Análise: Bionic Bay mistura luz, sombras e física para entregar uma experiência única

Quando pensamos em jogos de plataforma 2D, sempre vêm à mente cenários mais coloridos e comandos básicos como saltar e planar ditando o ritmo da aventura. Bionic Bay subverte essa presunção, usando com inteligência a física e diversos elementos visuais caprichados para compor uma identidade forte e única.O peso de cada saltoNão sabemos o nome do nosso protagonista, nem onde ele está ou o que ele faz. Apenas temos que percorrer grandes quantidades de destroços e construções mecanizadas. De início, temos as capacidades básicas de um jogo de plataforma: correr e pular.Ao decorrer da nossa busca pelo fim, ganhamos novas habilidades, como rolar, teletransportar-nos e parar o tempo por alguns segundos. Tudo isso no final das contas é apenas suplementar ao verdadeiro recurso primário que temos: a física do nosso corpo.Cada lugar que passamos ou nos apoiamos altera sua posição ou estado, e isso é parte fundamental para avançar. Se há feixes de luz pelo caminho, podemos interrompê-los ao pisar em uma estação acima deles e esperar ela descer até ficar exatamente na frente do laser. Isso funciona para praticamente tudo no caminho, como caixas que podem servir de proteção e nos esmagar, ou hélices que giram muito rápido e nos cortam em pedaços, mas também podem virar plataformas giratórias se jogarmos algo pesado nelas para diminuir sua velocidade.   Bionic Bay sempre nos fará levar em consideração a capacidade de poder alterar a trajetória de um salto enquanto ainda estamos no ar com um mergulho, tudo isso enquanto controlamos nosso ponto de queda. A habilidade de teleporte, por exemplo, também é uma ótima maneira de entender como superar cada obstáculo. Ela nos permite acertar algum objeto específico no caminho, que nos desloquemos e, assim que acionamos o botão, trocamos de lugar com ele. Logo, também é necessário entender como cada espaço pode ser ocupado de maneira diferente pelos próprios elementos presentes em cada uma das 23 fases.O teletransporte também serve para bloquear lasers, movimentar plataformas e, principalmente, escapar de ameaças que podem nos pegar pelo caminho. Com esse tanto de recursos, e alternando muito bem entre momentos de velocidade e complexidade, o nível do desafio é alto mesmo para jogadores experientes, então é comum ficar preso em alguns locais. Logo, o excesso de repetição pode afastar jogadores com menos intimidade ou que não se adequem com a velocidade de raciocínio exigida por Bionic Bay.Ao final da jornada, temos um conjunto de obstáculos que conseguem utilizar muito bem cada habilidade do protagonista, sem deixar nenhuma delas subutilizada. A memória muscular é exigida nos trechos mais elaborados, mas ver tudo acontecendo em plena harmonia é o que acaba prendendo a atenção de quem está no controle.Para quem finalizar o modo principal e quiser mais, é possível enfrentar outras pessoas ao redor do mundo, no esquema de speedrunning. Os trechos escolhidos para a disputa são menores e colocam um grupo de competidores para correr ao mesmo tempo. Esse tipo de modo ajuda ainda mais a validar o desafio convencional, pois nele nós afiamos nossos reflexos e capacidade de percepção com calma para então superar os rivais na base da astúcia.Nem toda beleza é cheia de coresA presença visual de Bionic Bay também é de encher os olhos, principalmente por fugir da estética consagrada e convencional do gênero. O esquema visual “industrial”, composto por maquinário pesado e itens como esteiras, lasers e colunas de fogo, dá a impressão de ser uma grande fábrica viva.O maior realce vem do fato dos elementos em primeiro plano, como o protagonista e os obstáculos, usarem sempre tons escurecidos, quando não totalmente pretos. As cores, quentes e frias, são utilizadas sempre para realçar a paisagem de fundo, criando sombras com tons mais brandos no que está na frente.Esse tipo de “troca”, na qual temos o destaque ao fundo e objetos neutros no plano à frente, é difícil de ser encontrado em jogos mais “populares”, sendo mais comum em obras mais alternativas, como Limbo e Inside.A trilha sonora também tem um destaque bastante positivo, justamente pelos momentos da sua ausência. Bionic Bay não encontra problemas em nos deixar apenas com os ruídos dos nossos passos em meio às engrenagens enguiçadas e plataformas quebradiças. Inclusive, os momentos pontuais nos quais as músicas aparecem casam perfeitamente com o que está acontecendo na tela, como na hora em que temos que lidar com uma quantidade realmente complexa de lasers ou em uma das perseguições mais para o final da aventura.É errando que se aprendeDesde suas primeiras impressões, Bionic Bay já trazia a promessa de um desafio de alto nível e a entrega final confirmou sua competência. Cada salto, morte e explosão tem um aprendizado fundamental que nos leva ao final da jornada e ela compensa cada minuto gasto na sua conclusão.PrósA jogabilidade nos faz usar tudo que aprendemos, sem deixar nenhuma mecânica subutilizada ou esquecida;O level design, baseado na f

Abr 24, 2025 - 21:13
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Análise: Bionic Bay mistura luz, sombras e física para entregar uma experiência única
Quando pensamos em jogos de plataforma 2D, sempre vêm à mente cenários mais coloridos e comandos básicos como saltar e planar ditando o ritmo da aventura. Bionic Bay subverte essa presunção, usando com inteligência a física e diversos elementos visuais caprichados para compor uma identidade forte e única.

O peso de cada salto

Não sabemos o nome do nosso protagonista, nem onde ele está ou o que ele faz. Apenas temos que percorrer grandes quantidades de destroços e construções mecanizadas. De início, temos as capacidades básicas de um jogo de plataforma: correr e pular.

Ao decorrer da nossa busca pelo fim, ganhamos novas habilidades, como rolar, teletransportar-nos e parar o tempo por alguns segundos. Tudo isso no final das contas é apenas suplementar ao verdadeiro recurso primário que temos: a física do nosso corpo.

Cada lugar que passamos ou nos apoiamos altera sua posição ou estado, e isso é parte fundamental para avançar. Se há feixes de luz pelo caminho, podemos interrompê-los ao pisar em uma estação acima deles e esperar ela descer até ficar exatamente na frente do laser. Isso funciona para praticamente tudo no caminho, como caixas que podem servir de proteção e nos esmagar, ou hélices que giram muito rápido e nos cortam em pedaços, mas também podem virar plataformas giratórias se jogarmos algo pesado nelas para diminuir sua velocidade.   

Bionic Bay sempre nos fará levar em consideração a capacidade de poder alterar a trajetória de um salto enquanto ainda estamos no ar com um mergulho, tudo isso enquanto controlamos nosso ponto de queda. A habilidade de teleporte, por exemplo, também é uma ótima maneira de entender como superar cada obstáculo. 

Ela nos permite acertar algum objeto específico no caminho, que nos desloquemos e, assim que acionamos o botão, trocamos de lugar com ele. Logo, também é necessário entender como cada espaço pode ser ocupado de maneira diferente pelos próprios elementos presentes em cada uma das 23 fases.

O teletransporte também serve para bloquear lasers, movimentar plataformas e, principalmente, escapar de ameaças que podem nos pegar pelo caminho. Com esse tanto de recursos, e alternando muito bem entre momentos de velocidade e complexidade, o nível do desafio é alto mesmo para jogadores experientes, então é comum ficar preso em alguns locais. Logo, o excesso de repetição pode afastar jogadores com menos intimidade ou que não se adequem com a velocidade de raciocínio exigida por Bionic Bay.

Ao final da jornada, temos um conjunto de obstáculos que conseguem utilizar muito bem cada habilidade do protagonista, sem deixar nenhuma delas subutilizada. A memória muscular é exigida nos trechos mais elaborados, mas ver tudo acontecendo em plena harmonia é o que acaba prendendo a atenção de quem está no controle.

Para quem finalizar o modo principal e quiser mais, é possível enfrentar outras pessoas ao redor do mundo, no esquema de speedrunning. Os trechos escolhidos para a disputa são menores e colocam um grupo de competidores para correr ao mesmo tempo. Esse tipo de modo ajuda ainda mais a validar o desafio convencional, pois nele nós afiamos nossos reflexos e capacidade de percepção com calma para então superar os rivais na base da astúcia.

Nem toda beleza é cheia de cores

A presença visual de Bionic Bay também é de encher os olhos, principalmente por fugir da estética consagrada e convencional do gênero. O esquema visual “industrial”, composto por maquinário pesado e itens como esteiras, lasers e colunas de fogo, dá a impressão de ser uma grande fábrica viva.

O maior realce vem do fato dos elementos em primeiro plano, como o protagonista e os obstáculos, usarem sempre tons escurecidos, quando não totalmente pretos. As cores, quentes e frias, são utilizadas sempre para realçar a paisagem de fundo, criando sombras com tons mais brandos no que está na frente.

Esse tipo de “troca”, na qual temos o destaque ao fundo e objetos neutros no plano à frente, é difícil de ser encontrado em jogos mais “populares”, sendo mais comum em obras mais alternativas, como Limbo e Inside.

A trilha sonora também tem um destaque bastante positivo, justamente pelos momentos da sua ausência. Bionic Bay não encontra problemas em nos deixar apenas com os ruídos dos nossos passos em meio às engrenagens enguiçadas e plataformas quebradiças. Inclusive, os momentos pontuais nos quais as músicas aparecem casam perfeitamente com o que está acontecendo na tela, como na hora em que temos que lidar com uma quantidade realmente complexa de lasers ou em uma das perseguições mais para o final da aventura.

É errando que se aprende

Desde suas primeiras impressões, Bionic Bay já trazia a promessa de um desafio de alto nível e a entrega final confirmou sua competência. Cada salto, morte e explosão tem um aprendizado fundamental que nos leva ao final da jornada e ela compensa cada minuto gasto na sua conclusão.

Prós

  • A jogabilidade nos faz usar tudo que aprendemos, sem deixar nenhuma mecânica subutilizada ou esquecida;
  • O level design, baseado na física do protagonista nos objetos, traz desafios bem projetados;
  • O ambiente tem uma identidade visual única, trazendo uma beleza peculiar para um cenário cheio de ruínas;
  • A trilha sonora é certeira, mesmo que pontual;
  • Modo online aumenta o fator replay trazendo competitividade à exploração tradicional.

Contras

  • A dificuldade crescente pode afastar jogadores menos experientes.
Bionic Bay — PC/PS5 — Nota: 9.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Vitor Tibério
Análise feita com cópia digital de prévia cedida pela Kepler Interactive
Bionic Bay 9.5 PS5 From its first impressions, Bionic Bay already brought the promise of a high-level challenge and the final delivery confirmed its competence. Each jump, death and explosion has a fundamental learning that takes us to the end of the journey and it makes up for every minute spent in its completion.