Pesquisa indica total de doses de álcool semanais que já eleva risco de demência

Quem consome oito ou mais doses de álcool por semana vai apresentar um risco elevado de desenvolver lesões cerebrais do tipo arteriolosclerose hialina, uma condição associada a problemas de memória e cognição -– conjunto de sintomas que caracterizam doenças como a demência. É o que diz uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), publicada em abril na Neurology, revista da Academia de Neurologia dos Estados Unidos. Qual é o efeito de parar de beber álcool para a saúde? A estratégia mais simples para beber menos álcool, segundo a ciência “Esse hábito (beber doses elevadas de álcool) representa uma grande preocupação de saúde pública global, pois está associado a um maior risco de doenças e ao aumento da mortalidade”, alerta o doutor Alberto Fernando Oliveira Justo, pesquisador de pós-doutorado (USP) e primeiro autor do artigo. Foi definida como uma dose: 14g de álcool. Isso equivale a cerca de 350 ml de cerveja (lata padrão), 150 ml de vinho (uma taça padrão de bar e restaurante) ou 45 ml de destilados (comum para whisky, cachaça, vodka, gin e rum).  -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Ao todo, 1.781 indivíduos com idade média de 75 anos ao falecer foram submetidos a autópsias. Após analisar peso, altura e tecido cerebral, foram identificadas patologias associadas ao Alzheimer e lesões cerebrovasculares.  As lesões do tipo arteriolosclerose hialina são uma alteração no endurecimento e espessamento das paredes das arteríolas (pequenos vasos), elas dificultam o fluxo sanguíneo, podendo causar danos aos órgãos afetados, incluindo o cérebro. Familiares dos participantes responderam a questionários sobre os hábitos de consumo e, com base nas respostas, foram formados quatro grupos distintos:  pessoas (homens e mulheres) que nunca beberam;  bebedores moderados (até sete doses por semana);  bebedores excessivos (oito ou mais doses por semana);  e ex-bebedores excessivos (cujos hábitos mudaram antes de morrer). Após isolarem fatores que poderiam influenciar no resultado das análises como idade na hora da morte, tabagismo e o nível de atividade física, foi observado que os grupos de bebedores tinham níveis de risco maiores.  Bebedores excessivos apresentavam um risco 133% maior de desenvolver lesões cerebrais (em comparação com os abstêmio); O risco de lesões foi 89% maior entre ex-bebedores excessivos e 60% maior entre bebedores moderados (ante aos abstêmios); Enquanto 40% dos abstêmios apresentavam lesões, a prevalência aumentava progressivamente entre os que consumidores de álcool, atingindo 50% entre os ex-bebedores excessivos; Bebedores excessivos e ex-bebedores excessivos mostraram maior probabilidade de desenvolver emaranhados da proteína tau, um biomarcador associado à doença de Alzheimer, com um aumento de 41% e 31% dos riscos de lesão, respectivamente.  O comportamento ao longo da vida, contudo, conta – e muito. Ao Canaltech, o especialista pondera que mudar de comportamento é sempre a melhor saída.   “Pausar ou reduzir o consumo pode diminuir os riscos. Parar de consumir álcool é uma das primeiras medidas recomendadas pelos médicos e frequentemente adotada pela família”, explica. Ainda de acordo com o médico, compreender os efeitos a longo prazo do álcool na memória e nas habilidades cognitivas é fundamental para a conscientização pública e para a adoção de medidas preventivas para reduzir o consumo excessivo dessas substâncias. A pesquisa completa pode ser acessada na Neurology (em inglês).  Leia mais: Cachaça e bebidas alcoólicas: qual é o limite seguro de consumo? Qual o efeito do álcool no organismo e como afeta seu corpo? Efeitos do álcool costumam ser piores para quem tem problema de saúde Leia a matéria no Canaltech.

Abr 12, 2025 - 00:02
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Pesquisa indica total de doses de álcool semanais que já eleva risco de demência

Quem consome oito ou mais doses de álcool por semana vai apresentar um risco elevado de desenvolver lesões cerebrais do tipo arteriolosclerose hialina, uma condição associada a problemas de memória e cognição -– conjunto de sintomas que caracterizam doenças como a demência. É o que diz uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), publicada em abril na Neurology, revista da Academia de Neurologia dos Estados Unidos.

“Esse hábito (beber doses elevadas de álcool) representa uma grande preocupação de saúde pública global, pois está associado a um maior risco de doenças e ao aumento da mortalidade”, alerta o doutor Alberto Fernando Oliveira Justo, pesquisador de pós-doutorado (USP) e primeiro autor do artigo.

Foi definida como uma dose: 14g de álcool. Isso equivale a cerca de 350 ml de cerveja (lata padrão), 150 ml de vinho (uma taça padrão de bar e restaurante) ou 45 ml de destilados (comum para whisky, cachaça, vodka, gin e rum). 

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Ao todo, 1.781 indivíduos com idade média de 75 anos ao falecer foram submetidos a autópsias. Após analisar peso, altura e tecido cerebral, foram identificadas patologias associadas ao Alzheimer e lesões cerebrovasculares. 

As lesões do tipo arteriolosclerose hialina são uma alteração no endurecimento e espessamento das paredes das arteríolas (pequenos vasos), elas dificultam o fluxo sanguíneo, podendo causar danos aos órgãos afetados, incluindo o cérebro.

Familiares dos participantes responderam a questionários sobre os hábitos de consumo e, com base nas respostas, foram formados quatro grupos distintos: 

  • pessoas (homens e mulheres) que nunca beberam; 
  • bebedores moderados (até sete doses por semana); 
  • bebedores excessivos (oito ou mais doses por semana); 
  • e ex-bebedores excessivos (cujos hábitos mudaram antes de morrer).

Após isolarem fatores que poderiam influenciar no resultado das análises como idade na hora da morte, tabagismo e o nível de atividade física, foi observado que os grupos de bebedores tinham níveis de risco maiores. 

  1. Bebedores excessivos apresentavam um risco 133% maior de desenvolver lesões cerebrais (em comparação com os abstêmio);
  2. O risco de lesões foi 89% maior entre ex-bebedores excessivos e 60% maior entre bebedores moderados (ante aos abstêmios);
  3. Enquanto 40% dos abstêmios apresentavam lesões, a prevalência aumentava progressivamente entre os que consumidores de álcool, atingindo 50% entre os ex-bebedores excessivos;
  4. Bebedores excessivos e ex-bebedores excessivos mostraram maior probabilidade de desenvolver emaranhados da proteína tau, um biomarcador associado à doença de Alzheimer, com um aumento de 41% e 31% dos riscos de lesão, respectivamente. 

O comportamento ao longo da vida, contudo, conta – e muito. Ao Canaltech, o especialista pondera que mudar de comportamento é sempre a melhor saída.  

“Pausar ou reduzir o consumo pode diminuir os riscos. Parar de consumir álcool é uma das primeiras medidas recomendadas pelos médicos e frequentemente adotada pela família”, explica.

Ainda de acordo com o médico, compreender os efeitos a longo prazo do álcool na memória e nas habilidades cognitivas é fundamental para a conscientização pública e para a adoção de medidas preventivas para reduzir o consumo excessivo dessas substâncias.

A pesquisa completa pode ser acessada na Neurology (em inglês). 

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