The Last of Us - 2x05: Feel Her Love | Apesar da boa intenção, episódio não sustenta o peso da sua própria história
Já tem algumas semanas que The Last of Us sofre para representar a própria história. Uma garota machucada, magoada e instável mentalmente que busca vingança descomunal para aqueles que fizeram mal a quem ela ama. Algo até simples na superfície, mas que carrega em seu subtexto a profundidade necessária para esses personagens.Entretanto, há vários episódios, a série de Mazin e Druckmann tropeça em entregar o núcleo mais imediato dessa segunda parte: a vingança. Durante a sequência final do quinto episódio, parece que a personagem da Ellie lembra o motivo de estar em Seattle e segue seu caminho até o confronto derradeiro com Nora. Mas será que se manterá assim?No coração de SeattlePartindo diretamente de onde terminou o último episódio, Dina e Ellie tecem um plano para chegar ao hospital onde Nora está. Elas souberam da localização pelo rádio que conseguiram de um dos membros da W.L.F. Essa é apenas uma das inúmeras facilidades que o roteiro vai trazer para os eventos desse episódio, que no geral me incomodou bastante.Não sendo suficiente as duas saberem exatamente que Nora estaria precisamente no hospital, Jessie aparece onde elas estão quando mais precisam, Ellie escapa de uma dezena de Serafitas, acha a porta que a leva convenientemente para o hospital, entra sem dificuldades e logo acha Nora.É uma sucessão de eventos improváveis que favorecem a jornada dos personagens que beira o infantil. Na construção de roteiro, usar o acaso para dificultar a vida das personagens geralmente é onde se encontra o maior potencial dramático para a narrativa, facilitar e entregar as etapas de bandeja, sem mais nem menos, só parece caçoar da inteligência da audiência.Não obstante, o último episódio enfatizou que havia uma guerra rolando naquela região, Dina destaca que as ruas eram fortemente patrulhadas, e quando elas passam pelo local, a série só se limita a mostrar alguns tiros soltos contra eles. Onde está o grande contingente que travava uma guerra em Seattle?Voltando aos trilhosExiste algum ruído na forma que Druckmann conta essa história no formato de série que ainda não consegui identificar. Não são as mudanças substanciais do material original, mudanças e adições sempre são bem-vindas em adaptações. Talvez seja a forma que essas mudanças são implementadas, ou quando alteradas, o que se coloca no lugar.Pra mim a história não tem o peso que pede. A jornada não tem a mesma simbologia ou até mesmo a atmosfera pesada niilista misantropa que o jogo tinha, e longe de querer fidelidade aos acontecimentos, queria fidelidade ao núcleo narrativo de como essa história poderia fazer um novo público se sentir.Ellie começa o episódio já sorrindo e fazendo piada, fora dos momentos de perigo, a personagem não entrega que de fato é alguém com um grande trauma buscando vingança a todo mundo custe o que custar. Ao lado de Dina, que esbanja carisma mas acaba diminuindo a figura de Ellie, a personagem se perde e parece estar em um passeio da escola. Quando Ellie interage com Dina ou até mesmo Jessie, ela parece ser menor perto deles, quase tratada como criança, o que nessa altura do campeonato está longe de ser. É somente na sequência final com Nora que a série parece se lembrar da história que está contando. A perseguição sob gritos de intrusa, risco de acabar presa no subsolo e de todo o destacamento da W.L.F impedir sua fuga, Ellie segue com sede de sangue nos olhos em busca de sua presa. Aqui é a primeira vez na série onde de fato eu sinto a camada de moralidade dúbia que torna essa personagem tão interessante, aquele senso de justiça que a leva a cometer atrocidades.Memórias de ontemChegada em um ponto de virada e encaminhada para seu final, a segunda temporada de The Last of Us ainda luta para escapar de escolhas duvidosas e direção incerta que tem feito uma das maiores histórias dos videogames ser apenas uma adaptação em tom menor para as telinhas.O próximo episódio é recheado de nostalgia e traz de volta a figura de Joel, provavelmente em formato de flashbacks e lembranças. Será um momento interessante de ver como a série vai lidar com a figura de Joel pós-morte e construir a relação com Ellie nos anos que se seguiram após o massacre no hospital em Salt Lake City.Revisão: Alessandra RibeiroMatéria originalmente publicada no GameBlast.

Já tem algumas semanas que The Last of Us sofre para representar a própria história. Uma garota machucada, magoada e instável mentalmente que busca vingança descomunal para aqueles que fizeram mal a quem ela ama. Algo até simples na superfície, mas que carrega em seu subtexto a profundidade necessária para esses personagens.