Bioeletrônica | Descoberto novo tipo de bactéria que é condutora de eletricidade

Cientistas identificaram uma nova espécie de bactéria que funciona como rede elétrica. A descoberta da Candidatus Electrothrix yaqonensis ocorreu em uma praia salobra localizada em Oregon (Estados Unidos), e seu nome é uma homenagem à tribo yaquina de nativos americanos, que viviam na região.  Quem nasceu primeiro, o vírus ou a bactéria? Bactérias podem armazenar memórias e transmitir por gerações A descoberta foi divulgada em um estudo publicado no dia 22 de abril na Sociedade Americana de Microbiologia. A nova espécie é um tipo de bactéria-cabo, que possuem esse nome por conduzir corrente elétrica.  O que são as bactérias-cabo? Essas bactérias formam longos filamentos compostos por células em formato de bastonete unidas ponta a ponta, envolvidas por uma membrana externa compartilhada. Esses filamentos podem alcançar vários centímetros de comprimento — o que é incomum no mundo microscópico. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- A condutividade elétrica desses microrganismos está relacionada a um metabolismo especial. Nele, os elétrons gerados nas partes internas da bactéria são transportados até camadas mais externas, onde reagem com substâncias como oxigênio e nitrato, gerando corrente elétrica. Elo entre ambientes salinos e doces Bactéria-cabo Candidatus Electrothrix yaqonensis foi descoberta em Oregon, nos EUA (Imagem: Divulgação/Universidade Estadual de Oregon) Segundo os pesquisadores, Candidatus Electrothrix yaqonensis é uma espécie particularmente interessante porque carrega características genéticas de dois grupos diferentes de bactérias-cabo: as Candidatus Electrothrix, que vivem em ambientes marinhos, e as Candidatus Electronema, típicas de água doce. “Esta nova espécie parece ser uma ponte, um ramo primitivo dentro do grupo Ca. Electrothrix, o que sugere que ela pode oferecer novas pistas sobre como essas bactérias evoluíram e como funcionam em diferentes ambientes”, explicou Cheng Li, pesquisador da Universidade do Oregon, em comunicado oficial. Um diferencial importante dessa espécie é a presença de um número maior de fibras feitas com proteínas que contêm níquel — um metal que ajuda a conduzir eletricidade. Essas fibras permitem que a bactéria transfira elétrons por longas distâncias, conectando substâncias doadoras de elétrons, como o sulfeto, com receptores, como o oxigênio. Aplicações ambientais e tecnológicas Os cientistas acreditam que essa bactéria pode ter usos práticos no futuro, tanto em tecnologias sustentáveis quanto na recuperação ambiental. Ela poderia, por exemplo, ajudar no desenvolvimento de dispositivos eletrônicos biodegradáveis. Além disso, seu potencial de transportar elétrons pode ser aproveitado na remoção de poluentes, como metais pesados e compostos orgânicos tóxicos, presentes em ambientes sedimentares. “Essas bactérias podem transferir elétrons para eliminar poluentes, o que pode ser útil na descontaminação de sedimentos. Além disso, o estudo de suas proteínas ricas em níquel pode inspirar o desenvolvimento de novos materiais bioeletrônicos”, concluiu Li. Leia mais:  Descoberta uma das primeiras bactérias a habitar a Terra, há 407 mi de anos 35 novas espécies de bactérias são descobertas em hospital Descoberta maior bactéria do mundo, visível a olho nu; veja VÍDEO | O FUNGO DE THE LAST OF US   Leia a matéria no Canaltech.

Mai 17, 2025 - 15:30
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Bioeletrônica | Descoberto novo tipo de bactéria que é condutora de eletricidade

Cientistas identificaram uma nova espécie de bactéria que funciona como rede elétrica. A descoberta da Candidatus Electrothrix yaqonensis ocorreu em uma praia salobra localizada em Oregon (Estados Unidos), e seu nome é uma homenagem à tribo yaquina de nativos americanos, que viviam na região. 

A descoberta foi divulgada em um estudo publicado no dia 22 de abril na Sociedade Americana de Microbiologia. A nova espécie é um tipo de bactéria-cabo, que possuem esse nome por conduzir corrente elétrica

O que são as bactérias-cabo?

Essas bactérias formam longos filamentos compostos por células em formato de bastonete unidas ponta a ponta, envolvidas por uma membrana externa compartilhada. Esses filamentos podem alcançar vários centímetros de comprimento — o que é incomum no mundo microscópico.

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A condutividade elétrica desses microrganismos está relacionada a um metabolismo especial. Nele, os elétrons gerados nas partes internas da bactéria são transportados até camadas mais externas, onde reagem com substâncias como oxigênio e nitrato, gerando corrente elétrica.

Elo entre ambientes salinos e doces

Bactéria-cabo
Bactéria-cabo Candidatus Electrothrix yaqonensis foi descoberta em Oregon, nos EUA (Imagem: Divulgação/Universidade Estadual de Oregon)

Segundo os pesquisadores, Candidatus Electrothrix yaqonensis é uma espécie particularmente interessante porque carrega características genéticas de dois grupos diferentes de bactérias-cabo: as Candidatus Electrothrix, que vivem em ambientes marinhos, e as Candidatus Electronema, típicas de água doce.

“Esta nova espécie parece ser uma ponte, um ramo primitivo dentro do grupo Ca. Electrothrix, o que sugere que ela pode oferecer novas pistas sobre como essas bactérias evoluíram e como funcionam em diferentes ambientes”, explicou Cheng Li, pesquisador da Universidade do Oregon, em comunicado oficial.

Um diferencial importante dessa espécie é a presença de um número maior de fibras feitas com proteínas que contêm níquel — um metal que ajuda a conduzir eletricidade. Essas fibras permitem que a bactéria transfira elétrons por longas distâncias, conectando substâncias doadoras de elétrons, como o sulfeto, com receptores, como o oxigênio.

Aplicações ambientais e tecnológicas

Os cientistas acreditam que essa bactéria pode ter usos práticos no futuro, tanto em tecnologias sustentáveis quanto na recuperação ambiental.

Ela poderia, por exemplo, ajudar no desenvolvimento de dispositivos eletrônicos biodegradáveis. Além disso, seu potencial de transportar elétrons pode ser aproveitado na remoção de poluentes, como metais pesados e compostos orgânicos tóxicos, presentes em ambientes sedimentares.

“Essas bactérias podem transferir elétrons para eliminar poluentes, o que pode ser útil na descontaminação de sedimentos. Além disso, o estudo de suas proteínas ricas em níquel pode inspirar o desenvolvimento de novos materiais bioeletrônicos”, concluiu Li.

Leia mais: 

VÍDEO | O FUNGO DE THE LAST OF US

 

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