Funcionários que usam IA ficam com má fama no trabalho, mostra estudo

Preguiçosos, inseguros e incompetentes: colegas e chefes tendem a avaliar negativamente quem usa ferramentas como ChatGPT e Gemini Funcionários que usam IA ficam com má fama no trabalho, mostra estudo

Mai 14, 2025 - 01:54
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Funcionários que usam IA ficam com má fama no trabalho, mostra estudo

Pessoas que usam ferramentas de inteligência artificial no trabalho são vistas pelos colegas e chefes como mais preguiçosas e menos competentes. Esta é a conclusão de um estudo realizado por pesquisadores ligados à Universidade Duke, nos Estados Unidos.

Para os autores, os resultados mostram que a IA representa um dilema para os trabalhadores: ela pode aumentar a produtividade, mas isso vem acompanhado de custos sociais, o que pode atrapalhar a adoção de ferramentas do tipo, por melhores que elas sejam.

Trabalhadores julgam quem usa IA (e têm medo disso)

O trabalho, intitulado “Evidências de uma penalidade na avaliação social por uso de IA”, envolveu mais de 4.400 participantes. Nos experimentos, eles imaginaram como seriam percebidos ao usar ferramentas desse tipo ou de outra natureza, e como julgariam colegas fictícios que recorrem a esses recursos.

Em ambos os casos, a tendência é que quem use IA seja considerado mais preguiçoso, menos competente, menos cuidadoso, menos independente e menos seguro do que funcionários que usam outro tipo de tecnologia ou realizam seu trabalho sem ajuda.

Pessoa no computador
Uso de IA pode afetar até chance de contratação (foto: Glenn Carstens Peters/Unsplash)

Além disso, o grupo que imaginou usar IA se mostrou relutante em revelar esta informação, tanto para colegas quanto para lideranças. Levando em consideração o julgamento negativo, essa resistência é bastante compreensível.

A pesquisa também revelou que gestores que não usam IA tendem a não contratar candidatos que usam IA. O oposto também é verdadeiro: chefes que aderiram à tecnologia preferem funcionários que trabalham com esse recurso.

Por fim, há esperanças para quem faz uso dessas ferramentas: as percepções negativas eram mais brandas quando a IA se mostrava realmente útil para as tarefas e para o trabalho.

Além disso, a própria experiência com soluções do tipo muda a avaliação: usuários frequentes têm uma tendência menor a julgar como preguiçosos os candidatos que recorrem à IA.

Avaliação social pode ser barreira na adoção da IA

Não é a primeira vez que um estudo aponta para uma percepção negativa — de si mesmo ou dos outros — relacionada ao uso de inteligência artificial.

Em uma pesquisa encomendada pelo Slack em 2024, quase metade dos entrevistados externaram desconforto diante da ideia de contar para os chefes que usam este tipo de recurso. Os motivos apontados também são semelhantes: medo de ser visto como trapaceiro, incompetente ou preguiçoso.

Para os pesquisadores de Duke, seu trabalho mostra que as avaliações são influenciadas não apenas pela ajuda recebida, mas também pela familiaridade com o tipo de ajuda e as crenças existentes sobre ela. Em outras palavras: quem não tem familiaridade com IA e já traz uma opinião negativa sobre ela tende a julgar mais os colegas.

Os autores dizem que estudos anteriores se concentraram “em como os usuários em potencial percebem a tecnologia em si”, deixando de lado “as consequências do uso de IA na avaliação social”, nas palavras do artigo.

“Esta é uma omissão importante, porque as pessoas se importam com a forma como suas ações serão percebidas pelos outros: as pessoas podem escolher não usar IA — ou não revelar que usam — se imaginam que isso trará uma punição social”, escrevem os pesquisadores. “Propomos que esta penalidade de avaliação social seja considerada uma barreira negligenciada na adoção da IA.”

Com informações do Ars Technica

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