Peixes da Fossa das Marianas têm mutacções e poluentes mesmo em águas profundas

Em um estudo de março, publicado na revista científica Cell, cientistas usaram submarinos e veículos operados remotamente (ROVs) para visitar a Fossa das Marianas e coletar o DNA de peixes das profundezas, descobrindo uma evolução convergente e a presença de poluentes no local mais profundo dos mares. O autor principal é Kun Wang, ecologista da Universidade Politécnica Northwestern. 8 curiosidades sobre a Fossa das Marianas, o local mais fundo do mar Mais de 7.000 espécies novas são descobertas na Fossa das Marianas Mesmo pertencendo a linhagens diferentes do grupo dos peixes, os animais das profundezas desenvolveram adaptações únicas para sobreviver à pressão, temperatura e escuridão extremas. Isso inclui esqueletos diferenciados, ritmos circadianos diversos e olhos poderosos para ver na luz baixa — ou ausência deles e foco nos outros sentidos. Evolução nas profundezas do mar Para o estudo, os pesquisadores coletaram o DNA de 11 peixes da zona hadal e regiões mais superficiais, indo de 1.200 a 7.00 metros de profundidade. Isso foi feito tanto na Fossa das Marianas quanto em outras fossas do Oceano Índico. Em seguida, esse genoma foi analisado para revelar os segredos de oito linhagens diferentes, como os peixes-caracol, peixes-lagarto e enguias-de-crista. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- A imagem mostra a distribuição dos peixes abissais estudados pelos cientistas — eles evoluíram para aguentar o fundo do mar a partir do mesmo gene, Rtf1 (Imagem: Xu et al./Cell) Isso revelou que cada linhagem passou a habitar o fundo do mar em épocas diferentes. O mais antigo peixe desceu durante o início do Período Cretáceo (145 milhões de anos atrás), enquanto outros migraram durante o Paleógeno (66 a 23 milhões de anos atrás) e, em alguns casos, no Neógeno (23 milhões a 2,6 milhões de anos atrás). Apesar disso, todos os peixes vivendo abaixo dos 3.000 metros mostraram ter a mesma mutação no gene Rtf1, que controla a codificação e expressão do DNA — ela surgiu em pelo menos nove vezes diferentes. Isso é um exemplo de evolução convergente, quando animais desenvolvem a mesma característica separadamente. O estudo também revelou poluentes, como os bifenilpoliclorados (PCBs, usados em equipamentos elétricos até seu banimento, nos anos 1970), na Fossa das Marianas e Fossa das Filipinas, contaminando o tecido do fígado de peixes-caracóis. Retardantes de chamas PBDEs, muito usados até o início dos anos 2000, também foram vistos em amostras de sedimentos a mais de 10.000 metros de profundidade, mais uma mostra de que o impacto humano na natureza chega aos lugares mais remotos do mundo. Leia também: 50 espécies são descobertas perto de vazamento de metano no fundo do mar Afinal, conhecemos mais da Lua ou do fundo do oceano? Mais de 80% do oceano ainda é desconhecido. Entenda o porquê! VÍDEO: À prova d'água de verdade? Existe uma forma segura de entrar no mar com o celular?   Leia a matéria no Canaltech.

Mai 5, 2025 - 16:52
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Peixes da Fossa das Marianas têm mutacções e poluentes mesmo em águas profundas

Em um estudo de março, publicado na revista científica Cell, cientistas usaram submarinos e veículos operados remotamente (ROVs) para visitar a Fossa das Marianas e coletar o DNA de peixes das profundezas, descobrindo uma evolução convergente e a presença de poluentes no local mais profundo dos mares. O autor principal é Kun Wang, ecologista da Universidade Politécnica Northwestern.

Mesmo pertencendo a linhagens diferentes do grupo dos peixes, os animais das profundezas desenvolveram adaptações únicas para sobreviver à pressão, temperatura e escuridão extremas. Isso inclui esqueletos diferenciados, ritmos circadianos diversos e olhos poderosos para ver na luz baixa — ou ausência deles e foco nos outros sentidos.

Evolução nas profundezas do mar

Para o estudo, os pesquisadores coletaram o DNA de 11 peixes da zona hadal e regiões mais superficiais, indo de 1.200 a 7.00 metros de profundidade. Isso foi feito tanto na Fossa das Marianas quanto em outras fossas do Oceano Índico. Em seguida, esse genoma foi analisado para revelar os segredos de oito linhagens diferentes, como os peixes-caracol, peixes-lagarto e enguias-de-crista.

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A imagem mostra a distribuição dos peixes abissais estudados pelos cientistas — eles evoluíram para aguentar o fundo do mar a partir do mesmo gene, Rtf1 (Imagem: Xu et al./Cell)
A imagem mostra a distribuição dos peixes abissais estudados pelos cientistas — eles evoluíram para aguentar o fundo do mar a partir do mesmo gene, Rtf1 (Imagem: Xu et al./Cell)

Isso revelou que cada linhagem passou a habitar o fundo do mar em épocas diferentes. O mais antigo peixe desceu durante o início do Período Cretáceo (145 milhões de anos atrás), enquanto outros migraram durante o Paleógeno (66 a 23 milhões de anos atrás) e, em alguns casos, no Neógeno (23 milhões a 2,6 milhões de anos atrás).

Apesar disso, todos os peixes vivendo abaixo dos 3.000 metros mostraram ter a mesma mutação no gene Rtf1, que controla a codificação e expressão do DNA — ela surgiu em pelo menos nove vezes diferentes. Isso é um exemplo de evolução convergente, quando animais desenvolvem a mesma característica separadamente.

O estudo também revelou poluentes, como os bifenilpoliclorados (PCBs, usados em equipamentos elétricos até seu banimento, nos anos 1970), na Fossa das Marianas e Fossa das Filipinas, contaminando o tecido do fígado de peixes-caracóis. Retardantes de chamas PBDEs, muito usados até o início dos anos 2000, também foram vistos em amostras de sedimentos a mais de 10.000 metros de profundidade, mais uma mostra de que o impacto humano na natureza chega aos lugares mais remotos do mundo.

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VÍDEO: À prova d'água de verdade? Existe uma forma segura de entrar no mar com o celular?

 

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