossomo sexual, significa que o mamífero marinho é intersexo, podendo exibir características tanto femininas quanto masculinas. Veja 7 curiosidades sobre a Baleia Azul, o maior mamífero do mundo Cachalote é baleia? Saiba tudo sobre o maior predador dentado Assim como os humanos, os cromossomos das baleias-francas-austrais (Eubalaena australis) expressam XX nas fêmeas e XY nos machos. Entre as várias amostras coletadas há décadas, uma delas — de um indivíduo marcado como Eau10b — foi inicialmente identificada como XX. Mas estudos mais recentes mudaram esse cenário. Sexo e cromossomos de baleias A descoberta surgiu após a bióloga Carla A. Crossman notar algo incomum em uma baleia XX: um gene Y na região determinante do sexo (SRY). Isso só deveria aparecer no cromossomo Y, nos machos, mas a Eau10b mostrou, em testes posteriores, ter a característica. A baleia tem, no final das contas, um arranjo XXY. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- É a primeira vez que uma baleia-franca-austral mostra ter aneuploidia sexual, mas outros cetáceos (baleias e golfinhos) já foram encontrados com a característica (Imagem: Oregon State University/CC-BY-2.0) O fenômeno acontece quando uma cópia extra do cromossomo duplicado surge durante a divisão celular, podendo afetar a fertilidade do animal em questão. Nos animais, é difícil detectar a aneuploidia, já que os sinais não são tão óbvios. Nos humanos, especificamente em homens, o surgimento de um cromossomo X extra é chamado de Síndrome de Klinefelter, gerando sintomas como hipermobilidade, maior altura, quadris largos e seios avantajados. Acerca da raridade da condição em baleias, os especialistas têm dificuldade em determinar a frequência de aneuploidia nos mamíferos marinhos. Nos humanos, a condição é rara, mas, nos animais, será necessário coletar mais dados genéticos e analisá-los com mais precisão para chegar a uma resposta. Nas baleias-francas-austrais, o fenômeno foi registrado pela primeira vez só agora, mas outras espécies de baleia com aneuploidia já foram encontradas. Leia também: Baleia-azul gera híbridos ao acasalar com outras espécies Orca é baleia ou golfinho? Entenda a diferença Cientistas dissecam baleia mais rara do mundo e encontram estômago com 9 câmaras VÍDEO: O que é a SeaOrbiter e por que ela ainda não saiu do papel   Leia a matéria no Canaltech.

Abr 11, 2025 - 18:40
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Cientistas identificam primeira baleia-franca-austral intersexo, com genes XXY

Uma pesquisadora da Universidade de St. Mary descobriu, em amostras de pele coletadas em 1989, com arpões, uma baleia-franca-austral diferente de todas as outras: ela é a primeira da espécie a ostentar genes XXY. A característica, tecnicamente chamada aneuploidia do cromossomo sexual, significa que o mamífero marinho é intersexo, podendo exibir características tanto femininas quanto masculinas.

Assim como os humanos, os cromossomos das baleias-francas-austrais (Eubalaena australis) expressam XX nas fêmeas e XY nos machos. Entre as várias amostras coletadas há décadas, uma delas — de um indivíduo marcado como Eau10b — foi inicialmente identificada como XX. Mas estudos mais recentes mudaram esse cenário.

Sexo e cromossomos de baleias

A descoberta surgiu após a bióloga Carla A. Crossman notar algo incomum em uma baleia XX: um gene Y na região determinante do sexo (SRY). Isso só deveria aparecer no cromossomo Y, nos machos, mas a Eau10b mostrou, em testes posteriores, ter a característica. A baleia tem, no final das contas, um arranjo XXY.

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É a primeira vez que uma baleia-franca-austral mostra ter aneuploidia sexual, mas outros cetáceos (baleias e golfinhos) já foram encontrados com a característica (Imagem: Oregon State University/CC-BY-2.0)
É a primeira vez que uma baleia-franca-austral mostra ter aneuploidia sexual, mas outros cetáceos (baleias e golfinhos) já foram encontrados com a característica (Imagem: Oregon State University/CC-BY-2.0)

O fenômeno acontece quando uma cópia extra do cromossomo duplicado surge durante a divisão celular, podendo afetar a fertilidade do animal em questão. Nos animais, é difícil detectar a aneuploidia, já que os sinais não são tão óbvios. Nos humanos, especificamente em homens, o surgimento de um cromossomo X extra é chamado de Síndrome de Klinefelter, gerando sintomas como hipermobilidade, maior altura, quadris largos e seios avantajados.

Acerca da raridade da condição em baleias, os especialistas têm dificuldade em determinar a frequência de aneuploidia nos mamíferos marinhos. Nos humanos, a condição é rara, mas, nos animais, será necessário coletar mais dados genéticos e analisá-los com mais precisão para chegar a uma resposta. Nas baleias-francas-austrais, o fenômeno foi registrado pela primeira vez só agora, mas outras espécies de baleia com aneuploidia já foram encontradas.

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VÍDEO: O que é a SeaOrbiter e por que ela ainda não saiu do papel

 

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