Médico responde teoria estranha sobre pessoas que nunca quebraram um osso

Você já se perguntou por que algumas pessoas parecem invencíveis, escapando de quedas e acidentes sem nenhuma fratura, enquanto outras quebram um osso com facilidade? Nas redes sociais, teorias sobre “proteção divina” ou “karma positivo” ganharam popularidade, sugerindo que nunca ter uma fratura seria um sinal de intervenção sobrenatural. Mas a ciência tem uma explicação bem mais concreta — e fascinante — para esse fenômeno.

Genética: O alicerce da resistência

Assim como a cor dos olhos ou o tipo de cabelo, a força dos seus ossos é herdada. De acordo com especialistas, cerca de 60% a 80% da densidade óssea é determinada pela genética. Isso significa que, se seus pais ou avós têm ossos fortes, você provavelmente herdou essa vantagem. O Dr. Suhail Hussain, médico especializado em saúde óssea, explica que fatores como a capacidade do corpo de absorver cálcio, a estrutura do esqueleto e até a velocidade com que os ossos se regeneram são influenciados pelo DNA.

Mas nem tudo são boas notícias. A genética também pode ser uma armadilha. Se há histórico de osteoporose ou fraturas de quadril na família, o risco de ossos frágeis aumenta. A Sociedade Real de Osteoporosis (ROS) alerta que filhos de pais que sofreram fraturas no quadril têm maior probabilidade de passar por situações semelhantes. Por isso, conhecer o histórico médico da família é um passo importante para prevenir problemas futuros.

Idade e hormônios: O relógio biológico dos ossos

A resistência óssea não é estática. Até os 30 anos, nosso corpo constrói mais osso do que perde, atingindo o pico de densidade nessa fase. Depois disso, começamos a perder massa óssea gradualmente. Para as mulheres, a menopausa acelera esse processo devido à queda nos níveis de estrogênio, hormônio que protege os ossos. Estudos indicam que, após os 50 anos, uma em cada três mulheres sofrerá uma fratura relacionada à osteoporose.

Homens também não estão imunes. Embora a perda óssea seja mais lenta, após os 70 anos, o risco de fraturas aumenta significativamente. A ROS destaca que manter hábitos saudáveis desde cedo é crucial para retardar esse declínio natural.

Estilo de vida: O poder das escolhas diárias

Aqui está a boa notícia: mesmo que a genética não esteja ao seu favor, suas escolhas podem fortalecer — ou enfraquecer — seus ossos. Alimentação, exercícios e hábitos como fumar ou consumir álcool têm impacto direto.

• Nutrição: Cálcio e vitamina D são os pilares da saúde óssea. Enquanto o cálcio é o “tijolo” que constrói os ossos, a vitamina D atua como o “cimento”, ajudando o corpo a absorver o mineral. Folhas verde-escuro (como couve e espinafre), laticínios, amêndoas e peixes gordurosos (salmão, sardinha) são fontes essenciais. A ROS recomenda ainda evitar dietas extremamente restritivas, que podem privar o corpo de nutrientes-chave.
• Exercício: Atividades que envolvem impacto, como caminhada, corrida e musculação, estimulam a formação de células ósseas. O Dr. Hussain compara os ossos a músculos: “Quanto mais você os usa, mais eles se fortalecem”. Já o sedentarismo acelera a perda de densidade.
• Hábitos nocivos: Fumar reduz o fluxo sanguíneo para os ossos, enquanto o álcool em excesso interfere na absorção de cálcio. Ambos aumentam o risco de fraturas.

Prevenção: Como blindar seu esqueleto

Se você faz parte do grupo que nunca quebrou um osso, isso não é necessariamente sorte ou destino. Pode ser resultado de uma combinação de fatores que estão ao seu alcance. Para quem quer se prevenir, especialistas sugerem:

1. Invista em exames preventivos: A densitometria óssea (DEXA) é um teste rápido e indolor que mede a densidade dos ossos. Indicado principalmente para mulheres acima de 65 anos e homens com fatores de risco, ele pode detectar osteoporose antes que uma fratura ocorra.

2. Ajuste a dieta: Além de cálcio e vitamina D, proteínas, magnésio e vitamina K são importantes. Um prato colorido, com variedade de vegetais, grãos integrais e proteínas magras, garante um esqueleto mais resistente.

3. Mantenha-se ativo: Não é preciso virar atleta. Caminhar 30 minutos por dia, subir escadas ou praticar ioga já fazem diferença. Para idosos, exercícios de equilíbrio, como tai chi chuan, reduzem o risco de quedas.

Mitos e verdades sobre fraturas

A ideia de que “quebrar um osso é só azar” não corresponde à realidade. Uma pessoa com osteoporose pode fraturar uma vértebra ao tossir, enquanto alguém com ossos saudáveis pode cair de bicicleta sem consequências graves. Por outro lado, até mesmo esqueletos fortes têm limites: acidentes graves podem resultar em fraturas, independentemente da genética.

A ciência deixa claro: embora não possamos controlar totalmente nosso destino ósseo, entender os fatores envolvidos é a melhor forma de se proteger. E se você ainda acredita em sorte ou proteção divina, não há mal nenhum — desde que também cuide do seu corpo aqui na Terra.

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