Cratera lunar imensa pode ter vestígios de um antigo oceano composto de magma

Cientistas da Universidade do Arizona (UA) estão estudando as crateras da Lua e revelando segredos do nosso satélite natural — cálculos recentes, por exemplo, mostraram sinais de um antigo oceano de magma, formado a partir de uma colisão enorme há 4,3 bilhões de anos, que expôs o manto e cristalizou a lava na superfície. Os pesquisadores ainda sugerem que a missão Artemis, da NASA, poderia trazer pedaços desse antigo manto de volta para a Terra. Como a Lua se formou? 5 coisas importantes que a Lua pode nos ensinar A região estudada fica no lado oculto da Lua, que nunca aponta para o nosso planeta, e é chamada de Bacia do Polo Sul-Aitken (BPS). Jeff Andrews-Hanna, cientista planetário da UA, participou da Conferência de Ciência Planetária nos EUA, em março, e comentou sobre o estudo, que revelou o fino oceano magmático surgido nos estágios finais da formação lunar. Crateras e a formação da Lua Os pesquisadores, ao invés de analisarem o material potencialmente deixado nas crateras da Lua, olharam para o seu formato. A BPS possui um formato de lágrima, com um lado mais alongado que o outro. Isso indica que a colisão do corpo celeste foi angulada, puxando o formato para a direção do impacto. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- A Bacia Polo Sul-Aitken, em mapa de elevação lunar — em azul e roxo, vê-se a maior e mais antiga bacia de impacto do astro, de onde vazou magma (Imagem: NASA/GSFC/University of Arizona) Na BPS, o formato cônico aponta para o sul, o que é inesperado, já que há material acumulado no norte, em quantidades que coincidem com o volume retirado da crosta na cratera — anteriormente, acreditava-se que isso indicava uma colisão vinda do norte. O estudo sobre o impacto, além de mostrar esse detalhe, também ajudou a revelar detalhes da história da Lua. No início do Sistema Solar, um objeto do tamanho de Marte colidiu com a Terra primitiva, separando-a em dois protoplanetas — a Lua e a Terra, ambos brevemente liquefeitos. O manto derretido começou a esfriar e cristalizar, mas um pouco do material, como potássio, terras raras e fósforo não cristalizou, mergulhando e se concentrando no magma. Analisando mapas da Lua, a equipe notou quantidades de tório (trazido por asteroides) compatíveis com um impacto a sudoeste da cratera, indicando que o oceano de magma ainda no lento processo de cristalização vazou para fora da superfície após a colisão.  Acreditava-se, antes, que o Terreno Procellarum KREEP, do lado visível da Lua, poderia ter sido formado pelo impacto e vazamento de magma da colisão, mas o estudo mostrou que as regiões se formaram independentemente, com a BPS sendo mais antiga. Ao trazer amostras de ambos os locais, a missão Artemis poderá revelar mais detalhes sobre a descoberta — e sobre a história da formação lunar, intimamente ligada à história da Terra. Leia também: Além das marés: 3 influências da Lua sobre o planeta Terra Por que a Lua parece maior quando próxima à linha do horizonte Qual é a distância da Terra à Lua? VÍDEO: Como tirar foto da Lua com o seu celular   Leia a matéria no Canaltech.

Mai 6, 2025 - 00:00
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Cratera lunar imensa pode ter vestígios de um antigo oceano composto de magma

Cientistas da Universidade do Arizona (UA) estão estudando as crateras da Lua e revelando segredos do nosso satélite natural — cálculos recentes, por exemplo, mostraram sinais de um antigo oceano de magma, formado a partir de uma colisão enorme há 4,3 bilhões de anos, que expôs o manto e cristalizou a lava na superfície. Os pesquisadores ainda sugerem que a missão Artemis, da NASA, poderia trazer pedaços desse antigo manto de volta para a Terra.

A região estudada fica no lado oculto da Lua, que nunca aponta para o nosso planeta, e é chamada de Bacia do Polo Sul-Aitken (BPS). Jeff Andrews-Hanna, cientista planetário da UA, participou da Conferência de Ciência Planetária nos EUA, em março, e comentou sobre o estudo, que revelou o fino oceano magmático surgido nos estágios finais da formação lunar.

Crateras e a formação da Lua

Os pesquisadores, ao invés de analisarem o material potencialmente deixado nas crateras da Lua, olharam para o seu formato. A BPS possui um formato de lágrima, com um lado mais alongado que o outro. Isso indica que a colisão do corpo celeste foi angulada, puxando o formato para a direção do impacto.

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A Bacia Polo Sul-Aitken, em mapa de elevação lunar — em azul e roxo, vê-se a maior e mais antiga bacia de impacto do astro, de onde vazou magma (Imagem: NASA/GSFC/University of Arizona)
A Bacia Polo Sul-Aitken, em mapa de elevação lunar — em azul e roxo, vê-se a maior e mais antiga bacia de impacto do astro, de onde vazou magma (Imagem: NASA/GSFC/University of Arizona)

Na BPS, o formato cônico aponta para o sul, o que é inesperado, já que há material acumulado no norte, em quantidades que coincidem com o volume retirado da crosta na cratera — anteriormente, acreditava-se que isso indicava uma colisão vinda do norte. O estudo sobre o impacto, além de mostrar esse detalhe, também ajudou a revelar detalhes da história da Lua.

No início do Sistema Solar, um objeto do tamanho de Marte colidiu com a Terra primitiva, separando-a em dois protoplanetas — a Lua e a Terra, ambos brevemente liquefeitos. O manto derretido começou a esfriar e cristalizar, mas um pouco do material, como potássio, terras raras e fósforo não cristalizou, mergulhando e se concentrando no magma.

Analisando mapas da Lua, a equipe notou quantidades de tório (trazido por asteroides) compatíveis com um impacto a sudoeste da cratera, indicando que o oceano de magma ainda no lento processo de cristalização vazou para fora da superfície após a colisão. 

Acreditava-se, antes, que o Terreno Procellarum KREEP, do lado visível da Lua, poderia ter sido formado pelo impacto e vazamento de magma da colisão, mas o estudo mostrou que as regiões se formaram independentemente, com a BPS sendo mais antiga. Ao trazer amostras de ambos os locais, a missão Artemis poderá revelar mais detalhes sobre a descoberta — e sobre a história da formação lunar, intimamente ligada à história da Terra.

Leia também:

VÍDEO: Como tirar foto da Lua com o seu celular

 

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