Star Wars: The Force Unleashed – quando a LucasArts apostou na ação frenética em uma galáxia muito distante

Saudações, mestres e padawans! Em mais uma edição especial da coluna Blast from the Past, neste 4 de maio celebramos o Star Wars Day relembrando mais um jogo inspirado no universo galáctico criado por George Lucas.Neste ano, voltamos a 2008, quando foi lançado Star Wars: The Force Unleashed, um dos últimos títulos desenvolvidos pela LucasArts — estúdio dedicado à criação de jogos baseados em franquias do cinema, como Star Wars e Indiana Jones, além de clássicos como The Secret of Monkey Island, Full Throttle, Grim Fandango e The Dig.O aprendiz secreto de Darth VaderThe Force Unleashed faz parte das histórias do antigo universo expandido de Star Wars — narrativas e aventuras que, até a aquisição da franquia pela Disney em 2012, eram consideradas canônicas para complementar os acontecimentos dos filmes. Esses conteúdos expandiam o universo criado por George Lucas por meio de livros, quadrinhos e jogos. Muitas dessas obras contavam com a aprovação do próprio Lucas, o que conferia maior credibilidade à criatividade dos autores ao explorar novas histórias a partir do lançamento do primeiro filme em 1977.A trama se passa entre os episódios III (A Vingança dos Sith) e IV (Uma Nova Esperança), durante a ascensão do Império Galáctico, que busca ampliar seu domínio pela galáxia. Nesse período, acompanhamos um jovem sensível à Força, que é “adotado” por Darth Vader após este matar seu pai, um Jedi, durante uma invasão a Kashyyyk. Vader reconhece o potencial do garoto e o treina no Lado Sombrio.Anos depois, já adulto e com o treinamento quase completo, o aprendiz — agora conhecido como Starkiller — é enviado por Vader para caçar e eliminar Jedi sobreviventes espalhados pela galáxia. O objetivo do lorde sith é preparar Starkiller para, juntos, derrotarem o Imperador e assumirem o controle do Império.O jogador controla o aprendiz e, após cumprir diversas missões de caça aos Jedi, é traído por Vader por ordem do Imperador Palpatine, sendo jogado no espaço para morrer. No entanto, ele sobrevive e é secretamente resgatado por seu antigo mestre, que afirma ter feito isso para enganar Palpatine.Vader então lhe confia uma nova missão: reunir os inimigos do Império e formar uma rebelião, com o objetivo de distrair o Imperador enquanto eles planejam assassiná-lo. No entanto, ao se aproximar de opositores do regime e figuras influentes da extinta República, Starkiller começa a se envolver com a causa rebelde. Esse envolvimento desperta um conflito interno que o faz questionar sua lealdade ao Lado Sombrio, dando início a eventos que contribuem para o surgimento da Aliança Rebelde.O “God of War” de Star Wars?O jogo desenvolvido pelo Santa Monica Studio já havia se consolidado como referência no gênero de ação hack ‘n slash, com diversos títulos posteriores se inspirando na saga apoteótica de Kratos contra o panteão do Olimpo em God of War. The Force Unleashed, à época, foi amplamente comparado a esse estilo e chegou a ser apelidado informalmente de “God of War de Star Wars”.Sua jogabilidade frenética e cheia de ação, com destaque para os combos de ataques com o sabre de luz combinados às habilidades com a Força, ajudaram a tornar Starkiller um personagem popular entre os fãs de Star Wars. Nem mesmo nos filmes da saga as habilidades de combate e uso da Força haviam sido retratadas de forma tão intensa e brutal quanto neste jogo da LucasArts.Por isso, o título também se destacou como uma porta de entrada para quem não era familiarizado com a franquia. O enredo, cujo final canônico (o "final bom") foi aprovado por George Lucas, chegou a ser considerado parte do cânone oficial antes da aquisição da saga pela Disney em 2012.Nesse final, Starkiller se sacrifica para proteger os fundadores da Aliança Rebelde, tornando-se um mártir e permitindo que o movimento sobreviva após seus membros serem capturados pelo Imperador. Já no final alternativo (o "final ruim"), o aprendiz mata seu mestre e assume o lugar ao lado de Palpatine.Temendo seu imenso poder, o Imperador o transforma em uma máquina viva, usando-o como instrumento de terror para manter o controle do Império. Como consequência, a Aliança Rebelde não chega a ser formada. Esse desfecho alternativo dá origem a uma série de missões adicionais, lançadas via DLC sob o título Infinities, em que Starkiller parte em caçadas para eliminar figuras centrais da saga, como Luke Skywalker, Leia Organa e Obi-Wan Kenobi.Uma grande aventura em diferentes versõesEm 2008, The Force Unleashed foi lançado em diversas plataformas, cada uma com características distintas:As versões para PS3, Xbox 360 e PC, chamadas de "next-gen" da época, apresentavam gráficos de alta qualidade, modelos de personagens detalhados e efeitos de física avançados. Essas versões utilizavam a Ronin Engine, desenvolvida pela própria LucasArts, oferecendo uma experiência mais cinematográfica e com dublagem de alta qualidade. O combate nessas versões era mais fluido e visceral, destacando o uso intenso dos poderes da Força, como empur

Mai 4, 2025 - 14:07
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Star Wars: The Force Unleashed – quando a LucasArts apostou na ação frenética em uma galáxia muito distante
Saudações, mestres e padawans! Em mais uma edição especial da coluna Blast from the Past, neste 4 de maio celebramos o Star Wars Day relembrando mais um jogo inspirado no universo galáctico criado por George Lucas.

Neste ano, voltamos a 2008, quando foi lançado Star Wars: The Force Unleashed, um dos últimos títulos desenvolvidos pela LucasArts — estúdio dedicado à criação de jogos baseados em franquias do cinema, como Star Wars e Indiana Jones, além de clássicos como The Secret of Monkey Island, Full Throttle, Grim Fandango e The Dig.

O aprendiz secreto de Darth Vader

The Force Unleashed faz parte das histórias do antigo universo expandido de Star Wars — narrativas e aventuras que, até a aquisição da franquia pela Disney em 2012, eram consideradas canônicas para complementar os acontecimentos dos filmes. Esses conteúdos expandiam o universo criado por George Lucas por meio de livros, quadrinhos e jogos. Muitas dessas obras contavam com a aprovação do próprio Lucas, o que conferia maior credibilidade à criatividade dos autores ao explorar novas histórias a partir do lançamento do primeiro filme em 1977.

A trama se passa entre os episódios III (A Vingança dos Sith) e IV (Uma Nova Esperança), durante a ascensão do Império Galáctico, que busca ampliar seu domínio pela galáxia. Nesse período, acompanhamos um jovem sensível à Força, que é “adotado” por Darth Vader após este matar seu pai, um Jedi, durante uma invasão a Kashyyyk. Vader reconhece o potencial do garoto e o treina no Lado Sombrio.

Anos depois, já adulto e com o treinamento quase completo, o aprendiz — agora conhecido como Starkiller — é enviado por Vader para caçar e eliminar Jedi sobreviventes espalhados pela galáxia. O objetivo do lorde sith é preparar Starkiller para, juntos, derrotarem o Imperador e assumirem o controle do Império.

O jogador controla o aprendiz e, após cumprir diversas missões de caça aos Jedi, é traído por Vader por ordem do Imperador Palpatine, sendo jogado no espaço para morrer. No entanto, ele sobrevive e é secretamente resgatado por seu antigo mestre, que afirma ter feito isso para enganar Palpatine.

Vader então lhe confia uma nova missão: reunir os inimigos do Império e formar uma rebelião, com o objetivo de distrair o Imperador enquanto eles planejam assassiná-lo. No entanto, ao se aproximar de opositores do regime e figuras influentes da extinta República, Starkiller começa a se envolver com a causa rebelde. Esse envolvimento desperta um conflito interno que o faz questionar sua lealdade ao Lado Sombrio, dando início a eventos que contribuem para o surgimento da Aliança Rebelde.

O “God of War” de Star Wars?

O jogo desenvolvido pelo Santa Monica Studio já havia se consolidado como referência no gênero de ação hack ‘n slash, com diversos títulos posteriores se inspirando na saga apoteótica de Kratos contra o panteão do Olimpo em God of War. The Force Unleashed, à época, foi amplamente comparado a esse estilo e chegou a ser apelidado informalmente de “God of War de Star Wars”.

Sua jogabilidade frenética e cheia de ação, com destaque para os combos de ataques com o sabre de luz combinados às habilidades com a Força, ajudaram a tornar Starkiller um personagem popular entre os fãs de Star Wars. Nem mesmo nos filmes da saga as habilidades de combate e uso da Força haviam sido retratadas de forma tão intensa e brutal quanto neste jogo da LucasArts.

Por isso, o título também se destacou como uma porta de entrada para quem não era familiarizado com a franquia. O enredo, cujo final canônico (o "final bom") foi aprovado por George Lucas, chegou a ser considerado parte do cânone oficial antes da aquisição da saga pela Disney em 2012.

Nesse final, Starkiller se sacrifica para proteger os fundadores da Aliança Rebelde, tornando-se um mártir e permitindo que o movimento sobreviva após seus membros serem capturados pelo Imperador. Já no final alternativo (o "final ruim"), o aprendiz mata seu mestre e assume o lugar ao lado de Palpatine.

Temendo seu imenso poder, o Imperador o transforma em uma máquina viva, usando-o como instrumento de terror para manter o controle do Império. Como consequência, a Aliança Rebelde não chega a ser formada. Esse desfecho alternativo dá origem a uma série de missões adicionais, lançadas via DLC sob o título Infinities, em que Starkiller parte em caçadas para eliminar figuras centrais da saga, como Luke Skywalker, Leia Organa e Obi-Wan Kenobi.


Uma grande aventura em diferentes versões

Em 2008, The Force Unleashed foi lançado em diversas plataformas, cada uma com características distintas:

As versões para PS3, Xbox 360 e PC, chamadas de "next-gen" da época, apresentavam gráficos de alta qualidade, modelos de personagens detalhados e efeitos de física avançados. Essas versões utilizavam a Ronin Engine, desenvolvida pela própria LucasArts, oferecendo uma experiência mais cinematográfica e com dublagem de alta qualidade. O combate nessas versões era mais fluido e visceral, destacando o uso intenso dos poderes da Força, como empurrões, raios e agarrões.

PS2, PSP e Wii receberam as versões "cross-gen", adaptadas para os consoles de menor performance. Elas eram graficamente mais simples, com menos detalhes, e algumas modificações foram feitas para manter a coerência com o roteiro.

A versão de Wii, em particular, apresentava os melhores visuais entre essas versões adaptadas. Utilizava uma engine própria, feita sob medida para plataformas menos potentes, o que resultou em mapas redesenhados para atender requisitos técnicos. A narrativa foi mantida, mas com menos cutscenes e cenas mais simplificadas.

No PS2 e PSP, a jogabilidade foi ajustada para um estilo mais "arcade", com combos simplificados e comandos mais fáceis de executar. No Wii, o destaque ficou para o uso dos controles de movimento para o sabre de luz e os poderes da Força. Um diferencial interessante, mas com precisão inconsistente, o que tornava o jogo desnecessariamente mais difícil.

Essas versões também contavam com exclusividades. No PSP, havia um modo de desafios exclusivo e um modo "Histórico", no qual o aprendiz enfrenta personagens clássicos. No Wii, um modo multiplayer local de duelo permitia que dois jogadores se enfrentassem, exclusivo dessa versão.

O Nintendo DS também recebeu uma versão única do jogo, com uma perspectiva 2.5D. A tela sensível ao toque era utilizada para executar movimentos e poderes da Força, sendo mais um diferencial dessa versão. Focada em oferecer uma experiência portátil básica, era voltada para um público mais casual, que apreciava a interação proporcionada pelo DS.

Em 2022, uma versão para Nintendo Switch foi lançada, baseada na versão de Wii, mantendo os controles de movimento e o modo duelo. Embora não fosse baseada nas versões "next-gen" de PS3, Xbox 360 e PC, a versão para Switch trouxe melhorias significativas, como resolução superior e melhor desempenho em comparação com o Wii. No entanto, não incluiu os conteúdos extras (DLC) das versões HD da época.

Uma expectativa bem atendida

Star Wars: The Force Unleashed foi lançado em 2008 com grandes expectativas e uma forte campanha de marketing por parte da LucasArts. A proposta era ambiciosa: preencher a lacuna entre os Episódios III e IV com uma história original, dramática e cinematográfica, já que a saga nos cinemas havia chegado ao fim. O jogo também se destacou por seu uso de tecnologias avançadas para a época, prometendo física realista e interações dinâmicas com o ambiente.

A recepção da crítica foi mista, com médias variando entre 70 e 75 nas principais plataformas, como PS3 e Xbox 360. O ponto mais elogiado foi a narrativa, considerada envolvente e fiel ao universo de Star Wars. O protagonista Starkiller, dublado por Sam Witwer, conquistou muitos fãs, e a forma como a história se conectava à origem da Aliança Rebelde ainda é vista como um dos aspectos mais marcantes da experiência — embora já não seja considerada parte do cânone oficial. Os poderes da Força, amplificados ao extremo, proporcionaram aos jogadores a sensação de se sentirem verdadeiramente poderosos, o que agradou tanto críticos quanto o público.

Por outro lado, The Force Unleashed foi criticado pela jogabilidade repetitiva, combates que perdiam impacto com o tempo e uma inteligência artificial inconsistente. Problemas técnicos, como bugs e travamentos — especialmente na versão para PC — também prejudicaram a experiência geral. Muitos críticos sentiram que, apesar da tecnologia impressionante, o jogo parecia pouco polido e, em alguns momentos, inacabado. Na época, patches de correção não eram lançados com a mesma frequência que hoje, o que agravava esses problemas.

Apesar das críticas, The Force Unleashed foi um sucesso comercial, com mais de 6 milhões de cópias vendidas até 2010, tornando-se, na época, o jogo de Star Wars mais vendido da história. O jogo também foi premiado em eventos como o Visual Effects Society Awards e o IGN Best of E3. Em resumo, The Force Unleashed marcou época, principalmente por sua história e ambição narrativa, mesmo que sua execução técnica tenha gerado opiniões divididas.

Histórias e legado

Como toda grande obra, os bastidores de The Force Unleashed também revelaram histórias interessantes e talentos importantes. Uma das mais conhecidas é a origem do nome do protagonista, Starkiller, que foi resgatado do primeiro roteiro de George Lucas, no qual Luke Skywalker originalmente se chamava Luke Starkiller. Essa escolha reforça o tom mais sombrio do jogo e serve como uma homenagem às origens da saga criada por Lucas.

O jogo também foi pioneiro ao mostrar de forma clara como a Aliança Rebelde foi formada, algo que, até então, só havia sido sugerido em materiais do universo expandido. Tecnicamente, The Force Unleashed inovou ao fazer uso de diversas engines — Euphoria, DMM, Havok e, claro, a Ronin Engine — para criar física avançada, destruição realista e reações variadas dos inimigos, resultando em uma sensação de combate dinâmico e “vivo” para a época.

Sam Witwer, ator que interpretou e deu voz a Starkiller, se tornou uma figura importante dentro da franquia. Ele reprisou papéis como Darth Maul nas animações Clone Wars e Rebels. Witwer, que é ator e também músico, é um grande fã de Star Wars e conquistou a comunidade com seu carisma e simpatia, especialmente em convenções. Além de Starkiller, ele também ganhou destaque sem sua carreira como Deacon St. John, o protagonista de Days Gone.

A nave Rogue Shadow, utilizada por Starkiller, foi criada especialmente para o jogo, tornando-se um ícone cult entre os fãs, mesmo sem aparecer em outras mídias. Essas curiosidades ajudam a explicar por que The Force Unleashed continua sendo lembrado com tanto carinho por muitos fãs da saga.

Desencadeando boas memórias

Star Wars: The Force Unleashed deixou uma marca única no universo da franquia, tanto para os fãs quanto para a indústria dos games. Apesar das críticas à sua jogabilidade e aspectos técnicos, o título se destacou por seu enredo ousado, que explorou o lado sombrio da Força de maneira intensa e emocional. A história de Starkiller trouxe uma nova camada à mitologia de Star Wars, oferecendo uma perspectiva inédita sobre os bastidores da ascensão da Aliança Rebelde e o impacto do Império sobre indivíduos que vivem entre o bem e o mal.

Além disso, o jogo serviu como uma vitrine tecnológica, utilizando motores de física avançados que influenciaram outros títulos de ação da época. Sua narrativa cinematográfica, uma marca registrada das obras da LucasArts, aliada à dublagem de alta qualidade e momentos épicos, ajudou a estabelecer um novo padrão de produção narrativa que se tornaria comum nos jogos modernos.

The Force Unleashed também foi um raro exemplo de conteúdo original de Star Wars que, embora hoje não seja mais considerado canônico, foi tratado com seriedade criativa e respeito pelo legado da franquia. Com milhões de cópias vendidas e um legado que ainda desperta nostalgia, o jogo permanece relevante como uma das experiências mais ousadas e impactantes feitas fora dos filmes até então, mostrando que o universo de Star Wars pode brilhar não só nas telonas, mas também nos controles dos jogadores.

Confira também os especiais do Star Wars Day de anos anteriores

Revisão: Heloísa D'Assumpção Ballaminut