Após um último filme não tão bem recebido, parece que sobrou para os videogames trazer novamente glória a uma marca tão querida:
Indiana Jones e o Grande Círculo é a mais nova aventura do arqueólogo mais famoso dos cinemas. Chegando ao console da Sony, ela promete trazer uma experiência incrível e repleta de diversão. Vista seu chapéu e não esqueça seu chicote, pois a análise vai começar!
Isso pertence a um museu!
Apesar do Dr. Jones já ter estrelado vários títulos desde os tempos do Atari, certamente temos aqui a produção mais audaciosa até então, digna de exibição e destaque. Anteriormente exclusiva do PC e do Xbox Series, a aventura chegou ao PlayStation 5 no dia 17 de abril. Temos basicamente a mesma experiência original, então quem já a conhecia não deve esperar nada novo.
Para os aventureiros de primeira jornada, o jogo é uma mistura de elementos diferentes, culminando numa ótima experiência. O título abre com uma espécie de homenagem a “Os Caçadores da Arca Perdida”, filme de estreia da franquia. Cronologicamente situado após esse filme, O Grande Círculo realmente começa quando Indiana Jones presencia o roubo de um item na sua universidade.
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Começa a mais nova aventura do Dr. Henry Jones |
Após um embate rápido e uma investigação preliminar (que servem como tutorial básico), o protagonista parte em uma viagem para descobrir a ligação entre o ladrão gigantesco, seu dialeto enigmático e o item roubado. A primeira parada é o Vaticano, local sagrado e repleto de segredos. Em meio a uma invasão de fascistas italianos e catacumbas antigas, Dr. Jones finalmente começa a entender o que está acontecendo, conhecendo o vilão nazista Voss e ganhando uma companheira italiana chamada Gina.
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Indiana e Gina falam sobre o Grande Círculo |
A história segue num ritmo muito agradável, expandindo a aventura de forma satisfatória e com a dose certa de dinamismo. Embora o game equilibre bem os momentos contemplativos e radicais, confesso que eu gostaria de ter vivido mais situações emocionantes. Elas acabam ficando mais limitadas à metade final do jogo, quando temos uma sensação mais próxima do que vimos nas telinhas.
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Prepare-se para momentos de tirar o fôlego! |
Fortuna e glória
O Grande Círculo tem três mecânicas principais de jogo: combate/furtividade, quebra-cabeças e exploração. A primeira delas tem essa dualidade devido à maneira como o game se apresenta, deixando para o jogador decidir se deve enfrentar os inimigos ou evitá-los ao se esconder pelos cenários. Salvo algumas poucas lutas obrigatórias, essa escolha é sempre válida, com direito a vários recursos extras para ajudar.
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As lutas são simples, sobretudo no 1x1 |
Por exemplo, é possível usar socos, pistolas, dinamites, marretas, martelos e até violões para nocautear inimigos; já para evitá-los, as opções são menores, mas ao menos podemos andar agachado, fazer barulho para distrair os vilões e até vestir disfarces. Nenhuma das mecânicas de combate ou furtividade é particularmente ótima, porém funcionam bem o suficiente ao longo de toda a campanha.
Indiana Jones tem uma barra de vida e fôlego, sendo que a última limita ações como atacar e correr. É possível aumentar temporariamente essas barras ao comer frutas e pães; detalhe: os alimentos mudam de acordo com o local do mundo em que estamos. Como o protagonista não é um super-herói, é preciso agir com cuidado, sem sair socando aleatoriamente inimigos fortes ou correndo loucamente pelos cenários.
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Atacar furtivamente é muitas vezes a melhor escolha |
Inclusive, alguns inimigos são verdadeiras esponjas de dano, absorvendo saraivadas de disparos ou várias marteladas antes de cair. Já o nosso arqueólogo cai rapidamente se for atingido, o que normalmente leva o jogador a aderir a furtividade quando possível. O bom e velho chicote pode ajudar a desarmar vilões, além de ser fundamental nas explorações.
Não são os anos, mas a quilometragem
Falando nelas, O Grande Círculo não seria um jogo inspirado em Indiana Jones se não tivesse cenários incríveis, prontos para serem explorados. Saltar entre plataformas altas ou se mover pendurado em encanamentos é sempre muito divertido, bem como usar o chicote, que pode ajudar a mover obstáculos e a escalar grandes alturas, entre outros usos.
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Indiana Jones no melhor estilo Indiana Jones |
Os visuais de alta qualidade ajudam ainda mais na imersão, tornando cada cantinho interessante. Por fim, temos nosso terceiro elemento principal do jogo: os quebra-cabeças, que aparecem em templos, catacumbas, cofres, entre outras oportunidades. Eles exigem um bom raciocínio lógico, além de boa interpretação de texto e muita atenção aos recursos disponíveis ao redor.
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Alguns quebra-cabeças são bem legais e fornecem uma ótima sensação de recompensa |
Digo isso porque houve alguns enigmas que me pareciam insolúveis num primeiro momento, mas o problema era sempre uma dessas duas coisas. Inclusive, o game permite customizar o nível de dificuldade da ação (combates) e aventura (exploração e quebra-cabeças), tornando-se mais acessível ao público em geral. Os inimigos podem ser bem agressivos mesmo no nível moderado, então é preciso escolher bem.
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Ainda bem que não são cobras... |
Já uma coisa não customizável são os gatilhos adaptativos do DualSense. Além de sempre ligados, eventualmente eles parecem acionar (é possível escutar o som de um estalinho) sem necessidade. Talvez uma atualização futura corrija isso, mas, por enquanto, é um pouco chato. O mesmo pode ser dito para outros probleminhas técnicos, como vamos ver na sequência.
Muito engraçado, Dr. Jones!
Tecnicamente, O Grande Círculo é um título com vários altos, porém alguns baixos. Além dos já comentados visuais muito bonitos, sejam nos cenários ou nos personagens – Henry Jones é o maior destaque, com animações faciais incríveis e quase desproporcionais em relação aos demais –, temos um trabalho de som ainda melhor. As músicas são ótimas, no melhor estilo épico visto nos cinemas.
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As vozes originais são ainda melhores quando cada um fala seu idioma nativo |
Enquanto a dublagem original em inglês é excelente, admito que não curti muito o trabalho brasileiro. Não que os dubladores não tenham se esforçado, mas a escolha das vozes me pareceu inadequada para alguns personagens. Em um jogo tão cinematográfico, faltou um Indiana mais grave e um Voss – vilão principal do jogo – mais intimidador.
Se os carregamentos são ágeis, a otimização durante a jogatina nem tanto. Cenários com muitos elementos por vezes demoram para renderizar tudo: florestas sofrem mais, com ramos e folhas “surgindo” aos poucos. Em uma oportunidade, Gina ficou para trás durante a exploração de um navio nas montanhas do Himalaia (não pergunte), e Indiana continuou falando com ela como se estivesse ao lado. Só após uma cutscene ela retornou ao lado do arqueólogo.
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Gina, cuidado para não cair... deixa pra lá |
Situações semelhantes aconteceram ao longo da aventura, bem como outras coisas engraçadas. Felizmente, nenhuma delas quebrou o jogo ou impediu o progresso. Um alento para um game tão grandioso, com uma campanha principal envolvente e várias missões secundárias legais. Elas expandem o universo do game, que aborda tantas culturas diferentes incríveis e se situa numa época tão conturbada da humanidade.
Por que sempre tem que ser cobras?
Preciso aqui me arriscar e fazer um comentário que pode ser um pouco polêmico: se O Grande Círculo não tivesse a pompa da marca Indiana Jones, ele seria apenas acima da média. Salvo alguns elementos realmente incríveis, várias partes do jogo intercalam altos e baixos. Um exemplo seria o relacionamento entre Indiana e Gina.
Embora tenham motivações iniciais diferentes, logo os dois se alinham durante a aventura. A questão é que, em determinado momento, começa-se a forçar a barra de um possível interesse amoroso de Jones na jornalista italiana. Nada contra um pouco de romance, algo padrão nos filmes da franquia, mas teria sido preciso desenvolver isso de forma adequada ao longo do roteiro.
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O jogo brilha quando vemos o nosso herói no seu habitat natural |
O próprio vilão nazista Voss é um pouco aleatório, por vezes mudando de personalidade durante suas aparições. Ressalto que não considero essas questões, assim como os combates relativamente simplistas e o limitado sistema de melhorias das habilidades do arqueólogo, grandes defeitos que prejudicam a experiência como um todo. Eles são apenas pontos que limitam uma ótima experiência de ser realmente espetacular.
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É possível adquirir habilidades usando livros e pontos coletados ao longo da aventura |
Quem sabe uma continuação do jogo possa remediar esses pontos, sem deixar de lado as várias qualidades importantes. Ter uma câmera para capturar belos cenários e fornecer dicas pontuais para os quebra-cabeças foi uma boa sacada, bem como trocar entre as perspectivas de primeira e terceira pessoa, conforme Indiana prossegue. Agora que a primeira viagem acabou, fico com uma expectativa ainda maior para a próxima!
Você escolheu... sabiamente
Uma ótima escolha para fãs da franquia ou amantes de jogos de aventura, Indiana Jones e o Grande Círculo entrega uma experiência bastante completa. Sua viagem ao redor do mundo é ótima e bem construída, repleta de reviravoltas, lutas emocionantes, quebra-cabeças desafiadores e muitas outras surpresas. Tecnicamente, o nível poderia ser um tantinho maior, mas nada que estrague uma aventura obrigatória para a sua biblioteca, agora não importando se ela for no PC, Xbox ou PlayStation.
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Os videogames agora tem uma aventura digna dos cinemas |
Prós
- Aventura faz excelente uso da marca Indiana Jones em praticamente todos os quesitos;
- Título combina com maestria vários elementos diferentes, como lutas e quebra-cabeças;
- Jogabilidade simples, mas sólida, funcionando bem em quase todos os quesitos;
- História principal envolvente, com direito a missões secundárias bastante interessantes;
- Visuais de alta qualidade e tempos de carregamento breves;
- Trabalho de som praticamente impecável, com ótimas músicas, excelente dublagem original em inglês e competente em português.
Contras
- Vários problemas técnicos como personagens que somem/aparecem do nada, interações com objetos invisíveis, falta de equilíbrio na agressividade de inimigos, entre outros;
- Algumas vozes em português brasileiro não combinaram bem com os personagens;
- Sem qualquer opção de customização, gatilhos adaptativos por vezes ficam ligando e desligando.
Indiana Jones e o Grande Círculo — PC/PS5/XSX — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Alessandra Ribeiro
Análise redigida com cópia digital cedida pela Bethesda Softworks
Indiana Jones and the Great Circle
8.5
PS5
A great choice for fans of the franchise or adventure game lovers, Indiana Jones and the Great Circle delivers a very complete experience. Its journey around the world is great and well-constructed, full of twists, exciting fights, challenging puzzles and many other surprises. The technical level could be a little higher, but it does not compromise a must-have adventure for your library, no matter if it's on PC, Xbox or PlayStation.