Por que a Austrália sacrificou 750 coalas com atiradores em helicópteros?

No início de 2025, o Parque Nacional de Budj Bim, localizado no estado australiano de Victoria, tornou-se palco de uma… Esse Por que a Austrália sacrificou 750 coalas com atiradores em helicópteros? foi publicado primeiro no Misterios do Mundo. Cópias não são autorizadas.

Abr 25, 2025 - 17:03
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Por que a Austrália sacrificou 750 coalas com atiradores em helicópteros?
Por que a Austrália sacrificou 750 coalas com atiradores em helicópteros?

No início de 2025, o Parque Nacional de Budj Bim, localizado no estado australiano de Victoria, tornou-se palco de uma tragédia ambiental. Um incêndio florestal de grandes proporções consumiu mais de 2 mil hectares de vegetação, deixando um rastro de destruição que atingiu não apenas a paisagem, mas também uma das espécies mais icônicas do país: o coala. O fogo, intensificado por condições climáticas extremas, reduziu áreas inteiras de floresta a cinzas, deixando centenas de animais feridos, desidratados ou sem acesso a alimentos.

Diante da emergência, o governo de Victoria autorizou uma medida drástica: o sacrifício de até 750 coalas por meio de tiros precisos disparados de helicópteros. A ação, descrita como “humanitária” pelo Departamento de Energia, Meio Ambiente e Clima do estado, visava evitar o sofrimento prolongado de animais considerados sem chances de sobrevivência. A primeira-ministra regional, Jacinta Allan, afirmou que a decisão foi baseada em avaliações técnicas, que indicavam que muitos coalas estavam gravemente feridos ou enfrentariam morte lenta por fome.

A estratégia, porém, gerou revolta global. Organizações de proteção animal e especialistas em conservação criticaram a falta de transparência nos critérios usados para selecionar os animais a serem sacrificados. Georgie Purcell, deputada do partido Justiça Animal, questionou publicamente como era possível garantir que fêmeas com filhotes no marsúpio não foram atingidas durante a operação. Já Jess Robertson, presidente da Aliança pelos Coalas, destacou a impossibilidade de avaliar com precisão o estado de saúde de um animal a partir de um helicóptero em movimento. “Sem exames próximos, não há como saber se um coala está realmente em estado terminal”, afirmou.

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O debate ganhou proporções internacionais, com entidades acusando a Austrália de normalizar a eliminação em massa de espécies ameaçadas como solução para crises ambientais. O temor é que ações similares possam ser replicadas em outros países, principalmente em regiões vulneráveis a desastres naturais agravados pelas mudanças climáticas.

Um Habitat em Colapso

A polêmica ocorre em um contexto alarmante para os coalas. Em 2022, a espécie foi oficialmente classificada como em perigo de extinção em Queensland, Nova Gales do Sul e no Território da Capital Australiana. Estima-se que, nas últimas duas décadas, as populações tenham diminuído entre 50% e 62%, segundo dados do governo australiano. Os incêndios florestais são apenas uma das ameaças: a perda de habitat devido à expansão urbana e agrícola, doenças e os impactos do aquecimento global pressionam ainda mais a sobrevivência desses marsupiais.

Entre 2019 e 2020, incêndios históricos no leste da Austrália mataram ou deslocaram cerca de 3 bilhões de animais. Nas áreas mais afetadas, até 71% dos coalas desapareceram. Além disso, a clamídia, uma infecção bacteriana que causa cegueira, infertilidade e morte, afeta aproximadamente 85% dos indivíduos em algumas regiões. O tratamento com antibióticos, embora necessário, prejudica sua capacidade de digerir folhas de eucalipto — base de sua dieta —, criando um dilema para os esforços de recuperação.

As mudanças climáticas também alteram a qualidade do alimento disponível. Ondas de calor e secas prolongadas reduzem o teor de água e nutrientes nas folhas de eucalipto, obrigando os coalas a consumirem mais para obter energia, o que nem sempre é possível em habitats fragmentados.

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Planos de Recuperação em Andamento

Para combater o declínio, o governo australiano iniciou em 2022 um plano nacional de recuperação de 10 anos. Entre as medidas estão a restauração de florestas, a criação de corredores ecológicos para conectar populações isoladas e o uso de tecnologias como inteligência artificial para monitorar a saúde dos animais — caso do projeto An Eye on Recovery. Apesar disso, um relatório de 2024 indicou que as populações continuam a diminuir, e a perspectiva de reversão a curto prazo é considerada remota.

A classificação da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), que ainda define os coalas como “vulneráveis” em nível global, contrasta com a avaliação australiana, mais severa. Essa diferença reflete critérios regionais específicos, já que a legislação local considera fatores como a perda acelerada de habitats — problema menos expressivo em outras partes do mundo.

Enquanto isso, o sacrifício de coalas em Budj Bim reacendeu discussões sobre ética na conservação. Para alguns, a medida foi um mal necessário em um cenário de emergência. Para outros, expôs falhas estruturais no manejo da vida selvagem, especialmente em um país onde desastres naturais tendem a se intensificar. Com previsões de aumento na frequência de incêndios e secas, o desafio de proteger espécies ameaçadas como o coala parece longe de um consenso — ou de uma solução definitiva.

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