McDonald’s conta o verdadeiro motivo por trás do sumiço do palhaço Ronald

Quem cresceu nas décadas de 1980 ou 1990 certamente se lembra do sorriso marcante de Ronald McDonald, o palhaço que era o rosto do McDonald’s em comerciais, embalagens de Happy Meal e eventos. Mas, nos últimos anos, ele praticamente desapareceu. Sua última aparição pública foi em abril de 2025, quando arremessou a primeira bola em um jogo do Philadelphia Phillies, nos EUA, em uma parceria com a rede. Enquanto isso, no Brasil e em outros países, o personagem quase não é visto. O motivo por trás desse “aposentamento” discreto é mais sombrio do que muitos imaginam.

Tudo começou em 2016, quando uma onda perturbadora de “killer clowns” (palhaços assassinos) invadiu as redes sociais e as ruas. A moda surgiu como uma estratégia de marketing para promover um filme de terror, mas rapidamente fugiu do controle. Pessoas vestidas com fantasias de palhaço assustadoras começaram a aparecer em locais públicos, muitas vezes assediando ou ameaçando transeuntes. Nos EUA, uma família na Flórida relatou ter sido atacada por um grupo de 20 pessoas usando máscaras de palhaço. No Reino Unido, um homem mascarado perseguiu um adolescente a caminho da escola, brandindo uma faca.

O clima de medo gerado por esses incidentes fez com que o McDonald’s repensasse a presença de seu mascote. Em comunicado oficial na época, a empresa declarou: “McDonald’s e franqueados estão cientes do momento delicado relacionado a aparições de palhaços em comunidades e, por isso, estão sendo cautelosos em relação à participação de Ronald McDonald em eventos locais por enquanto”. No Reino Unido, a decisão foi ainda mais definitiva. Até hoje, o site do McDonald’s britânico informa que Ronald “não aparece mais em propagandas no país”, mas continua “trabalhando nos bastidores”.

Apesar do afastamento público, o palhaço não foi totalmente aposentado. Em mercados como os EUA, ele ainda aparece esporadicamente em eventos esportivos ou campanhas limitadas, como no jogo do Phillies em 2025, que rendeu até um post no Instagram da filial da Filadélfia comemorando o “arremesso inicial” do personagem. Mas sua presença em restaurantes e materiais publicitários globais diminuiu drasticamente.

O palhaço Ronald McDonald voltou à ação na quarta-feira.

Curiosamente, a história de Ronald McDonald tem raízes bem mais antigas — e menos sinistras. Criado em 1963, o personagem foi interpretado inicialmente pelo ator e apresentador Willard Scott, que faleceu em 2021, aos 87 anos. Scott era conhecido por seu carisma e energia contagiante, características que moldaram a identidade do mascote. Em entrevista ao New York Times em 1987, ele brincou: “Adoro pessoas. Muitos artistas fazem seu trabalho e vão embora. Eu fico por perto, conversando com todo mundo. Sou como um cachorro: abrem a porta, e eu saio cumprimentando”.

A decisão de reduzir a exposição de Ronald reflete um desafio comum a marcas icônicas: adaptar-se ao contexto cultural sem perder a identidade. Enquanto o palhaço enfrentava associações indesejadas com o terror, o McDonald’s investiu em outras estratégias, como parcerias com celebridades e influenciadores digitais. Mesmo assim, o legado de Ronald permanece. Em alguns países, como o Japão, ele ainda é figura presente em festas infantis.

Para muitos fãs, a ausência do palhaço é um marco de como certos símbolos podem ser afetados por eventos inesperados. Mas, como mostra sua aparição nos estádios em 2025, Ronald McDonald ainda não desapareceu completamente — apenas se tornou um personagem mais discreto, adaptando-se a um mundo onde até os palhaços precisam lidar com novas realidades.

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