Análise: Mandragora: Whispers of the Witch Tree une soulslike e metroidvania em um dos melhores visuais do gênero
Desenvolvido pela húngara Primal Game Studio, Mandragora: Whispers of the Witch Tree é um soulslike bidimensional com estrutura de metroidvania. Nesse mundo de fantasia sombria, jogamos com um inquisidor, servo do Clérigo-Rei de uma teocracia que está à caça de bruxas.A introdução já mostra o que são as bruxas em Mandragora: criaturas diferentes de seres humanos, altas e ferozes. Uma delas é levada até o salão do Clérigo-Rei, que a tortura com magia. O inquisidor protagonista é obediente e não hesita em matar monstros, mas aquele espetáculo sádico não é para ele, que se intromete e trespassa a criatura com sua espada, dando fim à vida e ao sofrimento da bruxa.Como punição por esse ato, ele é incumbido da missão de capturar viva outra bruxa da região, o que é praticamente uma missão suicida que o levará a percorrer os arredores que cercam a cidade, conhecer pessoas, ouvir sussurros misteriosos e descobrir que as coisas não são exatamente como espera, especialmente o que envolve a bruxa e o tirano da teocracia à qual ele serve como inquisidor.Um inquisidor sociável em um mundo 2.5D bonito como poucosSe você não gosta de inquisidores, não tem problema, o de Mandragora não é dos mais ferrenhos e se comporta como um guerreiro bastante sociável enquanto trabalha em sua missão contra um monstro. Ele é receptivo aos NPCs, convidando-os para se refugiar no acampamento da Árvore da Bruxa para que possam prover seus serviços de mercadores de RPG.A ambientação é o básico de fantasia sombria: florestas hostis, cidades desoladas, catacumbas esqueléticas e uns locais fora do mundo de vez em quando. Embora isso possa soar conceitualmente genérico — e realmente é —, a apresentação visual como um todo é o maior destaque na experiência.No meio dos metroidvanias 2.5, Mandragora certamente está entre os mais bonitos. Os cenários de fundo têm camadas de profundidade e seus elementos são vivos, com chuva, partículas de poeira ou pólen, plantas balançando ao vento, tecidos tremulando, água correndo. Os monstros são detalhados e os NPCs têm nos diálogos grandes retratos pintados que expressam bem suas personalidades e se movem levemente na terceira dimensão, adicionando uma camada sutil, mas efetiva, de vivacidade.Ainda na estética, tenho duas ressalvas. Uma é a interface exagerada em informações e ícones amontoados, uma poluição visual desagradável que deveria ser customizável pelo menu. Até temos duas opções de tamanho, mas achei o padrão pequeno demais para meus olhos e tive que mudar para a maior.A outra é o modelo do Inquisidor, cujo tronco longo parece cartunesco quando comparado ao restante do estilo do mundo. A customização é bastante limitada, com apenas dois tipos de corpo e rostos aquém do capricho demonstrado nos NPCs. Inicialmente, tentei criar uma personagem feminina, mas as duas opções de vozes são apenas masculinas, induzindo-me a mudar de ideia.Mais “souls” do que “vania”A estrutura da campanha é uma mistura de soulslike com metroidvania. O mundo é preenchido por numerosas áreas diferentes e interconectadas entre si, mas a maior parte do desbloqueio para acesso a novos locais é feita por alavancas, elevadores e obtenção de chaves para abrir portas. O avanço também acontece pela aquisição de habilidades, como a batida no chão e o arpéu, mas de forma bastante limitada. Não aponto essa distinção como um problema do jogo, mas apenas para direcionar as expectativas quanto ao gênero de Mandragora.Há um mapa bastante tradicional, preenchido à medida em que se avança e com o benefício de permitir a aplicação de marcadores personalizados. Adicionalmente, encontrar fragmentos de mapas exibe mais detalhes, distinguindo as áreas por cores e as preenchendo com ícones de conteúdo.A quantidade de áreas diferentes no mundo é enorme, em parte devido ao tamanho moderado de cada uma delas, sem se esticarem além do necessário para prolongamento artificial. Dessa maneira, achei o design de níveis conciso e bem construído, condizente com o mundo proposto e interessante de explorar sem se tornar cansativo. Uma grande vantagem é poder realizar viagens rápidas a partir de qualquer local para qualquer ponto de salvamento já acessado, o que respeita o tempo de quem joga e incentiva a perambular por diferentes locais com agilidade.O combate apanha, mas fica de péOpa, eu usei a palavra “agilidade” para a navegação pelo mundo, não foi? O mesmo não pode ser dito para a movimentação de personagem e combate. Mandragora é um jogo voltado ao avanço cauteloso, atento aos arredores. Portanto, não espere poder sair dando piruetas enquanto corre por aí. Mesmo fazendo emergir seus aspectos de plataforma 2D ocasionalmente, o foco não é rapidez acrobática.É certamente um jogo mais lento que a média entre seus semelhantes. Esse aspecto não é uma pura questão de baixa velocidade de corrida, mas de saltos, rolagem, ataques e uma certa sensação de peso ao executar qualquer ação, chegando a ser um pouco desajeitado em seus piores momentos.Isso também o caracter

Desenvolvido pela húngara Primal Game Studio, Mandragora: Whispers of the Witch Tree é um soulslike bidimensional com estrutura de metroidvania. Nesse mundo de fantasia sombria, jogamos com um inquisidor, servo do Clérigo-Rei de uma teocracia que está à caça de bruxas.
Um inquisidor sociável em um mundo 2.5D bonito como poucos
Mais “souls” do que “vania”
O combate apanha, mas fica de pé
O tesouro de uns é a tralha de outros
Uma observação
O inquisidor e a bruxa
Prós
- O visual 2.5D dos cenários pintados, detalhados e dinâmicos é um dos mais belos entre os metroidvanias;
- Boa apresentação de personagens, com dublagem em inglês e grandes retratos animados;
- Um mundo grande e interconectado para explorar, com áreas concisas e bem construídas;
- Opções de ajuste de dificuldade;
- Textos em português brasileiro.
Contras
- O movimento de personagem lento e pesado e o gerenciamento da barra de energia tiram parte da precisão do combate, deixando-o às vezes desajeitado e repetitivo;
- Alguns sistemas são excessivos e mal apresentados, gerando dúvidas antes de se tornarem viáveis;
- O sistema de crafting expansivo dilui a sensação de recompensa ao encontrarmos itens pelo mundo;
- Mesmo sendo um jogo exclusivamente para um jogador offline, é preciso aceitar um acordo de licença de usuário final antes de iniciar a jogar.
Mandragora: Whispers of the Witch Tree — PC/PS5/XSX — Nota: 7.5Versão utilizada para análise: PS5