18 facadas em crânio de 3.700 anos revelam mortes violentas na China antiga

Pesquisadores da Universidade da Califórnia estudaram esqueletos enterrados em um cemitério de 3.700 anos, na China, e revelaram mortes muito violentas em ataques da Idade do Bronze — um dos crânios apresentou marcas de 18 facadas, um indicativo de rixas antigas ou intimidação dos grupos inimigos. Crânio espanhol de 1,4 milhão de anos é face humana mais antiga da Europa Cientistas encontram sinais de violência extrema em múmias de 1.000 anos atrás O cemitério em questão é chamado de Mogou e fica na Província de Gansu, fazendo parte da cultura Qijia. O local foi usado para enterrar indivíduos entre 1750 e 1100 a.C., contendo mais de 1.600 túmulos com mais de 5.000 pessoas enterradas. Esse povo teve uma vida, no geral, agrícola, trocando metal e cerâmica com outros povos da região. Os resultados da pesquisa foram apresentados no encontro anual da Sociedade de Arqueologia Americana, no último dia 24 de abril, ainda não tendo sido publicado em revista científica revisada por pares. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Violência na antiguidade Um estudo preliminar dos esqueletos foi publicado em 2019, onde já se notava uma grande quantidade de traumas físicos nos crânios. Agora, o estudo contemplou 348 restos mortais de adultos e adolescentes, descobrindo que 11,1% das cabeças teve algum tipo de ferimento do qual não se sobreviveu. Eles incluem perfurações, contusões e danos por projéteis. A pesquisadora Jenna Dittmar enquanto estuda um dos crânios encontrados no cemitério da Idade do Bronze, na China (Imagem: Elizabeth Berger) A parte mais destacada aos cientistas, no entanto, foi o fato de que a maioria dos adultos com lesões mostra ter sofrido diversos golpes ao invés de apenas um ferimento fatal. Dos adultos, 55% apresentou três ou mais feridas no crânio, uma taxa de violência que não é vista em nenhuma outra região. Os mais afetados, segundo o estudo, foram homens, com alguns deles ainda tendo fraturas defensivas nos ossos das mãos.  Os crânios de muitos homens mostram violência, com os destaques indo para um com marca de um grande corte atravessando o rosto e outro com cortes na parte inferior da perna, bem como 18 facadas diferentes na cabeça. Os especialistas forenses descreveram as mortes como “exageradas” (em inglês, “overkill”), ou seja, com mais danos do que o necessário para matar um indivíduo. Não se sabe a causa da extrema violência nos esqueletos, com teorias variando entre guerra e incursões para saque. A cultura Qijia ficava numa encruzilhada de povos, e pode ter feito parte de rixas culturais — os assassinatos podem ter sido parte de um esforço para destruir a identidade social dos afetados, causando, também, dano psicológico nos que não foram mortos. Leia mais: Polícia mexicana encontra 150 crânios e descobre que causa foi ritual milenar Britânicos da Idade do Bronze literalmente comiam seus inimigos Dezenas de esqueletos de mortos em batalha milenar pré-Inca são achados no Peru VÍDEO: Passagem para o submundo Zapoteca   Leia a matéria no Canaltech.

Mai 6, 2025 - 19:40
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18 facadas em crânio de 3.700 anos revelam mortes violentas na China antiga

Pesquisadores da Universidade da Califórnia estudaram esqueletos enterrados em um cemitério de 3.700 anos, na China, e revelaram mortes muito violentas em ataques da Idade do Bronze — um dos crânios apresentou marcas de 18 facadas, um indicativo de rixas antigas ou intimidação dos grupos inimigos.

O cemitério em questão é chamado de Mogou e fica na Província de Gansu, fazendo parte da cultura Qijia. O local foi usado para enterrar indivíduos entre 1750 e 1100 a.C., contendo mais de 1.600 túmulos com mais de 5.000 pessoas enterradas. Esse povo teve uma vida, no geral, agrícola, trocando metal e cerâmica com outros povos da região.

Os resultados da pesquisa foram apresentados no encontro anual da Sociedade de Arqueologia Americana, no último dia 24 de abril, ainda não tendo sido publicado em revista científica revisada por pares.

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Violência na antiguidade

Um estudo preliminar dos esqueletos foi publicado em 2019, onde já se notava uma grande quantidade de traumas físicos nos crânios. Agora, o estudo contemplou 348 restos mortais de adultos e adolescentes, descobrindo que 11,1% das cabeças teve algum tipo de ferimento do qual não se sobreviveu. Eles incluem perfurações, contusões e danos por projéteis.

A pesquisadora Jenna Dittmar enquanto estuda um dos crânios encontrados no cemitério da Idade do Bronze, na China (Imagem: Elizabeth Berger)
A pesquisadora Jenna Dittmar enquanto estuda um dos crânios encontrados no cemitério da Idade do Bronze, na China (Imagem: Elizabeth Berger)

A parte mais destacada aos cientistas, no entanto, foi o fato de que a maioria dos adultos com lesões mostra ter sofrido diversos golpes ao invés de apenas um ferimento fatal. Dos adultos, 55% apresentou três ou mais feridas no crânio, uma taxa de violência que não é vista em nenhuma outra região. Os mais afetados, segundo o estudo, foram homens, com alguns deles ainda tendo fraturas defensivas nos ossos das mãos. 

Os crânios de muitos homens mostram violência, com os destaques indo para um com marca de um grande corte atravessando o rosto e outro com cortes na parte inferior da perna, bem como 18 facadas diferentes na cabeça. Os especialistas forenses descreveram as mortes como “exageradas” (em inglês, “overkill”), ou seja, com mais danos do que o necessário para matar um indivíduo.

Não se sabe a causa da extrema violência nos esqueletos, com teorias variando entre guerra e incursões para saque. A cultura Qijia ficava numa encruzilhada de povos, e pode ter feito parte de rixas culturais — os assassinatos podem ter sido parte de um esforço para destruir a identidade social dos afetados, causando, também, dano psicológico nos que não foram mortos.

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VÍDEO: Passagem para o submundo Zapoteca

 

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