A História do Último Foguete Saturno Lançado do PAD-39
Em 24 de março de 1975, o último foguete da lendária família Saturno foi transportado do Edifício de Montagem de Veículos (VAB) até a Plataforma 39B no Centro Espacial Kennedy, na Flórida (50 Years Ago: Final Saturn Rocket Rolls Out to Launch Pad 39 – NASA). Tratava-se de um Saturno IB preparado para a missão […] O post A História do Último Foguete Saturno Lançado do PAD-39 apareceu primeiro em SPACE TODAY - NASA, Space X, Exploração Espacial e Notícias Astronômicas em Português.

Em 24 de março de 1975, o último foguete da lendária família Saturno foi transportado do Edifício de Montagem de Veículos (VAB) até a Plataforma 39B no Centro Espacial Kennedy, na Flórida (50 Years Ago: Final Saturn Rocket Rolls Out to Launch Pad 39 – NASA). Tratava-se de um Saturno IB preparado para a missão conjunta Apollo-Soyuz, e marcava a última vez que um lançador Saturno seria usado em um voo espacial. Cerca de 7.500 pessoas – entre funcionários, convidados e turistas – assistiram a essa derradeira jornada do gigante sobre o enorme transportador sobre esteiras, numa viagem de aproximadamente 5 milhas até o local de lançamento (50 Years Ago: Final Saturn Rocket Rolls Out to Launch Pad 39 – NASA). Cinco décadas depois, o feito continua vivo na memória e simboliza o fim de uma era dourada da exploração espacial. Este artigo explora a importância histórica dos foguetes Saturno – em especial do poderoso Saturno V, que possibilitou as missões Apollo à Lua – e seu legado tecnológico, que influenciou programas posteriores como o Skylab, o Ônibus Espacial e o moderno foguete SLS (Space Launch System).
A família de foguetes Saturno e o Projeto Apollo
O programa Saturno nasceu nos anos 1960 para atender à ambiciosa meta do presidente John F. Kennedy de levar o ser humano à Lua antes do fim da década. Desenvolvidos pelo centro Marshall da NASA sob a liderança de Wernher von Braun, os foguetes da série Saturno evoluíram em três versões principais: Saturno I, Saturno IB e Saturno V (The Saturn V Rocket). Os modelos Saturno I e IB (menores) realizaram testes iniciais e colocaram em órbita terrestre as primeiras missões Apollo tripuladas, enquanto o gigantesco Saturno V foi concebido para levar astronautas além da órbita baixa, rumo à Lua (The Saturn V Rocket).
Durante o Programa Apollo, entre 1968 e 1972, o Saturno V desempenhou um papel central. Ele foi o único foguete capaz de levar humanos além da órbita da Terra (Saturn V – Wikipedia), viabilizando feitos históricos como a primeira órbita tripulada da Lua (Apollo 8) e o primeiro pouso de humanos em solo lunar com Apollo 11 em julho de 1969 (File:Apollo 11 Saturn V lifting off on July 16, 1969.jpg – Wikipedia). Em 16 de julho de 1969, o Saturno V do Apollo 11 decolou da plataforma 39A do Kennedy Space Center, levando os astronautas Neil Armstrong, Buzz Aldrin e Michael Collins para a missão que culminaria no primeiro passo humano na Lua alguns dias depois (File:Apollo 11 Saturn V lifting off on July 16, 1969.jpg – Wikipedia). Ao todo, foram seis alunissagens bem-sucedidas (Apollo 11, 12, 14, 15, 16 e 17) possibilitadas por foguetes Saturno V, além da missão Apollo 13 – abortada devido a uma falha no módulo de serviço, embora o Saturno V tenha funcionado perfeitamente no lançamento. Nesse período, 12 astronautas caminharam na Lua graças a essas missões. A última missão Apollo à Lua foi a Apollo 17, em dezembro de 1972, encerrando a era das expedições lunares tripuladas.
Após as missões lunares, a NASA aproveitou os veículos Saturno restantes para outros propósitos. Três foguetes Saturno IB lançaram em 1973 as missões tripuladas Skylab 2, 3 e 4, levando astronautas para habitar a estação espacial Skylab (50 Years Ago: Final Saturn Rocket Rolls Out to Launch Pad 39 – NASA). Por fim, em julho de 1975, um Saturno IB lançou a espaçonave Apollo da missão Apollo-Soyuz, a primeira cooperação espacial entre Estados Unidos e União Soviética, que também seria o último voo de um foguete Saturno (50 Years Ago: Final Saturn Rocket Rolls Out to Launch Pad 39 – NASA). Com isso, a família Saturno encerrou sua trajetória com um histórico impecável: 32 lançamentos e 32 sucessos, ou seja, 100% de êxito em todas as missões (50 Years Ago: Final Saturn Rocket Rolls Out to Launch Pad 39 – NASA) – um feito notável na história dos lançadores espaciais.
Saturno V: o gigante que levou o homem à Lua
O Saturno V merece destaque especial por suas dimensões e conquistas. Este foguete de três estágios permanece como um dos mais formidáveis já construídos. Ele tinha 110 metros de altura, o equivalente a um prédio de 36 andares, e pesava cerca de 2.800 toneladas totalmente abastecido (The Saturn V Rocket). No momento da decolagem, seus cinco motores F-1 do primeiro estágio produziam 7,6 milhões de libras de empuxo (34,5 MN) (The Saturn V Rocket), tornando-o o foguete mais poderoso já lançado com sucesso em sua época (The Saturn V Rocket) – gerando mais energia do que 85 usinas hidrelétricas de Hoover Dam operando juntas (The Saturn V Rocket). Essa potência era necessária para colocar em órbita terrestre baixa cerca de 130 toneladas de carga útil (The Saturn V Rocket), incluindo o comboio da espaçonave Apollo (módulo de comando, serviço e módulo lunar) e propelentes para impulsioná-lo em direção à Lua. Aproximadamente 50 toneladas podiam ser enviadas numa trajetória translunar (The Saturn V Rocket), capacidade fundamental para as missões Apollo.
Desenvolvido no início dos anos 60 e testado pela primeira vez em 1967 (missão não tripulada Apollo 4), o Saturno V teve um recorde perfeito de 13 lançamentos bem-sucedidos entre 1967 e 1973 (50 Years Ago: Final Saturn Rocket Rolls Out to Launch Pad 39 – NASA). Desses, nove lançamentos foram tripulados, levando 24 astronautas à órbita da Lua (de Apollo 8 a Apollo 17) (Saturn V – Wikipedia) e garantindo que 12 deles caminhassem em solo lunar. Nenhum Saturno V jamais falhou – um testemunho da engenharia robusta por trás do projeto. Além das missões lunares, um Saturno V foi utilizado em maio de 1973 para lançar a estação espacial Skylab em órbita terrestre, no que seria o último voo de um Saturno V (From Apollo to multi-user, the changing yet similar nature of Launch Complex 39 – NASASpaceFlight.com). Ao encerrar sua operação, o Saturno V deixou como legado não apenas os feitos do programa Apollo, mas também um padrão de excelência tecnológica que serviria de referência para os futuros veículos lançadores.
Complexo de Lançamento 39: o palco de missões históricas
Grande parte da história dos foguetes Saturno se confunde com a da Plataforma de Lançamento 39 do Kennedy Space Center, um complexo especialmente construído para as missões Apollo. O Complexo de Lançamento 39 (LC-39) consiste em duas plataformas principais, a 39A e a 39B, servidas pelo gigantesco VAB e pelos transportadores sobre esteiras. Foi desse complexo que decolaram todos os voos tripulados dos EUA a partir de 1968, incluindo Apollo, Skylab, Apollo-Soyuz e, mais tarde, os ônibus espaciais (Launch Complex 39B – NASA). A plataforma 39A estreou em novembro de 1967 com o Saturno V do Apollo 4 e tornou-se célebre por lançamentos como o do Apollo 11, em 16 de julho de 1969 (File:Apollo 11 Saturn V lifting off on July 16, 1969.jpg – Wikipedia), que partiu dali para cumprir a meta do primeiro pouso lunar. Já a plataforma 39B foi utilizada pela primeira vez em maio de 1969 para o lançamento da Apollo 10 – o ensaio geral do pouso lunar – sendo assim inaugurada por um Saturno V naquela missão (Launch Complex 39B – NASA).
Durante os anos seguintes, o LC-39 continuou como cenário dos principais lançamentos. Em 14 de maio de 1973, o último Saturno V decolou da plataforma 39A carregando a estação Skylab para a órbita (From Apollo to multi-user, the changing yet similar nature of Launch Complex 39 – NASASpaceFlight.com). Nos meses seguintes, a plataforma 39B foi usada para lançar as três missões tripuladas Skylab (em foguetes Saturno IB) que levavam astronautas para habitar o novo laboratório orbital (Launch Complex 39B – NASA). Por fim, em julho de 1975, a 39B também apoiou o lançamento do Saturno IB da missão Apollo-Soyuz, encerrando a utilização do complexo pelos foguetes Saturno (Launch Complex 39B – NASA). Assim, do primeiro ao último Saturno, o Complexo 39 foi testemunha direta de momentos marcantes da exploração espacial, consolidando-se como um verdadeiro “porto espacial” da era Apollo e além.
(Imagem: O foguete Saturno IB da missão Apollo-Soyuz sendo transportado para a Plataforma 39B, ao lado do edifício VAB, em 24 de março de 1975 (File:Saturn IB ASTP roll-out.jpg – Wikimedia Commons). Cerca de 7.500 espectadores assistiram a esse rollout histórico (50 Years Ago: Final Saturn Rocket Rolls Out to Launch Pad 39 – NASA).)
Skylab: o primeiro laboratório espacial americano
Com o fim das missões lunares, a NASA aproveitou um Saturno V restante para colocar em órbita a sua primeira estação espacial, batizada de Skylab. Lançada em 1973, a Skylab foi um laboratório orbital que marcou a entrada dos Estados Unidos na era das estações espaciais (Skylab – Wikipedia). O lançamento ocorreu em 14 de maio de 1973 por um Saturno V modificado (sem terceiro estágio, adaptado para abrigar a estação), naquele que foi o último voo de um Saturno V (From Apollo to multi-user, the changing yet similar nature of Launch Complex 39 – NASASpaceFlight.com). A Skylab tinha cerca de 77 toneladas e foi colocada em órbita baixa terrestre, onde abriu painéis solares e iniciou suas operações científicas.
Ao longo de 1973 e começo de 1974, três equipes de astronautas foram enviadas à Skylab a bordo de naves Apollo impulsionadas por foguetes Saturno IB. Essas missões Skylab 2, 3 e 4 permitiram aos americanos permanecer no espaço por períodos cada vez maiores, estabelecendo novos recordes de duração. A última equipe, Skylab 4, ficou 84 dias em órbita – quase 12 semanas – um feito impressionante para a época (Skylab – Wikipedia). No total, a estação foi habitada por cerca de 24 semanas (quase seis meses somando as três expedições) (Skylab – Wikipedia), durante as quais os astronautas realizaram centenas de experimentos científicos em microgravidade, observações do Sol (por meio de um telescópio solar a bordo) e estudos da Terra (Skylab – Wikipedia). Os conhecimentos obtidos em medicina espacial, habitabilidade e engenharia na Skylab seriam valiosos para programas posteriores, demonstrando que humanos podem viver e trabalhar no espaço por longos períodos.
Apesar do sucesso experimental, a Skylab teve um fim prematuro. A intenção original era que o Ônibus Espacial reativasse a estação na década de 1980, elevando sua órbita, mas atrasos no programa Shuttle impediram o resgate. Em julho de 1979, após seis anos em órbita, a Skylab reentrou na atmosfera de forma não controlada, se desintegrando sobre o Oceano Índico e partes remotas da Austrália Ocidental (Skylab – Wikipedia). Mesmo assim, seu legado perdurou – a Skylab provou a viabilidade de estações espaciais americanas e pavimentou o caminho para a cooperação internacional que surgiria na próxima estação, a ISS (Estação Espacial Internacional), algumas décadas depois.
Apollo-Soyuz: cooperação internacional e o adeus aos Saturno
Em julho de 1975, dois antigos rivais da Corrida Espacial uniram forças em uma missão histórica: o Projeto de Teste Apollo-Soyuz (ASTP). Nesse último ato da era Apollo, uma nave americana Apollo, lançada por um Saturno IB, encontrou-se e acoplou em órbita com uma nave soviética Soyuz. Foi a primeira missão espacial internacional tripulada, fruto de uma cooperação direta entre os Estados Unidos e a União Soviética em plena Guerra Fria (Apollo–Soyuz – Wikipedia). Em 17 de julho de 1975, os comandantes Thomas Stafford (EUA) e Alexei Leonov (URSS) apertaram as mãos através da escotilha que uniu as duas espaçonaves – um gesto simbólico que ficou conhecido como o “aperto de mãos no espaço”. Esse encontro cordial entre as superpotências marcou um momento de détente (distensão) no cenário geopolítico e é frequentemente citado como o fim oficial da Corrida Espacial iniciada nos anos 1960 (Apollo-Soyuz Mission: When the Space Race Ended).
A missão Apollo-Soyuz teve importantes objetivos técnicos e científicos, como testar sistemas de acoplagem universais e realizar experimentos conjuntos entre os tripulantes americanos e soviéticos. Foram realizadas fotografias da Terra, troca de amostras de sementes e estudos de engenharia em voo conjunto. Mas talvez seu impacto mais duradouro tenha sido no campo diplomático: o sucesso da parceria demonstrou que a exploração espacial poderia servir como uma ponte de cooperação, mesmo entre nações com profundas divergências ideológicas.
Para a NASA, o ASTP também representou um ponto de transição. Foi a última vez que uma cápsula Apollo voou – encerrando de vez o programa Apollo – e o último lançamento de um foguete Saturno. Após o retorno das naves Apollo e Soyuz em julho de 1975, a era dos Saturno chegou ao fim. A partir dali, os esforços dos EUA se concentrariam no novo veículo reutilizável, o Ônibus Espacial. Ainda assim, a Apollo-Soyuz deixou um legado: além de abrir caminho para futuras colaborações internacionais (como o programa Shuttle-Mir nos anos 1990 e a própria Estação Espacial Internacional), ela foi uma despedida honrosa para os foguetes Saturno, celebrando suas conquistas em um contexto de paz e união entre nações.
(Imagem: Lançamento do foguete Saturno V da missão Apollo 11 em 16 de julho de 1969, a partir da Plataforma 39A do KSC (File:Apollo 11 Saturn V lifting off on July 16, 1969.jpg – Wikipedia). O Saturno V media 111 metros de altura e gerava 7,6 milhões de libras de empuxo, sendo o mais poderoso foguete de sua época (The Saturn V Rocket). Com ele, os EUA levaram astronautas à Lua pela primeira vez.)
Do Saturno ao Ônibus Espacial: mudança de rumos
Com o término do Apollo-Soyuz em 1975, a NASA aposentou a família Saturno e voltou suas atenções para um novo paradigma de lançador: o Ônibus Espacial (Space Shuttle), um sistema parcialmente reutilizável. A aposta era de que uma nave que pudesse ser lançada como um foguete e pousar como um avião reduziria os custos e permitiria missões frequentes em órbita terrestre. Em abril de 1981, a nave Columbia inaugurou essa era ao decolar da plataforma 39A na missão STS-1, tornando-se o primeiro ônibus espacial operacional. Nos 30 anos seguintes, o Complexo 39 testemunhou um intenso ritmo de lançamentos: 135 missões de ônibus espaciais foram realizadas entre 1981 e 2011 a partir das plataformas 39A e 39B (Kennedy Space Center Launch Complex 39 – Wikipedia), incluindo o lançamento e manutenção de satélites, sondas planetárias, do Telescópio Espacial Hubble e a construção da Estação Espacial Internacional.
Embora o design e operação do Ônibus Espacial fossem muito diferentes dos foguetes Saturno – o sistema consistia em um orbitador com motores reutilizáveis, alimentado por um enorme tanque externo descartável e auxiliado por dois propulsores de combustível sólido –, houve uma clara continuidade de infraestrutura e aprendizado. O mesmo VAB que montara os Saturno V agora integrava os Shuttles em posição vertical sobre o tanque externo; os mesmos transportadores sobre esteiras levavam o conjunto até as plataformas 39; e os poços de chama e sistemas de abastecimento do LC-39 foram adaptados para as novas necessidades. Em outras palavras, o legado físico dos Saturno continuou em uso. Além disso, a experiência da NASA com grandes foguetes de múltiplos estágios, sistemas criogênicos de propelente líquido (como o hidrogênio líquido usado no segundo e terceiro estágio do Saturno V) e navegação de alta precisão serviu de base para o desenvolvimento dos motores e da engenharia do Ônibus Espacial.
O programa dos ônibus espaciais cumpriu muitos objetivos, mas não substituiu completamente a capacidade dos Saturno V em termos de carga útil lançada fora da órbita baixa. Tragicamente, também esteve marcado pelos acidentes do Challenger (1986) e Columbia (2003). Em 2011, os três orbitadores remanescentes foram aposentados, encerrando o ciclo do Shuttle. Nessa ocasião, a ausência de um sucessor imediato de carga pesada deixou evidente o quanto as realizações dos Saturno V eram singulares. A visão de longo prazo da NASA, no entanto, logo traria de volta a ideia de um foguete superpesado para missões além da Terra.
O Space Launch System (SLS) e o resgate do legado Saturno
Após a aposentadoria do Shuttle, a NASA deu início ao desenvolvimento de um novo foguete gigante, reconhecendo a necessidade de retomar voos tripulados além da órbita baixa. Esse novo lançador – o Space Launch System (SLS) – pode ser visto como um herdeiro direto do Saturno V em propósito. Assim como o Saturno na era Apollo, o SLS foi projetado para enviar astronautas e cargas grandes em direção à Lua (programa Artemis) e eventualmente a Marte, em missões de exploração do espaço profundo (Space Launch System – NASA). O SLS incorpora tecnologia derivada do Shuttle (como os motores principais reutilizados e os propulsores de combustível sólido aprimorados), mas com a ambição de igualar ou superar a capacidade do Saturno V.
Em 16 de novembro de 2022, a NASA lançou o Artemis I, primeiro voo de teste do SLS, a partir da plataforma 39B – a mesma que meio século antes servira aos Saturno (Space Launch System – NASA). Com cerca de 8,8 milhões de libras de empuxo geradas na decolagem, o SLS Block 1 se tornou o foguete mais poderoso já lançado pela NASA (Space Launch System – NASA), superando ligeiramente o Saturno V em impulso. O Artemis I foi um voo não tripulado que enviou a cápsula Orion em uma órbita retrógrada distante ao redor da Lua, retornando com sucesso à Terra, demonstrando que o novo sistema está pronto para transportar humanos. A partir de Artemis II (prevista para 2024/2025), astronautas voltarão a viajar ao redor da Lua, algo que não ocorre desde Apollo 17 em 1972. Com o SLS, a NASA recupera enfim a capacidade de levar humanos além da órbita baixa da Terra, algo que só os Saturno V haviam feito até então (Saturn V – Wikipedia). Versões futuras do SLS (Block 1B e Block 2) prometem cargas úteis ainda maiores e missões cada vez mais ambiciosas, mantendo viva a tradição iniciada pelos Saturno de explorar novos horizontes.
Vale ressaltar que o Complexo de Lançamento 39 continua evoluindo nesse processo. A plataforma 39B passou por extensas modificações e reforços estruturais para suportar o colosso SLS e seus novos requisitos (como defletores de chamas ampliados, sistemas de abastecimento atualizados e torres de proteção contra raios mais altas) (Launch Complex 39B – NASA) (Launch Complex 39B – NASA). Já a plataforma 39A foi arrendada à empresa SpaceX e tem sido utilizada para os lançadores Falcon 9 e Falcon Heavy, além de estar sendo adaptada para voos do futuro foguete Starship. Assim, o mesmo local que viu as decolagens dos Saturno V agora testemunha uma nova geração de veículos, tanto governamentais quanto comerciais, mantendo sua posição central na história da exploração espacial.
Conclusão
Ao celebrar os 50 anos do último foguete Saturno lançado do Complexo 39, revisitamos uma era de conquistas extraordinárias e inovações tecnológicas que redefiniram os limites do possível. Os foguetes Saturno – símbolo máximo do engenho humano na corrida à Lua – permitiram feitos como as missões Apollo, que realizaram o sonho de John F. Kennedy de levar o homem à Lua e retorná-lo em segurança (The Saturn V Rocket) (The Saturn V Rocket). Eles também possibilitaram a primeira estação espacial americana (Skylab) e um inédito aperto de mãos orbital entre nações rivais (Apollo-Soyuz), mostrando que a exploração do espaço pode unir a humanidade em vez de dividi-la.
O legado dos Saturno é claramente visível nos programas que se seguiram. A infraestrutura construída para eles foi a espinha dorsal do sucesso do Ônibus Espacial e agora sustenta o ressurgimento dos voos além da órbita terrestre com o SLS e os veículos comerciais. Mais do que isso, a ousadia e o aprendizado proporcionados pelos Saturno V continuam a inspirar engenheiros e cientistas. Conforme iniciamos uma nova era de exploração com o programa Artemis – almejando não só voltar à Lua, mas estabelecer presença permanente lá e olhar adiante para Marte – caminhamos nos ombros de gigantes como o Saturno V.
Cinco décadas depois, aqueles lançamentos estrondosos do Complexo 39 ainda ressoam. O último foguete Saturno que deixou a plataforma 39B em 1975 encerrou um capítulo brilhante da história espacial, mas também plantou as sementes dos capítulos futuros. Hoje, ao olharmos para o passado e vermos o caminho trilhado, celebramos não apenas um aniversário, mas a continuidade de um legado vivo que conecta a era Apollo aos desafios do século XXI. A jornada que começou com o Saturno V rumo à Lua prossegue agora com novos foguetes e destinos – e a inspiração desses pioneiros seguirá impulsionando a humanidade para frente, rumo a novas fronteiras.
Referências:
- John Uri. “50 Years Ago: Final Saturn Rocket Rolls Out to Launch Pad 39.” NASA History, 24 de março de 2025 (50 Years Ago: Final Saturn Rocket Rolls Out to Launch Pad 39 – NASA) (50 Years Ago: Final Saturn Rocket Rolls Out to Launch Pad 39 – NASA).
- NASA – Kennedy Space Center. “Launch Complex 39B – Major History Facts.” Atualizado em 25 de maio de 2023 (Launch Complex 39B – NASA).
- Wikimedia Commons. “Saturn IB ASTP roll-out (Photo ID: S75-24007).” Fotografia de 24 de março de 1975 (50 Years Ago: Final Saturn Rocket Rolls Out to Launch Pad 39 – NASA).
- “Skylab.” Wikipedia (inglês), acessado em 2025 (Skylab – Wikipedia) (Skylab – Wikipedia).
- “Apollo–Soyuz.” Wikipedia (inglês), acessado em 2025 (Apollo–Soyuz – Wikipedia) (Apollo-Soyuz Mission: When the Space Race Ended).
- Wikipedia. “Kennedy Space Center Launch Complex 39.” Acessado em 2025 (Kennedy Space Center Launch Complex 39 – Wikipedia).
- NASA. “Space Launch System (SLS) – Artemis I Launch.” Atualizado em 11 de julho de 2024 (Space Launch System – NASA).
- “Saturn V – Apollo 11 launch.” Wikimedia Commons (fotografia), ID KSC-69PC-442, 1969 (The Saturn V Rocket).
- “Saturn V.” Wikipedia (inglês), acessado em 2024 (Saturn V – Wikipedia).
- Cradle of Aviation Museum. “The Saturn V Rocket.” (arquivo histórico) (The Saturn V Rocket) (The Saturn V Rocket).
- Chris Gebhardt. “Launch Complex 39: from Saturn to Shuttle to SLS.” com, 27 de agosto de 2021 (From Apollo to multi-user, the changing yet similar nature of Launch Complex 39 – NASASpaceFlight.com).
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