“Assassin’s Creed Shadows” está à altura da franquia – e dá um respiro à Ubisoft
Jogo tem ritmo inconstante, mas enredo original, missões desafiadoras e boa recriação do Japão medieval compensam; leia review

No dia 27 de julho de 2018, as ações da Ubisoft alcançaram seu auge histórico: 100,05 euros. Hoje, elas valem 13,41 euros. Perderam estarrecedores 86% do valor. Os últimos anos foram difíceis para a produtora francesa: Skull & Bones fracassou, Prince of Persia: The Lost Crown e Star Wars Outlaws venderam abaixo do esperado. Nos últimos meses, surgiram especulações de que a empresa poderia ser vendida para a chinesa Tencent.
Por isso Assassin’s Creed Shadows, que será lançado nesta quinta-feira (20) para PlayStation 5, Xbox, PC e Mac, é uma cartada decisiva para a Ubisoft. É impossível prever, hoje, se ele terá sucesso. Mas é bem possível que sim. AC Shadows entrega as características responsáveis pela fama da franquia: tem enredo original e bem elaborado, situado num momento histórico interessante, missões desafiadoras e divertidas e um mundo aberto bonito e rico, cheio de coisas para fazer e descobrir.
A história começa em 1579, quando um africano escravizado chamado Diogo chega a Quioto levado por jesuítas portugueses, no Oriente para tratar de negócios. O líder local se interessa pelo jovem, que é alforriado e se torna um samurai: Yasuke. Ele se envolve nas guerras do Japão feudal – e sua história se cruza com a de Naoe, uma camponesa que perde a família e se transforma em ninja.
A primeira hora de AC Shadows é excelente, alternando ótimas sequências de ação com a apresentação inicial da história. Entre a segunda e a quinta hora, mais ou menos, o game perde um pouco o ritmo: as missões ficam mais lentas, e o desenvolvimento do enredo fica um pouco arrastado. Você tem de arrumar pano para fazer um traje, escolher um presente para um evento de gala e aprender modos à mesa, entre outras tarefas não muito empolgantes. Mas depois, felizmente, o jogo “acorda” – e volta a ficar bom.
Outra boa notícia é que a lentidão nos movimentos dos personagens, um problema presente no preview do jogo, foi resolvida. Aparentemente, a Ubisoft fez um ajuste na velocidade das animações dos personagens, o suficiente para recuperar a fluidez típica de Assassins Creed (especialmente quando você está jogando como Naoe, mais ágil).
Por padrão, AC Shadows é um pouco diferente de outros jogos de mundo aberto: não aponta exatamente onde você deve ir, nem exibe todos os pontos relevantes no mapa (para revelá-los, você tem de “enviar batedores”, dando alguns cliques, o que pode ser chatinho).
Mas dá para resolver isso. Basta entrar no menu de configurações e ativar o “Modo de exploração guiada”. Feito isso, o jogo para de esconder as coisas – e passa a se comportar como os outros Assassins Creed.
Outra configuração que vale a pena ativar é o “Modo imersivo”, em que os diálogos usam os idiomas corretos: japonês, na maior parte do tempo, e português de Portugal (ambos com legendas). Fica legal.
Também vale reservar um tempinho para ler os “códices”: documentos que você vai achando pelo caminho, e contam a história (real) do Japão. Os textos são bem escritos, fáceis de ler, e ajudam a aumentar o envolvimento na história (fictícia) do game.

A partir de certo momento do jogo, você pode escolher se quer jogar como Naoe ou Yasuke (podendo alternar entre eles a qualquer momento). Isso reflete bem os estilos das missões – algumas mais baseadas em stealth, outras mais voltadas ao combate.
O game tem gráficos bem bonitos, com cenários cheios de detalhes, e não apresenta grandes problemas de otimização/performance. No meu PC, com placa de vídeo RTX 3080 Ti, rodou tranquilamente em 4K a 60 fps (com upscaling via DLSS). Também se sai bem nos consoles, incluindo o Xbox Series S.

AC Shadows não é perfeito, mas é bom. Bom o suficiente para figurar entre os melhores títulos da franquia – e, quem sabe, se tornar um sucesso capaz de reerguer a Ubisoft.
Assassin’s Creed Shadows será lançado para PlayStation 5, Xbox Series X/S, PC e Mac nesta quinta-feira (20), por R$ 350. Também estará disponível, gratuitamente, para os assinantes do serviço Ubisoft+ (R$ 60 mensais).