Descoberta macabra revela rituais de sacrifício humano entre os antigos maias

Em uma caverna inundada no norte da Guatemala, arqueólogos encontraram evidências perturbadoras de rituais de sacrifício humano praticados pelos antigos maias. Localizada sob a cidade de Dos Pilas, a “Cueva de Sangre” (Caverna de Sangue) contém mais de cem fragmentos de restos humanos com aproximadamente 2.000 anos, muitos dos quais apresentam sinais claros de trauma […]

Mai 14, 2025 - 02:10
 0
Descoberta macabra revela rituais de sacrifício humano entre os antigos maias

Em uma caverna inundada no norte da Guatemala, arqueólogos encontraram evidências perturbadoras de rituais de sacrifício humano praticados pelos antigos maias. Localizada sob a cidade de Dos Pilas, a “Cueva de Sangre” (Caverna de Sangue) contém mais de cem fragmentos de restos humanos com aproximadamente 2.000 anos, muitos dos quais apresentam sinais claros de trauma violento.

Embora a caverna tenha sido inicialmente documentada no início dos anos 1990 durante uma pesquisa sobre câmaras subterrâneas maias, somente agora pesquisadores começaram a analisar detalhadamente os restos espalhados pelo chão. As descobertas recentes sugerem que o local funcionava como um centro ritual para oferendas sacrificiais ao deus da chuva maia, Chaac.

Partes do corpo como oferendas sagradas

“O padrão emergente que estamos vendo é que há partes do corpo, não corpos inteiros”, explicou Michele Bleuze, bioarqueóloga da California State University, Los Angeles, durante uma apresentação na reunião anual da Society for American Archaeology. “No ritual maia, partes do corpo são tão valiosas quanto o corpo inteiro.”

Diferentemente de sepultamentos tradicionais, os ossos de adultos e jovens parecem ter sido intencionalmente desmembrados e organizados em arranjos específicos. Um exemplo impressionante foi a descoberta de quatro calotas cranianas cuidadosamente empilhadas em uma das câmaras. Objetos rituais encontrados no local, como ocre vermelho e lâminas de obsidiana, reforçam o propósito espiritual da caverna.

Foto de uma vítima de sacrifício maia dentro da caverna Actun Tunichil Muknal, em Belize. O esqueleto é popularmente conhecido como a “Donzela de Cristal”. Imagem: Peter Andersen, CC BY-SA 3.0

Evidências de violência ritual

A antropóloga forense Ellen Fricano, da Western University of Health Sciences, examinou alguns dos ossos e confirmou diversos casos de trauma ocorridos próximo ao momento da morte. Um fragmento de testa apresentava marcas feitas provavelmente com uma arma de lâmina chanfrada, semelhante a um machado. De forma perturbadora, o osso do quadril de uma criança exibia uma ferida quase idêntica, indicando violência deliberada.

A configuração física da caverna também tem papel crucial em seu significado ritual. A Cueva de Sangre fica acessível apenas durante a estação seca da Guatemala, entre março e maio, permanecendo submersa no restante do ano. Essa disponibilidade periódica coincide com uma data importante no calendário maia: 3 de maio, o Dia da Santa Cruz, ainda celebrado por comunidades maias contemporâneas com orações por chuva e colheitas abundantes.

Os pesquisadores acreditam que o momento dos sacrifícios foi cuidadosamente planejado. Com a aproximação da estação chuvosa, os maias provavelmente ofereciam partes humanas na tentativa de garantir chuvas favoráveis e abundância agrícola.

Embora o sacrifício humano seja um aspecto conhecido da civilização maia, este sítio oferece um vislumbre excepcionalmente preservado dessas práticas. Ao contrário dos sepultamentos respeitosos encontrados em outras regiões maias, os ossos da Cueva de Sangre indicam que o sacrifício era um ritual performático, destinado a ser testemunhado pelos deuses.

As pesquisas continuam em andamento. Bleuze e sua equipe planejam realizar análises de DNA antigo e isótopos para determinar as origens, condições de saúde e afiliações das pessoas sacrificadas neste impressionante sítio arqueológico.