Análise: Wings of Endless faz um RPG de ação retrô básico, mas consistente, e conta uma história bem desenvolvida

Vindo diretamente do Uruguai, Wings of Endless foi criado pela Isoca Games, do desenvolvedor solo Diego Méndez. O título se trata de um RPG de ação retrô, com gameplay em 2D e pixel art que remete à era 16-bits. Há também elementos de metroidvania e, mesmo que a estrutura em geral não seja construída a partir deles, a mesma lógica de exploração e progresso está presente aqui.O melhor caçador de recompensasTudo começa quando Hariku, um jovem caçador de recompensas, aceita o trabalho de encontrar um item em uma ruína antiga. Lá dentro, ele encontra o que foi buscar, embora não fosse o que esperava: uma coruja falante. Ela soa arrogante e misteriosa, mas precisa dar o braço a torcer quando vê que ambos estão presos no local. Assim, a coruja concede a Hariku parte de seu próprio poder, o que a faz perder a memória e se tornar mais simpática. Em contrapartida, o garoto ganha asas douradas que lhe dão pulo duplo e dash, clássicos de metroidvanias, que permitirão à dupla retornar à superfície.A partir dali, Hikaru só precisa levar a coruja até a torre dos magos, em uma terra distante e gelada. Essa aventura envolverá o passado distante da Grande Guerra, quando os magos Vancirel foram combatidos pela opressão que levaram aos wiggn, um pequeno povo redondo, com asinhas e afinidade natural com magia.A história não é exatamente inovadora, mas é conduzida com tanto esmero que se torna agradável. Gradualmente, vamos percebendo o esforço em construir um mundo coerente em si mesmo e personagens carismáticos, um objetivo que é alcançado com sucesso por meio de diálogos bem escritos. Esse aspecto me surpreendeu, mostrando-se melhor do que eu esperava.Assim como na narrativa, o visual de Wings of Endless se vale de uma simplicidade consistente que dá substância sem se perder em excessos. A estética retrô lembra jogos dos 16-bits com seus pixels, cores e sprites. Eu não gostei do design de personagens da capa, com seus olhos enormes e proporções infantilizadas, mas, felizmente, não é esse modelo que impera no jogo e a representação deles no menu é menos estilizada.Aventura em trioComo é possível ver na capa, Hariku terá dois companheiros nessa jornada, fechando um grupo de três personagens jogáveis que podem ser alternados entre si instantaneamente. Uma é Diana, uma garota determinada, ardilosa e sorrateira que arremessa adagas envenenadas e bombas. Ela parece estar muito interessada pela missão de Hariku. O outro é Makoto, um estudante de magia gentil, inseguro e um pouco gago, que conjura esferas de fogo e de gelo.Gostei como os três participam ativamente da história e são diferentes uns dos outros, como peças valiosas para formar uma sensação de grupo de RPG. Na gameplay, porém, a coisa não tem o mesmo sucesso.A premissa de jogar com um trio é interessante e já foi usada antes em outros jogos, mas a execução em Wings of Endless peca ao não conseguir equilibrar a relevância de cada um. Hariku é o centro das atenções e o personagem que será mais usado, uma vez que é o único com pulo duplo e dash. Vários trechos só podem ser atravessados com ele no comando, evidenciando um papel secundário dos outros dois.Makoto tem uma habilidade de travessia de congelar inimigos para formar plataformas nas quais Hariku poderá subir para alcançar ainda mais alto. Ele também pode infligir queimadura nos oponentes, tornando-os vulneráveis a dano físico.Já Diana pode aprender o pulo de parede, mas o truque é apenas um facilitador de movimento, não configurando um requisito para progresso. Os ataques dela de longa distância ou são muito fracos ou têm tempo de carregamento desvantajoso, o que reduz a utilidade dela a táticas de atacar inimigos de longe a partir de um lugar seguro — isto é: apelação, ou “cheese”.O combate em geral também é muito desbalanceado, com oponentes que têm vida demais e causam dano demais. Foi muito comum me deparar com chefes que podiam derrubar um personagem meu em meros dois acertos, o que teve como consequência a necessidade de adotar um comportamento de batalha calculado, preciso e repetitivo para reagir corretamente em cada embate desse tipo. Isso não seria problemático se os pontos de vida dos chefes (e de vários dos inimigos comuns) não fossem tão numerosos, tornando as batalhas muito longas.Não é que essas lutas sejam terrivelmente difíceis, mas a implementação demorada mina o senso de diversão que deveria acompanhar o desafio. Além disso, não há medidor de vida à mostra, deixando-nos lutando às cegas sem qualquer noção do quanto falta para finalmente vencermos o confronto prolongado.Um mundo 2D para explorarWings of Endless é um RPG de ação e plataforma lateral com elementos de metroidvania. O mundo do jogo é dividido em áreas não-lineares que se conectam entre si em alguns pontos, mas, na maior parte dos casos, a viagem de um local a outro é feita por um mapa de seleção.Além disso, algumas habilidades são adquiridas ao longo da campanha para alcançar lugares antes inacessíveis, embora o ritmo da progressão seja

Mai 8, 2025 - 14:36
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Análise: Wings of Endless faz um RPG de ação retrô básico, mas consistente, e conta uma história bem desenvolvida

Vindo diretamente do Uruguai, Wings of Endless foi criado pela Isoca Games, do desenvolvedor solo Diego Méndez. O título se trata de um RPG de ação retrô, com gameplay em 2D e pixel art que remete à era 16-bits. Há também elementos de metroidvania e, mesmo que a estrutura em geral não seja construída a partir deles, a mesma lógica de exploração e progresso está presente aqui.

O melhor caçador de recompensas

Tudo começa quando Hariku, um jovem caçador de recompensas, aceita o trabalho de encontrar um item em uma ruína antiga. Lá dentro, ele encontra o que foi buscar, embora não fosse o que esperava: uma coruja falante. Ela soa arrogante e misteriosa, mas precisa dar o braço a torcer quando vê que ambos estão presos no local. Assim, a coruja concede a Hariku parte de seu próprio poder, o que a faz perder a memória e se tornar mais simpática. Em contrapartida, o garoto ganha asas douradas que lhe dão pulo duplo e dash, clássicos de metroidvanias, que permitirão à dupla retornar à superfície.



A partir dali, Hikaru só precisa levar a coruja até a torre dos magos, em uma terra distante e gelada. Essa aventura envolverá o passado distante da Grande Guerra, quando os magos Vancirel foram combatidos pela opressão que levaram aos wiggn, um pequeno povo redondo, com asinhas e afinidade natural com magia.

A história não é exatamente inovadora, mas é conduzida com tanto esmero que se torna agradável. Gradualmente, vamos percebendo o esforço em construir um mundo coerente em si mesmo e personagens carismáticos, um objetivo que é alcançado com sucesso por meio de diálogos bem escritos. Esse aspecto me surpreendeu, mostrando-se melhor do que eu esperava.

Assim como na narrativa, o visual de Wings of Endless se vale de uma simplicidade consistente que dá substância sem se perder em excessos. A estética retrô lembra jogos dos 16-bits com seus pixels, cores e sprites. Eu não gostei do design de personagens da capa, com seus olhos enormes e proporções infantilizadas, mas, felizmente, não é esse modelo que impera no jogo e a representação deles no menu é menos estilizada.



Aventura em trio

Como é possível ver na capa, Hariku terá dois companheiros nessa jornada, fechando um grupo de três personagens jogáveis que podem ser alternados entre si instantaneamente. Uma é Diana, uma garota determinada, ardilosa e sorrateira que arremessa adagas envenenadas e bombas. Ela parece estar muito interessada pela missão de Hariku. O outro é Makoto, um estudante de magia gentil, inseguro e um pouco gago, que conjura esferas de fogo e de gelo.

Gostei como os três participam ativamente da história e são diferentes uns dos outros, como peças valiosas para formar uma sensação de grupo de RPG. Na gameplay, porém, a coisa não tem o mesmo sucesso.



A premissa de jogar com um trio é interessante e já foi usada antes em outros jogos, mas a execução em Wings of Endless peca ao não conseguir equilibrar a relevância de cada um. Hariku é o centro das atenções e o personagem que será mais usado, uma vez que é o único com pulo duplo e dash. Vários trechos só podem ser atravessados com ele no comando, evidenciando um papel secundário dos outros dois.

Makoto tem uma habilidade de travessia de congelar inimigos para formar plataformas nas quais Hariku poderá subir para alcançar ainda mais alto. Ele também pode infligir queimadura nos oponentes, tornando-os vulneráveis a dano físico.



Já Diana pode aprender o pulo de parede, mas o truque é apenas um facilitador de movimento, não configurando um requisito para progresso. Os ataques dela de longa distância ou são muito fracos ou têm tempo de carregamento desvantajoso, o que reduz a utilidade dela a táticas de atacar inimigos de longe a partir de um lugar seguro — isto é: apelação, ou “cheese”.

O combate em geral também é muito desbalanceado, com oponentes que têm vida demais e causam dano demais. Foi muito comum me deparar com chefes que podiam derrubar um personagem meu em meros dois acertos, o que teve como consequência a necessidade de adotar um comportamento de batalha calculado, preciso e repetitivo para reagir corretamente em cada embate desse tipo. Isso não seria problemático se os pontos de vida dos chefes (e de vários dos inimigos comuns) não fossem tão numerosos, tornando as batalhas muito longas.

Não é que essas lutas sejam terrivelmente difíceis, mas a implementação demorada mina o senso de diversão que deveria acompanhar o desafio. Além disso, não há medidor de vida à mostra, deixando-nos lutando às cegas sem qualquer noção do quanto falta para finalmente vencermos o confronto prolongado.



Um mundo 2D para explorar

Wings of Endless é um RPG de ação e plataforma lateral com elementos de metroidvania. O mundo do jogo é dividido em áreas não-lineares que se conectam entre si em alguns pontos, mas, na maior parte dos casos, a viagem de um local a outro é feita por um mapa de seleção.

Além disso, algumas habilidades são adquiridas ao longo da campanha para alcançar lugares antes inacessíveis, embora o ritmo da progressão seja mais conduzido pela história do que pelas novas aptidões aprendidas pelos personagens.



A parte RPG tem o básico de experiência para subir de nível e dinheiro para comprar itens e equipamentos que, geralmente, só representam aumento linear de um atributo. Isto é, quando encontramos uma arma ou vestimenta com estatística mais alta, não restam motivos para equipar as anteriores.

Para dar um pouco de dinamismo, há uma pequena árvore de habilidades para cada um dos três personagens, com novidades que são úteis, embora nem sempre.



Problemas na terra de Pluslaken

Há pequenos elementos técnicos que atrapalharam minha experiência, como o alarme intermitente que avisa quando a vida do personagem está baixa e a vibração do controle, ativada a cada vez que pulamos, o que é muito frequente e me fez desligar o recurso totalmente.

Um ponto estranho é que, durante as cenas da história, a música diminui de volume até quase sumir de vez. Primeiro achei que a música era desligada nesses momentos, mas, depois, percebi que ela continuava no limiar, com o som muito baixo, o que me fez considerar que se trata de um erro. É uma pena que isso aconteça, pois, como eu já disse, o andar da história é um ponto alto de Wings of Endless e a música, que é sempre agradável em todo o jogo, contribuiria para o clima das cenas narrativas.



Entrei em contato com a Isoca Games, que disse que alguns dos pontos negativos que indiquei já seriam corrigidos em uma atualização de lançamento, sem especificar exatamente quais deles.

Asas que não voam muito perto do sol nem da terra

Com apresentação audiovisual simples e agradável e uma história interessante e bem desenvolvida, Wings of Endless convence como um RPG de ação retrô. Embora o combate sofra com lutas demoradas contra chefes desbalanceados e o trio de personagens jogáveis não equilibre bem a relevância de cada um, a exploração é divertida e tem um bom clima de aventura em um mundo de fantasia.



Prós

  • Visual retrô competente e bonito em sua simplicidade;
  • Trilha musical bem-feita, aprofundando a atmosfera agradável;
  • Trio de protagonistas alternáveis, com papéis diferentes na gameplay;
  • A história, mesmo que não inove, é elaborada e bem escrita nos diálogos.

Contras

  • O combate é desequilibrado, com inimigos que batem forte demais e são verdadeiras esponjas de dano;
  • A ideia de ter trio de protagonistas alternáveis demora até se mostrar relevante e, mesmo quando isso acontece, continua sem balanceamento de uso dos três, havendo uma hierarquia de utilidade entre eles que afeta o dinamismo da proposta;
  • A música desaparece nas cenas da história, perdendo seu potencial de suporte narrativo;
  • O alerta de saúde baixa é alto e não pode ser desligado;
  • Sem português brasileiro.
Wings of Endless — PC/PS5/PS4/XSX/XBO/Switch — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Beatriz Castro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Jandusoft
Wings of Endless 7.0 PS5 With a simple and pleasant audiovisual presentation and an interesting and well-developed story, Wings of Endless convinces as a retro action RPG. Although the combat suffers from long fights against unbalanced bosses and the trio of playable characters does not balance the individual relevance very well, exploration is fun and has a good atmosphere of a satisfying adventure in a fantasy world.