EUA: Nova Iorque e dezenas de outras cidades estão afundando

Estudo revela que 28 cidades dos EUA, de D.C. a Nova Iorque e Los Angeles, estão afundando devido extração excessiva de águas subterrâneas EUA: Nova Iorque e dezenas de outras cidades estão afundando

Mai 11, 2025 - 15:44
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EUA: Nova Iorque e dezenas de outras cidades estão afundando

A subsidência do solo é um problema que muitas metrópoles ao redor do globo estão tendo que encarar agora, e os Estados Unidos (EUA) não são uma exceção. Um estudo recente apontou que 28 cidades do país sofrem com o afundamento do terreno, uma lista que inclui Nova Iorque (o que já era sabido há tempos), Washington, Los Angeles, Seattle, Dallas, Chicago, e vários outros grandes centros urbanos.

A causa é basicamente a mesma nelas todas, a extração excessiva de águas subterrâneas para abastecer a população crescente, e a Natureza está agora cobrando o preço pelo progresso.

É sabido há tempos que NY está afundando; a novidade, ela não é a única cidade dos EUA nessa situação (Crédito: King of Hearts/Wikimedia Commons)

É sabido há tempos que NY está afundando; a novidade, ela não é a única cidade dos EUA nessa situação (Crédito: King of Hearts/Wikimedia Commons)

EUA estão afundando. Literalmente

Subsidência do solo é um fenômeno que acontece quando camadas inferiores do solo passam por alterações diversas, com estas deixando de dar o devido suporte às de cima, que começam a ceder e afundar. Este processo é diferente da erosão e pode acontecer naturalmente, por exemplo, como consequência de efeitos sazonais que alteram a composição do terreno, ou devido à dissolução gradual da litosfera.

No entanto, o principal motivo hoje para eventos de subsidência é a intervenção humana, e temos um caso emblemático no Brasil, causado pela mineradora Braskem, que devido à extração indiscriminada de sal-gema, fez com que vários bairros de Maceió, capital do estado de Alagoas, fossem condenados e evacuados. Muitas famílias esperam indenização até hoje, e o ecossistema da região foi seriamente afetado.

Outro caso famoso e estudado há mais de um século é o da Cidade do México, a metrópole atual foi construída sobre o antigo lago Texcoco, drenado e aterrado pela ocupação espanhola após a queda do império Asteca, para que a área servisse para acomodar os colonos. Além do impacto ambiental gigante, que levou à extinção de espécies, a conversão de lagos próximos em salares, o solo vem afundando desde o século XIX devido à compactação da argila, e de forma irregular.

Em alguns pontos, a capital mexicana afunda a uma velocidade impressionante de 1 m/ano, e muitas estruturas e vias são visivelmente tortas. As metrópoles dos EUA não chegam a esse nível ou de Maceió, mas também não estão em uma situação tranquila.

Um novo estudo, publicado na Nature Cities nesta quarta-feira (8), foi conduzido por pesquisadores do Instituto Politécnico e Universidade Estadual da Virgínia, aka Virginia Tech, e usou imagens de satélite para observar a taxa de subsidência de 28 cidades do país, com populações variando entre 618 mil (Memphis) e 8,26 milhões (Nova Iorque).

Segundo prof. associado Manoochehr Shirzaei, do Departamento de Geofísica e Sensoriamento Remoto de Virginia Tech, o método seria análogo a uma "tomografia do solo" direto do espaço, para medir quão estável está o terreno nesses locais.

Não muito, descobriram os cientistas.

Imagem de cima mostra taxa de subsidência em 28 cidades; a de baixo, área e população afetadas (Crédito: Department of Geosciences/Virginia Tech)

Imagem de cima mostra taxa de subsidência em 28 cidades; a de baixo, área e população afetadas (Crédito: Department of Geosciences/Virginia Tech)

As diversas cidades dos EUA estão afundando em velocidades variadas, entre 2 e 10 mm por ano, o que pode parecer pouco, mas a cessão constante do solo acarreta diversos problemas de infraestrutura, e afeta a integridade estrutural de edifícios, vias públicas, estradas, represas, e várias outras estruturas. Em média, 20% da área urbana foi afetada, e em 25 delas, 65% está afundando.

Nova Iorque, Chicago, Seattle, Denver, Columbus, Dallas, e Fort Worth estão cedendo 2 mm/ano, enquanto algumas cidades do estado do Texas anotaram uma taxa de 5 mm/ano; Houston é a campeã negativa, certas regiões estão com uma subsidência acentuada, num ritmo de 10 mm/ano.

Segundo o Dr. Leonard Ohenhen, pós-doutorado ligado ao Observatório Terrestre Lamont-Doherty da Universidade de Columbia, e autor principal do estudo, essas pequenas variações irão se acumular com o tempo, e levar a problemas sérios como afetar o transporte público, e aumentar os riscos de inundações. Ele também apontou para uma das principais causas, solos instáveis e macios que tiveram águas subterrâneas extraídas em excesso, para abastecimento.

Alguns sinais, diz o pesquisador, serão bem fáceis de serem percebidos nos anos por vir, como portas e janelas desalinhadas que não se fecham direito, rachaduras, pisos e estradas cedendo, postes, muros e cercas ficando tortos, e maiores casos de inundações, mesmo em épocas de chuvas menos pesadas. E isso não é um problema reservado a cidades na costa, veja Dallas e Fort Worth, por exemplo, ambas no interior do estado do Texas e com subsidência acentuada.

Solução? Não tem, não é como se fosse possível atochar o solo para escorar as cidades; o que Ohenhen sugere, é que prefeituras e governos locais passem a monitorar a subsidência do solo, e iniciem programas para diminuir a extração de água do subsolo, a fim de evitarem que o problema fique pior com o passar dos anos, para não acabarem de forma similar a Maceió, ou a Cidade do México.

Referências bibliográficas

OHENHEN, L. O., ZHAI, G., LUCY, J. et al. Land subsidence risk to infrastructure in US metropolises. Nature Cities (2025), 25 páginas, 8 de maio de 2025.

DOI: 10.1038/s44284-025-00240-y

Fonte: EurekAlert!, Popular Science

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