10 jogos icônicos lançados em 1993

Se os anos 1990 foram a era de ouro dos videogames, 1993 certamente foi um de seus momentos mais brilhantes. Naquele ano, a transição dos 8 para os 16-bits estava consolidada e os primeiros 32-bits já começavam a dar as caras, e experimentamos um ano absolutamente transformador para a indústria dos games. 16 jogos icônicos lançados em 1991 10 jogos icônicos lançados em 1992 Foi em 1993 que o debate sobre violência nos videogames ganhou proporções nunca antes vistas, principalmente por conta de Mortal Kombat e Doom. As discussões acaloradas culminaram, nos Estados Unidos, na criação do sistema ESRB de classificação etária que é utilizado até hoje e foi precursor de outros como o PEGI na Europa e o ClassInd no Brasil. Enquanto isso, novos consoles tentavam conquistar espaço no acirrado mercado: o 3DO, o Jaguar da Atari, o Amiga CD32 e até mesmo uma versão redesenhada do NES apareceram. No Brasil, o Super Nintendo finalmente fazia sua estreia oficial pelas mãos da Playtronic, dando início a uma batalha épica contra o já estabelecido Mega Drive da TecToy. A disputa entre as duas gigantes japonesas, Nintendo e Sega, ganharia contornos tropicais com direito a campanhas de marketing agressivas e até mesmo lançamentos exclusivos para nosso mercado. Paralelamente, os PCs ganhavam cada vez mais espaço como plataforma de jogos, com avanços rápidos em processamento gráfico e sonoro. -Entre no Canal do WhatsApp do Canaltech e fique por dentro das últimas notícias sobre tecnologia, lançamentos, dicas e tutoriais incríveis.- Nesse cenário efervescente, vimos o lançamento de alguns dos jogos mais inovadores e influentes de todos os tempos. De simuladores a shooters que transformaram a indústria, de aventuras que expandiram os limites da narrativa a plataformas que definiram gerações, 1993 apresentou obras-primas que até hoje são jogadas por milhões de pessoas 10. Myst Quando Robyn e Rand Miller lançaram Myst em 1993, não imaginavam que estavam prestes a transformar a indústria do PC gaming. Em uma época dominada pelos shooters em primeira pessoa e jogos de ação, Myst surgiu como uma proposta radicalmente diferente: uma aventura contemplativa, sem inimigos para derrotar, sem contadores de tempo e nenhuma forma de game over. Myst revolucionou ao trazer uma proposta de gameplay diferenciada, focada na contemplação e sem game over (Imagem: Reprodução/Sunsoft) O jogo nos transportava para uma ilha misteriosa cheia de estruturas peculiares e mecanismos complexos, através de imagens pré-renderizadas que impressionam até hoje. A sensação era de estar explorando uma pintura interativa, um mundo solitário onde cada descoberta vinha acompanhada de uma satisfação única. Os puzzles eram meticulosamente integrados ao ambiente, exigindo observação atenta e pensamento lateral, tornando cada mínimo progresso uma baita conquista intelectual. Myst se tornou um fenômeno cultural que provou que os videogames podiam ser experiências artísticas e contemplativas. Durante anos, foi o jogo para PC mais vendido da história, superado apenas por The Sims em 2000, e contribuiu decisivamente para a popularização do CD-ROM. 9. Gabriel Knight: Sins of the Fathers 1993 trouxe muitas inovações técnicas e Gabriel Knight: Sins of the Fathers destacou-se no meio disso ao elevar o nível narrativo dos jogos de aventura. Criado pela lendária designer Jane Jensen na Sierra On-Line, o jogo nos apresentou ao carismático Gabriel Knight, um escritor de romances de terror que descobre ser o último de uma linhagem de Schattenjägers (caçadores de sombras). Gabriel Knight apresentou trama adulta que desafiava convenções da época e cenários pintadas à mão (Imagem: Reprodução/Sierra Entertainment) Ambientado em Nova Orleans, nos EUA, o jogo mergulhava o jogador em uma trama adulta envolvendo assassinatos rituais, vodu e segredos familiares sombrios. Com uma pesquisa histórica meticulosa e diálogos extremamente bem escritos, Jensen criou uma história que transcendia as convenções dos videogames da época. A atmosfera densa e opressiva era intensificada por uma trilha sonora notável e pelo excelente trabalho de dublagem, que contava com nomes como Mark Hamill, Tim Curry e Leah Remini. Tecnicamente, Gabriel Knight também representou um ponto de virada para a Sierra. Utilizando a evolução do motor SCI, o jogo combinava belíssimos cenários pintados à mão com animações em VGA, além de sequências em full-motion video. A interface de point ‘n click havia sido simplificada em relação aos títulos anteriores da empresa, deixando a experiência mais acessível sem sacrificar a profundidade dos puzzles. Até hoje Gabriel Knight é lembrado por sua excelência técnica e por demonstrar que videogames podiam abordar temas complexos com sofisticação narrativa comparável à literatura e ao cinema. Seu sucesso garantiu duas continuações e solidificou Jane Jensen como uma das mais importantes narradoras interativas de todos os tempos. 8. Aladdin Quando a Disney e a Virg

Abr 21, 2025 - 23:45
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10 jogos icônicos lançados em 1993

Se os anos 1990 foram a era de ouro dos videogames, 1993 certamente foi um de seus momentos mais brilhantes. Naquele ano, a transição dos 8 para os 16-bits estava consolidada e os primeiros 32-bits já começavam a dar as caras, e experimentamos um ano absolutamente transformador para a indústria dos games.

Foi em 1993 que o debate sobre violência nos videogames ganhou proporções nunca antes vistas, principalmente por conta de Mortal Kombat e Doom. As discussões acaloradas culminaram, nos Estados Unidos, na criação do sistema ESRB de classificação etária que é utilizado até hoje e foi precursor de outros como o PEGI na Europa e o ClassInd no Brasil. Enquanto isso, novos consoles tentavam conquistar espaço no acirrado mercado: o 3DO, o Jaguar da Atari, o Amiga CD32 e até mesmo uma versão redesenhada do NES apareceram.

No Brasil, o Super Nintendo finalmente fazia sua estreia oficial pelas mãos da Playtronic, dando início a uma batalha épica contra o já estabelecido Mega Drive da TecToy. A disputa entre as duas gigantes japonesas, Nintendo e Sega, ganharia contornos tropicais com direito a campanhas de marketing agressivas e até mesmo lançamentos exclusivos para nosso mercado. Paralelamente, os PCs ganhavam cada vez mais espaço como plataforma de jogos, com avanços rápidos em processamento gráfico e sonoro.

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Nesse cenário efervescente, vimos o lançamento de alguns dos jogos mais inovadores e influentes de todos os tempos. De simuladores a shooters que transformaram a indústria, de aventuras que expandiram os limites da narrativa a plataformas que definiram gerações, 1993 apresentou obras-primas que até hoje são jogadas por milhões de pessoas

10. Myst

Quando Robyn e Rand Miller lançaram Myst em 1993, não imaginavam que estavam prestes a transformar a indústria do PC gaming. Em uma época dominada pelos shooters em primeira pessoa e jogos de ação, Myst surgiu como uma proposta radicalmente diferente: uma aventura contemplativa, sem inimigos para derrotar, sem contadores de tempo e nenhuma forma de game over.

Myst revolucionou ao trazer uma proposta de gameplay diferenciada, focada na contemplação e sem game over (Imagem: Reprodução/Sunsoft)

O jogo nos transportava para uma ilha misteriosa cheia de estruturas peculiares e mecanismos complexos, através de imagens pré-renderizadas que impressionam até hoje. A sensação era de estar explorando uma pintura interativa, um mundo solitário onde cada descoberta vinha acompanhada de uma satisfação única. Os puzzles eram meticulosamente integrados ao ambiente, exigindo observação atenta e pensamento lateral, tornando cada mínimo progresso uma baita conquista intelectual.

Myst se tornou um fenômeno cultural que provou que os videogames podiam ser experiências artísticas e contemplativas. Durante anos, foi o jogo para PC mais vendido da história, superado apenas por The Sims em 2000, e contribuiu decisivamente para a popularização do CD-ROM.

9. Gabriel Knight: Sins of the Fathers

1993 trouxe muitas inovações técnicas e Gabriel Knight: Sins of the Fathers destacou-se no meio disso ao elevar o nível narrativo dos jogos de aventura. Criado pela lendária designer Jane Jensen na Sierra On-Line, o jogo nos apresentou ao carismático Gabriel Knight, um escritor de romances de terror que descobre ser o último de uma linhagem de Schattenjägers (caçadores de sombras).

Gabriel Knight apresentou trama adulta que desafiava convenções da época e cenários pintadas à mão (Imagem: Reprodução/Sierra Entertainment)

Ambientado em Nova Orleans, nos EUA, o jogo mergulhava o jogador em uma trama adulta envolvendo assassinatos rituais, vodu e segredos familiares sombrios. Com uma pesquisa histórica meticulosa e diálogos extremamente bem escritos, Jensen criou uma história que transcendia as convenções dos videogames da época. A atmosfera densa e opressiva era intensificada por uma trilha sonora notável e pelo excelente trabalho de dublagem, que contava com nomes como Mark Hamill, Tim Curry e Leah Remini.

Tecnicamente, Gabriel Knight também representou um ponto de virada para a Sierra. Utilizando a evolução do motor SCI, o jogo combinava belíssimos cenários pintados à mão com animações em VGA, além de sequências em full-motion video. A interface de point ‘n click havia sido simplificada em relação aos títulos anteriores da empresa, deixando a experiência mais acessível sem sacrificar a profundidade dos puzzles.

Até hoje Gabriel Knight é lembrado por sua excelência técnica e por demonstrar que videogames podiam abordar temas complexos com sofisticação narrativa comparável à literatura e ao cinema. Seu sucesso garantiu duas continuações e solidificou Jane Jensen como uma das mais importantes narradoras interativas de todos os tempos.

8. Aladdin

Quando a Disney e a Virgin Interactive lançaram Aladdin para o Mega Drive em 1993, subiram mais uma vez a barra do que poderia ser considerado um "jogo baseado em filme". Em uma época em que adaptações cinematográficas para videogames eram frequentemente decepcionantes, Aladdin chegou para mostrar que era possível capturar a magia de uma animação dentro de um jogo 16-bits.

Aladdin para Mega Drive faz parte da excelente safra de jogos baseados em filmes do começo dos anos 1990 (Imagem: Reprodução/Virgin Interactive)

O grande diferencial técnico estava na animação dos personagens. A Disney forneceu seus próprios animadores para criar os sprites do jogo, utilizando a técnica de rotoscopia — o mesmo processo usado no filme — para garantir uma fluidez de movimento jamais vista em um game. O resultado foi um Aladdin que se movia com a mesma graciosidade que seu equivalente cinematográfico. Quando os jogadores viram Aladdin correndo pelas ruas de Agrabah pela primeira vez, a linha entre animação e jogo parecia mais tênue do que nunca.

A trilha sonora também merece destaque, adaptando perfeitamente as composições de Alan Menken do filme original para o chip sonoro do Mega Drive. Melodias como "A Whole New World" e "Friend Like Me" ganharam versões 16-bits que se tornaram memoráveis, complementando perfeitamente a experiência visual. Os cenários vibrantes e coloridos captavam a essência do filme, transportando o jogador para o mundo mágico de Agrabah.

Curiosamente, a versão para Super Nintendo, desenvolvida pela Capcom, seguiu um caminho completamente diferente, com estilo visual e jogabilidade distintos. Isso criou um dos maiores debates da era 16-bits: qual Aladdin era melhor? Enquanto a versão do SNES apostava em visuais mais suaves e gameplay mais acessível, a versão do Mega Drive trazia animações mais elaboradas e maior desafio.

7. The Legend of Zelda: Link's Awakening

Quando a Nintendo lançou The Legend of Zelda: Link's Awakening para o Game Boy em 1993, poucos imaginavam que um jogo portátil em preto e branco poderia entregar uma experiência tão rica e memorável quanto seus irmãos para consoles de mesa. Desenvolvido inicialmente como um port de A Link to the Past, o projeto rapidamente evoluiu para uma aventura completamente original, até hoje considerada uma das mais peculiares e emocionantes da franquia.

Link's Awakening é um dos Zelda mais emocionantes até hoje, com narrativa marcante, cheia de melancolia e filosofia (Imagem: Reprodução/Nintendo)

Ambientado na misteriosa Ilha Koholint, o jogo nos apresentava a um Link náufrago que precisa despertar o lendário Peixe do Vento para retornar para casa. A narrativa melancólica e filosófica — especialmente para um jogo portátil da época — abordava temas como existencialismo e a natureza dos sonhos. A atmosfera fantasiosa era reforçada pelos habitantes excêntricos da ilha, incluindo referências inusitadas a outros jogos da Nintendo, como a aparição de inimigos de Super Mario e até mesmo um Yoshi de pelúcia.

Os desenvolvedores conseguiram comprimir a essência da jogabilidade de Zelda — com dungeons complexas, itens colecionáveis e um vasto mundo para explorar — dentro das limitações do Game Boy. A introdução do botão de atribuição permitia alternar rapidamente entre itens sem acessar menus, uma inovação que se tornaria padrão na série. A música, mesmo com as restrições de hardware, entregava composições memoráveis que complementavam perfeitamente a atmosfera misteriosa do jogo.

O legado de Link's Awakening é tão significativo que, mais de 30 anos depois, a Nintendo lançou um remake completo para o Switch, reafirmando a importância deste capítulo na história de Zelda.

6. Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting

Street Fighter II Turbo: Hyper Fighting foi uma resposta da Capcom a um problema inusitado: a pirataria estava evoluindo seu próprio jogo mais rápido que ela mesma. No Brasil, onde conhecíamos essas versões não-oficiais como "Street Fighter de rodoviária", as placas piratas aceleravam o gameplay e adicionavam novos golpes, criando uma experiência mais frenética que muitos jogadores adoravam, apesar dos inúmeros bugs.

Street Fighter II Turbo foi a resposta da Capcom aos famosos gabinetes de "Street Fighter de rodoviária" famosos no Brasil (Imagem: Reprodução/Capcom)

Reconhecendo a popularidade dessas versões modificadas, a Capcom decidiu criar sua própria versão "turbinada" do jogo — afinal, se não pode vencê-los, junte-se a eles. Street Fighter II Turbo aumentou significativamente a velocidade do gameplay, reequilibrou os personagens e adicionou novos golpes especiais. Ryu e Ken ganharam seus icônicos Hurricane Kicks aéreos, enquanto Chun-Li recebeu seu Kikoken. Essas mudanças tornaram as partidas ainda mais estratégicas e imprevisíveis.

A introdução do sistema de dificuldade por estrelas permitia que os jogadores regulassem a velocidade do jogo, tornando a experiência acessível para novatos enquanto oferecia um desafio a mais para veteranos. No nível máximo de oito estrelas, os confrontos se transformavam em batalhas absurdas, exigindo reflexos quase sobre-humanos, timing perfeito e memória muscular impecável, características que definiriam o gênero de luta nos anos seguintes.

Street Fighter 2 Turbo consolidou o jogo como muito mais que um modismo passageiro. A disposição da Capcom de evoluir o conceito original mostrou que a empresa estava atenta ao feedback dos jogadores e disposta a inovar. Enquanto preparava o terreno para o lançamento de Super Street Fighter II mais tarde naquele mesmo ano, Turbo garantiu que as máquinas de fliperama permanecessem lotadas de jogadores ansiosos para testar suas habilidades nesta versão ainda mais desafiadora.

5. Star Fox

Quando a Nintendo revelou Star Fox em 1993, a reação dos jogadores foi de puro espanto. Em uma época que gráficos tridimensionais eram raridade em consoles domésticos, ver polígonos se movendo com suavidade na tela do Super Nintendo parecia quase mágico. O segredo estava no Super FX, um chip adicional embutido no próprio cartucho que funcionava como um coprocessador gráfico, permitindo cálculos 3D que o SNES jamais conseguiria fazer sozinho.

Star Fox surpreendeu jogadores com gráficos 3D no Super Nintendo, feito considerado impossível até então (Imagem: Reprodução/Nintendo)

Desenvolvido em parceria com a britânica Argonaut Games, Star Fox levava os jogadores a uma jornada espacial através do sistema Lylat na pele de Fox McCloud, um piloto de caça antropomórfico liderando uma equipe de mercenários. O gameplay on-rails, onde o jogador controlava a Arwing dentro de um caminho predeterminado, era perfeitamente ajustado às limitações técnicas da época, criando uma experiência cinemática e altamente imersiva.

A personalidade do jogo ia muito além dos polígonos. O uso de vozes digitalizadas, ainda que simples, dava vida aos membros da equipe Star Fox: Peppy, Slippy e Falco comentavam constantemente durante as missões, criando um senso de camaradagem pouco visto até aquela época. As composições musicais de Hajime Hirasawa mesclavam temas épicos e tensos, reforçando a atmosfera de batalha espacial e amplificando momentos-chave como o confronto final com Andross.

Star Fox estabeleceu uma franquia amada e demonstrou a capacidade da Nintendo de inovar tecnologicamente enquanto mantinha o foco em experiências de jogo memoráveis. Mesmo com seus polígonos simples e texturas limitadas, Star Fox criou um universo que capturou a imaginação de milhões de jogadores.

4. SimCity 2000

Quando Will Wright e sua equipe na Maxis lançaram SimCity 2000 em 1993, atualizaram um jogo de sucesso e chacoalharam o gênero de simulação urbana que eles mesmos haviam criado. A mudança da perspectiva bidimensional do original para a visão isométrica em 3D foi um upgrade visual muito bem-vindo e transformou a forma como os jogadores interagiam com suas cidades.

SimCity 2000 promoveu uma evolução visual significativa e trouxe simulações com profundidade sem igual (Imagem: Reprodução/Maxis)

O salto técnico era evidente: as cidades agora possuíam topografia, com montanhas, vales e corpos d'água que influenciavam diretamente o planejamento urbano. O novo sistema de gestão de infraestrutura introduziu redes subterrâneas de abastecimento de água e tubulações, além de metrôs, aumentando consideravalmente a complexidade do gerenciamento. A eletricidade ganhou diferentes formas de geração – de usinas a carvão a nucleares e futuristas micro-ondas orbitais – cada uma com seus próprios custos, benefícios e riscos ambientais.

A profundidade dos sistemas simulados chama a atenção e impressiona até hoje. As demandas dos Sims por educação, saúde, segurança e lazer se refletiam em indicadores detalhados que afetavam o crescimento ou declínio de bairros específicos. Jornais periódicos traziam manchetes humorísticas que informavam sobre a cidade, frequentemente com referências à cultura pop e piadas internas que criavam uma conexão quase emocional com a metrópole virtual que você governava.

SimCity 2000 acabou se tornando uma ferramenta educacional, um brinquedo de construção digital e até mesmo um exercício de planejamento urbano. Sua profundidade permitia que jogadores de diferentes idades e interesses encontrassem algo fascinante, fosse criando a cidade perfeita ou deliberadamente provocando desastres com terremotos, incêndios e o infame ataque de monstro.

3. Super Mario All-Stars

Quando a Nintendo lançou Super Mario All-Stars em 1993, o conceito de coleções remasterizadas ainda era praticamente inexistente na indústria gamer. O que poderia ter sido apenas uma compilação preguiçosa de jogos antigos, revelou-se um projeto ambicioso que demonstrava o respeito da empresa pelo seu passado e por seus fãs.

Super Mario All-Stars trazia 4 jogos do encanador reconstruídos e refinados para a era dos 16-bits (Imagem: Reprodução/Nintendo)

A coletânea trazia Super Mario Bros, Super Mario Bros: The Lost Levels (lançado originalmente apenas no Japão como Super Mario Bros 2), Super Mario Bros 2 e Super Mario Bros 3, todos completamente reconstruídos com gráficos e sons dignos do hardware 16-bits do Super Nintendo. Não era uma simples emulação: cada sprite, cenário e efeito sonoro havia sido recriado para aproveitar as capacidades do console mais moderno, enquanto preservava a física e a sensação de controle dos jogos originais.

As melhorias iam além do aspecto audiovisual. A adição de um sistema de save aprimorou e tornou mais acessível a experiência de jogos como o primeiro Super Mario Bros. e o extremamente desafiador The Lost Levels, que originalmente puniam o jogador que perdesse todas as vidas levando-o de volta à primeira fase. Pequenos refinamentos na jogabilidade corrigiram falhas dos originais sem descaracterizá-los, criando o que muitos consideram até hoje as versões definitivas desses clássicos.

Super Mario All-Stars também foi um importante exercício de preservação da história dos videogames em uma época em que esse conceito mal existia. Para muitos jogadores da geração 16-bits, esta foi a primeira oportunidade de experimentar The Lost Levels, preenchendo uma importante lacuna na compreensão ocidental da evolução da série. O sucesso e a recepção da coletânea mostraram que compilações e remasterizações tinham valor comercial e cultural e a importância de preservar o legado de jogos clássicos.

2. Mega Man X

Quando Keiji Inafune e sua equipe na Capcom decidiram reinventar Mega Man para o Super Nintendo em 1993, enfrentaram um desafio considerável: como modernizar uma fórmula que já havia sido explorada em seis jogos sem perder a essência que a tornava tão amada? A resposta veio na forma de Mega Man X.

Mega Man X trouxe uma narrativa mais madura e complexa, amadurecendo a fórmula do original (Imagem: Reprodução/Capcom)

Ambientado um século após a série original, Mega Man X introduziu uma narrativa mais madura e complexa. X, o sucessor do Mega Man clássico, lutava ao lado de Zero contra Mavericks — Reploids rebeldes liderados pelo sinistro Sigma. Esta premissa mais sombria era complementada por um design visual mais agressivo e detalhado, aproveitando as capacidades do SNES com sprites maiores, mais animações e efeitos visuais impressionantes, como a semitransparência e os paralaxes de múltiplas camadas.

A jogabilidade expandiu significativamente o conceito original. As habilidades de dash, escalada de paredes e cargas de tiro transformaram completamente a mobilidade e as opções estratégicas disponíveis para o jogador. Mais importante ainda foi a introdução do sistema de upgrades permanentes espalhados pelos níveis, que recompensavam a exploração e criavam um sentimento de progressão e poder crescente. Encontrar o Tanque Coração escondido ou a armadura completa era tão satisfatório quanto derrotar um chefe.

Mega Man X gerou uma série bem-sucedida que influenciou incontáveis títulos de ação 2D nas décadas seguintes. Numa era em que sequências frequentemente representavam apenas mais do mesmo, Mega Man X provou que era possível respeitar o passado enquanto se olhava para o futuro.

1. Doom

Quando id Software lançou Doom em 10 de dezembro de 1993, transformou para sempre a indústria dos videogames. Nos primeiros dias após seu lançamento, redes corporativas e universitárias de todo o mundo colapsaram enquanto funcionários e estudantes baixavam e jogavam furtivamente aquele que seria conhecido como o pai dos shooters modernos.

Doom revolucionou a indústria gamer e consolidou o gênero de FPS de maneira magistral (Imagem: Reprodução/id Software)

Tecnicamente, Doom era um milagre. O motor gráfico criado por John Carmack, o mesmo usado em Wolfenstein 3D, conseguia simular ambientes 3D com uma velocidade e fluidez sem igual em PCs comuns, usando técnicas inovadoras de renderização que pareciam impossíveis até então. A iluminação dinâmica, os ambientes verticalizados e a sensação visceral de movimento criavam uma imersão tão intensa que muitos jogadores relatavam tontura nas primeiras sessões.

Mas Doom era muito mais que uma façanha técnica. O diretor de criação John Romero e o designer Sandy Petersen criaram níveis meticulosamente planejados, repletos de segredos, passagens secretas e áreas opcionais que recompensavam a exploração. O arsenal diversificado de armas — da motosserra ao lendário BFG 9000 — proporcionava diferentes abordagens táticas contra uma galeria de monstros memoráveis. A trilha sonora MIDI composta por Bobby Prince, fortemente inspirada por metal pesado, complementava perfeitamente a atmosfera frenética e ameaçadora.

O impacto cultural de Doom transcendeu em muito o universo dos games. O modelo de distribuição shareware, que já havia provado sua eficácia em Duke Nukem e Wolfenstein 3D, se estabeleceu definitivamente como um padrão para a comercialização de software. Infelizmente, sua violência gráfica também o colocou no centro de debates sobre a influência dos videogames no comportamento juvenil, especialmente após a tragédia de Columbine. Mais de 30 anos depois, a franquia Doom continua viva, influente e ganhando novos títulos, um testemunho da visão revolucionária de um pequeno grupo de desenvolvedores que mudaram as regras do jogo para toda a indústria.

Menções honrosas

Sonic CD

Quando a Sega precisou de um título que justificasse a compra do Sega CD, apostou em seu mascote azul para a missão. Sonic CD trouxe uma das aventuras mais ambiciosas do ouriço com a revolucionária mecânica de viagem no tempo. Ao pular em postes especiais, Sonic podia viajar para o passado, presente ou futuro de cada fase, com cenários e músicas completamente diferentes em cada época. No fim das contas, Sonic CD foi o título mais vendido da história do Sega CD, uma prova de que a aposta da Sega foi acertada.

Mortal Kombat II

Após o sucesso controverso do original, a Midway aprimorou tudo em Mortal Kombat II. Com gráficos mais detalhados, cinco novos lutadores, cenários interativos e o dobro de Fatalities, o jogo refinou a fórmula sangrenta que chocou todo o mundo. Ironicamente, enquanto alimentava a controvérsia sobre violência nos games, MKII apresentava um sistema de combate mais técnico e equilibrado, estabelecendo a franquia como algo mais que apenas sangue e vísceras.

MK2 expandiu todos os conceitos do original e se mostrou um jogo muito mais técnico (Imagem: Reprodução/Midway)

Kirby's Adventure

Um dos últimos grandes jogos do Nintendinho, Kirby's Adventure foi uma carta de amor ao console que há algum tempo ensaiava sua despedida. Aproveitando cada ciclo de processamento do hardware 8-bits, a HAL Laboratory criou um plataforma visualmente deslumbrante com mais de 60 cores simultâneas na tela, paralaxe e efeitos especiais que pareciam impossíveis para o sistema. Com isso, Kirby's Adventure provou que, nas mãos certas, até um hardware em fim de vida podia proporcionar uma experiência memorável.

Ridge Racer

Virtua Racing deu a primeira arrancada, mas foi Ridge Racer quem pisou fundo no acelerador dos jogos de corrida 3D nos arcades. Utilizando o revolucionário hardware System 22, ele trouxe gráficos poligonais texturizados que se moviam de maneira impressionante, criando uma sensação de velocidade vertiginosa. O sistema de drift, que permitia deslizar pelas curvas com estilo, tornou-se marca registrada da série. Posteriormente, o jogo foi portado para o PlayStation e deu largada à parceria entre Namco e Sony, uma das mais duradouras da indústria dos games.

Ridge Racer melhorou todos os aspectos apresentados por Virtua Racer e depois inaugurou uma parceria de sucesso com a Sony (Imagem: Reprodução/Namco)

NBA Jam

"Boomshakalaka!". Poucos jogos podem se gabar de introduzir expressões ao vocabulário popular como NBA Jam. Abandonando o realismo em favor da diversão pura, a Midway criou um jogo de basquete 2-contra-2 com enterradas impossíveis, jogadores com cabeças gigantescas e jogabilidade extremamente acessível. A narração sampleada associada a segredos como personagens desbloqueáveis (incluindo o então presidente estadunidense Bill Clinton) mantinham os jogadores querendo jogar mais. O sucesso estrondoso se traduziu em mais de US$ 1 milhão arrecadados em moedas de US$ 0,25 nos EUA, provando que jogos de esportes arcade tinham lugar no coração dos jogadores.

FIFA International Soccer

Antes de se tornar uma das franquias mais lucrativas da história dos games, FIFA começou como um experimento da EA Sports. FIFA International Soccer introduziu a visão isométrica "camera aérea", criando uma perspectiva tridimensional com sprites 2D que dava a sensação de o jogador estar assistindo a uma transmissão de TV. Apesar de todos os jogadores serem fictícios, o jogo incluía 48 seleções nacionais e capturava a essência do futebol com jogabilidade acessível para a época. Foi o suficiente para estabelecer o alicerce para uma franquia que se tornou sinônimo de jogos de esporte.

Samurai Shodown

Em um mercado saturado de clones de Street Fighter, a SNK apostou em uma direção radicalmente diferente com Samurai Shodown. O jogo trocava socos e chutes por combates com armas afiadas, onde poucos golpes bem posicionados podiam decidir uma luta. A perspectiva "zoom" ajustava o enquadramento conforme os lutadores se aproximavam ou afastavam, enquanto o sistema de "fúria" aumentava o dano causado quando um personagem sofria golpes consecutivos, criando reviravoltas de tirar o fôlego muito antes de Daigo Umehara enlouquecer a plateia na EVO.

Samurai Shodown introduziu combates muito mais técnicos e sistemas que permitiam reviravoltas alucinantes (Imagem: Reprodução/SNK)

1993 legitimou os videogames como arte

1993 representou um período de transição tecnológica, onde os limites do hardware existente foram empurrados até o extremo enquanto novas plataformas começavam a despontar no mercado.

O mais impressionante é perceber quantos desses títulos de 1993 continuam influentes até hoje. Doom não apenas criou o FPS moderno, mas segue ativo como franquia. SimCity 2000 estabeleceu princípios de design para simuladores que permanecem relevantes e usados até por concorrentes como Cities: Skylines. Mega Man X mostrou como revitalizar uma série sem perder sua essência. Myst provou que jogos podiam ser experiências artísticas e contemplativas, numa fórmula replicada até hoje em jogos como Return of the Obra Dinn e Dear Esther. Cada um deles, à sua maneira, expandiu a percepção do que videogames podiam ser.

Além de sua importância individual, esses jogos marcaram um momento em que a indústria amadurecia e diversificava seu público. Da violência controversa de Doom e Mortal Kombat II ao apelo familiar de Super Mario All-Stars, dos quebra-cabeças intelectuais de Myst às narrativas adultas de Gabriel Knight, havia algo para cada tipo de jogador. Essa expansão de horizontes legitimou os videogames como uma forma de entretenimento universal e meio artístico legítimo.

10 jogos marcantes lançados em 1993

  1. Doom: revolucionou os FPS com tecnologia 3D inovadora e gameplay frenético, transformando para sempre a indústria e estabelecendo um novo gênero
  2. Mega Man X: reinventou a clássica franquia com uma versão mais madura, adicionando novas mecânicas como dash e escalada de paredes.
  3. Super Mario All-Stars: coletânea definitiva que remasterizou quatro clássicos de Mario com gráficos e sons aprimorados para o Super Nintendo
  4. SimCity 2000: expandiu o conceito de simulação urbana com visão isométrica e sistemas de infraestrutura complexos
  5. Star Fox: pioneiro em gráficos 3D poligonais em consoles graças ao chip Super FX, criando uma experiência cinematográfica
  6. Street Fighter II Turbo Hyper Fighting: resposta oficial da Capcom às versões piratas aceleradas, adicionando novos golpes e mais velocidade
  7. The Legend of Zelda Link's Awakening: provou que grandes aventuras cabiam em dispositivos portáteis, com uma narrativa surpreendentemente profunda
  8. Aladdin: Elevou o padrão dos jogos baseados em filmes com animações de qualidade cinematográfica e gameplay polido
  9. Gabriel Knight Sins of the Fathers: aventura point-and-click com narrativa adulta explorando temas sobrenaturais e ocultismo em Nova Orleans
  10. Myst: Redefiniu o conceito de jogos de aventura com sua abordagem contemplativa e puzzles integrados ao ambiente

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