Steel Seed – Review
Steel Seed, desenvolvido pela Storm in a Teacup e distribuido pela ESDigital, chega depois de mais de dois anos de seu anúncio com a promessa de entregar uma experiência densa e imersiva em um mundo de ficção científica sombrio, onde a humanidade está à beira da extinção. E de fato, ao longo da jornada, é …

Steel Seed, desenvolvido pela Storm in a Teacup e distribuido pela ESDigital, chega depois de mais de dois anos de seu anúncio com a promessa de entregar uma experiência densa e imersiva em um mundo de ficção científica sombrio, onde a humanidade está à beira da extinção. E de fato, ao longo da jornada, é impossível não se deixar envolver pela atmosfera opressora e misteriosa do jogo, que convida o jogador a explorar os limites do que é ser humano em um cenário dominado por máquinas.
Eu já tinha ficado animado por saber que quem estava responsável por este novo título era a mesma desenvolvedora de Close to the Sun, um jogo que gostei muito. Ambos não tem muitas coisas em comum, o que já era perceptível pelo trailer e sinopse, mas ainda assim fiquei ansioso para jogá-lo, e devo dizer que não me decepcionei.
A história gira em torno de Zoe, uma protagonista forte e complexa, que se lança nas profundezas de uma instalação subterrânea em busca de respostas depois de acordar num corpo diferente e descobrir que seu pai, que supostamente estaria esperando por ela, não está mais ali. Ela só lembra que ele é chefe das Indústrias Archer, e mais nada. Ao seu lado está KOBY, um drone voador que funciona cujos sons Zoe consegue entender. Ele atua como companheiro, ferramenta e, em muitos momentos, como alívio emocional.
O vínculo entre os dois se desenvolve de maneira sutil, mas eficaz, principalmente através dos diálogos que ocorrem ao longo do jogo. Há momentos em que Zoe conversa com KOBY, ou reflete sozinha sobre tudo que aconteceu até ali. Essas pequenas cenas ajudam a construir uma personagem mais tridimensional e uma narrativa que, apesar do cenário tecnológico e inóspito, pulsa com sentimentos humanos.
A ambientação de Steel Seed é um espetáculo à parte. Cada setor da instalação tem uma identidade própria, com regiões industriais sufocantes, biodomos cobertos por uma inquietante calmaria e corredores claustrofóbicos cheios de tensão. Há uma clara intenção artística por trás de cada cenário, mas esse capricho visual esbarra em um problema técnico persistente: a escuridão.
Em muitos momentos, o jogo é simplesmente escuro demais, ao ponto de ser difícil distinguir onde termina o chão e começa o abismo — o que pode resultar em quedas frustrantes e repetitivas, especialmente nas fases iniciais. Mesmo quando a iluminação melhora em trechos posteriores, há momentos de escuridão que parecem mais punitivos do que atmosféricos.
A jogabilidade é versátil e exigente na medida certa. O combate, apesar de não ser o foco absoluto, é satisfatório e pede atenção: inimigos e chefes têm comportamentos variados, e o uso correto da esquiva, aliado ao timing e à estratégia, faz toda a diferença. Mas o que realmente se destaca é a liberdade de abordagem.
Steel Seed favorece o stealth, e não apenas como uma alternativa viável, mas como uma estratégia frequentemente mais eficiente. Utilizar as sombras, distrair inimigos ou manipular o ambiente traz uma camada extra de tensão e recompensa o jogador paciente e criativo. A presença de KOBY é fundamental nesse aspecto: o drone pode ser usado para coletar itens, abrir passagens, marcar inimigos e até atacá-los, o que adiciona dinamismo e variedade às situações de exploração e combate.
Em relação ao combate, deixo mais uma dica: atente-se sempre à barra de saúde, já que é possível perder vida muito rápido, e se você não utilizar o recurso de recuperação de vida, morrer muito rápido também. Quando Zoe cai no abismo, o jogo entende que você perdeu apenas um pouco de saúde e te retorna para o mesmo lugar, mas quando morre em batalha, não tem jeito: vai provavelmente voltar ao último checkpoint, que na maioria das vezes já ficou para trás faz tempo.
Outro ponto positivo está na progressão da personagem. Com três árvores de habilidades e um total de 40 melhorias, o sistema permite personalizar Zoe de acordo com o estilo do jogador, sem se tornar excessivamente complexo. O fato de as habilidades só estarem disponíveis após determinadas missões estimula a exploração e o cumprimento de objetivos secundários, reforçando a sensação de que cada conquista vale a pena. Além disso, os colecionáveis escondidos espalhados pelo mapa ajudam a manter o interesse entre as missões principais, criando um bom equilíbrio entre ação, exploração e narrativa.
Steel Seed é dividido em quatro partes principais, que por sua vez são divididas em várias áreas, cada uma delas contando com um Ponto S4VI, que são basicamente estruturas de onde Zoe pode utilizar o recurso de viagem rápida para outras áreas, além de comprar novas habilidades, recuperar vida e até comprar munição. Esses pontos serão bastante utilizados em algum momento se você tiver a intenção de adquirir todos os colecionáveis.
Apesar de todas essas qualidades, nem tudo funciona perfeitamente. Durante a jogatina, houve ao menos dois momentos em que Zoe simplesmente não conseguia avançar em seções de escalada, ficando presa em bordas onde claramente deveria haver continuidade. Foi necessário voltar e repetir o movimento algumas vezes até o jogo “aceitar” o comando — uma falha que, embora pontual, quebra a imersão e pode frustrar quem já estiver lidando com os desafios naturais da ambientação escura. Felizmente, parece que essas questões foram corrigidas em um update próximo ao lançamento.
No fim das contas, Steel Seed entrega uma experiência memorável, que combina o peso emocional de sua protagonista com uma jogabilidade variada e um mundo ricamente construído. Por vários momentos eu perdi a noção do tempo enquanto jogava, já que é uma jogatina super dinâmica e que te faz querer avançar “só mais um pouquinho” a todo instante. Seus tropeços — como a escuridão excessiva e alguns bugs técnicos — não chegam a comprometer a jornada, mas impedem o jogo de alcançar um patamar ainda mais alto.
Ainda assim, Steel Seed é uma obra que merece ser vivida, especialmente por quem busca mais do que apenas ação em uma aventura: Steel Seed é uma história sobre resistência, identidade e as complexas formas de conexão em tempos de isolamento.
Steel Seed está disponível para PS5, Xbox Series e PC. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela ESDigital Games.