The Last of Us - 2x02: Through the Valley | Caos e drama colidem em episódio catártico

Through the Valley é o segundo episódio da segunda temporada de The Last of Us e foi ao ar no último domingo (20). O episódio adapta um dos momentos mais marcantes do segundo jogo e adiciona uma sequência completamente inédita, mas recheada de caos. Como na semana passada, deixo o aviso que este texto vai conter spoilers pesados do episódio, porém evitarei falar sobre o futuro do jogo.Pelo vale da sombra da morteDirigido por Mark Mylod, nome responsável por dirigir grandes momentos trágicos em séries da HBO como Sucession e Game of Thrones, o episódio é uma constante construção de tensão, catarse e tragédia. Jackson está à beira de um ataque, e Joel, perdido junto de uma desconhecida com atitudes cruéis.A ideia da comunidade sofrer um ataque gigantesco de infectados é algo que não está presente visualmente nos jogos, mas é citado. Utilizar isso nesta temporada, ainda mais neste episódio, poderia ser facilmente visto como uma jogada hollywoodiana de adicionar ação frenética à tela, entretanto acredito que a motivação tenha sido dramática.Enquanto os fãs anseiam pelo encontro entre Abby e Joel e seu derradeiro confronto, a equipe da HBO conseguiu adicionar um tempero à dramaticidade desse momento. Além da segurança do nosso protagonista, toda a comunidade está sob cerco, demonstrando que, nesse mundo, nunca há segurança de fato. Ninguém nunca está seguro.É uma escolha interessante colocar Tommy no protagonismo do núcleo de Jackson, demonstrando ferocidade e resiliência perante a horda de monstros e a iminente morte de seus residentes. Infelizmente, ao participar dessa sequência, o personagem fica de fora da morte do irmão, o que, pra mim, pessoalmente, tira um pouco do peso que estar no local traria sob a psique de Tommy.Em resultado direto disso, Dina acaba sendo a companhia de Joel na missão fora de Jackson, o que não adiciona nada de fato à sequência, já que ela logo é apagada e mal intercede na situação. Talvez até Jesse seria uma escolha mais interessante, mas, no fim, Tommy ainda seria minha escolhida para presenciar a emboscada de Abby.O caminho do justoFalando sobre Abby, com poucos minutos de tela, Kaitlyn Dever apresenta uma mulher longe da sua contraparte da produção da Naughty Dog. Ela não é musculosa, não é tão feroz fisicamente, porém a performance da atriz deixa bem nítido o sentimento de angústia, ódio e rancor que habita na personagem.Abby é a Ellie de sua história, uma contraparte da protagonista. Ela é feroz, brutal, determinada e faria de tudo por aqueles que ama, até mesmo a vingança descabida. Talvez o que mais separe as duas seja o método, até os próprios colegas de Abby parecem repudiar a crueldade com que ela lida com sua vingança pessoal: um tiro na cabeça seria suficiente, agora socos, tacos e estocadas? Talvez seja demais.Uma grande questão que me paira agora é como o público da TV vai reagir a isso. Irão compreender Abby? Aceitar sua justa vingança? Ignorar completamente seus motivos e se fechar no “meu Joel, meu Joel”? Fica claro até na forma como Joel lida com isso que ele sabia que esse dia chegaria. Você não sai impune de uma vida de contrabandos, crimes e mortes desproporcionais. A série deixa claro em vários momentos como a chacina dos Vaga-lumes impactou aquele mundo.Entretanto, aqui o ciclo se inicia, a morte em vingança gera uma nova vingança. Abby buscou a sua, chegou a hora de Ellie. Onde o caminho do justo começa e onde ele termina? Onde a morte por uma morte é de fato necessária? Até onde suas ações terão consequências proporcionais ou desproporcionais? São questões que The Last of Us tem para responder nesta temporada (e na próxima).No meio da tempestadeEste segundo episódio é marcado pela tragédia e pelo caos. Pela brutalidade e pela impotência. Tommy tenta, ao máximo, proteger sua comunidade, mas é apenas um homem. Ellie quer salvar a vida da sua figura paterna, porém é somente uma garota. Abby quer parar a dor em seu coração, mas a vingança nunca irá conseguir isso.A direção de Mylod consegue amarrar gentilmente estas peças em uma tempestade perfeita. Utilizar o ambiente, os infectados e as casualidades do destino para criar um episódio regado a emoções fortes e violência explícitas é um dos grandes acertos do realizador.Até aqui, The Last of Us continua seu caminho de se consolidar como uma das grandes séries de HBO, com lugar reservado ao lado de produções como Game of Thrones, The Sopranos, Sucession e várias outras. Estamos apenas no começo do ano dois, porém cada vez mais tenho certeza de que a produção e roteirização de Neil Druckmann e Craig Mazin estão afiadíssimas.Revisão: Alessandra RibeiroMatéria originalmente publicada no GameBlast.

Abr 25, 2025 - 15:11
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The Last of Us - 2x02: Through the Valley | Caos e drama colidem em episódio catártico

Through the Valley é o segundo episódio da segunda temporada de The Last of Us e foi ao ar no último domingo (20). O episódio adapta um dos momentos mais marcantes do segundo jogo e adiciona uma sequência completamente inédita, mas recheada de caos. Como na semana passada, deixo o aviso que este texto vai conter spoilers pesados do episódio, porém evitarei falar sobre o futuro do jogo.

Pelo vale da sombra da morte



Dirigido por Mark Mylod, nome responsável por dirigir grandes momentos trágicos em séries da HBO como Sucession e Game of Thrones, o episódio é uma constante construção de tensão, catarse e tragédia. Jackson está à beira de um ataque, e Joel, perdido junto de uma desconhecida com atitudes cruéis.

A ideia da comunidade sofrer um ataque gigantesco de infectados é algo que não está presente visualmente nos jogos, mas é citado. Utilizar isso nesta temporada, ainda mais neste episódio, poderia ser facilmente visto como uma jogada hollywoodiana de adicionar ação frenética à tela, entretanto acredito que a motivação tenha sido dramática.




Enquanto os fãs anseiam pelo encontro entre Abby e Joel e seu derradeiro confronto, a equipe da HBO conseguiu adicionar um tempero à dramaticidade desse momento. Além da segurança do nosso protagonista, toda a comunidade está sob cerco, demonstrando que, nesse mundo, nunca há segurança de fato. Ninguém nunca está seguro.

É uma escolha interessante colocar Tommy no protagonismo do núcleo de Jackson, demonstrando ferocidade e resiliência perante a horda de monstros e a iminente morte de seus residentes. Infelizmente, ao participar dessa sequência, o personagem fica de fora da morte do irmão, o que, pra mim, pessoalmente, tira um pouco do peso que estar no local traria sob a psique de Tommy.




Em resultado direto disso, Dina acaba sendo a companhia de Joel na missão fora de Jackson, o que não adiciona nada de fato à sequência, já que ela logo é apagada e mal intercede na situação. Talvez até Jesse seria uma escolha mais interessante, mas, no fim, Tommy ainda seria minha escolhida para presenciar a emboscada de Abby.

O caminho do justo



Falando sobre Abby, com poucos minutos de tela, Kaitlyn Dever apresenta uma mulher longe da sua contraparte da produção da Naughty Dog. Ela não é musculosa, não é tão feroz fisicamente, porém a performance da atriz deixa bem nítido o sentimento de angústia, ódio e rancor que habita na personagem.

Abby é a Ellie de sua história, uma contraparte da protagonista. Ela é feroz, brutal, determinada e faria de tudo por aqueles que ama, até mesmo a vingança descabida. Talvez o que mais separe as duas seja o método, até os próprios colegas de Abby parecem repudiar a crueldade com que ela lida com sua vingança pessoal: um tiro na cabeça seria suficiente, agora socos, tacos e estocadas? Talvez seja demais.




Uma grande questão que me paira agora é como o público da TV vai reagir a isso. Irão compreender Abby? Aceitar sua justa vingança? Ignorar completamente seus motivos e se fechar no “meu Joel, meu Joel”? Fica claro até na forma como Joel lida com isso que ele sabia que esse dia chegaria. Você não sai impune de uma vida de contrabandos, crimes e mortes desproporcionais. A série deixa claro em vários momentos como a chacina dos Vaga-lumes impactou aquele mundo.

Entretanto, aqui o ciclo se inicia, a morte em vingança gera uma nova vingança. Abby buscou a sua, chegou a hora de Ellie. Onde o caminho do justo começa e onde ele termina? Onde a morte por uma morte é de fato necessária? Até onde suas ações terão consequências proporcionais ou desproporcionais? São questões que The Last of Us tem para responder nesta temporada (e na próxima).

No meio da tempestade



Este segundo episódio é marcado pela tragédia e pelo caos. Pela brutalidade e pela impotência. Tommy tenta, ao máximo, proteger sua comunidade, mas é apenas um homem. Ellie quer salvar a vida da sua figura paterna, porém é somente uma garota. Abby quer parar a dor em seu coração, mas a vingança nunca irá conseguir isso.

A direção de Mylod consegue amarrar gentilmente estas peças em uma tempestade perfeita. Utilizar o ambiente, os infectados e as casualidades do destino para criar um episódio regado a emoções fortes e violência explícitas é um dos grandes acertos do realizador.

Até aqui, The Last of Us continua seu caminho de se consolidar como uma das grandes séries de HBO, com lugar reservado ao lado de produções como Game of Thrones, The Sopranos, Sucession e várias outras. Estamos apenas no começo do ano dois, porém cada vez mais tenho certeza de que a produção e roteirização de Neil Druckmann e Craig Mazin estão afiadíssimas.




Revisão: Alessandra Ribeiro