Nível de alfabetização interfere no sucesso de tarefas também no mundo digital

O Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) deste ano, divulgado na última segunda-feira (4), revelou, pela primeira vez, dados sobre a alfabetização no contexto digital, mostrando como o nível de compreensão, leitura e escrita influencia na vida online dos brasileiros. Alfabetização de dados será habilidade em alta até 2030, diz estudo Como a escrita mudou a história da humanidade Pessoas consideradas alfabetizadas proficientes têm menos dificuldade para tarefas digitais, mas, mesmo nesse demográfico, quase a metade (40%) ainda apresenta desempenho médio ou baixo em atividades como compras online, troca de mensagens, envio de fotos e preenchimento de formulários. O Inaf também revelou que três em cada dez brasileiros entre 15 e 64 anos não sabe ler ou escrever, ou sabe tão pouco que não consegue entender frases curtas, identificar números de telefone ou preços — por definição, são analfabetos funcionais. Os testes para a pesquisa foram feitos entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Alfabetismo e a internet Na pesquisa do Inaf, o nível de alfabetismo foi definido com base em testes que classificam os participantes em cinco níveis: analfabeto, rudimentar, elementar, intermediário e proficiente. No alfabetismo digital, as tarefas incluíam comprar um par de tênis a partir de um anúncio em rede social e se inscrever em um evento através de formulário online. Nesse caso, havia três níveis: baixo, médio e alto. A capacidade de navegar pelo mundo digital foi avaliada pelo Inaf, mostrando que mesmo os mais alfabetizados podem ter dificuldades de usar os meios da internet para tarefas básicas (Imagem: Reprodução/Pexels) Entre os alfabetizados em nível elementar, 67% fica no nível médio de alfabetismo digital. Enquanto 17% deles considera que o ambiente digital ajuda nas tarefas, 18% encara a mídia como um desafio adicional. Quase todos os analfabetos (95%) ficaram no nível baixo de alfabetismo digital. A coordenadora do Observatório Fundação Itaú, que co-realizou o estudo, Esmeralda Macana, comentou os achados: “Para mim, foi um alerta de que a gente vai precisar fazer formações para que as pessoas se apropriem dessas formas mais tecnológicas, porque o mundo está cada vez mais digital. A gente já acessa serviços digitais como Pix, como marcar uma consulta médica. Acessar inclusive os programas de transferência de renda, de carteira de trabalho, documentos, identidade. Então, tudo é por meio digital. Se uma pessoa não tem essa habilidade para poder minimamente ter esse acesso, a políticas públicas inclusive, então, é muito preocupante”. Segundo a pesquisa, os jovens são os que apresentam o nível mais alto de desempenho digital, pontuando melhor nos testes. Entre os participantes proficientes, 60% mostraram pontuação alta na alfabetização digital, mas 37% ainda ficaram no nível médio, e 3%, no baixo. Uma das conclusões tiradas a partir do estudo é que não basta ensinar os brasileiros a utilizarem os meios digitais, mas sim investir na alfabetização de base para reduzir as desigualdades em todos os campos, inclusive o digital (Imagem: arthurhidden/envato) O coordenador da área de educação de jovens e adultos da Ação Educativa, que também ajudou a coordenar a pesquisa, Roberto Catelli, comentou sobre as desigualdades. Segundo ele, o estudo evidencia que as desigualdades enfrentadas por quem tem baixa escolaridade são reproduzidas no meio digital — ele não traz soluções para todos, como muitas vezes se diz. A solução é não focar só no letramento digital, mas também na alfabetização de base. O Inaf não foi realizado nos últimos seis anos, retornando em 2025 com a participação de 2.554 pessoas entre os 15 e 64 anos, vindas de todas as regiões do país. O estudo mapeou habilidades de leitura, escrita, matemática e interação digital. Além das organizações já citadas, também participaram a Fundação Roberto Marinho, ⁠Instituto Unibanco, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Leia mais: Tablet no lugar de livros: tecnologia ajuda ou atrapalha na alfabetização? Você tem dislexia? A tecnologia pode facilitar sua vida! Como a internet pode te ajudar a estudar língua portuguesa VÍDEO: O que acontece com o cérebro quando se tenta ler em um lugar barulhento?   Leia a matéria no Canaltech.

Mai 6, 2025 - 16:06
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Nível de alfabetização interfere no sucesso de tarefas também no mundo digital

O Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) deste ano, divulgado na última segunda-feira (4), revelou, pela primeira vez, dados sobre a alfabetização no contexto digital, mostrando como o nível de compreensão, leitura e escrita influencia na vida online dos brasileiros.

Pessoas consideradas alfabetizadas proficientes têm menos dificuldade para tarefas digitais, mas, mesmo nesse demográfico, quase a metade (40%) ainda apresenta desempenho médio ou baixo em atividades como compras online, troca de mensagens, envio de fotos e preenchimento de formulários.

O Inaf também revelou que três em cada dez brasileiros entre 15 e 64 anos não sabe ler ou escrever, ou sabe tão pouco que não consegue entender frases curtas, identificar números de telefone ou preços — por definição, são analfabetos funcionais. Os testes para a pesquisa foram feitos entre dezembro de 2024 e fevereiro de 2025.

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Alfabetismo e a internet

Na pesquisa do Inaf, o nível de alfabetismo foi definido com base em testes que classificam os participantes em cinco níveis: analfabeto, rudimentar, elementar, intermediário e proficiente. No alfabetismo digital, as tarefas incluíam comprar um par de tênis a partir de um anúncio em rede social e se inscrever em um evento através de formulário online. Nesse caso, havia três níveis: baixo, médio e alto.

A capacidade de navegar pelo mundo digital foi avaliada pelo Inaf, mostrando que mesmo os mais alfabetizados podem ter dificuldades de usar os meios da internet para tarefas básicas (Imagem: Reprodução/Pexels)
A capacidade de navegar pelo mundo digital foi avaliada pelo Inaf, mostrando que mesmo os mais alfabetizados podem ter dificuldades de usar os meios da internet para tarefas básicas (Imagem: Reprodução/Pexels)

Entre os alfabetizados em nível elementar, 67% fica no nível médio de alfabetismo digital. Enquanto 17% deles considera que o ambiente digital ajuda nas tarefas, 18% encara a mídia como um desafio adicional. Quase todos os analfabetos (95%) ficaram no nível baixo de alfabetismo digital. A coordenadora do Observatório Fundação Itaú, que co-realizou o estudo, Esmeralda Macana, comentou os achados:

“Para mim, foi um alerta de que a gente vai precisar fazer formações para que as pessoas se apropriem dessas formas mais tecnológicas, porque o mundo está cada vez mais digital. A gente já acessa serviços digitais como Pix, como marcar uma consulta médica. Acessar inclusive os programas de transferência de renda, de carteira de trabalho, documentos, identidade. Então, tudo é por meio digital. Se uma pessoa não tem essa habilidade para poder minimamente ter esse acesso, a políticas públicas inclusive, então, é muito preocupante”.

Segundo a pesquisa, os jovens são os que apresentam o nível mais alto de desempenho digital, pontuando melhor nos testes. Entre os participantes proficientes, 60% mostraram pontuação alta na alfabetização digital, mas 37% ainda ficaram no nível médio, e 3%, no baixo.

Uma das conclusões tiradas a partir do estudo é que não basta ensinar os brasileiros a utilizarem os meios digitais, mas sim investir na alfabetização de base para reduzir as desigualdades em todos os campos, inclusive o digital (Imagem: arthurhidden/envato)
Uma das conclusões tiradas a partir do estudo é que não basta ensinar os brasileiros a utilizarem os meios digitais, mas sim investir na alfabetização de base para reduzir as desigualdades em todos os campos, inclusive o digital (Imagem: arthurhidden/envato)

O coordenador da área de educação de jovens e adultos da Ação Educativa, que também ajudou a coordenar a pesquisa, Roberto Catelli, comentou sobre as desigualdades. Segundo ele, o estudo evidencia que as desigualdades enfrentadas por quem tem baixa escolaridade são reproduzidas no meio digital — ele não traz soluções para todos, como muitas vezes se diz. A solução é não focar só no letramento digital, mas também na alfabetização de base.

O Inaf não foi realizado nos últimos seis anos, retornando em 2025 com a participação de 2.554 pessoas entre os 15 e 64 anos, vindas de todas as regiões do país. O estudo mapeou habilidades de leitura, escrita, matemática e interação digital.

Além das organizações já citadas, também participaram a Fundação Roberto Marinho, ⁠Instituto Unibanco, Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).

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VÍDEO: O que acontece com o cérebro quando se tenta ler em um lugar barulhento?

 

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