Análise – Assassin’s Creed Shadows
A franquia Assassin’s Creed é uma das maiores do planeta, com inúmeras obras de muita relevância, conquistando uma legião de fãs, que são divididos em quem curte o estilo mais clássico, e outros que gostam dessa abordagem cheia de mecânicas de RPG. Confesso que fico dividido, pois gosto de ambas as abordagens, mas possuo ressalvas quanto [...]

A franquia Assassin’s Creed é uma das maiores do planeta, com inúmeras obras de muita relevância, conquistando uma legião de fãs, que são divididos em quem curte o estilo mais clássico, e outros que gostam dessa abordagem cheia de mecânicas de RPG. Confesso que fico dividido, pois gosto de ambas as abordagens, mas possuo ressalvas quanto essas mudanças mais drásticas, então fiquei animado para embarcar em Assassin’s Creed Shadows e descobrir se fizeram algumas mudanças, após a experiência com Assassin’s Creed Mirage, que usou o legado dos clássicos como inspiração.
Assassin’s Creed Shadows foi um dos jogos mais esperados por mim, desde a criação da franquia, pois sempre sonhei em viver o Japão Feudal e conhecer personalidades como ninjas, samurais e até mesmo o lendário Nobunaga. Mas com tantos adiamentos, a incerteza rondou a mente de muitos jogadores, inclusive a minha. Eis que o jogo chegou em nossas mãos, e agora poderei contar para vocês, como foi a minha experiência com essa nova entrada da franquia. Será que valeu a pena? Descubra em nossa análise a seguir.
Uma história de vingança e redenção
A história de Assassin’s Creed Shadows começa apresentando Naoe, que vive em uma vila distante das cidades do Japão Feudal, com costumes diferentes e com uma forte ligação com o seu pai, que tenta passar os ensinamentos para a jovem. Além do seu pai, existem outros habitantes que passam ensinamentos para a jovem, criando laços bem fortes com a comunidade.
O Japão feudal vive tempos de mudanças políticas, que vão em contraponto ao estilo de vida Shinobi, algo que coloca ações terríveis contra o povo de Naoe, forçando-a lutar, mesmo sem muita experiência, e logo sucumbindo a um terrível destino.
Naoe terá que reunir aliados, que nem sempre serão seus amigos, e tomar muito cuidado, visto que nem sempre tudo é o que parece. Em contraponto temos a história de Yasuke, que chega ao Japão com Jesuítas, e logo encanta o grande Nobunaga, o levando para caminhos de guerra, aprendizado e vislumbre do choque de culturas. Ambos terão que se unir em certo ponto da história, para um bem maior, e claro, cumprir seus objetivos pessoais.
A história no geral é muito boa, cheia de reviravoltas, mas sinto que ela foca muitas horas em repetir objetivos de assassinatos, além é claro, de demorar a engrenar no que sempre foram os princípios básicos da irmandade. Ai você pode me afirmar, ainda estamos na trilogia de origem, mas o enredo poderia incluir esses aspectos da irmandade em maior escala, e não deixar parecer que é algo secundário, por mais que o alicerce da trama gire em torno disso.
Yasuke e Naoe possuem missões próprias, que revelam nuances do passado de ambos, algo que ajuda muito no entendimento de ambos os protagonistas. Os personagens secundários também marcam forte presença, dando mais conteúdo para essa história riquíssima. Os vilões também são muito interessantes, cheios de camadas pessoais e ideias próprias.
Tanto Yasuke quanto Naoe são muito bem escritos, dando espaço para amadurecimento durante toda a nossa jornada. Então os personagens serão moldados conforme vai passando o tempo, tanto em habilidades quanto na percepção do que é o correto ou o que tem que se fazer.
Existem várias escolhas, entre poupar alguns inimigos ou matá-los, algo que podem alterar como alguns personagens nos enxergam ou mesmo quem são nossos aliados.
O samurai e a shinobi
Em Assassin’s Creed Shadows temos dois protagonistas, dividindo nossa atenção, estilo e situação. Diferentemente de alguns jogos da franquia, aqui podemos mesclar o uso de ambos os personagens, além é claro de ter missões e trechos específicos para cada um. Por mais que alguns jogadores terão a sua preferência, aqui realmente eles são tão diferentes, que em algumas situações será muito melhor usar o estilo que combina com cada situação.
Começando por Naoe, que é uma ninja e assassina tradicional. A personagem usa e abusa de sua velocidade, para poder subir em locais de difícil acesso, permitindo-a a executar missões na surdina ou mesmo eliminar os alvos com mais proximidade.
Naoe também consegue subir em locais bem altos para usar a visão de águia e marcar locais desconhecidos, além é claro de usar o salto de fé. Além disso, a personagem possui um sentido mais aguçado, possibilitando destacar pontos importantes da missão e ainda inimigos.
No parkour existe um problema, que mesmo sendo bem interessante, é mais fraco que os grandes clássicos da franquia, então não espere que poderá andar por arvores livremente, aqui as opções em áreas de floresta são bem escassas, algo que rolava com perfeição em Assassin’s Creed III.
A personagem seria perfeita se ela não tivesse uma fraqueza, que é o combate a curta distância, que caso o jogador não seja inteligente, em batalhas contra inimigos mais pesados e habilidosos, a coisa fica mais complexa.
Naoe é uma eximia combatente e muito ágil, algo que compensa suas fraquezas, com golpes cheios de mortalidade. A personagem pode usar katanas menores, facas e ainda uma espécie de bola de ferro pequeno junto com uma pequena foice, algo que lembra aquela garota do filme Kill Bill.
A Shinobi também possui muitos equipamentos de apoio, como facas de arremesso, bombas e tudo para atingir os inimigos a distância ou mesmo criar distrações.
Partindo para Yasuke, o jogador terá a sua disposição um Samurai, parecido com um tanque de guerra, que é muito pesado, lento, mas extremamente poderoso. Esse tipo de jogabilidade serve para lutar contra grandes quantidades de inimigos, que são destroçados e jogados para longe com tamanho poder.
Yasuke é um samurai bem versátil, podendo utilizar espadas longas, além de lanças e muitas outras armas longas. Diferentemente de Naoe, ele é tão pesado, que para subir em alguns lugares fica mais complicado e alguns locais não podem ser acessados. Mas podemos empurrar alguns objetos, coisa que a shinobi não consegue fazer. O Samurai também pode abrir caminho ao correr contra portas e paredes de madeira, algo que o torna uma força imparável.
Yasuke também pode lutar de longe, e isso é uma das suas grandes proezas, pois pode usar uma espécie de rifle ou arco e flecha.
RPG em sua essência
Assassin’s Creed Shadows é um RPG de ação em sua essência, como os seus antecessores eram, então não espere um retorno as raízes clássicas, pois o que vivemos em Odyssey, Origins e Valhalla também estará presente aqui.
Falando ainda do combate, temos botões de ataques fracos e fortes, além da defesa e contra ataque, que são muito úteis, para quando estamos em uma batalha franca. Como estamos lidando com golpes samurais e ninjas, cada golpe desferido pode ser mortal, então tente se defender para atacar no momento certo.
Naoe e Yasuke possuem uma árvore de habilidades bem extensa, que se ramifica em subclasses, algo que achei bem interessante, pois molda o seu jeito de jogar. Essas habilidades são passivas ou ativas, sendo as ativas, golpes poderosos, que podem quebrar defesas ou simplesmente te safar naquela hora complicada.
Cada protagonista possui seu tipo de armas e equipamentos, que podem ser equipados e ainda melhorados na forja. Assim como nos jogos anteriores, podemos equipar diferentes tipos de armas, que podem ser trocados durante a batalha, mas com um limite de armas equipadas.
Podemos trocar de protagonista no menu de equipamentos ou durante uma viagem rápida. Caso você esteja sendo procurado, então não poderá fazer uma viagem rápida.
Outro artificio interessante que podemos usufruir são nossos batedores, que ajudam na hora de localizar alvos e objetivos, mas custam unidades, então devemos saber usar, senão teremos que esperar a recarga ou comprar a recarga.
As missões secundárias possuem papel importante na hora de entreter o jogador, além é claro de ajudar nas melhorias, que são desbloqueadas com ajuda de pontos de habilidades e alguns pontos que sobem o ranque do personagem, então ainda que tenha pontos para distribuir nas habilidades, necessitamos subir nosso ranque primeiro para aumentar as opções da árvore de habilidades.
Existem castelos cheios de inimigos, com inimigos mais fortes, que caso sejam eliminados podemos encontrar itens raros, algo que exige um pouco de empenho. Além disso, podemos completar desafios e tumbas, que escondem segredos e itens raros.
Além das árvore de habilidades, temos uma árvore de missões, que ajuda na hora de escolher nossos objetivos. Um dos destaques são os assassinatos de alvos, que mesclam entre as missões principais e secundárias, que vão ramificando entre objetivos secundários para cada missão, então é um ótimo esquema para ajudar no que temos que fazer. As missões no geral são incríveis, mas caem as vezes na repetição, então até o jogo evoluir para missões mais complexas, você terá que repetir o mesmo esquema de missão várias vezes, tirando o brilho desses momentos.
Uma das dinâmicas mais legais que encontrei no jogo foram as missões que usamos ambos os protagonistas, trazendo algo mais elaborado de roteiro e como a maioria do jogo poderia ser. Acredito que a franquia deveria evoluir para esse tipo de dinâmica com uma maior abordagem e se desprender do vicio de missões de mundo aberto repetitivas, pois ficando indo e voltando para pontos longes do mapa, as vezes é bem entediante, quando possuímos muitas horas de jogo.
As missões possuem classificação de níveis, então terão horas que você será forçado a melhorar seu personagem até ter o nível necessário para enfrentar um inimigo, algo bem comum nos jogos mais recentes da franquia, mas que acredito ser cansativo, por ter que completar colecionáveis e missões secundárias para isso.
Construa a sua irmandade
Os heróis terão que construir sua irmandade, algo que vai levar tempo e recursos, além é claro de aliados para povoar e trabalhar dentro e fora do clã. O local pode ser customizado, para acomodar novas instalações com forjas, dojos, estábulos e muito mais.
A medida que construímos novas acomodações, desbloqueamos novas funcionalidades, que podem nos ajudar com melhorias para equipamentos, armas e nosso cavalo.
Os personagens secundários do esconderijo liberam missões específicas para os protagonistas, então interagir com eles é algo importante para se fazer. Além disso, eles podem nos ajudar em batalhas, que podem ser escolhidos.
Respire o Japão
A Ubisoft como sempre fez um belo trabalho de estudo e criação de ambientes para recriar o que era o Japão Feudal, com nuances da sua cultura, tanto em vestimentas, como em construções, fauna e flora.
Yasuke como veio de uma cultura diferente, toma um choque de realidade, e é ensinado sobre costumes, religião e sua politica, então as suas missões de flashback servem muito para mostrar isso para o jogador e como se adequou a isso.
Assassin’s Creed Shadows possui muitas coisas para se fazer como todo jogo da franquia, como pintar quadros de animais durante nossas aventuras, orar em templos, ajudar pessoas que estão sendo injustiçadas pelo caminho e muito mais.
Som e gráficos
Os gráficos são um dos pontos fortes, sendo o jogo da franquia mais bonito, tanto na quantidade de cores, quanto nos ambientes distintos, como o jogo possui uma mecânica de estações, isso fica ainda mais evidenciado.
As expressões faciais não são nada demais, mas atende aos quesitos dos principais jogos da indústria. O design de fases e equipamentos, mandam muito bem no desenvolvimento de criar muitas opções.
O som ambiente e as músicas entram na nossa cabeça como um grande acervo cultural, então prepare-se para fazer uma grande viagem ao Japão. O jogo possui legendas e dublagem em nosso idioma, algo que ajuda na hora de entender a história.
Opinião
Assassin’s Creed Shadows é um dos melhores jogos da franquia, principalmente por trazer um tema tão esperado pelos fãs, além de reunir um samurai e uma ninja em uma aventura cheia de assassinatos e muita cultura. A dinâmica entre Naoe e Yasuke é surpreendente, pois são bem diferentes, tanto culturalmente quanto em suas habilidades, trazendo um contraste que se torna necessário durante a jornada.
Os gráficos são os melhores da franquia, com um ótima direção de arte, pois mostram todo o contraste de uma região bem diversa. O sistema de estações muda toda uma paisagem e o jeito de jogar, dando vantagens e desvantagens, dependendo do clima.
A jogabilidade é muito interessante e cheia de possibilidades, ao mesclar um samurai e uma ninja, que possuem vantagens e desvantagens, que são exploradas pelo jogador de acordo com cada situação. As árvores de habilidades é extensa e evidencia o uso de armas, que cada tipo possui habilidades especificas, criando uma customização do jeito do jogador vivenciar isso.
Um dos problemas que encontrei foi no parkour, que sempre foi um dos símbolos da franquia, que não está tão preciso como deveria, então acredito que seria uma das coisas que a Ubisoft deveria se importar mais.
Assassin’s Creed Shadows é um dos bons jogos ano, mas faltou desprender de certos vícios de jogos de mundo aberto para se sentar na mesa dos melhores, que se arriscam em colocar a cereja no bolo.
Plataformas: Xbox Series X|S
Publicado por: UBISOFT
Desenvolvido por: UBISOFT MONTREAL
Data de lançamento: 20/03/2025
Opções de compra: Microsoft Store
*O jogo foi cedido gentilmente pela Ubisoft para a realização desta análise.