Pai usa ChatGPT para criar imagem atual de filha falecida; entenda

O ChatGPT proporcionou um momento emocionante ao simular a imagem da filha do diretor de tecnologia Márcio Bueno, que faleceu ainda bebê, nos dias atuais. O relato foi compartilhado no perfil pessoal do executivo no LinkedIn, com as mídias geradas pelo chatbot de inteligência artificial generativa da OpenAI.  O que é ChatGPT? Como criar um boneco estilo action figure no ChatGPT Na publicação, Bueno contou que sonhou com a filha Manuela aos 16 anos de idade e que, após alguns momentos, conseguiu se lembrar de detalhes de sua fisionomia e teve o ímpeto de tentar transformar o sonho em algo visual.  O executivo contou ao Canaltech que a principal motivação da publicação era compartilhar aspectos técnicos que ele usou para atingir um objetivo pessoal com a ferramenta, mas que o impacto da publicação atingiu o emocial das pessoas.  -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Ele conta que recorreu à diversas IAs como Grok e Claude para realizar o feito, mas foi o ChatGPT Plus que conseguiu executar da melhor forma a ideia. "Eu trabalho com tecnologia e estudo IA há anos, e pensei em testar algo a partir da minha própria experiência. Então fui para o notebook e comecei a escrever um prompt, guiando o chatbot a imaginar como ela poderia ser a partir do que senti no sonho, nas sensações de toque e detalhes do ambiente", detalhou o diretor de tecnologia no post.  Além do prompt, o diretor precisou descrever a foto de sua filha ainda bebê para fornecer mais informações ao chatbot - isso porque, as políticas internas das IAs testadas não permitiam gerar resultados a partir do arquivo de foto de uma criança recém nascida. Bueno também usou uma foto que retratava ele e sua esposa para dar uma base de informações mais concretas para a IA. "Fui refinando o prompt para que o resultado fosse o mais parecido com o sonho e que a imagem fosse feita a partir do meu ponto de vista", detalhou o executivo.  No final, o resultado o impressionou e gerou um "alívio inesperado" ao conseguir, de certa forma, materializar seu sonho e imaginar sua filha adolescente. "Minha esposa até mesmo comentou que o sorriso retratado pela IA era parecido com o do meu filho mais novo", relembrou Bueno. Relato emocionou outros usuários Em apenas um dia, a publicação reuniu mais de 100 mil visualizações e hoje possui mais de 6.100 curtidas e 335 comentários. Muitos usuários desabafaram sobre suas perdas, assim como pediram para Márcio Bueno uma ideia de prompt para conseguirem ter o mesmo feito.  "Use o ChatGPT Plus e suba uma foto. No prompt explique que esta criança é filho deste casal, qual a idade ela teria hoje, e o melhor é se você de alguma forma teve algum sonho com ele mais velho ou com a idade de hoje. Caso não tenha isso, imagine, imagine como ele deveria ser hoje (vc consegue, pois sempre estarão conectados)", exemplificou Bueno.  Uso da IA em casos de luto  Márcio Bueno relata que sua experiência ao usar a IA para criar uma imagem de um sonho com sua filha veio depois de um processo de luto já superado. "Eu me permiti viver esse luto. E, quando tive a oportunidade, a tecnologia me permitiu fazer essa "homenagem" de uma pessoa que eu não conheci, mas tive a experiência em um sonho", relata Bueno. Ele também expressa preocupação com o uso dessas ferramentas para mitigar o sentimento do luto de uma forma não saudável e que não permita que as pessoas sintam esse processo difícil.  Em 2024, a emissora CNN noticiou episódios de americanos que estavam usando ferramentas de inteligência artificial para tentar se comunicar com seus entes falecidos. Nesses casos, IAs como o Snapchat My AI e recursos como ElevenLabs forneciam ferramentas que possibilitavam reproduzir de forma similar vozes dos familiares falecidos. Os casos são diferentes do que foi feito por Márcio Bueno, mas também exemplificam maneiras diferentes de tentar passar pelo processo de luto a até mesmo "preservar" detalhes de familiares que já se foram.  Um estudo feito pelos mestres em psicologia Isadora Juliana Pires de Mattos, também docente na Faculdade Adventista da Bahia, e José Valdeci Grigoleto, doutorando na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp) analisou o uso da tecnologia em situações de luto.  A análise feita pelos acadêmicos mostra que é preciso ter cautela no uso de ferramentas tecnológicas como mediadoras da vivência do luto, principalmente para pessoas que procuram uma imersão na realidade virtual e o uso de IA para simulações e réplicas digitais de pessoas falecidas. Contudo, o estudo também evidencia o papel da tecnologia como uma ferramenta que pode colaborar no alívio dos sintomas presentes na experiência do luto.  Há questões legais ao gerar imagens de pessoas falecidas? O advogado especialista em direito digital do escritório Peck Advogados, Gabriel Arantes, explica que a legislação brasileira ainda é insipiente

Abr 11, 2025 - 11:30
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Pai usa ChatGPT para criar imagem atual de filha falecida; entenda

O ChatGPT proporcionou um momento emocionante ao simular a imagem da filha do diretor de tecnologia Márcio Bueno, que faleceu ainda bebê, nos dias atuais. O relato foi compartilhado no perfil pessoal do executivo no LinkedIn, com as mídias geradas pelo chatbot de inteligência artificial generativa da OpenAI. 

Na publicação, Bueno contou que sonhou com a filha Manuela aos 16 anos de idade e que, após alguns momentos, conseguiu se lembrar de detalhes de sua fisionomia e teve o ímpeto de tentar transformar o sonho em algo visual. 

O executivo contou ao Canaltech que a principal motivação da publicação era compartilhar aspectos técnicos que ele usou para atingir um objetivo pessoal com a ferramenta, mas que o impacto da publicação atingiu o emocial das pessoas. 

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Ele conta que recorreu à diversas IAs como Grok e Claude para realizar o feito, mas foi o ChatGPT Plus que conseguiu executar da melhor forma a ideia.

"Eu trabalho com tecnologia e estudo IA há anos, e pensei em testar algo a partir da minha própria experiência. Então fui para o notebook e comecei a escrever um prompt, guiando o chatbot a imaginar como ela poderia ser a partir do que senti no sonho, nas sensações de toque e detalhes do ambiente", detalhou o diretor de tecnologia no post. 

Além do prompt, o diretor precisou descrever a foto de sua filha ainda bebê para fornecer mais informações ao chatbot - isso porque, as políticas internas das IAs testadas não permitiam gerar resultados a partir do arquivo de foto de uma criança recém nascida.

Bueno também usou uma foto que retratava ele e sua esposa para dar uma base de informações mais concretas para a IA. "Fui refinando o prompt para que o resultado fosse o mais parecido com o sonho e que a imagem fosse feita a partir do meu ponto de vista", detalhou o executivo. 

No final, o resultado o impressionou e gerou um "alívio inesperado" ao conseguir, de certa forma, materializar seu sonho e imaginar sua filha adolescente. "Minha esposa até mesmo comentou que o sorriso retratado pela IA era parecido com o do meu filho mais novo", relembrou Bueno.

Relato emocionou outros usuários

Em apenas um dia, a publicação reuniu mais de 100 mil visualizações e hoje possui mais de 6.100 curtidas e 335 comentários. Muitos usuários desabafaram sobre suas perdas, assim como pediram para Márcio Bueno uma ideia de prompt para conseguirem ter o mesmo feito. 

"Use o ChatGPT Plus e suba uma foto. No prompt explique que esta criança é filho deste casal, qual a idade ela teria hoje, e o melhor é se você de alguma forma teve algum sonho com ele mais velho ou com a idade de hoje. Caso não tenha isso, imagine, imagine como ele deveria ser hoje (vc consegue, pois sempre estarão conectados)", exemplificou Bueno. 

Uso da IA em casos de luto 

Márcio Bueno relata que sua experiência ao usar a IA para criar uma imagem de um sonho com sua filha veio depois de um processo de luto já superado.

"Eu me permiti viver esse luto. E, quando tive a oportunidade, a tecnologia me permitiu fazer essa "homenagem" de uma pessoa que eu não conheci, mas tive a experiência em um sonho", relata Bueno.

Ele também expressa preocupação com o uso dessas ferramentas para mitigar o sentimento do luto de uma forma não saudável e que não permita que as pessoas sintam esse processo difícil. 

Em 2024, a emissora CNN noticiou episódios de americanos que estavam usando ferramentas de inteligência artificial para tentar se comunicar com seus entes falecidos. Nesses casos, IAs como o Snapchat My AI e recursos como ElevenLabs forneciam ferramentas que possibilitavam reproduzir de forma similar vozes dos familiares falecidos.

Os casos são diferentes do que foi feito por Márcio Bueno, mas também exemplificam maneiras diferentes de tentar passar pelo processo de luto a até mesmo "preservar" detalhes de familiares que já se foram. 

Um estudo feito pelos mestres em psicologia Isadora Juliana Pires de Mattos, também docente na Faculdade Adventista da Bahia, e José Valdeci Grigoleto, doutorando na Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp) analisou o uso da tecnologia em situações de luto

A análise feita pelos acadêmicos mostra que é preciso ter cautela no uso de ferramentas tecnológicas como mediadoras da vivência do luto, principalmente para pessoas que procuram uma imersão na realidade virtual e o uso de IA para simulações e réplicas digitais de pessoas falecidas.

Contudo, o estudo também evidencia o papel da tecnologia como uma ferramenta que pode colaborar no alívio dos sintomas presentes na experiência do luto. 

Há questões legais ao gerar imagens de pessoas falecidas?

O advogado especialista em direito digital do escritório Peck Advogados, Gabriel Arantes, explica que a legislação brasileira ainda é insipiente quando se trata do uso de imagens de pessoas falecidas durante interações com a IA

"No caso do Márcio, foi um uso familiar sem intercorrências judiciais e até mesmo legislação atual ainda não trata diretamente isso. Sendo assim, o fator judicial que está em discussão e o qual se tem mais arcabouço jurídico nesses casos é quando se trata do uso de imagens de pessoas falecidas para fins comerciais", explica o especialista. 

Arantes relembra do caso que em que foi feita uma recriação da imagem da cantora Elis Regina para um comercial da Volkswagen. Na situação, foi aberto um processo através da denúncia feita pelo advogado Gabriel de Britto ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) que, após investigações, arquivou a ação calcado na justificativa de que o uso da imagem da cantora foi acordado com sua família.

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