Missão Hera Passa Por Marte E Faz Imagens Inéditas de Deimos

No dia 12 de março de 2025, a sonda Hera da ESA (Agência Espacial Europeia) protagonizou um espetáculo de exploração espacial. Durante um sobrevoo de Marte realizado para obter uma assistência gravitacional, a missão Hera capturou imagens inéditas de Marte e de sua pequena lua Deimos, revelando detalhes surpreendentes desses corpos celestes. Essa manobra não […] O post Missão Hera Passa Por Marte E Faz Imagens Inéditas de Deimos apareceu primeiro em SPACE TODAY - NASA, Space X, Exploração Espacial e Notícias Astronômicas em Português.

Mar 31, 2025 - 00:43
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Missão Hera Passa Por Marte E Faz Imagens Inéditas de Deimos

No dia 12 de março de 2025, a sonda Hera da ESA (Agência Espacial Europeia) protagonizou um espetáculo de exploração espacial. Durante um sobrevoo de Marte realizado para obter uma assistência gravitacional, a missão Hera capturou imagens inéditas de Marte e de sua pequena lua Deimos, revelando detalhes surpreendentes desses corpos celestes. Essa manobra não apenas forneceu um impulso extra à sonda em sua jornada, como também permitiu aos cientistas uma visão rara e privilegiada de Deimos, um dos satélites naturais mais misteriosos do planeta vermelho. As novas imagens – em diferentes comprimentos de onda – estão ajudando a saciar a curiosidade científica sobre Marte e Deimos, ao mesmo tempo em que impulsionam os preparativos para futuras missões de exploração espacial e defesa planetária.

Missão Hera e a defesa planetária

A missão Hera faz parte do programa de defesa planetária da ESA e foi lançada em 7 de outubro de 2024 (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). Seu principal objetivo é visitar o asteroide Didymos e sua lua Dimorphos – o primeiro sistema de asteroides cuja órbita foi alterada pela ação humana (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). Isso ocorreu quando a sonda norte-americana DART (Double Asteroid Redirection Test) colidiu com Dimorphos em 2022, conseguindo desviar levemente a trajetória da pequena lua ao redor de Didymos (ESA – Hera: Target Deimos). Agora, a Hera dará sequência a esse experimento pioneiro de desvio de asteroides, estudando detalhadamente o local do impacto e os efeitos causados. Ao reunir dados de perto sobre Dimorphos – que tem apenas 160 metros de diâmetro – a Hera ajudará a tornar a técnica de deflexão de asteroides bem compreendida e potencialmente replicável no futuro (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). Em outras palavras, o que Hera descobrir servirá para refinar nossas estratégias de proteção da Terra contra possíveis ameaças de asteroides (ESA – Hera: Target Deimos).

Como parte dessa missão de defesa planetária, a Hera representa a contribuição europeia a um esforço internacional para tornar o planeta mais seguro. A colaboração entre agências espaciais tem sido fundamental: a missão DART da NASA forneceu a prova inicial de que é possível alterar a órbita de um corpo celeste, e a missão Hera da ESA vem complementar esse feito, examinando as consequências em detalhes (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon) (ESA – Hera: Target Deimos). O trabalho em conjunto das duas missões, às vezes chamado de AIDA (Avaliação de Impacto e Deflexão de Asteroide), exemplifica como a cooperação internacional em exploração espacial pode gerar conhecimento valioso para toda a humanidade.

Didymos, o asteroide-alvo da Hera, tem aproximadamente 780 metros de diâmetro, e Dimorphos – que o orbita – cerca de 160 metros (ESA – Hera: Target Deimos). São corpos pequenos se comparados a outros asteroides, mas o impacto da DART em Dimorphos em 2022 foi suficiente para reduzir em vários minutos o período orbital dessa lua em torno de Didymos. Foi a primeira vez na história que a humanidade alterou de forma mensurável o movimento de um objeto celeste (ESA – Hera: Target Deimos). A missão Hera foi concebida para investigar esse “site” do impacto: ela medirá a cratera deixada pela colisão, analisará a composição do asteroide e registrará qualquer alteração estrutural, dados indispensáveis para entendermos quão eficaz foi a deflexão e como poderemos reproduzir esse método caso um asteroide ameace a Terra.

Além de seu foco em Didymos e Dimorphos, a Hera carrega dois pequenos satélites (CubeSats) que serão liberados quando a sonda chegar ao sistema de asteroides. Esses minissatélites levarão instrumentos complementares para examinar os asteroides bem de perto – por exemplo, radares para sondar o interior de Dimorphos – fornecendo uma perspectiva ainda mais detalhada. No entanto, tais instrumentos não foram ativados durante a viagem inicial, pois só terão utilidade quando a Hera estiver nas proximidades dos asteroides (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). Por enquanto, a equipe da missão concentrou-se em aproveitar a passagem por Marte para testar os instrumentos principais da sonda e obter resultados científicos antecipados.

Sobrevoo de Marte e assistência gravitacional

Para alcançar sua distante meta no cinturão de asteroides, a Hera precisou realizar um inteligente truque de navegação: uma assistência gravitacional em Marte. Em 12 de março de 2025, a sonda passou a cerca de 5.000 km da superfície marciana (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). Essa aproximação calculada permitiu que a gravidade de Marte alterasse a trajetória da espaçonave, dando-lhe um “empurrão” em direção ao seu destino final, o sistema Didymos-Dimorphos (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). Em consequência, a Hera economizou uma quantidade significativa de combustível e reduziu em vários meses o tempo de viagem que seria necessário para alcançar os asteroides, algo crucial para o sucesso da missão.

A manobra de sobrevoo (flyby) em Marte foi cuidadosamente planejada pela equipe de dinâmica de voo da ESA. Ajustar a rota de uma sonda para aproveitar ao máximo a gravidade de um planeta é uma tarefa complexa – é como usar Marte como uma espécie de estilingue cósmico. A velocidade relativa da Hera em relação a Marte era impressionante, cerca de 9 km/s (equivalente a 32.400 km/h) (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). Mesmo assim, graças à precisão do encontro, a gravidade marciana desviou a sonda exatamente conforme o previsto, colocando-a na rota certa para encontrar Didymos. Essa correção de curso gratuita oferecida por Marte permitiu poupar precioso propelente a bordo da Hera, que poderá ser utilizado nas fases finais da jornada e nas manobras orbitais ao redor do asteroide.

Um aspecto notável é que os controladores da missão aproveitaram o sobrevoo de Marte não apenas para ajustar a velocidade e direção da Hera, mas também para realizar observações científicas oportunas. A equipe de voo na ESA trabalhou para ajustar finamente a trajetória da sonda de forma que ela passasse o mais próximo possível de Deimos, a menor lua de Marte (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). Esse pedido especial – literalmente um desvio de curso para mirar em um alvo de apenas 12 km de diâmetro – gerou um desafio extra para os planejadores, mas eles conseguiram cumpri-lo com êxito. No momento do sobrevoo, a Hera chegou a aproximadamente 1.000 km de distância de Deimos (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon), uma distância incrivelmente pequena em termos astronômicos, o que possibilitou fotografar a lua com detalhes inéditos.

(ESA – Mars and Deimos viewed by Hera’s Hyperscout H) Deimos cruza em frente a Marte, visto pela câmera hiperespectral da missão Hera durante o sobrevoo de 12 de março de 2025. Nesta imagem em infravermelho próximo (falsa-cor), o planeta Marte aparece com tonalidade azulada, e a pequena lua Deimos surge como uma silhueta escura contra o disco marciano.

Dessa forma, o sobrevoo de Marte em 2025 tornou-se o primeiro grande marco de exploração da missão Hera. Além de cumprir sua função de assistência gravitacional para acelerar a viagem, ele proporcionou uma oportunidade de testar os instrumentos da sonda em um ambiente real de operação interplanetária. Após passar por Marte e ganhar velocidade, a Hera seguiu seu caminho rumo aos asteroides, levando consigo preciosos dados obtidos durante a breve visita ao sistema marciano. Com Marte agora ficando para trás, a missão entra em uma nova fase, já em curso para seu encontro histórico com Didymos e Dimorphos em 2026 (ESA – Hera: Target Deimos).

Deimos: a pequena lua misteriosa de Marte

Marte é acompanhado por duas pequenas luas, Fobos e Deimos, batizadas com nomes que significam “medo” e “pavor” na mitologia grega – apropriados para companheiros do deus romano da guerra. Deimos, a protagonista das imagens da Hera, é a menor das duas. Com cerca de 12,4 km de diâmetro apenas (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon), essa lua tem tamanho equivalente ao de uma cidade e possui um formato irregular, parecido com o de um asteroide. Sua superfície é escura e coberta por camadas de pó e regolito, refletindo pouco a luz solar. Deimos orbita Marte a uma distância de aproximadamente 23.500 km da superfície do planeta (ESA – Deimos appears to cross Mars), muito mais longe que Fobos, que está a cerca de 6.000 km de Marte. Por estar tão distante, Deimos completa uma órbita em torno de Marte em cerca de 30 horas, enquanto Fobos dá voltas muito mais rápidas (em apenas 7,6 horas).

Uma característica intrigante de Deimos é que ela está em rotação sincronizada (ou seja, trancada por maré) com Marte (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). Isso significa que Deimos leva o mesmo tempo para girar em torno do próprio eixo que leva para orbitar Marte. O resultado é que ela mantém sempre a mesma face voltada para o planeta, assim como a Lua da Terra sempre mostra o mesmo lado para nós. Consequentemente, existe um “lado afastado” de Deimos que não é visível a partir de Marte. Até agora, a maioria das imagens que tínhamos de Deimos – feitas por sondas orbitando Marte – mostrava apenas o hemisfério familiar, voltado para o planeta. O outro lado permanecia à espreita, pouco observado e envolto em mistério (New Mars and Deimos pics from revealing Hera flyby).

Essa configuração significa que a passagem da Hera ofereceu uma chance rara de observar o lado oculto de Deimos. Ao aproximar-se de Deimos pelo espaço interplanetário, vindo de fora da órbita marciana, a sonda conseguiu enxergar a face da lua que normalmente não é vista nem por observadores em Marte nem por sondas em órbita marciana. Trata-se de uma estreia empolgante: poucas vezes pudemos espiar esse hemisfério afastado. As imagens capturadas pela Hera dão aos cientistas uma primeira visão direta dessa face oculta, revelando sua aparência cheia de crateras e terrenos acidentados (ESA – Mars and Deimos viewed by Hera’s Asteroid Framing Camera) (ESA – Mars and Deimos viewed by Hera’s Asteroid Framing Camera). Cada nova foto ajuda a completar o quebra-cabeça sobre a natureza de Deimos.

A origem das luas marcianas é um tema de debate científico. Há duas hipóteses principais: elas podem ser asteroides capturados pela gravidade de Marte ou podem ter se formado a partir de detritos arremessados ao espaço por um antigo impacto gigante no planeta vermelho. Deimos, assim como Fobos, tem aparência e composição semelhantes às de asteroides carbonáceos – escuros e ricos em carbono – o que dá força à ideia da captura de asteroides. Por outro lado, suas órbitas são quase circulares e alinhadas com o equador de Marte, o que seria mais esperado se elas tivessem se formado de escombros orbitais de Marte. No caso de Deimos, alguns cientistas suspeitam que ela seja um fragmento de Marte, um resquício de uma colisão ancestral, enquanto outros a veem como um antigo asteroide que por acaso foi aprisionado pela gravidade marciana (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon).

Esclarecer essa questão é um dos motivos que tornam Deimos tão interessante para a pesquisa. Cada nova observação pode fornecer pistas sobre sua composição e história. Se Deimos for mesmo um asteroide capturado, seu material deve se parecer com o dos asteroides primitivos do Sistema Solar. Se for feita de restos de Marte, talvez encontremos semelhanças com as rochas marcianas. As imagens obtidas pela Hera ainda serão analisadas em detalhe, mas já representam um passo importante para desvendar esse mistério. E em breve, outras missões dedicadas às luas marcianas, como a missão japonesa MMX (Martian Moons eXploration), poderão aproveitar essas pistas iniciais para aprofundar nosso entendimento sobre Fobos e Deimos (ESA – Hera: Target Deimos) (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon).

Imagens de Marte e Deimos capturadas pela Hera

Durante o sobrevoo de 12 de março, a sonda Hera ativou seus instrumentos científicos e obteve diversas imagens de Marte e Deimos sob diferentes perspectivas. Três instrumentos foram empregados na coleta desses registros: a câmera de navegação Asteroid Framing Camera, que opera em luz visível (preto e branco) (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon); o imageador hiperespectral HyperScout H, que observa em múltiplas bandas do visível e infravermelho próximo (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon); e a câmera TIRI (Thermal Infrared Imager), fornecida pela agência japonesa JAXA, que capta o infravermelho médio, mapeando temperaturas de superfície (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). Foi a primeira vez que esses instrumentos foram usados para estudar um corpo celeste distante, além do entorno da Terra e da Lua, marcando o início das operações científicas da Hera no espaço profundo (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon).

As imagens reveladas impressionaram tanto pela beleza quanto pela informação. Em luz visível, a Hera registrou Deimos pairando como uma sombra irregular contra o brilho de Marte ao fundo (ESA – Mars and Deimos viewed by Hera’s Asteroid Framing Camera). Nessa fotografia monocromática de alta resolução, o hemisfério sul de Marte aparece em destaque, com suas regiões claras e escuras contrastando. Próximo ao topo do quadro vislumbra-se a área de Terra Sabaea, uma região brilhante próxima ao equador marciano, delineada por áreas mais escuras ao redor (ESA – Mars and Deimos viewed by Hera’s Asteroid Framing Camera). Também é possível identificar enormes crateras na superfície de Marte: por exemplo, parte da cratera Huygens (com cerca de 450 km de diâmetro) é visível à direita, e no canto inferior direito aparece a borda da gigante bacia de Hellas, uma das maiores crateras de impacto do Sistema Solar, com diâmetro de 2.300 km e mais de 7 km de profundidade (ESA – Mars and Deimos viewed by Hera’s Asteroid Framing Camera). À frente desse panorama marciano, Deimos surge como um pequeno corpo escuro e irregular, salpicado de crateras, confirmando sua natureza acidentada.

Em outra imagem marcante, obtida no infravermelho próximo pelo HyperScout H, o planeta Marte aparece tingido em um tom azulado (ESA – Mars and Deimos viewed by Hera’s Hyperscout H). Essa falsa-cor destaca diferenças de composição e minerais na superfície marciana (ESA – Mars and Deimos viewed by Hera’s Hyperscout H). Podemos ver novamente a região clara de Terra Sabaea no topo e a vasta bacia de Hellas em destaque na parte inferior do disco marciano, além de outras formações. Em contraste com o brilho azulado de Marte, Deimos aparece em primeiro plano como uma silhueta escura. O HyperScout, com sua capacidade de enxergar em 25 bandas espectrais diferentes, permitirá analisar a composição tanto de Marte quanto de Deimos a partir dessas imagens (ESA – Mars and Deimos viewed by Hera’s Hyperscout H). Diferenças sutis na cor e brilho da superfície podem indicar variações de material – dados que os cientistas agora estão começando a explorar.

A câmera térmica TIRI, por sua vez, produziu uma sequência animada de imagens no infravermelho médio que revelam um fenômeno curioso: Deimos brilhando mais do que Marte. Nas imagens de calor, a pequena lua aparece mais clara (ou seja, mais quente) em comparação com o planeta ao fundo (ESA – Deimos appears to cross Mars). Isso ocorre porque Deimos não possui atmosfera e seu solo escuro absorve a luz do Sol de maneira muito eficiente, esquentando bastante durante o dia (ESA – Deimos appears to cross Mars). Marte, ao contrário, tem uma atmosfera fina que redistribui parte do calor e superfícies que refletem mais a luz solar, o que resulta em temperaturas relativamente mais baixas no momento capturado (ESA – Deimos appears to cross Mars). Assim, as imagens térmicas da Hera confirmam que a face diurna de Deimos estava consideravelmente mais quente do que a região marciana subjacente. Essa sequência, registrada quando a Hera passava rente a Deimos, dá a ilusão de que a lua atravessa o disco de Marte de sul para norte (ESA – Deimos appears to cross Mars) – embora, na verdade, fosse a sonda que estava se movendo rapidamente de norte a sul.

Os cientistas celebraram os resultados obtidos no sobrevoo. Foi um teste importante para os instrumentos da Hera, e eles desempenharam seu papel com excelência (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). “É a primeira vez que empregamos esses equipamentos para observar uma pequena lua distante sobre a qual ainda carecemos de conhecimento – e eles demonstraram um desempenho excelente!”, destacou Michael Küppers, cientista da missão Hera (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). A empolgação era visível no centro de controle da ESA quando as primeiras imagens chegaram: entre aplausos, a equipe apreciou as visões inéditas de Marte e Deimos, comemorando o sucesso da manobra. Até mesmo o famoso astrofísico (e guitarrista da banda Queen) Brian May estava presente, como membro do time científico da Hera, para testemunhar esse momento único (New Mars and Deimos pics from revealing Hera flyby). A oportunidade de ver Deimos sob novos ângulos e em vários comprimentos de onda não é apenas um deleite visual, mas traz dados valiosos que agora serão estudados minuciosamente para extrair informações sobre a composição e as características físicas da lua e do planeta.

Colaboração internacional e missões futuras

A façanha da Hera em Marte também contou com colaboração de outra sonda veterana: a Mars Express, orbitador da ESA que estuda Marte desde 2003. Durante a passagem da Hera, a Mars Express coordenou observações simultâneas de Deimos (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). Ter duas sondas em locais diferentes observando o mesmo objeto oferece uma chance única de comparar dados e ampliar a compreensão. Enquanto a Hera captava imagens de perto do lado oculto de Deimos, a Mars Express observava a lua de sua posição orbital ao redor de Marte. Essa colaboração permitiu aos cientistas obter medições complementares – por exemplo, verificar se o brilho térmico detectado por Hera corresponde ao que se observa da órbita marciana – enriquecendo o conjunto de dados sobre Deimos.

A missão Hera em si é fruto de cooperação internacional, e seus resultados beneficiam projetos futuros de outros países. O imageador térmico TIRI a bordo da Hera é fornecido pela agência japonesa JAXA (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon), ilustrando como diferentes nações contribuem com tecnologia para uma missão comum. Além disso, a experiência adquirida pela Hera ao observar Deimos será valiosa para a próxima grande missão focada nas luas de Marte: a MMX (Martian Moons eXploration), liderada pela JAXA com participação da ESA, da NASA e das agências espaciais da França (CNES) e da Alemanha (DLR) (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). Prevista para ser lançada em 2024/2025, a sonda MMX entrará em órbita de Marte no final desta década e investigará detalhadamente Deimos e Fobos. Um de seus objetivos ambiciosos é pousar em Fobos, coletar amostras do solo e trazê-las de volta à Terra na década de 2030 (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). Essa amostra de Fobos poderá finalmente esclarecer se essas luas são asteroides capturados ou filhos de Marte, respondendo à antiga questão sobre sua origem.

Os dados coletados pela Hera no entorno de Deimos servirão de referência valiosa para a MMX. Por exemplo, conhecer a temperatura da superfície de Deimos e a textura do seu terreno ajuda a planejar os instrumentos e técnicas de observação da futura missão. Se a Hera identificou determinadas características espectrais ou composicionais em Deimos, a MMX poderá verificar se Fobos apresenta semelhanças ou diferenças significativas. Além disso, a experiência de navegar perto de Deimos, obtida pela Hera, pode auxiliar os engenheiros da MMX a prepararem seu veículo para encontrar essas pequenas luas com segurança. Em suma, as missões se complementam: o que a Hera está aprendendo agora pavimentará o caminho para descobertas ainda maiores quando a MMX entrar em ação (ESA – Hera: Target Deimos) (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon).

A união de esforços internacionais não se limita à troca de dados, mas engloba uma visão conjunta de proteger e explorar. No campo da defesa planetária, a colaboração EUA-Europa (DART e Hera) mostrou-se exemplar, combinando os recursos e expertise de cada um. Já no estudo das luas marcianas, temos um consórcio global unindo Japão, Europa, Estados Unidos e outros parceiros rumo a um objetivo científico comum. Essas parcerias demonstram que a exploração espacial atualmente é um empreendimento compartilhado, em que cada missão reforça a próxima. Seja desviando um asteroide potencialmente perigoso ou desvendando os segredos das diminutas luas de Marte, os resultados beneficiam toda a humanidade e aprofundam nosso entendimento do cosmos.

Próximos passos da missão Hera

Com o sobrevoo de Marte concluído com sucesso, a Hera agora se dirige firmemente ao encontro de Didymos e Dimorphos. A trajetória resultante da assistência gravitacional já aponta a sonda para a vizinhança desses asteroides, mas ainda serão necessárias algumas correções de curso nos próximos anos. Em fevereiro de 2026 está planejada uma importante manobra propulsora para ajustar a rota, seguida por uma série de pequenas correções finais a partir de outubro de 2026 (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). Essas ações calibrarão a velocidade e posição da Hera de modo a permitir seu ingresso no sistema binário de Didymos no final de 2026. A expectativa é que em dezembro de 2026 a sonda finalmente alcance sua meta – aproximadamente 21 meses após o sobrevoo marciano (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon).

Ao chegar, a Hera iniciará um dos capítulos mais aguardados da missão: o estudo direto e minucioso do asteroide Didymos e de sua lua Dimorphos. Apesar de ínfimos em tamanho, esses asteroides exigirão manobras orbitalmente delicadas da Hera, devido à sua baixa gravidade. A sonda deverá orbitar o par de rochas espaciais e eventualmente voar em torno de Dimorphos a distâncias de apenas alguns quilômetros. Usando suas câmeras e sensores, a Hera mapeará a superfície de Dimorphos em alta resolução, buscando pela cratera criada pelo impacto da DART e medindo suas dimensões exatas. Instrumentos como o altímetro laser a bordo da Hera (PALT) ajudarão a construir um modelo detalhado do formato e campo gravitacional do asteroide, embora só possam ser usados quando a sonda estiver a menos de 20 km do alvo (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). Os CubeSats, depois de liberados, complementarão as observações – um deles carregará um radar capaz de penetrar no interior de Dimorphos, sondando sua estrutura interna, enquanto o outro deverá realizar medições magnéticas e capturas de imagens de ângulos alternativos.

O objetivo central é compreender plenamente o resultado do impacto da DART. Quanto material foi ejetado da superfície de Dimorphos? Qual é a composição desse detrito? Como o choque afetou a órbita de Dimorphos ao redor de Didymos a longo prazo? As respostas a essas perguntas permitirão calibrar os modelos de deflexão de asteroides – informações vitais caso tenhamos que repetir essa técnica para desviar um asteroide em rota de colisão com a Terra. Em última instância, a Hera vai transformar o experimento isolado da DART em um conjunto completo de conhecimento: do impacto inicial aos efeitos finais. Será uma verdadeira análise forense do primeiro “acidente controlado” em um asteroide, uma investigação científica do local do impacto que fornecerá um entendimento sem precedentes desse método de defesa planetária (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon).

A equipe da missão mal pode esperar pelos próximos passos. “Esta foi a primeira experiência empolgante de exploração, mas não será a última”, comentou Ian Carnelli, gerente da missão Hera, após o sucesso do sobrevoo de Marte (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). Em poucos meses, a atenção se voltará completamente para os asteroides. Quando a Hera chegar a Didymos e Dimorphos, em cerca de dois anos, iniciará a tão aguardada inspeção no único objeto do Sistema Solar cuja órbita já foi alterada por ação humana (ESA – Hera asteroid mission spies Mars’s Deimos moon). Será o clímax de uma jornada interplanetária que une ambição científica e preocupação com a segurança da Terra. Se tudo correr como planejado, a missão Hera da ESA não apenas fará história ao desvendar os detalhes do primeiro teste de deflexão de asteroides, como também abrirá caminho para estratégias eficazes de defesa planetária no futuro. Cada imagem tirada, cada dado coletado e cada descoberta ao longo do caminho reforça a capacidade humana de exploração espacial responsável, garantindo que estejamos mais preparados para proteger nosso planeta ao mesmo tempo em que desvendamos os segredos de mundos distantes.

Fonte:

https://www.esa.int/Space_Safety/Hera/Hera_asteroid_mission_spies_Mars_s_Deimos_moon

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